... De Gente de Luz
Clara
Nunes
Quem acha,
vive se perdendo,
por isso agora eu vou me defendendo
Da dor tão cruel desta saudade,
que por infelicidade,
meu pobre peito invade.
Batuque é um privilégio,
ninguém aprende samba no colégio,
sambar é chorar de alegria,
é sorrir de nostalgia,
dentro da melodia.
Por isso agora, lá na Penha, eu vou botar
minha morena pra cantar
com satisfação,
e com harmonia, esta triste melodia,
que é meu samba em feitio de oração.
O samba, na realidade,
não vem do morro, nem lá da cidade,
e quem suportar uma paixão,
sentirá que o samba então,
nasce no coração.
Composição: Noel Rosa / Vadico
“Feitio
de Oração”: manuscrito da parceria com Vadico (1933).
“[...]Mas genuína parceria (letra da espiritualidade
e música da Terra) ficou também registrada na história de sua discografia
– Vila Isabel no Espaço / música, Hervé Cordovil/ letra
(psicografada) Noel Rosa”.
Eis a letra: [...]"
Minha “Vila” agora é outra
Muito longe da “Isabel”
Meu papel agora é doutra
Qualidade do papel
Que representei na Terra,
Andando de deu em deu,
Alma voltada pro samba,
Nada voltado pro céu!...
Se eu fizesse agora, um samba
Ia ter mais harmonia
Não teria gente bamba,
Não teria valentia,
Pois valente, nesta vila,
É aquele que perdoa,
Que padece e não estrila,
Não é rei nem quer coroa...
Se eu fizesse agora um hino...
Ah! Se um hino eu compusesse...
Começaria com sino,
Terminaria com prece,
Prece serena, tranquila...
E teria este pedaço:
“ Faça, Senhor, lá da Vila
A Vila Isabel do Espaço!”
"O
programa Sr. Brasil, de Rolando Boldrin, apresentou essa música cuja letra
ditada pelo Espírito Noel Rosa e musicada por Hervê Cordovil, comprova a
sobrevivência do espírito."
Feitio
de Oração
Noel Rosa
“Intérprete:
Castro Barbosa e Francisco Alves // Participação: Orquestra Copacabana
Composição: Noel Rosa e Vadico Ano de composição: 1933”
Letra
Quem acha vive se perdendo
Por isso agora eu vou me defendendo
Da dor tão cruel desta saudade
Que por infelicidade
Meu pobre peito invade
Por isso agora eu vou me defendendo
Da dor tão cruel desta saudade
Que por infelicidade
Meu pobre peito invade
Por isso agora lá na penha
Vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração
Vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração
Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia
Por isso agora lá na penha
Eu vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração
Eu vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração
Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia
Por isso agora lá na penha
Eu vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração
Eu vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração
O samba na realidade não vem do morro
Nem lá da cidade
E quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce do coração
Nem lá da cidade
E quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce do coração
E quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce no coração
Sentirá que o samba então
Nasce no coração
Composição: Noel Rosa/Vadico
Marisa
Monte - Feitio de Oração - Noel Rosa (letra) & Vadico (música)
“Música
de Vadico e letra de Noel Rosa
Em 1933, trabalhando como pianista e arranjador na
Odeon, Vadico (Oswaldo Gogliano) foi apresentado pelo maestro Eduardo Souto a
Noel Rosa. Conforme contam Joaquim SEVERIANO e Zuza Homem de MELLO, ao ouvir
uma composição recente de Vadico, Noel ficou impressionado com a beleza e o
clima místico da melodia, trazendo dois dias depois a letra para aquele que foi
o primeiro samba da dupla, Feitio de oração, e marcando o início de uma
parceria que iria durar até 1936, um ano antes da morte do compositor. Vadico
era paulistano, nascido em 1910, no Brás; era descendente de imigrantes
italianos e todos os seus irmãos eram músicos. Seu irmão Dirceu fez o
Conservatório Dramático musical de São Paulo e sua irmã Rute era formada em
piano e harmonia. Sabe-se que a música européia tradicional exerceu uma
influência considerável na sua formação; sua educação musical incluiu o estudo
formal de piano, harmonia e composição. Anos depois, já durante o período de
