terça-feira, 12 de junho de 2018

Onde Bola A Estrada Boiou




Onde Eu Nasci Passa Um Rio
Caetano Veloso




Onde eu nasci passa um rio
Que passa no igual sem fim
Igual, sem fim, minha terra
Passava dentro de mim

Passava como se o tempo
Nada pudesse mudar
Passava como se o rio
Não desaguasse no mar

O rio deságua no mar
Já tanta coisa aprendi
Mas o que é mais meu cantar
É isso que eu canto aqui

Hoje eu sei que o mundo é grande
E o mar de ondas se faz
Mas nasceu junto com o rio
O canto que eu canto mais

O rio só chega no mar
Depois de andar pelo chão
O rio da minha terra
Deságua em meu coração
Composição: Caetano Veloso 



Bola de Meia, Bola de Gude
Milton Nascimento




Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão

Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal

Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento



A estrada e o violeiro
Sidney Miller


A estrada e o violeiro - MPB4 e Quarteto e Cy


Sou violeiro caminhando só
Por uma estrada caminhando só
Sou uma estrada procurando só
Levar o povo pra cidade só

Parece um cordão sem ponta
Pelo chão desenrolado
Rasgando tudo que encontra,
A terra de lado a lado
Estrada de Sul a Norte,
Eu que passo, penso e peço
Notícias de toda sorte,
De dias que eu não alcanço
De noites que eu desconheço,
De amor, de vida ou de morte
Eu que já corri o mundo
Cavalgando a terra nua
Tenho o peito mais profundo
E a visão maior que a sua
Muita coisa tenho visto
Nos lugares onde eu passo
Mas cantando agora insisto
Neste aviso que ora faço
Não existe um só compasso
Pra contar o que eu assisto



Trago comigo uma viola só
Para dizer uma palavra só
Para cantar o meu caminho só,
Porque sozinho vou à pé e pó



Guarde sempre na lembrança
Que esta estrada não é sua
Sua vista pouco alcança,
Mas a terra continua
Segue em frente, violeiro,
Que eu lhe dou a garantia
De que alguém passou primeiro
Na procura da alegria
Pois quem anda noite e dia
Sempre encontra um companheiro
Minha estrada, meu caminho,
Me responda de repente
Se eu aqui não vou sozinho,
Quem vai lá na minha frente?
Tanta gente, tão ligeiro,
Que eu até perdi a conta
Mas lhe afirmo, violeiro,
Fora a dor que a dor não conta
Fora a morte quando encontra,
Vai na frente um povo inteiro

Sou uma estrada procurando só
Levar o povo pra cidade só
Se meu destino é ter um rumo só,
Choro e meu pranto é pau, é pedra, é pó 

Se esse rumo assim foi feito,
Sem aprumo e sem destino
Saio fora desse leito,
Desafio e desafino
Mudo a sorte do meu canto,
Mudo o Norte dessa estrada
Em meu povo não há santo,
Não há força, e não há forte
Não há morte, não há nada
Que me faça sofrer tanto


Vai, violeiro, me leva pra outro lugar
Queu também quero um dia poder levar
Tanta gente que virá
Caminhando, procurando
Na certeza de encontrar...
Composição: Sidney Miller



Boiou
Joyce



A lua cheia cor de tangerina
Na paisagem nordestina
Desenhada em papel
Espalha estrelas
Feito purpurina
Nos cabelos da menina
Vai boiando no céu
Boiou…

Vitória régia bóia na lagoa
Lá no alto a pipa voa
Flutuando no ar
Beira de rio, bóia uma canoa
Dentro dela uma pessoa
Que não sabe nadar
Boiou…

Tem tanta coisa que flutua
Flor, canoa, lua
Pipa e outras coisas assim
Também tem gente nesse mundo
Que não vai no fundo
Nunca chega até o fim…
Boiou….

Você pensava que sabia tudo
Toda a forma e o conteúdo
Tudo o que já passou
E agora sabe é que não sabe nada
Foi bater na porta errada
Nada entende de amor
Boiou…Composição: Joyce Moreno

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