terça-feira, 25 de junho de 2019

Dualidade do bicho-homem




(...) Em primeiro lugar, não há uma só alma, há duas...
- Duas?
- Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para entro...
Machado de Assis



Ser humano, considerado não apenas como um animal, mas animal malfazejo ou malévolo.


Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco


Se oriente rapaz... 




Manuel Bandeira: O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.






sexta-feira, 21 de junho de 2019
*José de Souza Martins: Nossa economia dual
Eu &Fim de Semana / Valor Econômico

Quando a estrutura econômica se divorcia da estrutura social, que passam a se mover em ritmos entre si diferentes, como no Brasil destes tempos, o drama está criado

O desenvolvimento econômico brasileiro foi, por largo tempo, uma combinação equilibrada de economia moderna com economia atrasada, economia altamente lucrativa com economia de excedentes e trabalho barato, pobreza com fartura. Foi essa a tecnologia social espontânea de uma acumulação subsidiária da modernização econômica e industrial acelerada. A economia dual que nos trouxe, em menos de meio século, da escravidão à industrialização.

A economia dual garantiu, com os produtos da agricultura economicamente atrasada, baseada na produção direta dos meios de vida pelos trabalhadores rurais, sem o primado do cálculo de custo, a alimentação das populações urbanas e dos trabalhadores industriais. Uma alimentação subsidiada pelo trabalho rural sub-remunerado, a dos párias dos direitos sociais e da injustiça previdenciária. A iniquidade lucrativa de um capitalismo singular.

O declínio da economia dual a partir dos anos 1960 desencadeou um ciclo de rupturas em nosso processo histórico com a progressão acumulativa de problemas econômicos e sociais e seus desdobramentos políticos. O atraso, mesmo com a pobreza correlata, havia contido o ritmo de formação do estoque de mão de obra sobrante, o desemprego, por largo tempo.

A crise progressiva da economia dual abriu a brecha das migrações internas e dos problemas sociais decorrentes, como o da urbanização patológica. Excedentes populacionais relativos acumularam-se nas grandes cidades sem o benefício do desenvolvimento urbano e da civilização. As privações estruturais da economia dual transferiram-se para as cidades.

À medida que o grande capital moderno se expandiu, não desenvolveu técnicas econômicas e políticas de reinclusão social, na economia moderna, das massas descartadas. Não levou em conta que o capitalismo só se desenvolve se mantiver sua aliança produtiva com a classe trabalhadora. Produtiva de empregos e de lucros. Mas, também, restauradora da ordem social em crescentes patamares de desenvolvimento. Isto é, de inclusão social, de distribuição de renda e distribuição da cultura erudita, não só técnica e científica. De ampliação dos direitos sociais, e não de sua redução.

Quando a estrutura econômica se divorcia da estrutura social, que passam a se mover em ritmos entre si diferentes, como no Brasil destes tempos, o drama está criado. A técnica política incompetente de transferir o ônus, a responsabilidade e a "culpa" da crise e da decadência para os próprios trabalhadores, só agrava os problemas sociais. Podem chamar economistas, benzedores, pastores, curandeiros, exorcistas, que só aumentarão a fratura e o problema.

À medida que o desenvolvimento econômico se acelera em alguns polos da economia e se atrasa em outros, a distância entre o Brasil escandalosamente próspero e o Brasil escandalosamente atrasado tem se ampliado. O Brasil se afogará no aparentemente insolúvel dilema dos Brasis desencontrados.

Podem fazer os discursos que quiserem, o das bravatas de direita e o das bravatas de esquerda, o do falso discurso crítico de um Brasil polarizado entre antagonismos de ficção política, o da razão do previsível e o do milenarismo do imprevisível. Esse primarismo dicotômico nos manterá à beira do abismo da incerteza e do progresso excludente e cruel.

Nada disso levará à consciência crítica de que carece todo o povo brasileiro e de que carecem nossos políticos para que consigamos vislumbrar nossas possibilidades históricas. Para nelas identificar as que viabilizam uma política de coesão nacional, que reconheça a legitimidade das diferenças e nos abram alternativas viáveis de democratização de riquezas e de oportunidades. Copiar e imitar a cultura de caubói do cinema americano pode nos levar à comédia, mas não à história. Temos que superar nossas limitações e nossa ignorância política.

