Desenho
de 1957: Mané Garrincha, o ‘Anjo das Pernas Tortas’
FONTE: Jornal do Commercio (AM)
O ANJO DAS PERNAS TORTAS
Rio de Janeiro , 1962
A Flávio Porto
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento!
Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um o
Dentro da meta, um 1. É pura dança!
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento!
Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um o
Dentro da meta, um 1. É pura dança!
Vinicius de Moraes
Nelson
Rodrigues e o mito do futebol
Luiz Zanin
Acontece algo curioso em relação à obra de reflexão
futebolística de Nelson Rodrigues. Primeiro, ele é o nosso patrono, de todos
nós, que tentamos escrever sobre futebol no Brasil. Mas, apesar de ser nosso
patrono, ou seja, aquele que estilisticamente mais bem se expressou, e com mais
profundidade, não podemos nos dar ao luxo de imitá-lo. Sob pena de cairmos no
ridículo.
Cacá
Diegues: Um craque barroco
- O Globo
Por motivos às vezes muito diferentes uns dos
outros, Garrincha, o mais original de todos os nossos jogadores de futebol, foi
sempre equivocadamente mitificado pela imprensa, pelos especialistas e pelos
torcedores.
Tratado como exemplo sublime de nossa inocência e
generosidade como povo, alguns talentosos jornalistas esportivos e, depois,
quase todos os brasileiros de seu tempo o consideraram o suprassumo da
simplicidade e do desligamento do que há de mau no mundo.
Uma verdadeira alma de passarinho, como os
passarinhos com que, dizia-se, ele convivia nas matas de Pau Grande, onde
nascera e morava, nas montanhas vizinhas ao Rio de Janeiro.
E, no entanto, extraordinário jogador de futebol,
craque consumado em qualquer posição que jogasse, numa pelada ou no Maracanã,
Garrincha fazia, da ponta direita em que jogava, um matadouro de adversários
perplexos, incapazes de evitar, não apenas seus dribles imprevistos e nunca
vistos, mas também a desmoralização que ele os fazia sofrer, sempre com um
sorriso se armando nos lábios e a ginga desmoralizante de seus largos quadris e
pernas tortas.
Garrincha foi o mais cruel jogador de futebol para
quem o tentasse marcar, para quem estivesse à sua frente. Seus contemporâneos
lembram certamente um amistoso contra a Itália, jogado em Milão, na preparação
da seleção brasileira para o campeonato mundial de 1958, o primeiro do qual
saímos campeões, na Suécia. Garrincha disputava a posição com Joel, ponteiro
aplicado do recente tricampeonato carioca do Flamengo, conquistado no início
daquela década.
E era Joel, clássico ponteiro de muitas qualidades,
o preferido da torcida, da imprensa e da moderna comissão técnica. A favor de
Garrincha, estavam apenas os visionários do futebol brasileiro, que sabiam que
craques como ele e Pelé eram o emblema de uma nova geração de um novo futebol.
Pois naquela noite, em Milão, mesmo disputando uma partida que seria seu teste
final para ocupar um lugar na seleção, Garrincha irritava, com o que fazia em
campo, todos os dirigentes conservadores da então CBD.
Sem dar bola alguma para as instruções que recebia
aos gritos do banco brasileiro, ele praticava todo tipo de jogada que nossos
técnicos cartesianos consideravam irresponsável, quase sempre brincando com a
bola, os companheiros e os adversários, como costumava fazer regularmente, até
nos treinos do próprio Botafogo, onde ele atuava. Em determinado momento,
Garrincha recebeu uma bola no meio do campo e saiu
com ela colada aos pés, driblando quem passasse à sua frente, uma, duas ou mais
vezes, humilhando cada um que tentasse interromper seu ziguezague em direção ao
gol adversário.
Diante do goleiro italiano, Garrincha parou, olhou
para trás e viu que não vinha mais ninguém atrás dele. Aí não vacilou e, no
mesmo ritmo que vinha, sentou o pobre arqueiro na grama de Milão. Mas não
entrou com bola e tudo, como era de se esperar. Garrincha voltou com ela para a
entrada da área italiana, driblou duas vezes o goleiro que se levantara em
pânico (um drible para vir, outro para ir) e entrou enfim serenamente com a
bola na rede adversária.
