A Sergio Moro, ex-diretor da Petrobras afirma que
ex-presidente recebia dinheiro de estaleiro da Odebrecht por contratos com a
Sete Brasil
Por Estadão Conteúdo
access time 4 ago 2018, 09h19
O
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque (Márcia Foletto/Agência o
Globo)
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque afirmou
na sexta-feira, 3, ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e o PT
dividiam dois terços da propina arrecadada com os contratos de plataformas para
exploração do petróleo do pré-sal da Sete Brasil. A informação, segundo Duque,
foi passada a ele pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Segundo o ex-diretor, que era mantido no cargo por
indicação de petistas, como Dirceu, um terço da propina iria para a “Casa”, nome
usado para a propina destinada aos executivos da Petrobras e da Sete Brasil, e
os outros dois terços, para o PT. “Esses dois terços para o partido seriam
divididos entre Lula, José Dirceu e o partido”, afirmou. O valor seria
bancado por estaleiros criados por empreiteira como Odebrecht, OAS e UTC.
Condenado a mais de 40 anos na Operação
Lava Jato, Renato Duque teve acordos de colaboração premiada rejeitados
pelo Ministério Público Federal (MPF) e passou a colaborar diretamente com a
Justiça. A Moro, ele relatou que o pagamento de propina “era
institucionalizado”. “Todos os estaleiros pagaram”, afirmou.
O ex-diretor da Petrobras disse que ouviu de Vaccari
que ele era o homem do partido responsável pela arrecadação de propina da parte
política nos contratos da Sete Brasil, empresa criada em 2010 para intermediar
os contratos de plataformas e está em recuperação judicial.
Segundo Duque, o ex-tesoureiro petista lhe afirmou
que o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci era o responsável
pelo acerto e dava as coordenadas de como o dinheiro seria distribuído. Os
contratos de plataformas feitos a partir de 2011 somavam, segundo ele, 20
bilhões de dólares e envolveram propina de 1%.
Renato Duque confessou a Moro que recebeu cerca de
3,8 milhões de dólares de propinas em negócio da Jurong com a Sete Brasil. Ele
relatou que o dinheiro foi pago em uma conta aberta em Milão, no banco Cramer.
Além de apontar que a propina a Lula foi paga pelo
estaleiro liderado pela Odebrecht, Duque relatou que a parte destinada a Dirceu
saiu do estaleiro da Engevix e o montante para o PT saiu do estaleiro da
Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.
Nesta sexta, Sergio Moro ouviu depoimentos de quatro
réus no terceiro processo a ser julgado na Lava Jato envolvendo negócios dos 21
navios-sonda da Sete Brasil contratados pela Petrobras a partir de 2011. O caso
é o da Jurong, que tem 2,1 bilhões de dólares em contratos com a estatal e envolveria
propina de 18,8 milhões de reais.
Defesas
A defesa de Vaccari disse que ele também foi
interrogado por Moro nesta sexta-feira, mas foi orientado a permanecer calado:
“o ex-tesoureiro nega no processo qualquer envolvimento com arrecadação de
propinas e ilícito”.
A assessoria de Lula afirmou que “o ex-presidente
teve todas as suas contas vasculhadas e jamais recebeu valores ilegais ou teve
em Palocci seu representante para receber qualquer valor. Não vamos comentar
declarações sem nenhuma prova de presos que buscam fechar acordos para obter
benefícios judiciais”.
A defesa de Dirceu emitiu nota afirmando que “diante
da situação em que se encontra Renato Duque é absolutamente compreensível, que
depois de anos de prisão, diga o que seus acusadores gostariam de ouvir.” O PT
foi procurado mas não deu retorno até o fechamento deste texto.
Lula
e Dirceu ficavam com dois terços da propina do PT, relata ex-diretor da
Petrobras
Referências
https://abrilveja.files.wordpress.com/2018/07/operacao-lava-jato-renato-duque-101.jpg?quality=70&strip=info&resize=680,453
https://veja.abril.com.br/politica/lula-dirceu-e-pt-ficavam-com-2-3-das-propinas-de-estaleiros-diz-duque/
Lula
e Dirceu ficavam com dois terços da propina do PT, relata ex-diretor da
Petrobras
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