Mas temos, também, que superar as simplificações de um evolucionismo que deturpa nossa compreensão do lado antievolucionista de nossa história, as funções do nosso atraso social e econômico. E, portanto, as condições sociais para superá-los pela via da integração social dos desvalidos, e não pela via de sua integração forçada nos bolsões de miséria.

Teria sido possível criar em tempo uma alternativa econômica modernizadora para a economia dual através do cooperativismo, da reforma agrária e do agronegócio popular e de família.

Houve um Brasil que deu certo. Temos que descobrir quando e por que surgiu aqui, no próprio corpo da economia moderna e se legitimou politicamente, a tendência ao descarte de pessoas, a criação do brasileiro de segunda classe, o excluído, nem por isso menos real, menos sofrido e menos incluído porque vitimado pela inclusão perversa.

*José de Souza Martins é Pesquisador Emérito do CNPq. Membro da Academia Paulista de Letras. Entre outros livros, autor de “A Aparição do Demônio na Fábrica” (Editora 34).





O que é Dualidade:
Dualidade é a propriedade ou caráter do que é duplo, do que é dual, ou que contém em si duas naturezas, duas substâncias ou dois princípios. Dualidade também possui significados na área da física, da matemática e da filosofia.
Dualidade onda-partícula
Na física, existe a dualidade onda-partícula, também chamada de dualidade onda-corpúsculo ou dualidade matéria-energia. A dualidade onda-partícula é uma propriedade física com dimensões atômicas, que é a propriedade dos entes físicos possuírem tanto de partículas como de ondas.
Dualidade em Matemática
Dualidade também está presente em programação linear, um assunto de pesquisa operacional, na área matemática. Em programação linear, dualidade significa a existência de um outro problema de PL, associado a cada problema de PL, que designa-se problema dual (D). Nesta relação com o problema dual o problema original designa-se por problema primal (P).
Dualismo
Dualismo é um sistema religioso ou filosófico que admite a coexistência de dois princípios eternos, necessários e opostos. Doutrina que em qualquer ordem de ideias admite dois princípios irredutíveis.





Bicho Homem - Lendas e Mitos
Diz a lenda que o bicho-homem está presente em várias regiões do Brasil, onde a sua figura, com pequenas variações, é descrita como sendo a de uma criatura alta, quase um gigante, com um olho só no meio da testa, também um só pé redondo e enorme, que quando caminha vai deixando pelo chão pegadas redondas. Os dedos de suas mãos são compridos e disformes, as unhas longas e afiadas, e os gritos que costuma emitir assombram os moradores da região onde habitualmente ele se oculta. Quem já o viu diz que ele é muito grande, forte, e extremamente feroz.


É capaz de derrubar a socos e unhadas  uma montanha, beber rios e transportar florestas. Vive escondido em locais de muitas serras e vales e é devorador de homens.

"Bicho Homem - Lendas e Mitos" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2019. Consultado em 23/06/2019 às 01:25. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/bicho/





(...) Em primeiro lugar, não há uma só alma, há duas...
- Duas?
- Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para entro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; - e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma cavatina, um tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. Shylock, por exemplo. A alma exterior aquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer. "Nunca mais verei o meu ouro, diz ele a Tubal; é um punhal que me enterras no coração." Vejam bem esta frase; a perda dos ducados, alma exterior, era a morte para ele. Agora, é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma (...)
O espelho, Esboço de uma nova teoria da alma humana, Machado de Assis
O Espelho, de Machado de Assis Fonte: ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro : Nova Aguilar 1994. v. II.




Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco - Leandro Karnal (íntegra) HD





Oriente
Gilberto Gil



Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração

Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação

Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
Composição: Gilberto Gil





Oriente
Gilberto Gil
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
Source: LyricFind
Compositores: Gilberto Passos Gil Moreira
Letra de Oriente © Tratore




Referências

http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/bicho-homem/
http://gilvanmelo.blogspot.com/2019/06/manuel-bandeira-o-bicho.html
http://gilvanmelo.blogspot.com/2019/06/jose-de-souza-martins-temos-que-superar.html
https://www.significados.com.br/dualidade/
https://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/bicho/index_clip_image002.jpg
https://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/bicho/
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000240.pdf
https://youtu.be/XBjkxRgLdAI
Hamlet de Shakespeare e o mundo como palco - Leandro Karnal (íntegra) HD
https://www.youtube.com/watch?v=XBjkxRgLdAI&feature=youtu.be
https://youtu.be/AO8SW-0YD0g
https://www.letras.mus.br/gilberto-gil/376449/


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