domingo, 10 de novembro de 2024

8,025 bilhões (2023) VEZES VIDA

------------- O crescimento populacional de hoje 2023 (~8 bilhões de pessoas) e em 2050 (~10 bilhões de pessoas). Fonte: Adaptado de ONU (2020). ---------- "VOCÊS ESTÃO FALANDO DE UM MORTO-VIVO AQUI." ---------- ------------ Janáček - Z mrtvého domu / Da una casa di morti - Abbado Salzburg Festival 1992 sub. italiano ----------- Mujerlechuga 25 de nov. de 2019 From the House of the Dead / De la casa de los muertos Salzburg, 1992 Subtítulos en italiano Singers: Nicolai Ghiaurov, Elzbieta Szmytka, Barry McCauley, Monte Pedersen, Andrea Rost, Richard Novak, Harry Peeters, Josef Veverka, Philip Langridge, Heinz Zednik Conductor: Claudio Abbado Orchestra: Wiener Philharmoniker Música 10 músicas Introduction (Live at Grosses Festspielhaus, Salzburg , 1992) Wiener Philharmoniker, Claudio Abbado Janácek: From the House of the Dead Moderato I (Live at Grosses Festspielhaus, Salzburg , 1992) Wiener Philharmoniker, Claudio Abbado Janácek: From the House of the Dead Přivedou dnes pána! (Live at Grosses Festspielhaus, Salzburg , 1992) Bojidar Nikolov, Barry Mccauley, Peter Fraiss, Josef Veverka, Richard Novak, Nicolai Ghiaurov, Harry Peeters, Wiener Philharmoniker, Claudio Abbado, Wiener Staatsopernchor Janácek: From the House of the Dead Neuvidí oko již těch krajů (Live at Grosses Festspielhaus, Salzburg , 1992) Philip Langridge, Barry Mccauley, Wiener Philharmoniker, Claudio Abbado, Wiener Staatsopernchor, Peter Burian Janácek: From the House of the Dead _________________________________________________________________________________________________________ ----------
domingo, 10 de novembro de 2024 Doze mil vezes favela, um retrato da crise urbana - Luiz Carlos Azedo Correio Braziliense A vida banal nas favelas, como diria o mestre Milton Santos, foi relegada a segundo plano pelas políticas públicas e capturada por grupos criminosos: milicianos Sessenta e dois anos depois, o filme “Cinco Vezes Favela” hoje parece uma visão ingênua e glamourizada de problemas que somente se agravaram desde então. São histórias de um cotidiano que ficaram para trás, muito longe da própria realidade em que se transformou. Produzido pelo Centro Popular de Cultura da UNE (União Nacional dos Estudantes), em 1962, ao lado dos primeiros filmes de Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha, é obra seminal do Cinema Novo. O filme apresenta cinco histórias separadas, com trilhas sonoras de Carlos Lyra, Hélcio Milito, Mário Rocha e Geraldo Vandré. Com Flávio Migliaccio, Waldir Fiori, Isabela e Alex Viany, sob direção de Marcos Farias, “Um Favelado” conta a história de João, um morador da favela que é espancado por não ter como pagar o aluguel. Ao pedir ajuda a um amigo, acaba envolvido num assalto. Dirigido por Miguel Borges, “Zé da Cachorra”, com Waldir Onofre, João Ângelo Labanca, Claudio Bueno Rocha e Peggy Aubry, retrata a revolta de um líder da favela contra um grileiro que engana e suborna os favelados, com objetivo de construir um edifício no lugar. “Couro de Gato”, de Joaquim Pedro de Andrade, reúne Francisco de Assis, Milton Gonçalves, Cláudio Correia e Castro, Riva Nimitz e os garotos Paulinho, Sebastião, Damião e Aylton, um grupo de meninos que descem o morro para roubar gatos e vendê-los a um fabricante de tamborim. Cacá Diegues dirige “Escola de Samba, Alegria de Viver”, interpretado por Abdias do Nascimento, Oduvaldo Viana Filho, Maria da Graça e Jorge Coutinho, o drama de um jovem sambista que assume a direção da escola poucos meses antes do Carnaval, em meio a dívidas, rixas com a escola rival e conflitos com a esposa Dalva. “Pedreira de São Diogo” é o quinto episódio, com Sadi Cabral, Francisco de Assis, Glauce Rocha, Joel Barcellos, Cecil Thiré e Jair Bernardo, sob direção de Leon Hirszman: uma favela sobre uma pedreira corre risco de desabamento por causa das explosões de dinamite. As histórias se remetiam a situações reais. Por exemplo, a da favela da Praia do Pinto, localizada entre o Leblon