Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
De Frente Pro Crime
"É lucidez, desatino,
De ler no próprio destino
sem poder mudar-lhe a sorte..."
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Veja momento da explosão no STF
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Maldição
Maria Bethânia
Composição: Alfredo Duarte / Armando Vieira Pinto.
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Ocorrências se deram na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na 4ª feira (13.nov.2024); na foto, corpo de homem morto depois de uma das explosões
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Homem-bomba provocou “autolesão fatal”, diz BO; leia a íntegra
Segundo o documento, um segurança do STF relatou que o homem “deitou no chão”, acendeu um artefato “e aguardou a explosão”
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PODER360
14.nov.2024 (quinta-feira) - 8h52
O BO (Boletim de Ocorrência) registrado depois das explosões de 4ª feira (13.nov.2024) na Praça dos Três Poderes, em Brasília, cita uma “autolesão fatal” de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos. Ele morreu em uma das explosões e é dono do carro usado para causar a outra.
Segundo o documento da Polícia Civil do Distrito Federal, as ocorrências foram “inicialmente tipificadas” como “explosão e auto lesão fatal”. Leia a íntegra do BO (PDF – 74 kB).
A Polícia Civil disse ter tido conhecimento de “duas explosões na Praça dos Três Poderes e arredores, sendo uma em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal”, em que um homem “teria praticado auto lesão de natureza fatal, ao detonar um artefato explosivo junto ao seu corpo, que trazia consigo em uma mochila”.
A outra explosão foi ouvida no estacionamento do prédio Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Imagens nas redes sociais mostram o momento em que é possível ouvir o estrondo, muito similar ao de fogos de artifício, e depois vê-se um carro em chamas.
De acordo com o BO, o veículo pertence a Francisco Wanderley Luiz. A polícia enviou uma equipe para o local, que se encarregou “de colher o maior número de informações possíveis naquele momento, em especial sobre a qualificação da vítima e a dinâmica do ocorrido, bem como a identificação e qualificação de testemunhas”.
Lê-se no documento: “Por meio das diligências empreendidas pela equipe que se deslocou ao local dos fatos, soube-se que o autor teria se aproximado do prédio da sede do STF e em sua direção lançado alguns artefatos explosivos, que de fato causaram explosão. Porém, devido à distância que ele se encontrava, os artefatos não atingiram o prédio”.
Um segurança do Supremo esteve com o homem. Em depoimento aos policiais, ele disse que Francisco “se aproximou e ficou parado” em frente à Estátua da Justiça, no STF.
“O indivíduo trazia consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua. O indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e, com a aproximação dos seguranças do STF, o indivíduo abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem”, diz o BO.
O segurança relatou ter visto o homem com um “abjeto semelhante a um relógio digital”, que acreditou ser uma bomba. Francisco teria lançado “2 ou 3 artefatos”, que explodiram.
O segurança disse ter solicitado “apoio de imediato”. Segundo ele, “o indivíduo deitou no chão acendeu o último artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão”.
autores
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PODER360
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Homem detona explosivos e morre em frente ao STF; Praça dos Três Poderes é isolada
Até a última atualização desta reportagem, o corpo não havia sido retirado do local. Momentos antes, houve explosões em um carro próximo. Polícia iniciou varredura em busca de bombas.
Por Caroline Cintra, Márcio Falcão, Maria Helena Martinho, g1 DF e TV Globo
13/11/2024 19h54 Atualizado há 6 horas
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De Frente Pro Crime
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Tá lá o corpo estendido no chão
Quatro horas da manhã
Baixou o santo na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então
Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém
Sem pressa, foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou no time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime
Veio o camelô vender!
Anel, cordão, perfume barato
Baiana pra fazer
Pastel e um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã
Baixou o santo na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então
Tá lá o corpo
Estendido no chão
Composição: Blanc / Bosco.
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De frente pro crime
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Alegorias
Império do desatino
"Maluco", "desequilibrado", "desatinado"
Perturbações da saúde mental
13 + (6 + 1) = G20
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O texto de Fernando Abrucio argumenta que o Brasil enfrenta desafios urgentes na segurança pública e na mudança climática, problemas para os quais a atual estrutura federativa mostra-se fragmentada e incapaz de oferecer respostas integradas e eficazes. Abrucio destaca que, embora áreas como saúde e educação tenham avançado, a segurança pública e a política ambiental permanecem com uma governança falha. Ele aponta o federalismo brasileiro como um "conjunto de ilhas," onde estados, municípios e União frequentemente agem de forma desarticulada e jogam responsabilidades uns para os outros, prejudicando a eficácia de políticas fundamentais.
A segurança pública, segundo o autor, sofre com uma “Babel” de políticas desconectadas e contraditórias que favorecem o crescimento do crime organizado e da violência, afetando diretamente a vida dos cidadãos. Abrucio vê o fortalecimento do SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) como uma saída para coordenar melhor as forças policiais e reduzir a fragmentação no setor.
No que diz respeito à questão climática, o autor enfatiza que o Brasil, sendo um ator central na preservação ambiental, precisa de uma estrutura que fortaleça as ações intergovernamentais, possibilitando que estados e municípios tenham maior capacidade de atuação e colaboração com a União. Sem isso, a crise climática e seus impactos só devem se agravar, afetando o Brasil e o mundo.