O banco do Brasil não gostou do que Garrincha havia
feito. Durante toda a jogada, gritavam mandando passar a bola, ordenavam que
tentasse logo o gol. O banco decisivo jurava que Garrincha nunca mais jogaria
na seleção brasileira, ele era moleque demais para a seriedade da missão.
Era desobediente, imprevisível, irresponsável,
peladeiro. Ninguém sentiu pena dos defensores e do goleiro que Garrincha
humilhara, ninguém falou nisso, não ocorreu a ninguém tocar nesse assunto.
Muito menos depois, quando um complô comandado pelo gosto da torcida,
jornalistas inteligentes e líderes da seleção como Nilton Santos e Didi, ele se
tornaria o titular de nossa ponta direita e um dos maiores astros daquela
primeira Copa do Mundo vencida pelo Brasil.
Durante a qual, o que Garrincha fazia com seus
adversários era algo parecido com o que fizera com os italianos em Milão, o que
costumava fazer com os laterais esquerdos do campeonato carioca. Parecido mais
ou menos com o que depois descobrimos que fazia com seus passarinhos, na mata
de Pau Grande: caçava-os sem muita poesia e sem nenhuma piedade. A poesia
estava no jeito de ele ser no mundo.
Garrincha talvez tenha sido o nosso primeiro grande
craque barroco, num país de forte cultura barroca, popular ou erudita, que não
deseja reconhecê-la por medo do que isso possa significar, ameaçando o que os
outros consideram civilizado. Sempre preferimos elogiar a racionalidade
realista que parece conhecer o mundo e apaziguar nossa ignorância com essa
ilusão.
Num mundo tão incompreensível como esse em que
vivemos hoje, talvez a volumosa cultura barroca de nossas origens pudesse ser
mais libertária, a nos indicar um futuro menos comprometido com o que já se
sabe. E que sabemos que não presta.
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Cacá Diegues é cineasta
Barroco
Artes Plásticas, Barroco, Barroco no Brasil,
Artistas do Barroco, Aleijadinho, características
Obra de Aleijadinho: representante do barroco brasileiro
Origens e Características do Barroco
O barroco foi uma tendência artística que se
desenvolveu primeiramente nas artes plásticas e depois se manifestou na
literatura, no teatro e na música. O berço do barroco é a Itália do século
XVII, porém se espalhou por outros países europeus como, por exemplo, a
Holanda, a Bélgica, a França e a Espanha. O barroco permaneceu vivo no mundo
das artes até o século XVIII. Na América Latina, o barroco entrou no século
XVII, trazido por artistas que viajavam para a Europa, e permaneceu até o final
do século XVIII.
Contexto histórico
O barroco se desenvolve no seguinte contexto
histórico: após o processo de Reformas Religiosas, ocorrido no século XVI, a
Igreja Católica havia perdido muito espaço e poder. Mesmo assim, os católicos
continuavam influenciando muito o cenário político, econômico e religioso na
Europa. A arte barroca surge neste contexto e expressa todo o contraste deste
período: a espiritualidade e teocentrismo da Idade Média com o racionalismo e
antropocentrismo do Renascimento.
Os artistas barrocos foram patrocinados pelos
monarcas, burgueses e pelo clero. As obras de pintura e escultura deste período
são rebuscadas, detalhistas e expressam as emoções da vida e do ser humano.
A palavra barroco tem um significado que representa
bem as características deste estilo. Significa " pérola irregular" ou
"pérola deformada" e representa de forma pejorativa a ideia de
irregularidade.
O período final do barroco (século XVIII) é chamado
de rococó e possui algumas peculiaridades, embora as principais características
do barroco estão presentes nesta fase. No rococó existe a presença de curvas e
muitos detalhes decorativos (conchas, flores, folhas, ramos). Os temas
relacionados à mitologia grega e romana, além dos hábitos das cortes também
aparecem com frequência.
BARROCO EUROPEU
As obras dos artistas barrocos europeus valorizam as
cores, as sombras e a luz, e representam os contrates. As imagens não são tão
centralizadas quanto as renascentistas e aparecem de forma dinâmica,
valorizando o movimento. Os temas principais são: mitologia, passagens da
Bíblia e a história da humanidade. As cenas retratadas costumam ser sobre a
vida da nobreza, o cotidiano da burguesia, naturezas-mortas entre outros.
Muitos artistas barrocos dedicaram-se a decorar igrejas com esculturas e
pinturas, utilizando a técnica da perspectiva.
