sábado, 7 de dezembro de 2019

EXPRESSO LOKO 2022



Na alça de mira

“- Boa Noite! Eu vim aqui me representar a mim mesmo. Não vim representar ninguém, certo? Eu não gosto do clima de festa. Não gosto. Eu acho que a cegueira que atinge lá, atinge nós também. Isso é perigoso. Não tá tendo motivo pra comemorar. Tem, sei lá, quase 30 milhões de votos pra alcançar aí. Não temos nem expectativa nenhuma pra alcançar, pra diminuir essa margem. Eeeeé... Não estou pessimista, sou realista. Eu tô vendo ... Eu não consigo acreditar que pessoas que me tratavam com tanto carinho, pessoas que me respeitavam, me amavam, que me serviam o café de manhã, que lavava meu carro, que atendia meu filho no hospital, se transformaram em monstros, eu não posso acreditar nisso. Eu não posso acreditar que essas pessoas são tão más assim. Se em algum momento a comunicação do pessoal daqui falhou vai pagar o preço. Porque a comunicação é alma. Se não tá conseguindo falar a língua do povo, vai perder mesmo. Certo? Falar bem do PT pra torcida do PT é fácil. Tem uma multidão que não tá aqui quem precisa ser conquistada. Ou a gente vai cair no precipício. E eu tinha jurado pra mim mesmo nunca mais subir em palanque de ninguém. Entendeu? Porque política não rima, não tem suingue, não tem balanço, não tem nada que me interessa. Eu gosto de música. Mas, eu tô vendo casais se separando. Amigos de 35 anos deixando de se falar. Tenho amigos... Se eu puder falar vai ser bom. Também eu vou parar também e já é e foda-se. Certo? Tenho amigos que eu não tenho mais como olhar no rosto deles por causa de política. Certo? Não vim aqui pra ganhar voto. Porque eu acho que já tá decidido. Agora, se falhou, vai pagar. Quem errou vai ter que pagar meu irmão. Certo? Certo? Não gosto do clima de festa. O que mata a gente é essa cegueira. O fanatismo. Deixou de entender o povão já era. Se nós somos um partido dos trabalhadores, partido do povo tem que entender o que o povo quer. Se não sabe volta pra base. E vai procurar saber. E as minhas ideias é essa. Fechou.” Mano Brown

Vamos fugir


Elementos das Constituições


Os elementos das Constituições correspondem aos seus componentes, que, em geral, são agrupados em títulos, capítulos e seções, em função do conteúdo específico que os vincula.



Constituições das Constituições dos Direitos de Propriedade

“(...) Aqui a questão agrária decorre do modo peculiar como se formou o nosso direito de propriedade para viabilizar a escravidão, sem a qual a terra de nada servia. Terra e trabalho estão juntos na história da propriedade no Brasil. (...)”



Elementos formais de aplicabilidade

“A interpretação da Constituição não é para ser procedida à margem da realidade, sem que se compreenda como elemento da norma resultante da interpretação. A práxis social é, nesse sentido, elemento da norma, de modo que interpretações corretas são incompatíveis com teorizações nutridas em idealismo que não a tome, a práxis, como seu fundamento. Ao interpretá-la, a Constituição, o intérprete há de tomar como objeto de compreensão também a realidade em cujo contexto dá-se a interpretação, no momento em que ela se dá.”
RE 433.512, 2ª T., j. 26.05.2009, rel. Eros Grau, Dje 06.08.2009
Fonte: Prática Constitucional – Erival da Silva Oliveira – Coleção Prática Forense, 10ª edição, revista, atualizada e ampliada



Na alça de mira
José de Souza Martins*
 Eu & Fim de Semana / Valor Econômico

A questão agrária decorre do modo peculiar como se formou o nosso direito de propriedade para viabilizar a escravidão. Terra e trabalho estão juntos na história da propriedade no Brasil

O presidente da República anunciou que enviará ao Congresso Nacional projeto de lei que autoriza o emprego da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reintegração de posse de propriedades rurais. Serão operações de agentes de segurança civis e militares, como os das Forças Armadas e da Polícia Federal.

Expôs seus motivos: “Quando marginais invadem propriedades rurais, e o juiz determina a reintegração de posse, como é quase como regra que governadores protelam, poderia, pelo nosso projeto, ter uma GLO do campo para chegar e tirar o cara” (sic). É esse um precário entendimento do que é o problema social da terra.