Abrucio conclui que o fortalecimento de uma governança colaborativa é essencial, seja por meio do SUSP na segurança pública ou de um sistema nacional para a política climática, destacando a necessidade de pactos federativos reais, que promovam uma gestão integrada e eficiente.
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quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Federação é pacto e não ilhas - Fernando Abrucio
Valor Econômico
O Brasil precisa urgentemente da institucionalidade e fortalecimento do SUSP na segurança pública, bem como da criação um sistema nacional com articulação intergovernamental na política de mudança climática
Dos principais e mais complexos problemas brasileiros, dois são centrais e não têm ainda uma governança mínima para seu tratamento: a segurança pública e a mudança climática. Em outras questões fundamentais, como a saúde, a educação e o combate à desigualdade social, certamente há muitas tarefas a realizar. Porém, tais setores já construíram políticas governamentais com avanços importantes e, sobretudo, sistemas básicos que os organizam. Em todos esses casos, as soluções passam inexoravelmente pela estrutura federativa. Se o país quiser lidar melhor com os desafios do século XXI, seus líderes terão de entender para que serve uma federação.
Os debates recentes sobre mudança climática e segurança pública revelam que muitas lideranças com postos elevados na República brasileira não compreenderam ainda o significado do federalismo. A palavra federação vem do latim “foedus”, cujo significado etimológico é pacto. Foi com essa ideia que no final do século XVIII os federalistas americanos criaram um novo experimento político que buscava garantir a autonomia e as liberdades locais e, ao mesmo tempo, construir uma nação governada por uma interdependência equilibrada entre as partes territoriais.
Os pactos que organizam as federações pelo mundo são distintos conforme a situação territorial e a trajetória histórica desses países. Há federalismos mais descentralizados na distribuição do poder, e outros com perfil mais centralizado. Mas há algo em comum: cada vez mais é necessário garantir a articulação e a integração intergovernamentais para enfrentar problemas que não podem ser solucionados por apenas um ente federativo, seja a União, os estados ou os governos locais.
O caso brasileiro tem uma trajetória político-territorial bastante atribulada, contendo um duplo legado negativo. De um lado, um viés centralizador muito forte, presente desde o Império, mas cujas expressões mais fortes vieram do longo período de Vargas até o final do regime militar. De outro, uma tradição localista e fragmentadora que perpassa toda a história. Já avançamos em relação a essa herança, mas os fantasmas do presidencialismo imperial e do coronelismo isolacionista continuam rondando nossos líderes políticos.
O modelo federativo inaugurado pela Constituição de 1988 gerou uma série de pactos territoriais em torno de problemas ou políticas públicas, todos construídos com participação dos entes federativos. Óbvio que havia, em maior ou menor grau, alguma assimetria, dado o maior poder do governo federal e a grande dispersão de governos locais, a maioria com baixas capacidades estatais.
Mesmo assim, foi montado um federalismo cooperativo que deu base ao SUS, um paradigma universalista de política de saúde num país extremamente desigual. Sua trajetória contém muitos sucessos, o maior deles a salvação do Brasil frente à sandice bolsonarista. Também dessa concepção federativa vieram êxitos na educação e no combate à desigualdade social, como se pode perceber comparando a grande maioria dos dados da situação brasileira na década de 1980 com os indicadores atuais. As questões que permanecem com pouca resolutividade são exatamente políticas cuja governança tem sido incapaz de lidar com a federação.
A segurança pública é um cipoal de políticas dispersas e descoordenadas ao longo do território nacional. Fragmentação é o nome do jogo federativo que impera neste setor. Fenômeno que já começa com a divisão das duas polícias no plano estadual, que vai ficar ainda mais desorganizado com o crescimento das guardas municipais e, como corolário, estrutura-se num terreno sem interligação com as forças policiais federais.
Em poucas palavras, a segurança pública é uma verdadeira Babel, cujo maior perdedor é o cidadão, principalmente a camada mais pobre - com destaque para o morticínio da população negra das áreas periféricas. Mas mesmo tendo um derrotado maior na estrutura social, todos os brasileiros estão apanhando nesta partida: a classe média que não pode andar mais com seu celular nas ruas das grandes cidades, as atividades econômicas que temem o roubo de cargas, a destruição das políticas de proteção ambiental na Amazônia pelo crime organizado, enfim, uma insegurança crescente que inviabiliza o futuro do país.
E quem é o vencedor neste jogo fragmentado, desorganizado e descoordenado territorialmente da segurança pública? O crime organizado está no topo dos vitoriosos, poder que cresce nacionalmente cada vez mais, com sua infiltração nas estruturas estatais e diversificação de atividades econômicas. Mas também ganham pontos de legitimidade os representantes do discurso do tiro, porrada e bomba que elegem cada vez mais parlamentares nos legislativos, apresentando como solução a morte e o aprisionamento da ralé do crime, o que por tabela mata milhares de inocentes pobres e pretos. A única coisa que não querem é que o sistema se estruture organizacionalmente e no plano federativo, porque suas carreiras políticas dependem da manutenção da Babel da política pública, porque assim podem apresentar soluções fáceis, simples e... erradas, como bem comprovam os indicadores nos últimos anos.