As esculturas barrocas mostram faces humanas
marcadas pelas emoções, principalmente o sofrimento. Os traços se contorcem,
demonstrando um movimento exagerado. Predominam nas esculturas as curvas, os
relevos e a utilização da cor dourada.
O pintor renascentista italiano Tintoretto é
considerado um dos precursores do Barroco na Europa, pois muitas de suas obras
apresentam, de forma antecipada, importantes características barrocas.
Podemos citar como principais artistas do barroco: o
espanhol Velásquez, o italiano Caravaggio, os belgas Van Dyck e Frans Hals, os
holandeses Rembrandt e Vermeer e o flamengo Rubens.
As
Meninas de Diego Velásquez (1656): exemplo de pintura barroca
BARROCO NO BRASIL
O barroco brasileiro foi diretamente influenciado
pelo barroco português, porém, com o tempo, foi assumindo características
próprias. A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidades
auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas
cidades eram ricas e possuíam uma intensa vida cultural e artística em pleno
desenvolvimento.
O principal representante do barroco mineiro foi o
escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como
Aleijadinho. Suas obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e
pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil.
Podemos citar algumas obras de Aleijadinho: Os Doze Profetas e Os Passos da
Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG).
Outros artistas importantes do barroco brasileiro
foram: o pintor mineiro Manuel da Costa Ataíde e o escultor carioca Mestre
Valentim. No estado da Bahia, o barroco destacou-se na decoração das igrejas em
Salvador como, por exemplo, de São Francisco de Assis e a da Ordem Terceira de
São Francisco.
No campo da Literatura, podemos destacar o poeta
Gregório de Matos Guerra, também conhecido como "Boca do Inferno".
Ele é considerado o mais importante poeta barroco brasileiro.
Outro importante representante da Literatura Barroca
foi o padre Antônio Vieira que ganhou destaque com seus sermões.
Positivo/natural:
sátira barroca e anatomia política*
João Adolfo Hansen
RESUMO
Na sátira barroca atribuída a Gregorio de Matos e
Guerra (Bahia, 1682/1694), a ordem do conceito engenhoso dramatiza o conceito
de ordem, segundo a doutrina neo-escolástica do corpo místico do Estado como
vontade unificada no pacto de sujeição à persona mystiça do Rei. Nele, os
vários topoi teológico-políticos elaboram e confirmam o conceito
moderno de poder soberano absoluto. Não são mera ornamentação de uma retórica
do poder "voltando" à Idade Média, muito menos oposição nacionalista,
libertina, herética, etc. aos poderes constituídos, como o anacronismo costuma
postular. Segundo a doutrina das duas pessoas do Rei, a sátira intervém na
circunscrição do poder ordinário tendo por fundamento o poder absoluto da razão
de Estado soberana. Providencialista, é anamnese do Ditado: nela,
o ius é sempre lei natural expressa em leis positivas portanto,
Razão. Não se opõe ao privilégio, enfim, mas aos efeitos de seu excesso ou
falta. O abuso é paixão retoricamente efetuada, a que se opõe o bom uso
pré-formado na vontade real, que a enunciação prudente
da persona satírica metaforiza.
Uma
das tantas crônicas de Nelson Rodrigues sobre futebol(?)
Embalado pra viagem # 74
Conveniência de ser covarde
Conveniência de ser covarde
Há tempos, fui à rua Bariri ver um jogo do Fluminense. E confesso: — sempre considerei Olaria tão longíqua, remota, utópica como Constantinopla, Istambul ou Vigário Geral. Já na avenida Brasil, comecei a sentir uma nostalgia e um exílio só equiparáveis aos de Gonçalves Dias., de Casimiro de Abreu. Conclusão: — recrudesceu em mim o ressentimento contra qualquer espécie de viagem. Mas enfim cheguei e assisti à partida. Nos primeiros trinta minutos, houve tudo, rigorosamente tudo, menos futebol. Uma vergonha de jogo, uma pelada alvar, que não valia os cinco cruzeiros do lotação. E, de súbito, ocorre o episódio inesperado, o incidente mágico, que veio conferir ao match de quinta classe uma dimensão nova e eletrizante.