A verdade histórica do assunto está no polo oposto, não no sectário e ideológico. Aqui a questão agrária decorre do modo peculiar como se formou o nosso direito de propriedade para viabilizar a escravidão, sem a qual a terra de nada servia. Terra e trabalho estão juntos na história da propriedade no Brasil.

Aqui, quem luta por terra é no geral trabalhador, para trabalhar, não quem a quer para negociar e ganhar. Quem dela se apropria por meio de grilagem, de documentação falsa e da expulsão de quem nela trabalha comete crime. É comum que pistoleiros sejam “funcionários” desse tipo de “empreendimento”.

A questão agrária e as bases do conflito fundiário se definiram no século XIX, quando foi aprovada a Lei de Terras, em 1850, em conexão com a proibição do tráfico negreiro. O escravo não era apenas trabalhador do eito. Era também a garantia dos empréstimos hipotecários dos grandes fazendeiros para tocar suas fazendas. O fim provável e próximo da escravidão pedia um bem substituto para garantir esses empréstimos. Esse bem foi a instituição da propriedade da terra como mercadoria. O Estado abriu mão da soberania sobre o território e anexou-a ao direito de uso da terra, sob a forma de propriedade privada.

A legalidade da propriedade viria da compra. O trabalhador a teria se pudesse pagá-la com o suor do seu rosto, disse Antônio Prado, o artífice da abolição, no Senado do Império, em 1888. No fundo, para que muitos continuassem a trabalhar para poucos, não em troca de salário, mas principalmente em troca da permissão de plantio do próprio alimento nas terras das fazendas. Foi a receita pré-capitalista do lento capitalismo brasileiro.

Mas a partir da Revolução de Outubro de 1930, aos poucos, o governo foi retomando a soberania do Estado sobre o território do país. Começou com o Código de Águas, que separou o solo do subsolo e reduziu o direito de propriedade à superfície. Essa retomada estendeu-se às terras de marinha, às reservas indígenas, ao patrimônio histórico e ambiental. As constituições, a partir de 1934, enquadraram o direito de propriedade no pressuposto de sua função social.

Boa parte das tensões agrárias que levaram ao golpe de 1964 tiveram sua causa na Constituição de 1946, que reconhecia a função social da propriedade, mas inviabilizava a reforma agrária com o preceito da indenização prévia e em dinheiro da terra para isso desapropriada. Alterações no regime de trabalho nas fazendas de cana e café, com a expulsão dos trabalhadores residentes, desencadearam a pressão pela reforma agrária.

Na fase de preparação do que seria o golpe de Estado de 1964, uma comissão de civis, coordenada pelo general Golbery do Couto e Silva (1911-1987), elaborou um modelo de reforma agrária para o Brasil. Seria implantado pelo general Castelo Branco (1900-1967).

O Estatuto da Terra diferençou minifúndio, empresa, latifúndio por extensão e mesmo latifúndio por exploração insuficiente da terra. O latifúndio ficou sujeito a desapropriação para fins de reforma agrária, não mais mediante indenização em dinheiro, mas mediante a factível indenização em títulos da dívida agrária.

No fim do regime, o general Danilo Venturini (1922-2015), ministro extraordinário de assuntos fundiários, providenciou uma coletânea da legislação fundiária brasileira a começar da Lei de Sesmarias, de 1375, legado de Portugal. O intuito era fazer uma consolidação dessas leis. Em casos de litígios fundiários, a fonte primária de legitimações do direito à terra seria o trabalho, o seu cultivo, não o documento.

Os juízes nem sempre tinham o devido cuidado quanto à distinção entre documentos falsos e verdadeiros para conceder reintegração de posse contra posseiros. Só no Mato Grosso, a totalidade da área “documentada”, nos anos 1970, era de uma vez e meia o território do Estado. O governo de general Costa e Silva (1899-1969), em ato complementar, chegou a impor a condição da audiência prévia do órgão federal da reforma agrária antes da execução de reintegrações de posse.

As decisões agrárias de Bolsonaro, destes dias, desmontam a política agrária do regime militar.

*José de Souza Martins é sociólogo. Pesquisador Emérito do CNPq. Membro da Academia Paulista de Letras. Professor Emérito da Faculdade de Filosofia da USP. Entre outros livros, autor de O Cativeiro da Terra (Contexto).