A questão ambiental teve importantes avanços desde a redemocratização. Legislações mais modernas e políticas públicas específicas melhoram a situação do Brasil em vários aspectos relativos à sustentabilidade. Claro que houve resistências de grupos cujo modelo de atuação econômica era arcaico, mas também houve negociações e ganhos incrementais. Ressalte-se ainda que há várias temáticas ambientais, e algumas delas avançaram mais e outras, bem menos. E, por fim, mesmo com vitórias importantes, não se conseguiu construir um sistema federativo que ampliasse a escala das ações e reduzisse a desigualdade na capacidade de os governos tratarem do tema em todo o território brasileiro.
Mas a urgência do tema ambiental ampliou-se vertiginosamente por conta da mudança climática. Trata-se de uma questão relevante na agenda mundial, com mais ênfase desde o Acordo de Paris, em 2015. Mais gente, grupos sociais e nações constataram que o relógio do desastre tinha se acelerado. A percepção da relevância da questão, entretanto, causou muito menos mudanças do que as necessárias, e os últimos anos vêm sendo marcados pela aceleração do aquecimento global e da ocorrência de eventos climáticos extremos.
O Brasil está no centro da questão climática porque é origem e grande receptáculo de suas nefastas consequências. Se suas políticas públicas para essa área fracassarem, o mundo inteiro sofrerá e o território brasileiro terá impactos negativos ainda maiores. Mesmo com os avanços ambientais citados anteriormente, não havia um modelo sistêmico para lidar com a mudança climática e a situação ficou ainda mais grave com o negacionismo e os crimes lesa-humanidade cometidos por Bolsonaro. Mas Trump vem aí para mostrar que o bolsonarismo era uma brisa perto dos furacões que poderão ser causados pelo isolacionismo americano.
A solução da moda, por vezes até messiânica, é criar uma Autoridade Climática. O posto pode ser um importante avanço, contudo será bastante limitado caso não seja criada uma governança colaborativa no plano do federalismo climático. De Brasília, mesmo com muitos recursos e uma boa burocracia, não se resolve a maior parte dos conflitos e dilemas amazônicos de preservação. A adaptação e a mitigação climática em todo o território nacional vão depender do fortalecimento das capacidades estatais de estados e municípios, além da necessidade de convencê-los a atuar cooperativamente entre si e junto com o governo federal.
O federalismo brasileiro e, por conseguinte, as principais políticas públicas caminham para o desastre se a Federação for lida como um conjunto de ilhas. A “ilha” da União muitas vezes quer resolver os problemas de forma meramente centralizada, e quando fica “boazinha” fala em relações interfederativas - um pleonasmo, porque federativo já significa pacto, acordo e articulação. E as “ilhas” dos estados e municípios muitas vezes fazem o jogo de empurra para o governo federal, querendo manter o poder decisório último, receber os recursos e repassar as responsabilidades. A famosa reunião do presidente Lula mostrou alguns governadores com vocação para comandar ilhas, mas não um país - e queimadas e crime organizado são problemas, no mínimo, nacionais.
O Brasil precisa urgentemente da institucionalização e fortalecimento do SUSP na segurança pública, bem como da criação de um sistema nacional com articulação intergovernamental na política de mudança climática. Sem integração federativa, o crime organizado vai crescer cada vez mais e os desastres climáticos vão se ampliar. Para alcançar essa nova governança colaborativa, é preciso instituir em ambas as políticas fóruns federativos nos quais a União, os estados e os municípios possam dialogar, negociar, decidir, atuar conjuntamente e planejar ações de longo prazo.
Os sistemas federativos de segurança e da política climática vão se ancorar na articulação e nas arenas intergovernamentais, que serão a garantia da autonomia de cada ente federativo, mas também o instrumento para construir uma nação melhor. Entender a relevância da Federação é compreender que somente pactos territoriais garantirão um futuro melhor ao Brasil.
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A concessão póstuma do título de Doutor Honoris Causa ao médico Sérgio Arouca pela Unicamp representa um reconhecimento tardio e um ato de "reparação histórica" para um dos principais sanitaristas do Brasil. A cerimônia, realizada no dia 7 de novembro de 2024, foi destacada pelo reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, que enfatizou a importância de reconhecer o papel da Universidade em uma fase repressiva da história, quando Arouca, que lecionava na instituição, foi afastado por pressões da ditadura militar nos anos 1970.
Arouca teve uma carreira profundamente marcada pelo compromisso com a saúde pública e a democratização do acesso à saúde. Ele foi fundamental na formulação das bases do Sistema Único de Saúde (SUS) durante a 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, o que levou à inclusão da saúde como direito universal na Constituição Federal de 1988. Além de seu papel como acadêmico e sanitarista, Arouca também teve uma carreira política, chegando a presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e atuar como deputado.
A cerimônia de homenagem contou com a presença de sua filha, Luna Arouca, que emocionada relembrou a dimensão do trabalho de seu pai e sua dedicação à saúde coletiva. O reconhecimento da Unicamp foi ampliado com a renomeação do auditório do Departamento de Saúde Coletiva em homenagem a Arouca, refletindo seu legado que, conforme ressaltado pelos professores e coordenadores da instituição, transcende a Universidade, inspirando gerações de profissionais da saúde pública.