Eis o fato: — um jogador qualquer enfiou o pé na cara do adversário. Que fez o juiz? Arremessa-se, precipita-se com um élan de Robin Hood e vem dizer as últimas ao culpado. Então, este não conversa: — esbofeteia o árbitro. Ora, um tapa não é apenas um tapa: — é, na verdade, o mais transcendente, o mais importante de todos os atos humanos. Mais importante que o suicídio, que o homicídio, que tudo mais. A partir do momento em que alguém dá ou apanha na cara, inclui, implica e arrasta os outros à mesma humilhação. Todos nós ficamos atrelados ao tapa. Acresce o seguinte: — o som! E, de fato, de todos os sons terrenos, o único que não admite dúvidas, equívocos ou sofismas, é o da bofetada. Sim, amigos: — uma bofetada silenciosa, uma bofetada muda, não ofenderia ninguém e pelo contrário: — vítima e agressor cairiam um nos braços do outro, na mais profunda e inefável cordialidade. É o estalo medonho que a valoriza, que a dramatiza, que a torna irresgatável. Pois bem: — na bofetada de Olaria não faltou o detalhe auditivo. Mas o episódio não esgotaria, ainda, o seu horror. Restava o desenlace: — a fuga do homem. Pois o juiz esbofeteado não teve meias medidas: — deu no pé. Convenhamos: — é empolgante um pânico assim taxativo e triunfal, sem nenhum disfarcem nenhum recato. Digo “empolgante” e acrescente: — raríssimo ou, mesmo, inédito. Via de regra só o heroísmo é afirmativo, é descarado. O herói tem sempre uma desfaçatez única: — apresenta-se como se fosse a própria estátua equestre. Mas a covardia, não. A covardia acusa uma vergonha convulsiva. Tenho um amigo que faz o seguinte: — chega em casa, tranca-se na alcova, tapa o buraco da fechadura e só então, na mais rigorosa intimidade — apanha da mulher. Mas cá fora, à luz do dia, ele é um Tartarin, um Flash Gordon, capaz de varrer choques de polícias especiais.
Pois bem. Ao contrário dos outros covardes, que escondem, renegam, que desfiguram a própria covardia — o juiz correu como um cavalinho de carrossel. Note-se: há, hoje, toda uma monstruosa técnica de divulgação, que torna inexequível qualquer espécie de sigilo. E, logo, a imprensa e o rádio envolveram o árbitro. Essa covardia fotografada, irradiada, televisionada, projetou-se irresistivelmente. E quando, em seguida, a polícia veio dar cobertura ao árbitro, este ainda rilhava os dentes, ainda babava materialmente de terror. Acabado o match a multidão veio passando, com algo de fluvial no seu lerdo escoamento. Mas todos nós, que só conseguimos ser covardes às escondidas, tínhamos inveja, despeito e irritação dessa pusilanimidade que se desfraldara como um cínico estandarte.
Nelson Rodrigues, em crônica originalmente publicada no jornal Manchete Esportiva, no dia 17 de dezembro de 1955. Texto depois reproduzido no livro O Berro Impresso nas Manchetes: Crônicas Completas da Manchete Esportiva (Agir, 2007) e no fascículo especial da Bravo!: Literatura & Futebol (Abril, 2010).
1ª caricatura de Mario Alberto;
2ª caricatura de William Medeiros.
Em nossa homenagem pelo centenário do nascimento de Nelson Rodrigues, neste dia 23 de agosto de 2012.
Referências
http://cacellain.com.br/blog/wp-content/uploads/2016/04/Mane-Garrincha-1957.jpg
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/06/caca-diegues-um-craque-barroco.html#more
https://www.suapesquisa.com/uploads/site/156x133_barroco.jpg
https://www.suapesquisa.com/uploads/site/obra_barroca.jpg
https://www.suapesquisa.com/barroco/
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141989000200005
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJB_fHUA0c38ljzJzavQKy-idessSUQ5Qg59ltGWyq9h6p7Fopy26RvxLNqKty4N6nrbrD2Kglh8Nb5l46RUmTYcLaALOIEKkszvekc8dGIqWfYNtrEDnJBSn4lrKnXEWfTOYic7WtYy-A/s320/Nelson-Rodrigues-por-Mario-Alberto.jpg
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http://oberronet.blogspot.com/2012/08/uma-das-tantas-cronicas-de-nelson.html
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http://oberronet.blogspot.com/2012/08/uma-das-tantas-cronicas-de-nelson.html
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