Vida Loka (parte1)
Racionais MC's




Vagabunda, queria atacar do malucão, usou meu nome
O pipoca abraçou. Foi na porta da minha casa lá botou pânico em todo mundo 3h da tarde
E eu nem tava lá....vai vendo!
- É mas aí, Brown, tem uns tipo de mulher truta que não dá nem pra comentar
- Eu nem sei quem é os maluco, isso que é foda
- Aí vamo atrás desse pipoca aí e já era
- Ir atrás de quem e aonde? Sei nem quem é, mano
- Mano, não devo, não temo e dá meu copo que já era

- E aí, bandido mal, como que é, meu parceiro?
- E aí, Abraão, firmão truta?
- Firmeza total, Brown...e a quebrada aí, irmão?
- Tá pampa, aí fiquei sabendo do seu pai, aí, lamentável truta, meu sentimento mesmo, mano!
- Vai vendo, Brown, meu pai morreu e nem deixaram eu ir no enterro do meu coroa não, irmão
- Isso é louco, você tava aonde na hora?
- Tava batendo uma bola, meu, fiquei na mó neurose, irmão
- Aí foram te avisar?
- É, vieram me avisar, mas tá firmão, brou.
Eu tô firmão, logo mais tô aí na quebrada com vocês aí
- É quente, na rua também num tá fácil não morô, truta?
Uns juntando inimigo, outros juntando dinheiro, sempre tem um pra testar sua fé, mas tá ligado, sempre tem um corre a mais pra fazer, aí, mano, liga, liga nós aí qualquer coisa lado a lado, nós até o fim morô, mano?
- Tô ligado!

Fé em Deus que ele é justo!
Ei, irmão, nunca se esqueça
Na guarda, guerreiro, levanta a cabeça, truta
Onde estiver, seja lá como for
Tenha fé, porque até no lixão nasce flor
Ore por nós pastor, lembra da gente
No culto dessa noite, firmão, segue quente
Admiro os crentes, dá licença aqui
Mó função, mó tabela, pô, desculpa aí
Eu me sinto às vezes meio pá, inseguro
Que nem um vira-lata, sem fé no futuro
Vem alguém lá, quem é quem, quem será meu bom
Dá meu brinquedo de furar moletom!
Porque os bico que me vê, com os truta na balada
Tenta ver, quer saber, de mim não vê nada
Porque a confiança é uma mulher ingrata
Que te beija e te abraça, te rouba e te mata
Desacreditar, nem pensar, só naquela
Se uma mosca ameaçar, me catar, piso nela
O bico deu mó guela, pique bandidão
Foi em casa na missão, me trombar na Cohab
De camisa larga, vai saber
Deus que sabe, qual é maldade comigo, inimigo no migué
Tocou a campainha plim, pra tramar meu fim
Dois maluco armado sim, um isqueiro e um estopim
Pronto pra chamar minha preta pra falar
Que eu comi a mina dele... Ah, se ela tava lá
Vadia mentirosa, nunca vi deu mó faia
Espírito do mal! cão de buceta e saia
Talarico nunca fui e é o seguinte
Ando certo pelo certo, como 10 e 10 é 20
Já pensou doido e se eu tô com meu filho no sofá
De vacilo desarmado era aquilo
Sem culpa e sem chance, nem pra abrir a boca
Ia nessa sem saber, pro cê vê, Vida Loka!

- Aí, Brown, nós tá aqui dentro, mas demorô, truta, liga nós, irmão
- Não, truta, aí, jamais vamo levar problema pro cêis aí, nóis resolve na rua rapidinho também
Mas aí, nem esquenta, e aí, e aquele jogo lá do final do ano que cê falô?
- Então, truta, demorô, no final do ano nós vamo marca aquele jogo lá, eu você, o Blue, os cara do Racionais, tudo aí, morô, meu? Visita sua aqui é sagrada, safado num atravessa não, morô?

