"alvo sem rosto"
Agressor
de Bolsonaro será transferido para presídio federal
Audiência de custódia de Adelio Bispo de Oliveira
foi realizada na tarde desta sexta-feira (7) em Juiz de Fora.
Por G1 Zona da Mata
07/09/2018 17h47
Adelio
Bispo de Oliveira foi preso na quinta-feira (6) (Foto: Reprodução/GloboNews)
Adelio Bispo de Oliveira, 40 anos, preso por
esfaquear o candidato à presidência pelo PSL Jair Bolsonaro, será transferido
para um presídio federal. A decisão foi tomada pela Justiça Federal durante a
audiência de custódia na tarde desta sexta-feira (7). No entanto, a unidade
para qual ele irá ainda não foi definida. A audiência foi acompanhada pelo
Ministério Público Federal (MPF). A informação foi confirmada pela secretaria
da Vara de Plantão da Justiça Federal em Juiz de Fora.
Até a definição de qual unidade irá recebê-lo,
Adelio voltará para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de
Juiz de Fora.
Adelio foi indiciado pela Polícia Federal (PF)
pelo crime de "atentado pessoal por inconformismo político" com
base no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Por essa acusação, ele pode ser
condenado a uma pena de 3 a 10 anos de prisão. A legislação prevê ainda que se
a agressão resultar em lesão corporal grave, a pena pode ser até mesmo dobrada.
A PF pode indiciá-lo no início da investigação porque ele foi preso em
flagrante, o que permitiu o indiciamento imediato.
O deputado federal Delegado Francischini, líder do
PSL na Câmara dos Deputados, está em Juiz de Fora e acompanha os desdobramentos
do caso. Em entrevista antes da audiência, ele informou que o partido havia
requerido à Polícia Federal a transferência de Adelio para um presídio federal
de segurança máxima. O deputado pede ainda que as investigações prossigam para
identificar se há outras pessoas envolvidas.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann,
disse que a Polícia Federal (PF) trabalha com a hipótese de que o agressor agiu
sozinho, como "lobo solitário". Ele ainda disse que três pessoas são
investigadas.
Polícia
Federal trabalha com hipótese de que agressor de Bolsonaro agiu como 'lobo
solitário', diz ministro
Atentado contra Bolsonaro ocorreu na tarde desta
quinta-feira (6) enquanto o candidato fazia uma caminhada com simpatizantes em
Juiz de Fora (MG). Três pessoas são investigadas pela PF.
Por Luiz Felipe Barbiéri, Laís Lis e Flávia Foreque,
G1 e TV Globo, Brasília
07/09/2018 12h17
Lobo
solitário
Daniel Almeida de Macedo
O brutal ataque que resultou na morte de 50 pessoas
na boate Pulse, na cidade de Orlando, estado da Flórida, já é considerado um
dos maiores massacres da história dos Estados Unidos. Levando-se em conta o
número de mortos, o atentado em Orlando não supera apenas os acontecimentos de
11 de setembro de 2001. O poder de ataque do fuzil AR-15 usado pelo assassino,
combinado com as condições do local do atentado, isto é, um estabelecimento
fechado, escuro e com som em alto volume potencializaram a ação do homicida.
Afortunadamente não há registro de brasileiros entre as vítimas desta tragédia.
Há uma discussão acerca de qual teria sido a real
motivação do atirador. "Foi um ato de terror e de ódio", declarou o
próprio presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Mas ódio contra quem? O
massacre poderia ter ocorrido em qualquer comunidade dos Estados Unidos ou foi
direcionado à comunidade LGBT? O governador da Flórida, Rick Scott, afirmou que
não é possível determinar com certeza a causa do ataque, se é um crime de ódio,
um incidente de terrorismo ou mesmo um crime violento cometido por um indivíduo
em profunda crise de identidade sexual. Mas seja qual for o resultado das
investigações quanto as motivações do atentado, o assassino está sendo
considerado pelas autoridades policiais como um lobo solitário.