sua carreira internacional, que começou em 1939, estudou harmonia, contraponto,
composição musical e regência com o compositor italiano Mario Castelnuovo
Tedesco (MARCONDES, 1998, p.797). Foi para o Rio de Janeiro em 1931, aos 21
anos de idade, mas um pouco antes disso já tinha duas composições gravadas: o
samba Deixei de ser Otário, de 1929, gravado por Genésio Arruda na Odeon, e o
samba Arranjei Outra, com Dan Mallio Carneiro, gravado por Francisco Alves em
1930. Vadico conheceu Noel Rosa em 1932, nos estúdios da gravadora Odeon, que
de imediato pôs letra em "Feitio de Oração", seguida de parcerias
notáveis como "Feitiço da Vila", "Pra que Mentir",
"Conversa de Botequim", "Cem Mil Réis", "Provei",
"Tarzã, o Filho do Alfaiate", "Mais um Samba Popular",
"Quantos Beijos" e "Só Pode Ser Você". Com Marino Pinto,
Vadico compôs sucessos como "Prece" e "Súplica". Também fez
parceria com Vinicius de Moraes em "Sempre a Esperar". Em 1939, foi
para os Estados Unidos apresentar-se com a orquestra de Romeu Silva na
Exposição Internacional de Mundial de Nova Iorque. No ano seguinte, retornou e
radicou-se no Estado norte-americano da Califórnia, onde viveu durante oito
anos. Lá, gravou músicas do filme "Uma Noite no Rio", com Carmen
Miranda, e a partir de então, tornou-se pianista da cantora luso-brasileira e
do Bando da Lua.”
Na manhã de uma segunda-feira, 11 de junho de 1962, o compositor, músico e arranjador paulistano Oswaldo de Almeida Gogliano saiu de casa, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), para trabalhar na gravadora Columbia e se despediu da companheira com frase aparentemente sem sentido: "Hoje eu não volto". O sentido da frase se fez logo, por volta das 9h daquela manhã, quando o artista passou mal e caiu no estúdio da gravadora. Não voltou mais. Nem à casa e tampouco à vida. Às 9h30m, Gogliano foi oficialmente declarado morto, vítima do terceiro infarto.
Faltavam 13 dias para que ele completasse 52 anos de vida iniciada num dia de São João, 24 de junho de 1910. Autor de biografias de expoentes da música brasileira como o compositor baiano Assis Valente (1911 – 1958) e o cantor fluminense Evaldo Braga (1945 – 1973), o jornalista e escritor baiano Gonçalo Junior reconstitui boa parte dos passos de Gogliano, vulgo Vadico, para mostrar que ele foi mais do que o parceiro do compositor carioca Noel Rosa (1910 – 1937) em músicas emblemáticas como Feitiço da Vila (1934), Feitio de oração (1933), Conversa de botequim (1935) e Pra que mentir? (1937) – a composição que dá nome ao relevante livro recém-lançado pela editora Noir.
O subtítulo da biografia, Vadico, Noel Rosa e o samba, já diz muito sobre o livro, pois, para contar bem a vida de Vadico, é preciso recontar a vida do Poeta da Vila, com quem Gogliano fez sambas e sambas-canção que entraram para a história, eternizando parceria iniciada em 1932 que contabilizaria 12 composições, incluindo marcha feita como jinglepublicitário.
Mesmo admitindo com honestidade que algumas passagens da vida pessoal de Gogliano continuam misteriosas ou ao menos nebulosas (caso do grau de alcoolismo do compositor na fase final da vida), o autor cumpre bem a tarefa de perfilar Vadico. Como dito, a intenção é realçar que Vadico foi mais do que o mais inspirado parceiro de Noel (o que já é muito), ainda que, ao fim do livro, paire a sensação de que nada do que Vadico fez após a precoce saída de cena de Noel, em maio de 1937, foi mais importante do que composições que atravessam gerações e modismos musicais como Feitio de oração e Feitiço da Vila.
Contudo, o autor cumpre a função de biógrafo ao relatar a luta de Vadico para se impor como compositor nos espetáculos teatrais dos anos 1930, a relação profissional e fraterna como Noel, a ida em junho de 1939 para os Estados Unidos – país onde Vadico ficaria por 14 anos, trabalhando em Hollywood, em atuação decisiva para a exposição mundial do nome e da ora do compositor Ary Barroso (1903 – 1964) em filmes musicais feitos com visão estereotipada do Brasil – e, sobretudo, a luta para ser reconhecido como parceiro de Noel na volta ao Brasil.