O título post-mortem não só ratifica a importância de Arouca para a saúde pública, mas também busca resgatar uma memória reprimida e ressaltar a importância de reconhecer e restaurar a justiça e a verdade no contexto universitário e na sociedade brasileira.
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Em título póstumo, Sérgio Arouca é Honoris Causa da Unicamp
Médico, pesquisador e um dos criadores do SUS, homenageado destacou-se na área da saúde pública
12 nov 2024
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Autoria Tote Nunes
Edição de Imagem Alex Calixto
Fotografia Antonio Scarpinetti
Em um gesto descrito pelo reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, como de “reparação histórica”, a Universidade entregou nesta quinta-feira (7) o título póstumo de Doutor Honoris Causa ao médico Sérgio Arouca. Considerado um dos mais importantes sanitaristas do país, Arouca foi perseguido pela ditadura militar e viu-se obrigado a alterar sua trajetória de carreira na Unicamp por imposição do regime de exceção. Em meados dos anos de 1970, Arouca acabou demitido por pressão dos militares.
De acordo com o reitor, a entrega do título neste momento serve de reconhecimento pela significativa contribuição do médico para o país como acadêmico e político, mas possui, também, uma dimensão de “reparação”.
“De certa forma, a gente está reconhecendo um erro, do qual a nossa instituição participou. A Universidade pode não ter sido o agente principal, mas, de algum modo, foi parte dessa história”, afirmou Meirelles. “Nós somos uma universidade que abraçou um compromisso forte com a democracia. Foi contestadora, abrigou muitos intelectuais da causa democrática, mas também cometeu seus pecados. E é importante que a gente reconheça isso. E esses pecados, de alguma forma, estão sendo corrigidos ao longo do tempo. Admitir que isso também ocorreu na história da Universidade é importante para evitar que, em novas situações difíceis, a gente ceda a esse tipo de pressão”, disse o reitor.
Arouca deixou a Unicamp e se transferiu para o Rio de Janeiro, onde chegou a ocupar a presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), exerceu dois mandatos de deputado e ocupou cargos na administração pública.
Em cerimônia realizada na sala do Conselho Universitário, coube à filha mais nova do médico, a assistente social Luana Arouca, representá-lo
Em cerimônia realizada na sala do Conselho Universitário, coube à filha mais nova do médico, a assistente social Luna Arouca, representá-lo
Considerado um dos mais importantes sanitaristas do país, o médico morreu em agosto de 2003, aos 61 anos, em decorrência de um câncer no intestino. Arouca contribuiu, de maneira decisiva, para a construção do modelo que resultaria no Sistema Único de Saúde (SUS), na opinião de muitos especialistas, a mais importante ação de política pública do país.
Na cerimônia realizada na sala do Conselho Universitário (Consu), coube à filha mais nova do médico, a assistente social Luna Arouca, representá-lo. Luna Arouca é coordenadora da Redes da Maré, uma organização não governamental (ONG) que desenvolve projetos sociais voltados para um conjunto de 15 favelas com cerca de 150 mil habitantes e localizado no bairro da Maré, zona norte do Rio de Janeiro.
Emocionada, Luna interrompeu várias vezes seu discurso para conter as lágrimas. Contou que tinha 15 anos quando o pai morreu e revelou detalhes da relação familiar, acrescentando guardar em relação ao pai memórias afetivas de infância e adolescência. Só mais tarde, já adulta, a hoje ativista percebeu a dimensão do trabalho científico e político do pai. “Ele morreu em casa, entre familiares e amigos. Muito pouco tempo depois de a gente ter sido informado que ele havia morrido, começamos a receber inúmeros telefonemas. E eu me perguntava como as pessoas teriam ficado sabendo, assim, tão rapidamente. Foi aí que percebi: a morte havia sido noticiada na televisão e então descobri a dimensão da figura dele.”
Como um ato de “reparação histórica”, a Universidade entregou o título póstumo de Doutor Honoris Causa ao médico Sérgio Arouca
Como um ato de “reparação histórica”, a Universidade entregou o título póstumo de Doutor Honoris Causa ao médico Sérgio Arouca
Como um ato de “reparação histórica”, a Universidade entregou o título póstumo de Doutor Honoris Causa ao médico Sérgio Arouca
Como um ato de “reparação histórica”, a Universidade entregou o título póstumo de Doutor Honoris Causa ao médico Sérgio Arouca
Legado e memória
Antonio Sérgio da Silva Arouca foi médico sanitarista, professor universitário, pesquisador e político, engajado na defesa da saúde gratuita como direito de todos e dever do Estado. Presidiu a 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, que estabeleceu as bases do Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição Federal de 1988. Atuou como professor na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp entre 1967 e 1975 e, posteriormente, como professor e diretor da Fiocruz.