e Lagoa, que viria a ser erradicada, no Rio de Janeiro. Numa madrugada de maio de 1969, em meio às ameaças de remoção, cerca de mil barracos foram destruídos pelas chamas, deixando 9 mil pessoas desabrigadas. Os moradores foram levados para conjuntos distantes, como Cidade Alta e Cidade de Deus, e alguns para a Cruzada São Sebastião, vizinha à favela. Na área foi erguido um condomínio conhecido como Selva de Pedra e, mais recentemente, o Shopping Leblon. Grande mercado Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Estudo sobre Favelas e Comunidades Urbanas, baseado nos dados do Censo 2022, que revela a expansão da população favelada e do número de favelas em todo o Brasil. É o retrato de uma crise urbana sem solução à vista. Mostra que a Rocinha, localizada na zona sul do Rio de Janeiro, a favela mais populosa do país, com 72.021 habitantes e 30.371 domicílios, continua em expansão e, agora, se verticaliza. Sol Nascente, no Distrito Federal, com 70.908 moradores e 21.889 domicílios, não parou de se expandir horizontalmente e começa a se verticalizar. Na terceira posição, Paraisópolis, em São Paulo (SP), abriga 58.527 pessoas. O número de favelas no Brasil dobrou de 6.329 em 2010 para 12.348 em 2022, um fracasso das políticas urbanas, sobretudo habitacionais, para seus 16,3 milhões de brasileiros. Entre as 20 maiores favelas do país, oito estão na Região Norte, sendo sete em Manaus (AM), indicando uma alta concentração na Amazônia, onde cerca de 34,7% da população vive em áreas de favela; em seguida vêm o Amapá tem 24,4% da população, e o Pará, 18,8%, a sede da 30ª Conferência Mundial do Clima da ONU, a COP-30, em novembro de 2025. A favelização reflete as dificuldades de sobrevivência das populações ribeirinhas tradicionais. A favela é a síntese da iniquidade social brasileira. Não por acaso, a população é mais jovem do que a média nacional, 30 anos, enquanto a do país é de 35; seu índice de envelhecimento é menor, com 45 idosos para 100 habitantes, contra 80 de média nacional. Em relação à diversidade racial, predominam pardos (56,8%) e pretos (16,1%), ante 45,3% e 10,2% de média nacional. O número de pessoas brancas nas favelas (26,6%) é bem inferior ao índice nacional, de 43,5%. A vida banal nas favelas, como diria o mestre Milton Santos, foi relegada a segundo plano pelas políticas públicas, subordinadas a grandes interesses privados, e capturada por grupos criminosos, milicianos e traficantes de drogas, que exploram suas principais atividades econômicas. Há uma simbiose entre a economia formal e as atividades econômicas informais das favelas, porque uma complementa a outra. Não é só o fornecimento de mão de obra barata e serviços eventuais, pessoais e domésticos. O melhor exemplo é a reciclagem, que reaproveita mais de 90% das latas de alumínio. As favelas são um mercado consumidor importante, mas não têm a contrapartida dos serviços públicos: são apenas 896 escolas, 2.792 farmácias e alguns postos de saúde, em contraste com impressionantes 50.934 templos religiosos, que funcionam como espaço de convivência e assistência social, de um total de 958.251 estabelecimentos, a maioria comerciais. Se as favelas brasileiras fossem um Estado, seriam o 5° maior em número de domicílios e o 7° maior em renda. ________________________________________________________________________________________________________
---------- Da Casa dos Mortos Um final que nunca termina Em um país de memórias obscuras, onde o passado espreita sob a superfície de cada instituição, a história de Rubens Paiva é contada novamente, como uma ferida que o tempo insiste em não cicatrizar. No filme Ainda Estou Aqui, Walter Salles nos guia pela penumbra dos corredores de uma vida incompleta, pela dor silenciosa e implacável que Eunice Paiva suportou após o desaparecimento de seu marido. Seu espírito se move entre sombras, entre promessas vazias e recordações que, como grilhões, a arrastam para o insondável abismo da impunidade. Rubens Paiva, figura de vida vibrante, fora