A parte final do livro é ocupada sobretudo pela polêmica iniciada em 8 de maio de 1957 pelo apresentador de TV Flávio Cavalcanti (1923 – 1986) no programa Um instante, maestro! (TV Tupi). No tom sensacionalista que caracterizava os programas que apresentava, Cavalcanti partiu em defesa de Vadico e atacou postumamente Noel – compositor então revalorizado 20 anos após a morte, depois de ter sido esquecido na década de 1940 – por ter vendido alguns sambas da parceria com Vadico para a gravadora Odeon como se os sambas fossem somente dele, Noel.
Noel à parte, se é que possível dissociar Vadico do Poeta da Vila, Gogliano deixou cerca de 80 músicas, algumas inéditas em disco, inclusive peças de arquitetura erudita. Fora da parceria com Noel, a mais conhecida é Prece (1956), samba-canção feito com o compositor fluminense Marino Pinto (1916 – 1965). Nem por isso, a vida de Vadico deixou de ser movimentada. Em 1959, para ajudar a pagar as contas, ele tocava na carioca Boate Plaza, acompanhando cantor iniciante que imitava descaradamente João Gilberto e que atendia pelo nome de Roberto Carlos.
Ao sair de cena naquela manhã de junho de 1962, Vadico não conseguiu se mostrar maior do que a obra feita com Noel, ainda que o talento de melodista e arranjador refinado fosse inegável e reconhecido no meio musical. De todo modo, a verdade é que quem fez uma melodia como a de Feitio de oração já não precisava fazer mais nada para ter lugar de honra na história da música popular do Brasil. (Cotação: * * * 1/2)
(Crédito da imagem: capa do livro Pra que mentir – Vadico, Noel Rosa e o samba)
Sábado, 28/10/2017, às 19:30, por Mauro Ferreira
Biografia
reconstitui (alguns) passos de Vadico, o maior parceiro de Noel
Na manhã de uma segunda-feira, 11 de junho de 1962, o compositor, músico e arranjador paulistano Oswaldo de Almeida Gogliano saiu de casa, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), para trabalhar na gravadora Columbia e se despediu da companheira com frase aparentemente sem sentido: "Hoje eu não volto". O sentido da frase se fez logo, por volta das 9h daquela manhã, quando o artista passou mal e caiu no estúdio da gravadora. Não voltou mais. Nem à casa e tampouco à vida. Às 9h30m, Gogliano foi oficialmente declarado morto, vítima do terceiro infarto.
Faltavam 13 dias para que ele completasse 52 anos de vida iniciada num dia de São João, 24 de junho de 1910. Autor de biografias de expoentes da música brasileira como o compositor baiano Assis Valente (1911 – 1958) e o cantor fluminense Evaldo Braga (1945 – 1973), o jornalista e escritor baiano Gonçalo Junior reconstitui boa parte dos passos de Gogliano, vulgo Vadico, para mostrar que ele foi mais do que o parceiro do compositor carioca Noel Rosa (1910 – 1937) em músicas emblemáticas como Feitiço da Vila (1934), Feitio de oração (1933), Conversa de botequim (1935) e Pra que mentir? (1937) – a composição que dá nome ao relevante livro recém-lançado pela editora Noir.
O subtítulo da biografia, Vadico, Noel Rosa e o samba, já diz muito sobre o livro, pois, para contar bem a vida de Vadico, é preciso recontar a vida do Poeta da Vila, com quem Gogliano fez sambas e sambas-canção que entraram para a história, eternizando parceria iniciada em 1932 que contabilizaria 12 composições, incluindo marcha feita como jinglepublicitário.
Mesmo admitindo com honestidade que algumas passagens da vida pessoal de Gogliano continuam misteriosas ou ao menos nebulosas (caso do grau de alcoolismo do compositor na fase final da vida), o autor cumpre bem a tarefa de perfilar Vadico. Como dito, a intenção é realçar que Vadico foi mais do que o mais inspirado parceiro de Noel (o que já é muito), ainda que, ao fim do livro, paire a sensação de que nada do que Vadico fez após a precoce saída de cena de Noel, em maio de 1937, foi mais importante do que composições que atravessam gerações e modismos musicais como Feitio de oração e Feitiço da Vila.