Sua tese, “O Dilema Preventivista”, publicada depois em livro, representa um marco da mudança de paradigma da saúde pública brasileira e um dos documentos que respaldam o nascimento da área da saúde coletiva. Entre os pesquisadores brasileiros, há consenso sobre essa tese ser uma obra seminal para a área, não apenas no Brasil, mas também nos demais países do continente sul-americano.
Na Unicamp, Arouca, então recém-formado, encontrou dentro do Departamento de Medicina Preventiva e Social um ambiente acadêmico caracterizado por criatividade, inovação, integração com outros departamentos e pelo fortalecimento das ciências sociais no currículo de formação médica, o que contribuiu significativamente para sua trajetória futura dentro da Universidade e, posteriormente, fora dela.
Como um ato de “reparação histórica”, a Universidade entregou o título póstumo de Doutor Honoris Causa ao médico Sérgio Arouca
Como um ato de “reparação histórica”, a Universidade entregou o título póstumo de Doutor Honoris Causa ao médico Sérgio Arouca
“Para quem é de nossa área, falar de Sérgio Arouca é desnecessário, porque todos reconhecemos seu trabalho. Nós nos desenvolvemos nos cursos ouvindo suas histórias e estudando sua obra. Mas, para quem não é da área da saúde coletiva, é importante dizer que sem verdade e sem justiça não haverá paz no Brasil. Para nós, este significa um momento de reparação e de restauração da verdade e da justiça”, disse a chefe do Departamento de Saúde Coletiva da FCM, Rosana Teresa Onocko. Pela manhã, antes da cerimônia no Consu, o auditório do departamento ganhou o nome de Sérgio Arouca.
A coordenadora-geral da Unicamp, professora Maria Luiza Moretti, disse que o médico “deixa um legado que transcende os muros da Universidade”. Na opinião da coordenadora-geral, Arouca oferece “inspiração” para aqueles profissionais que desejam se dedicar à saúde pública no Brasil e representa um exemplo de resistência. “Ele nunca se intimidou”, disse. O diretor da FCM, professor Cláudio Coy, afirmou que Arouca “é um dos maiores pensadores da saúde pública no Brasil”.
O médico nasceu na casa dos pais, na rua Florêncio de Abreu, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, em 20 de agosto de 1941. Estudou medicina na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Formou-se em 1966.
A comissão especial encarregada de analisar a concessão do título e integrada por membros do Departamento de Saúde Coletiva (os professores Aylene Emília Moraes Bousquat, Caio Navarro de Toledo e Nilson do Rosário Costa) avaliou, em seu relatório final, que a medida “ratifica um pleito de reparação histórica” e corresponde a um “autêntico resgate da memória e do legado intelectual e político” de Sérgio Arouca.
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"PRESIDENTE DA REPÚBLICA"
"O QUE NÃO FOI SEM NUNCA TER SIDO"
"PRIMEIRO ATO"
"Leonel Brizola: Pelas lições que eu recolhi, pelo aprendizado precioso que eu fiz, sendo responsável por aquela realidade. Não me sinto satisfeito, evidentemente, com os resultados que colhemos; desejaríamos que fosse muito melhor. Mas, a propósito, parece que eu, adivinhando a sua pergunta, eu trouxe aqui uma revista Veja, que nós reproduzimos. E ela, revista Veja [mostra a capa da revista para as câmeras: em letras enormes, a manchete "A guerra civil no Rio"] Sabe de quando é essa revista? De um ano antes de o Leonel Brizola assumir [o governo do Rio de Janeiro, em março de 1991]. E está aqui: “Guerra civil no Rio de Janeiro”, retratando uma situação muito mais grave que a de hoje! Isso, antes de eu assumir o [meu] primeiro governo do Rio de Janeiro! Então, acontece que eu me sinto preparado, hoje, para dizer ao povo brasileiro: "Olha, eu sei enfrentar essa situação."
Josemar Gimenez: Então, que propostas, o que o senhor faria, como presidente da República?
Leonel Brizola: Sabe o que eu faria? Trabalharia a partir de dois centros de operações. Dois centros de programas. Um deles é cuidando das novas gerações. Por quê? A violência no Rio de Janeiro, ela tem uma natureza juvenil, nada tem a ver com a violência de Chicago, da Máfia ou de Nova Iorque. É juvenil! As crianças vêm, em ondas e ondas, todos os dias. Vão passando pelo meio das pernas das pessoas e vão ficando grandes. E vão assaltando os velhos, vão assaltando pessoas de idade, assaltando as outras crianças, e vão assaltando logo os maiores, vão formando quadrilhas. E, rapidamente, nas ruas, na escola do crime, vão aprendendo a manejar as armas e vão formando quadrilhas e dando assaltos de muito mais envergadura. Bem, então, o sistema educacional está na raiz de tudo isso, simultaneamente com o que eu vou dizer agora: vamos tratar de escolarizar, numa escola digna, todas as nossas crianças, vamos ampliar... Porque minha visão é maior; além do crime, além da marginalidade, eu imagino para o meu país, através da educação e da assistência materno-infantil, um salto para [um novo] futuro do povo brasileiro.
Heródoto Barbeiro: Governador.