O lobo solitário representa hoje uma das principais
ameaças para a segurança da sociedade e do Estado. Trata-se de um tipo moderno
de terrorista, também é chamado de "alvo sem rosto" pelos
profissionais da inteligência brasileira. O Lobo solitário é uma classe de
terrorista que atua de maneira independente, é o indivíduo que se seduziu ou se
sensibilizou com um ideário extremista e que resolve ser protagonista de um
evento que cause grande comoção social, como um atentado terrorista.
O grande desafio que os lobos solitários impõem aos
serviços de inteligência é a sua forma de atuação independente e isolada para
cometer atos extremistas. Como identificar e monitorar um potencial extremista
que não deixa vestígios de sua intenção de cometer um ato de terror? Atentados
perpetrados por grupos terroristas, como o realizado pela Al Quaeda contra as
Torres Gêmeas em 2001, exigem um planejamento sofisticado e envolve a
coordenação de vários elementos que se comunicam entre si para realizar o ato.
Esta forma de agir enseja para os serviços de inteligência a oportunidade de
rastrear e identificar os criminosos, pois em alguma etapa do planejamento, a
comunicação pode ser interceptada ou algum ato preparatório percebido pelas
autoridades públicas.Refere-se a um modo de agir mais propício a deixar
brechas, por meio das quais as forças policiais conseguem identificar e
neutralizar a consecução do plano. O lobo solitário age quase sozinho. Os
vestígios que deixa são enigmáticos ou pouco conclusivos, como mensagens
postadas nas redes sociais.
A ação de lobos solitários é conhecida no Brasil. Em
2011 um homem de 23 anos entrou em uma escola municipal localizada no bairro de
Realengo, na cidade do Rio de Janeiro,portando dois revólveres calibre 38e
atirou contra alunos em salas de aula lotadas. Posteriormente foi atingido por
um policial e então cometeu suicídio, mas antes ceifou a vida de 11 crianças
com idades entre 12 e 14 anos.Há dúvidas se o atirador de Orlando morto a tiros
pela polícia, identificado como Omar Mateen, era um fanático que agiu inspirado
na ideologia islâmica radical ou um assassino homofóbico. Mas seja qual for o
rótulo que receba, parece tratar-se de mais um lobo solitário, uma das maiores
ameaças de terrorismo da atualidade.
Daniel Almeida de Macedo é Mestre em Direito
Internacional pela Universidade do Chile e pesquisador na Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
LSN
- Lei nº 7.170 de 14 de Dezembro de 1983
Define os crimes contra a segurança nacional, a
ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras
providências.
Art.
20 -
Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado,
incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de
terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à
manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas.
Pena:
reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo
único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a
pena aumenta-se até o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo.
Violência
gera violência
Facada, tiro, grito e pancada não servem à linguagem
democrática
Que ambiente o desta eleição em que um candidato é
esfaqueado em pleno ato de campanha. Não resta dúvida de quem são as vítimas no
ataque sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora: o candidato, a civilidade, a
sanidade, o embate democrático e o que mais de possa listar como consequência
da opção à barbárie.
Referências
https://s2.glbimg.com/9lEAu6Hc1QnqHb1GyMWVyj0vJRE=/0x0:1693x1053/1280x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/L/i/uAYBh7Qu29T5JooBLZ3A/suspeito-bolsonaro-ok.png
https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2018/09/07/agressor-de-bolsonaro-sera-transferido-para-presidio-federal.ghtml
https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/noticia/2018/09/07/policia-federal-trabalha-com-hipotese-de-que-agressor-de-bolsonaro-agiu-como-lobo-solitario-diz-ministro.ghtml
http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/60/materia/482189/t/lobo-solitario
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11318515/artigo-20-da-lei-n-7170-de-06-de-dezembro-de-1837
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/09/dora-kramer-de-pernas-longas.html
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