Contudo, o autor cumpre a função de biógrafo ao relatar a luta de Vadico para se impor como compositor nos espetáculos teatrais dos anos 1930, a relação profissional e fraterna como Noel, a ida em junho de 1939 para os Estados Unidos – país onde Vadico ficaria por 14 anos, trabalhando em Hollywood, em atuação decisiva para a exposição mundial do nome e da ora do compositor Ary Barroso (1903 – 1964) em filmes musicais feitos com visão estereotipada do Brasil – e, sobretudo, a luta para ser reconhecido como parceiro de Noel na volta ao Brasil.
A parte final do livro é ocupada sobretudo pela polêmica iniciada em 8 de maio de 1957 pelo apresentador de TV Flávio Cavalcanti (1923 – 1986) no programa Um instante, maestro! (TV Tupi). No tom sensacionalista que caracterizava os programas que apresentava, Cavalcanti partiu em defesa de Vadico e atacou postumamente Noel – compositor então revalorizado 20 anos após a morte, depois de ter sido esquecido na década de 1940 – por ter vendido alguns sambas da parceria com Vadico para a gravadora Odeon como se os sambas fossem somente dele, Noel.
Mesmo tomando partido de Vadico, Gonçalo Junior
expõe os argumentos dos dois lados da briga que passou para os jornais quando o
compositor, músico e escritor carioca Henrique Foréis Domingues (1908 – 1980),
o Almirante, saiu em defesa de Noel, de quem fora amigo e colega no seminal
Bando dos Tangarás. O livro mostra como a briga arranhou a imagem de Vadico,
que apenas lutava pelos créditos e pelo recebimento dos justos direitos
autorais das composições, e cansou o já debilitado coração do compositor.
Noel à parte, se é que possível dissociar Vadico do Poeta da Vila, Gogliano deixou cerca de 80 músicas, algumas inéditas em disco, inclusive peças de arquitetura erudita. Fora da parceria com Noel, a mais conhecida é Prece (1956), samba-canção feito com o compositor fluminense Marino Pinto (1916 – 1965). Nem por isso, a vida de Vadico deixou de ser movimentada. Em 1959, para ajudar a pagar as contas, ele tocava na carioca Boate Plaza, acompanhando cantor iniciante que imitava descaradamente João Gilberto e que atendia pelo nome de Roberto Carlos.
Ao sair de cena naquela manhã de junho de 1962, Vadico não conseguiu se mostrar maior do que a obra feita com Noel, ainda que o talento de melodista e arranjador refinado fosse inegável e reconhecido no meio musical. De todo modo, a verdade é que quem fez uma melodia como a de Feitio de oração já não precisava fazer mais nada para ter lugar de honra na história da música popular do Brasil. (Cotação: * * * 1/2)
(Crédito da imagem: capa do livro Pra que mentir – Vadico, Noel Rosa e o samba)
Referências
https://youtu.be/3JeGAu-LvIg
https://www.letras.mus.br/clara-nunes/535510/
http://api.ning.com/files/ns*zCncnnIj-9BSU8-HEEC71js23*A7kHI*gLNwPKHCoIYG0XChcq3LdaMUvFpuLTVL*gZ2vrUqg3lJodvKyoGAqVIDuOnOk/LetraFeitiodeOrao.jpg
http://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2018/08/doce-de-choro-em-fa-maior.html
http://www.correiofraterno.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=491:herve-cordovil-encontra-noel-rosa-em-centro-espirita&catid=16&Itemid=2
https://youtu.be/RjaXHAqz-ww
https://youtu.be/qsa3V-VppK0
https://www.youtube.com/watch?v=qsa3V-VppK0&feature=youtu.be
https://www.cifraclub.com.br/noel-rosa-musicas/feitio-de-oracao/letra/
https://youtu.be/54RXPQjfVEI
https://www.youtube.com/watch?v=54RXPQjfVEI
https://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/blog/f8e89a33-7e25-4069-a308-9a8fc4a99416_vadicolivrocapa.jpg
http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/post/biografia-reconstitui-alguns-passos-de-vadico-o-maior-parceiro-de-noel.html
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