Leonel Brizola: Priorizando as novas gerações. A outra, o outro centro de ação, é a construção de uma nova polícia. O Brasil precisa de uma nova polícia. E vou propor que as polícias militares sejam unificadas dentro de uma concepção federativa. Sejam enxugadas, sejam mais qualificadas nos seus efetivos, menores e transformadas numa espécie de guarda nacional, como nos Estados Unidos. Aquartelada...
Josemar Gimenez: Só uma observação. Mas não dava para fazer isso no Rio de Janeiro, governador?
Leonel Brizola: Peraí. Aquartelada... Não, senhor. Não dava. Isso é instituição nacional, isso depende das instituições nacionais.
Heródoto Barbeiro: Governador...
Leonel Brizola: Isso não era possível fazer lá. Ia além da competência do governador, do governo do próprio estado. Então, vejam o seguinte: uma nova polícia, a guarda nacional aquartelada para as emergências. E vamos criar uma nova polícia civil uniformizada! Uma nova polícia civil uniformizada e altamente qualificada e bem paga para ser livre da corrupção e dos envolvimentos. Ninguém poderia entrar nessa polícia se não tivesse o nível secundário completo!
Heródoto Barbeiro: Governador, o senhor podia...
Leonel Brizola: Eu acho que aí sim, nós íamos tratar dos problemas repressivos adequadamente. Mas nada conseguiríamos se não formos à raiz do problema, que é a educação.
Heródoto Barbeiro: Governador, mais uma pergunta, agora do jornalista Ibsen Spartacus; quer fazer para o senhor.
Leonel Brizola: Pois não.
Heródoto Barbeiro: Por favor.
Ibsen Spartacus: Governador, nos seus dois governos, o senhor teve a oportunidade de promover mudanças na polícia do Rio de Janeiro.
Leonel Brizola: Isso é relativo.
Ibsen Spartacus: Da mesma forma, nos seus dois governos, o senhor teve a oportunidade de fazer uma reforma educacional profunda que poderia possibilitar...
Leonel Brizola: Relativo.
Ibsen Spartacus: ...na redução dos índices de criminalidade, pelo menos do ponto de vista com que o senhor encara o processo educacional. Eu queria saber o seguinte: se os eleitores brasileiros podem esperar do seu governo o mesmo que foi feito no governo do Rio de Janeiro.
Leonel Brizola: Muito mais! Porque eu levo não só as lições que eu recolhi, conhecimento muito mais a fundo de uma realidade...
Ibsen Spartacus: Mas o senhor não teve duas oportunidades para fazer as mudanças?
Leonel Brizola: Quanto levo para o governo federal, para justamente a base da vida institucional do país, para propor as reformas que se fazem necessárias.
Ibsen Spartacus: Mas por que que o senhor não conseguiu fazer...
Leonel Brizola: Porque não é da competência estadual...
Ibsen Spartacus: ...no segundo governo, as reformas que o senhor não conseguiu no primeiro?
Leonel Brizola: Não é da competência estadual. Nós precisamos, inclusive, precisamos...
Ibsen Spartacus: A segurança... não é da competência estadual?
Leonel Brizola: Não é da competência estadual.
Fernando Mitre: Segurança pública é, governador!
Leonel Brizola: Isso, é preciso uma mudança institucional!
Ibsen Spartacus: A polícia militar e a polícia civil são subordinadas ao governador.
Leonel Brizola: Segurança pública... Quer dizer que é apenas um policiamento... Então eu digo o seguinte: qual foi o governo do Rio de Janeiro que teve maior êxito do que o meu nessa matéria? Nenhum! O governo [Wellington] Moreira Franco [1987-1991]? Moreira Franco estimulou o extermínio! Calcula-se que cerca de 30 mil foram exterminados no governo Moreira! O extermínio tornou-se uma prática na vida brasileira, dos pobres, o extermínio dos jovens pobres!
Ibsen Spartacus: Mas o extermínio não continuou no governo do senhor?
Leonel Brizola: Então, o policialismo, o policialismo que alcançou no período militar, compreendeu? O auge, foi, justamente, que introduziu o sistema do extermínio. Pois bem, onde é o estado que tem cerca de 200 matadores presos? Um monte deles condenados, outros processados e outros em investigação? Fala-se no jogo do bicho - que é uma base da contravenção e, por conseguinte, de recursos, de meios, que, no fundo, se interligam com o processo de violência e da criminalidade. Aonde é que os bicheiros estão presos? No Rio de Janeiro!...
Heródoto Barbeiro: Governador, por favor...
Leonel Brizola: ...Por que estão presos? Porque uma juíza deu uma sentença. Por que deu? Porque havia um processo. Quem organizou esse processo? Nós. Desde o meu primeiro governo! E lá ficou, no governo do senhor Moreira Franco, engavetado, esse processo, que nós, ao assumirmos o governo novamente, desengavetamos.
[Falas simultâneas]
Ibsen Spartacus: Esse processo chegou ao cerne do seu governo. Várias pessoas da cúpula da polícia civil foram envolvidas...
Leonel Brizola: Isso é uma outra questão. Isto é aquele papelório que apareceu lá misteriosamente, sobre o qual só se fez uma perícia, porque tratamos de fazê-la aqui em São Paulo.
Heródoto Barbeiro: Governador, eu queria dizer que o senhor acabou de responder...