tomado pela mão impiedosa do Estado, arrancado do calor de seu lar e dos braços da família em uma madrugada fria de 1971. Levaram-no e não o devolveram, pois os que se ocultam na escuridão do poder raramente devolvem os que levam. Eunice, sua mulher, torna-se uma personagem trágica, empenhada em uma busca que nunca termina, um Sísifo empurrando a pedra da justiça que jamais alcança o topo da montanha. Eunice peregrina por gabinetes, encurvada sob o peso de seu fardo, enquanto o olhar duro e impassível dos burocratas repousa sobre ela. E então lhe dizem: "Sim, ele vive. Logo será liberado." Mas a promessa, tão frágil e escorregadia quanto a fumaça, se dissolve diante de seus olhos. Ela insiste, a cada instante se despojando de um pouco de si mesma, até que um dia, depois de décadas, lhe entregam a certidão de óbito do marido. Que vitória há nisso? Talvez seja apenas o carimbo final de um destino cruel, uma aceitação amarga de que o morto está morto, e nada mais. A narrativa de Paiva e de tantos outros como ele, desaparecidos sob as sombras do regime, revela que o Brasil, ao contrário de países vizinhos, optou por uma reconciliação inacabada, um pacto em que a amnésia parece mais fácil do que o confronto. Pois os herdeiros do porão, os servos do poder oculto, saem e entram pelos portões da democracia conforme lhes convém. Já foram identificados, sim, os que ergueram o açoite e o ferro quente contra seus irmãos, mas eles não conhecem o peso da justiça, protegidos que estão por uma anistia como muralha de cinismo. Nossos torturadores, sim, andam entre nós como fantasmas vivos, desfilando por nossa casa dos mortos, e eis que ainda pedem que voltemos a anistiá-los. Em 2014, o Ministério Público ousou levantar a lança contra cinco dos acusados de ocultar o cadáver de Rubens Paiva. Mas o processo foi suspenso e lançado à estagnação, como um cadáver jogado ao fundo de um rio sombrio. O tempo, dizem, corre a favor da impunidade. Desde então, três dos acusados já morreram, levando consigo segredos e confissões. É a justiça que se apaga antes de se cumprir, é o espectro do remorso que nunca se concretiza, é a promessa de redenção que nunca será nossa. No livro Ainda Estou Aqui, escrito pelo filho Marcelo Rubens Paiva, Eunice aparece como alguém que escolhe encarar seu calvário sem cair em sentimentalismos. Ela se recusa ao pieguismo ou ao pranto público, carregando a cruz com um vigor que parece impensável. O escritor confessa que um dia foi incitado a vingar seu pai, a retrucar na mesma moeda. Mas Marcelo conclui que não será pela vingança que se encontrará justiça. "A verdadeira vingança é lutar pela democracia", ele afirma, "esperar que a justiça, em sua mais pura forma, encontre seu caminho." Mas até hoje ele espera. Nós esperamos, com um olhar que se perde no horizonte de uma história cuja conclusão, ao que parece, jamais conheceremos. Na casa dos mortos, os fantasmas do passado continuam a sussurrar em ouvidos surdos. ----------
---------- Memórias da casa dos mortos Capa dura – 11 agosto 2016 Edição Português por Fiódor Dostoiévski (Autor), Oleg Almeida (Tradutor) Há uma nova edição deste item: Memórias da casa dos mortos Em 1849 Fiódor Dostoiévski vivenciou uma catástrofe pessoal: detido por motivos políticos, foi condenado a trabalhos forçados e perdeu seus direitos civis. Ficou recluso na chamada Casa dos mortos, presídio siberiano onde eram mantidos os criminosos mais temíveis da Rússia, e lá conheceu a degradação humana em todas as suas nuanças horripilantes. Em 1860, quando ia retomar a carreira literária ao término de sua pena, essas trágicas experiências inspiraram-lhe uma verdadeira obra-prima: Memórias da Casa dos mortos. Estabelecendo neste livro um sutil paralelo entre a sua história íntima e a de tantas outras vítimas da cadeia russa, Dostoiévski inaugurou uma longa e caudalosa corrente de “memórias do cárcere” cujos representantes até hoje são direta ou indiretamente influenciados por ele.

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