“[...] O mundo é grande, marruêro!...
Grande é o amô!... Grande é a fé!...
Grande é o pudê de Maria,
ispôsa de São José!...
O Diabo, o Anjo mardito,
foi grande!... Cumo inda é!
Mas porém, nada é mais grande,
mais grande que Deus inté,
que uma chifrada, marruêro,
dos óio d’uma muié! [...]
Grande é o amô!... Grande é a fé!...
Grande é o pudê de Maria,
ispôsa de São José!...
O Diabo, o Anjo mardito,
foi grande!... Cumo inda é!
Mas porém, nada é mais grande,
mais grande que Deus inté,
que uma chifrada, marruêro,
dos óio d’uma muié! [...]
© CATULLO DA PAIXÃO CEARENSE
in Meu Sertão, 1918
in Meu Sertão, 1918
SONO
DAS ÁGUAS
Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme. Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d′água,
nos grotões fundos.
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir...
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem.
E adormece
até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes...
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono...
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme. Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d′água,
nos grotões fundos.
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir...
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem.
E adormece
até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes...
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono...
© JOÃO GUIMARÃES ROSA
In Magma, 1936
(publicado em 1997)
In Magma, 1936
(publicado em 1997)
Poesia:
Sono das águas - João Guimarães Rosa
UnBTV
Publicado em 16 de dez de 2014
UnBTV - dezembro/2014
Trechos
de "Grande Sertão: Veredas", por Lima Duarte e Teo Azevedo
TV Cultura Digital
Publicado em 24 de jul de 2012
INSCREVER-SE 666 MIL
Texto do escritor Guimarães Rosa, interpretado por
Lima Duarte e Teo Azevedo no Viola, Minha Viola, da TV Cultura.
AUDIOLIVRO:
"A hora e a vez de Augusto Matraga", de Guimarães Rosa
Projeto Livro Livre ↓ www.projetolivrolivre.com O
Conto "A hora e a vez de Augusto Matraga", de Guimarães Rosa, da obra
"Sagarana", narrado em áudio.
Sulino e Marrueiro - Quando a Lua vem Surgindo
Referências
Referências
http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=4424
http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=16696
https://www.youtube.com/watch?v=jxSJqFSsK-0
https://youtu.be/WlUv1aNMDdo
https://youtu.be/R0-qSc2NhO4
https://www.youtube.com/watch?v=R0-qSc2NhO4
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