... e coisas da política
Em um país desorientado
est
modus in rebus
“Há um limite nas coisas. Frase com que Horácio
aconselha a moderação em tudo.”
in
rerum natura
“Na natureza das coisas.”
“[...” E’ impossivel, até á hora presente, prever em
que sentido se orientará o paiz, quando um dia, lhe for dado dizer como quer
ser governado. A maior parte dos habilissimos politicos, que orientam em seu
proveito o descontentamento popular, é francamente adepta do regimen
presidencial. […] Os revolucionarios vencedores ficam em superficialidades,
quando se lhes pede que apontem taes erros. Dir-se-ia que temem ir ao fundo da
ferida. Si forem, verão que o mal unico, o mal essencial, o mal a curar no
Brasil é esse proprio regimen presidencial, que a surpreza de 1889 conseguio
implantar na Constituição de 24 de fevereiro.32 [...]”
32Mauricio de
Medeiros, Outras revoluções virão…, Rio de Janeiro, Calvino Filho, 1932, p.
13-14.
Revista Tempo, vol. 20 – 2014:1-21
Realpolitik
Realpolitik,
politics based on practical objectives rather than on ideals. The word does not
mean “real” in the English sense but rather connotes “things”—hence a politics
of adaptation to things as they are.
Realpolitik thus suggests a pragmatic, no-nonsense view and a disregard
for ethicalconsiderations. In diplomacy it is
often associated with relentless, though realistic, pursuit of the national
interest.
WRITTEN
BY:
The Editors of
Encyclopaedia Britannica
Definition
of realpolitik
: politics
based on practical and material factors rather than on theoretical or ethical
objectives
realpolitik
(palavra alemã Realpolitik)
(palavra alemã Realpolitik)
substantivo
feminino
[Política] Política internacional ou de relações diplomáticas baseada essencialmente em questões práticas e pragmáticas, em detrimento de questões ideológicas ou éticas.
Marco
Aurélio Nogueira: O tamanho da indefinição
- O Estado de S. Paulo
O Brasil não acabará depois das eleições, seja quem
for o vencedor do pleito presidencial
O mundo gira e a caravana roda. Com o avançar do
calendário eleitoral, a definição dos candidatos, de suas coligações e seus
compromissos, com as primeiras pesquisas e os debates iniciais, subiu a
temperatura e ingressamos em um tempo de tomadas de posição.
Não há porque temer esse tempo ou fugir dele em nome
do candidato ideal ou de uma candidatura única que jamais existiu, que
dificilmente poderia existir e que nem sequer deveria ser tida como exigência
democrática. Democracia é pluralidade, divergência, choque de opiniões,
manifestação de preferências. Numa época de partidos e verdades em crise,
pregar a ordem unida é caminhar às cegas, sem poder de convencimento.
Guerras entre candidatos são suicidas, mas não há
como contorná-las: lutam pela própria afirmação, não pela afirmação de um campo
ou polo. É da lógica da disputa eleitoral. O sangue que escorre dos guerreiros
pode mesmo adubar candidaturas autoritárias. Não há como evitar isso, ao menos
no primeiro turno. Correr riscos é um dos preços da democracia.
A sabedoria está em minimizar os efeitos, evitar que
os choques ultrapassem o razoável, traduzindo-se em agressão e ruptura.
Mentiras escabrosas e campanhas negativas de desconstrução são tóxicas,
envenenam a democracia. Não se trata somente de cordialidade, mas de bater sem
deixar marcas e sem poupar o adversário principal, facilitando-lhe a vida.
Sempre será preciso fazer a análise concreta da
situação concreta. A frase é marxista, mas não é preciso ser marxista para
aceitá-la: trata-se de um suposto do realismo político e do esforço que se deve
fazer para enxergar o todo, com suas determinações, suas possibilidades reais e
as relações de força que nele têm lugar. Alcançar uma compreensão abrangente e
a mais racional possível é boa norma de conduta na política.