Leonel Brizola: Entendeu? Demonstrando que tudo aquilo é falso...
Heródoto Barbeiro: ...viu, governador...
Leonel Brizola: ...Aquilo ali foi uma grande armação visando nos atingir."
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SEGUNDA PARTE DO TELETEATRO EM ATOS E CENAS ENVOLVENDO OS MESMOS PERSONAGENS ANTERIORES E OUTROS QUE ENTRAM EM CENA NA MEDIDA DE SUAS PARTICIPAÇÕES:
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TELETEATRO: "PRESIDENTE DA REPÚBLICA - SEGUNDO ATO"
CENA 1
(O estúdio de debates está repleto de jornalistas e espectadores atentos. A atmosfera é intensa, com jornalistas ansiosos por questionar o candidato. O coordenador dos debates, Heródoto Barbeiro, toma a palavra para reintroduzir Brizola e prosseguir com o diálogo.)
Heródoto Barbeiro
Governador, o senhor acaba de responder perguntas de telespectadores e ouvintes que participam por telefone e fax. Recebemos uma questão sobre segurança. Agora, o jornalista José Paulo Kupfer tem a próxima pergunta.
José Paulo Kupfer
(Em tom respeitoso e humorado) Governador, que honra estar aqui novamente com o senhor! Se não me engano, há mais de um ano, o senhor precisou de uma hora e cinco minutos para responder a primeira pergunta que fizemos. Mas hoje está mais conciso.
Leonel Brizola
(Sorrindo, com ironia) Ah, o senhor é um excelente cronometrista! [risos]
José Paulo Kupfer
(Mantendo o tom sério, mas com leveza) Pois bem, na ocasião o senhor afirmou categoricamente que não seria candidato à presidência, jurando até que se retiraria da vida política.
Leonel Brizola
É verdade, Kupfer. Mas mudei de posição. Não vi perspectiva para o nosso país nos dois candidatos promovidos pela imprensa como se fossem a única opção. Ambos têm pouca experiência, não são as lideranças de mudança que o Brasil precisa.
CENA 2
(Kupfer adota um tom mais incisivo, buscando aprofundar o diálogo sobre as propostas do candidato.)
José Paulo Kupfer
Governador, levando em conta a sua trajetória, queria saber como o senhor planeja lidar com a questão tributária. O senhor já falou em mais escolas, boas escolas, em uma polícia bem paga, em bons serviços públicos... Tudo isso exige recursos. De onde viriam?
Leonel Brizola
(Apontando a cabeça) Sabe de onde? Daqui! O bom governante encontra os recursos, mesmo quando os cofres estão vazios. Como Juscelino Kubitschek fez, por exemplo. O que temos de fazer é confiar no trabalho do nosso povo. A base está no trabalho brasileiro.
José Paulo Kupfer
(Sério e direto) E o que o senhor faria com o funcionalismo público federal? Reduziria a máquina?
Leonel Brizola
O servidor precisa ser dignificado, Kupfer. Vamos racionalizar e modernizar os serviços. Não é demitindo em massa que resolveremos; precisamos ser eficientes e remanejar o pessoal onde for necessário.
Fernando Mitre
(Intervindo com pragmatismo) Governador, vou dar um exemplo: a Previdência Social. Este ano, ela arrecada 23 bilhões, mas precisa pagar 26. Como o senhor lidaria com essa situação?
Heródoto Barbeiro
(Ele complementa) Essa pergunta foi enviada por fax pelo senhor Antonio Gomes.
Leonel Brizola
Compreendo o peso dessa questão, Mitre e Barbeiro. A solução requer reformular as regras e garantir que haja sustentabilidade para o sistema.
CENA 3
(Os jornalistas sussurram, aguardando a resposta. Brizola se prepara para concluir seu ponto sobre a questão previdenciária.)
Leonel Brizola
Precisamos ajustar a estrutura da Previdência, cuidar para que o fundo seja bem administrado e parar com o desvio de recursos. Minha prioridade seria garantir que cada trabalhador tenha o amparo que lhe é devido, mas de forma responsável. Sem isso, estaremos sempre tratando de “pepinos” como esses, ano após ano.
Heródoto Barbeiro
(Mantendo o tom profissional) Governador, agradeço a resposta. E para continuar, o jornalista Heraldo Pereira fará a próxima pergunta.
(A cena finaliza com o foco em Brizola, que se prepara para a próxima questão. O ambiente segue vibrante e atento, com jornalistas e telespectadores aguardando o próximo ato e as propostas do candidato.)
FIM DO SEGUNDO ATO
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TERCEIRA PARTE DO TELETEATRO EM ATOS E CENAS ENVOLVENDO OS MESMOS PERSONAGENS ANTERIORES E OUTROS QUE ENTRAM EM CENA NA MEDIDA DE SUAS PARTICIPAÇÕES:
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TELETEATRO: "PRESIDENTE DA REPÚBLICA" - TERCEIRO ATO
CENA 1
(O debate continua intenso, com os jornalistas demonstrando grande interesse pelas respostas diretas e firmes de Brizola. Fernando Mitre, Heródoto Barbeiro e outros jornalistas buscam entender as propostas econômicas e sociais do candidato.)