Mais na rua não é não!
Até Jack! Tem quem passe um pano
Impostor, pé de breque, passa por malandro
A inveja existe e a cada 10, 5 é na maldade
A mãe dos pecado capital é a vaidade
Mas se é pra resolver, se envolver, vai meu nome, eu vô
Fazer o que se cadeia é pra homem?
Malandrão eu? Não, ninguém é bobo
Se quer guerra, terá, se quer paz, quero em dobro
Mas, verme é verme, é o que é
Rastejando no chão, sempre embaixo do pé
E fala uma, duas vez, se marcar até três
Na quarta, xeque-mate que nem no xadrez
Eu sou guerreiro do rap, sempre em alta voltagem
Um por um, Deus por nós, tô aqui de passagem
Vida loka, eu não tenho dom pra vítima
Justiça e liberdade, a causa é legítima
Meu rap faz o cântico, dos louco e dos romântico, vô
Por um sorriso de criança aonde eu for
Pros parceiros, tenho a oferecer minha presença
Talvez até confusa, mas real e intensa
Meu melhor Marvin Gaye, sabadão na marginal
O que será será, é nós vamo até o final
Liga eu, liga nós, onde preciso for
No paraíso ou no dia do juízo, pastor
E liga eu e os irmãos é o ponto que eu peço
Favela, fundão, imortal nos meus verso
Vida loka

- E aê, Brown, é os pião irmão!
- Tô com os mano aí, eu vô, tô indo ali na zona leste aí, tipo umas 11 horas eu já to voltando já, morô?
- Tá firmão aí, Brown, aí, mano, eu vô desliga, mas tu manda um salve pros mano da quebrada aí, morô? A Gil, morô, mano? Pro Batatão, pro Pacheco, pro Porquinho, pro Xande, pro Dé, morô, meu? Aí no dia do jogo moro, os mano do Exaltasamba vão vir, manda um salve para os pinha lá, morô? Fica com Deus, irmão
Composição: Mano Brown







Gilberto Gil - "Expresso 2222" (TV Globo, 1972)

“Quando voltaram do exílio londrino, em março de 72, Gilberto Gil e Caetano Veloso fizeram um show no Teatro Municipal do Rio. O espetáculo foi gravado e exibido pela TV Globo dentro da faixa "Sexta Nobre". Neste vídeo, Gil mostra ao público uma canção ainda inédita, "Expresso 2222", um grande sucesso que daria nome ao disco que ele gravaria em seguida.”






Vamos fugir - Gilberto Gil








Em comício no Rio, Mano Brown critica PT e é defendido por Chico e Caetano





Mano Brown critica PT em ato do partido

“Rapper disse que a legenda não está conseguindo entender a língua do povo.”





Racionais: Missão na música e projetos individuais // Red Bull Station

“Em rara oportunidade, os integrantes do icônico grupo de rap brasileiro, Racionais MC's, falam sobre suas quase três décadas de carreira durante o Red Bull Music Academy Festival São Paulo 2017. Aqui, os rappers falam sobre o que consideram sua missão na música e acerca dos projetos individuais do quarteto.”








Roda Viva | Mano Brown | 2007

O Roda Viva recebeu, em 2007, cantor e um dos maiores representantes do rap no Brasil, Mano Brown. Em uma das poucas entrevistas que aceitou conceder para a mídia, o rapper afirmou que é a comunidade das favelas que acaba com a violência e não a polícia. Ele falou também sobre drogas, política e que rejeita o papel de exemplo para os jovens. Participaram da bancada de entrevistadores José Nêumanne, Maria Rita Kehl, Paulo Lima, Paulo Lins, Renato Lombardi e Ricardo Franca Cruz.





Referências

http://gilvanmelo.blogspot.com/2019/12/jose-de-souza-martins-na-alca-de-mira.html
https://youtu.be/ePTaHR9bbNU
https://www.letras.mus.br/racionais-mcs/64916/
https://youtu.be/Ja7yBF5WzOk
Gilberto Gil - "Expresso 2222" (TV Globo, 1972)
https://www.youtube.com/watch?v=Ja7yBF5WzOk
https://youtu.be/pLby52-aS0I
Vamos fugir - Gilberto Gil
https://www.youtube.com/watch?v=pLby52-aS0I
https://youtu.be/ojQ0QuYDT9Q
https://youtu.be/kGxyxCOey5A
https://www.youtube.com/watch?v=kGxyxCOey5A
https://youtu.be/IaQWmNkqkSg
https://youtu.be/er9wpbArs3M
https://www.youtube.com/watch?v=er9wpbArs3M
https://www.youtube.com/watch?v=IaQWmNkqkSg



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