O amplo e heterogêneo campo da democracia no Brasil
vive hoje um dilema: é ou não possível trabalhar para que se tenha uma mudança
consistente no país, uma mudança que mexa nas estruturas, nos sistemas em
geral, nas instituições, nos hábitos políticos? Mudar tornou-se um imperativo,
virá mais cedo ou mais tarde, já está vindo sem que percebamos bem, cegos que
estamos por disputas e polarizações paralisantes. Não devemos ser maximalistas
nem exagerar no argumento. O Brasil não é um doente terminal, não vai acabar
nem descarrilhar depois das eleições, seja quem for o o próximo Presidente. Não
há porque ficar parado perante o pior inimigo da democracia, nem temer os
populistas de plantão. Não haverá salvadores da pátria e todos terão de
cooperar entre si, fazer alianças, negociar, assimilar a velha política, pedir
sacrifícios à sociedade. Errarão e acertarão, uns mais, outros menos. Perigos e
ameaças virão mais de uns do que de outros. Mas a roda continuará a girar.
A exigência cabal de cooperação tem um efeito
colateral positivo: faz com que todos tenham de abaixar o topete, moderar suas
fantasias, aprender a respeitar os limites, arregimentar as forças que podem
garantir que algo seja feito. Impõe a que se privilegiem a articulação e a
mediação.
Os candidatos são o que são. Nenhum deles exibe
propriamente força. Não dispõem nem de poderio político extraordinário, nem de
particular força de persuasão. Cada um tem seu gueto, seu estilo, suas
convicções, seu séquito. Todos precisam sair de si, ir além dos muros que os
protegem, chegar onde o povo está. Uns acreditam que conseguirão isso com a
televisão, outros com as redes. Mas ninguém sabe quão potentes serão esses
meios.
Tudo somado, é o que explica o tamanho da
indefinição.
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Marco Aurélio Nogueira é professor titular de teoria
política da Unesp
José
de Souza Martins: O poder oculto
- Eu &Fim de Semana | Valor Econômico
O aspecto mais desolador dos "debates"
políticos na televisão, nessa campanha eleitoral, é que não há debate. Para que
debate houvesse, seria necessário que os partidos fossem partidos verdadeiros,
com doutrina e projeto de nação. Não o são. Há pouquíssima diferença entre eles
e quase nenhuma entre os candidatos. Estamos à mercê do minimalismo de dilemas
menores e cotidianos. E não dos relativos ao destino do país. É o caso do
bombeiro incendiário que chacoalha a Bíblia diante do nariz dos outros e
sataniza os brasileiros lúcidos que dele discordam. Em princípio, quem se
apresenta candidato a um mandato em nome de religião ou de igreja deveria ter a
candidatura vetada. É inconstitucional.
Na verdade, o elenco de temas propostos aos
candidatos nesses debates é o que o noticiário cotidiano há muito tem colocado
em destaque. Mais o que apavora as pessoas comuns do que aquilo que expressa
suas aspirações de desenvolvimento humano. E de sua emancipação das carências e
misérias que fazem da vida cotidiana do brasileiro uma vida de incertezas e de
desesperança.
A temática dessas eleições, como de eleições
passadas, não é a dos nossos problemas candentes, mas apenas os popularizados
pelo noticiário alarmista do dia a dia. Processos políticos não são definidos
pela popularidade manipulada, os assuntos que causam apreensão e incerteza. O
noticiário não expressa o que somos nem mesmo os nossos carecimentos. E o mesmo
se pode dizer dos resultados de pesquisas de opinião eleitoral. O que cabe no
formulário e nas perguntas pré-formuladas não é necessariamente o que inquieta
as pessoas. Há um abismo antropológico entre o perguntado e o respondido.