Fernando Mitre
Governador, se o senhor detalhar essa ideia de descentralização e cooperação, teremos uma boa visão do modelo de governo que o senhor pretende implementar.
Leonel Brizola
Veja, Mitre, tenho uma trajetória de administração responsável. Nunca fui um “empreguista”. Em meus governos, assumi com um certo número de funcionários e, ao término, deixei com menos – e sem demissões em massa. Não vou governar à custa da miséria de famílias que dependem do trabalho público. No governo federal, adotaria uma política semelhante. Vamos melhorar as repartições, adequando o número de servidores ao necessário para evitar desperdícios.
CENA 2
(Mitre retoma o ponto sobre a Previdência, buscando uma resposta específica sobre o déficit.)
Fernando Mitre
Governador, voltando à Previdência: como equilibrar os 23 bilhões arrecadados frente aos 26 bilhões pagos em benefícios?
Leonel Brizola
(Reflexivo) A Previdência é um dos maiores desafios. O problema não é apenas o número de funcionários, mas a estrutura do sistema. Centralizar a Previdência transformou-a num elefante ineficiente. Precisamos dividi-la, descentralizá-la e buscar uma colaboração inteligente entre previdência pública e privada.
Fernando Mitre
Então o senhor apoia uma estrutura mista, com parceria entre os sistemas público e privado?
Leonel Brizola
(Enfático) Exatamente, Mitre. Apoio uma colaboração que garanta acesso para todos, evitando um sistema segregado, em que só quem pode pagar tenha cobertura. Previdência é um direito fundamental. Todos nascemos e morremos iguais; privilégios não têm espaço aqui.
CENA 3
(Heródoto Barbeiro se aproxima com perguntas de telespectadores, mantendo o foco em questões econômicas.)
Heródoto Barbeiro
Governador, temos várias perguntas dos telespectadores sobre o seu plano econômico, especialmente quanto à privatização das estatais. Como isso se encaixa na sua visão de governo?
Leonel Brizola
É uma honra responder aos cidadãos. Acredito na livre iniciativa e na liberdade de escolha das pessoas. Mas o mundo está mais complexo, e o papel do Estado é importante para regular, proteger e mediar, principalmente quando o interesse coletivo está em jogo. O Estado deve intervir apenas onde for necessário para o bem coletivo, pois é menos eficiente que o setor privado para muitas atividades. Contudo, não podemos abrir nossas fronteiras sem critério, Mitre e Barbeiro. O país precisa defender seus recursos e setores essenciais, mas onde não for necessária a intervenção estatal, apoio a privatização.
CENA 4
(Os jornalistas trocam olhares, intrigados com a abordagem ponderada de Brizola. O estúdio permanece atento, esperando a sequência das respostas.)
Heródoto Barbeiro
Governador, para encerrar essa rodada, gostaria de saber como o senhor vê o papel do Estado em outros setores que, na visão popular, parecem problemáticos. Como o senhor enxerga o equilíbrio entre proteção social e estímulo econômico?
Leonel Brizola
(Acalmando o tom) Olha, Heródoto, a essência do governo é equilibrar justiça social com desenvolvimento econômico. Acredito que precisamos criar um Estado que apoie o crescimento econômico, mas também proteja aqueles que mais precisam. Um Estado que governe para todos, buscando eficiência sem desumanizar os serviços.
(A câmera foca em Brizola, que encerra suas palavras com uma expressão serena e determinada. A terceira parte do debate chega ao fim, enquanto o público e os jornalistas aguardam a próxima etapa com curiosidade renovada.)
FIM DO TERCEIRO ATO
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Fim da escala 6x1 tem prós e contras; se PEC for aprovada, implementação tem de ser gradual | Kupfer
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UOL
13 de nov. de 2024 #AnálisedaNotícia #corte
José Paulo Kupfer conversa com José Roberto de Toledo e Tales Faria sobre a PEC que pede o fim da escala 6x1.
#AnálisedaNotícia #corte
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Abolir 6x1 é legal, mas é bom ir devagar com o andor
UOL Economia
https://economia.uol.com.br › colunas › 2024/11/13 › ab...
há 1 dia — Acabar com a escala de trabalho 6x1 é legal, mas é bom ir devagar com o andor, afirmou o colunista José Paulo Kupfer no Análise da Notícia ...
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Leonel Brizola - 20/07/1994
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Roda Viva
8 de dez. de 2010
Em meio à disputa eleitoral, Brizola critica seus adversários, o Plano Real e as pesquisas eleitorais, na série especial de entrevistas com candidatos à Presidência da República.
https://rodaviva.fapesp.br/materia/282/entrevistados/leonel_brizola_1994.htm
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Corsário
João Bosco
Letra
Tradução
Significado
Meu coração tropical está coberto de neve, mas
Ferve em seu cofre gelado
E a voz vibra e a mão escreve mar
Bendita lâmina grave que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais
Roseirais, Nova Granada de Espanha
Por você, eu, teu corsário preso
Vou partir a geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar, procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo irá
Com as garrafas de náufragos
E as rosas partindo o ar
Nova Granada de Espanha
E as rosas partindo o ar
Composição: Aldir Blanc / João Bosco.
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