Como sociólogo, não posso deixar de ver a conexão
que há entre a notícia alarmista sobre a criminalidade urbana e o discurso
religioso das diferentes igrejas, de um lado, e a conexão entre alarmismo,
evangelismo televisivo e radiofônico e a política biblificada, de outro. Como
ignorar o nexo entre a barbárie dos temas do noticiário e a suposta
religiosidade de políticos que oferecem ao povo a alternativa violenta da
punição radical e exterminadora contra as ideias e as visões de mundo que
expressam a nossa diversidade social e cultural? A criminalização das
diferenças, da pluralidade social, da diversidade das crenças e das visões de
mundo, da civilidade, enfim, usurpou o cenário dos debates pela televisão, que
são aqui mais para atemorizar do que para esclarecer. Mais para encurralar do
que para libertar.
O cenário da disputa eleitoral tanto para o
Executivo quanto para o Legislativo é o dos falsos problemas inventados pelas
manipulações planejadas. As dos grupos de interesse que usurparam as ideologias
partidárias com o propósito de amedrontar para fazer da incerteza popular a
matéria-prima das disputas políticas.
Mais uma vez, vamos às urnas informados por aquilo
que é de importância menor do que por aquilo que é de importância maior. A
representação política está descaracterizada, como vemos em série publicada
pelo jornal O Estado de S. Paulo com base em pesquisa sobre os donos do poder.
Quatro grupos de interesses políticos dominam o Congresso Nacional, e por
extensão, a Presidência da República: o dos funcionários públicos, o do
agronegócio, o da Bíblia e o da bala. Deputados e senadores estão distribuídos
pelos partidos políticos, que por irrelevantes e descaracterizados se tornaram
secundários em relação a esses grupos. Partido tornou-se mero instrumento legal
para viabilizar o que não é e não pode ser. Partido, aqui, é o do mero agora e
do passado, não o do possível e necessário. Qualquer que seja a opção do
eleitorado, esses quatro grupos é que serão os efetivamente representados no
Parlamento brasileiro. Os governantes governarão manipulados por eles.
Os problemas nacionais já não chegam à consciência
política da nação. São desfigurados pela filtragem de interesses sobre os quais
a nação não tem controle. Mais uma vez, o Brasil não será representado em seu
Congresso Nacional senão pela distorção do que é, do que padece e do que quer
vencer. O Brasil do Congresso é e será o Brasil vencido, iludido, usado e
descartado. Pouquíssimos dos nossos políticos tem clara consciência do que
representam, de que são atores de um teatro em que os verdadeiros sujeitos do
processo político não se mostram, não se identificam. Qualquer que seja o
partido vencedor ou o candidato vencedor, de vários modos será joguete dessas
forças invisíveis e silenciosas que serão conhecidas unicamente se caírem na
armadilha das investigações policiais, as dos mensalões e da Lava-Jato. Esse
Brasil oculto derrota todos os dias, não só nas eleições, a política
brasileira.
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José de Souza Martins é sociólogo e Professor
Emérito da Faculdade de Filosofia da USP. Membro da Academia Paulista de
Letras. Entre outros livros, autor de “A Política do Brasil Lúmpen e Místico”
(Contexto).
THE
VOICE BRASIL
Na
estreia da fase Tira-Teima, os participantes do The Voice Brasil se
apresentaram ao vivo pela primeira vez nesta temporada. No episódio desta
quinta-feira, 23/8, quatro vozes, de cada time cantaram, e disputaram três
vagas.
Confira em:
https://gshow.globo.com/realities/the-voice-brasil/2018/noticia/confira-tudo-que-rolou-na-primeira-noite-de-tira-teima.ghtml
Referências
https://www.dicionariodelatim.com.br/est-modus-in-rebus/
https://www.dicionariodelatim.com.br/in-rerum-natura/
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=167031535014
https://www.britannica.com/topic/realpolitik
https://www.merriam-webster.com/dictionary/realpolitik
"realpolitik", in Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/realpolitik [consultado
em 24-08-2018].
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/08/marco-aurelio-nogueira-o-tamanho-da.html
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/08/jose-de-souza-martins-o-poder-oculto.html
https://gshow.globo.com/realities/the-voice-brasil/2018/noticia/confira-tudo-que-rolou-na-primeira-noite-de-tira-teima.ghtml
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