...Questão de educação?
“Ai, palavras, ai, palavras
que estranha potência a vossa!” (Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência)
que estranha potência a vossa!” (Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência)
“...Urge um mínimo de cuidado com as delações. A
Justiça não pode se tornar o valhacouto de dedos-duros.”
Editorial / O Estado de São Paulo
"...não era mais do que um sertão desconhecido,
considerado como o valhacouto onde imperava o banditismo..." (Cecília
Meireles, Questão de educação)
Exercícios
Sobre Cecília Meireles
“Estes exercícios sobre Cecília Meireles abordam as
principais características da obra poética de uma das mais importantes
escritoras do Brasil.”
Publicado por: Luana Castro Alves Perez em Exercícios
de Literatura
Questão 1
Sobre Cecília Meireles é INCORRETO afirmar:
a) Embora não tenha pertencido diretamente ao
chamado “grupo católico carioca”, formado por Jorge de Lima, Murilo Mendes,
Ismael Nery, Tristão de Ataíde, entre outros, Cecília Meireles também apresenta
em sua obra traços espiritualistas.
b) A obra de Cecília Meireles caminha em direção à
reflexão filosófica e existencial. O espiritualismo e o orientalismo fazem-se
presentes na obra da poeta, grande admiradora da cultura oriental.
c) Ao lado da escritora Rachel de Queiroz, Cecília
Meireles foi uma das primeiras mulheres a conquistar o reconhecimento do valor
de sua obra na literatura brasileira.
d) Filiou-se ao Neossimbolismo e, em seus poemas, é
possível notar um lirismo conciliado a uma perspectiva bem-humorada da vida.
e) Suas poesias denotam certa inclinação para a
estética simbolista, embora a poeta não estivesse filiada a nenhum movimento
literário.
Questão 2
Estão, entre as principais características da
linguagem poética de Cecília Meireles:
a) Sua linguagem é marcada pelo experimentalismo e
bastante influenciada pela linguagem popular. Buscou a recriação da linguagem a
partir do contato com os falares regionais, defendendo os “erros” gramaticais
como expressão maior de nossa brasilidade.
b) Sua escrita é direta e simples, quase prosaica,
muito embora tenha tido grande conhecimento das formas clássicas de
estruturação de poemas, elementos que também podem ser encontrados em sua obra.
c) O cuidado com a seleção vocabular e a inclinação
para a musicalidade, para o verso curto e para os paralelismos estão entre as
principais características da poesia de Cecília Meireles.
d) Por meio de uma linguagem debochada, irônica e
crítica, Cecília Meireles satirizava os meios acadêmicos e também a burguesia,
estabelecendo uma profunda ruptura em relação à cultura do passado.
Questão 3
(ENEM – 2012)
Ai, palavras, ai, palavras
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia a vossa porta:
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
A liberdade das almas,
ai! Com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia a vossa porta:
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
A liberdade das almas,
ai! Com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1985 (fragmento).
O fragmento destacado foi transcrito
do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no
episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma
reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem:
a) A força e a resistência humanas superam os danos
provocados pelo poder corrosivo das palavras.
b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas,
têm seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras.
c) O significado dos nomes não expressa de forma
justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida.
d) Renovando o significado das palavras, o tempo
permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças.
e) Como produto da criatividade humana, a linguagem
tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos.
Questão 4
(UFSCAR)
Reinvenção
A vida só é possível
reinventada.
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas ...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo ... - mais nada.
Mas a vida, a vida , a vida
a vida só é possível
reinventada. […]
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas ...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo ... - mais nada.
Mas a vida, a vida , a vida
a vida só é possível
reinventada. […]
Cecília Meireles
Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de
Cecília Meireles, encontramos traços de seu estilo
a) sempre marcado pelo momento histórico.
b) ligado ao vanguardismo da geração de 22.
c) inspirado em temas genuinamente brasileiros.
d) vinculado à estética simbolista.
e) de caráter épico, com inspiração camoniana.
Respostas
Resposta Questão 1
Alternativa “d”. Cecília Meireles nunca esteve
filiada a um movimento literário, embora seja possível observar características
do Neossimbolismo em sua obra.
Resposta Questão 2
Alternativa “c”. É comum encontrar na
linguagem de Cecília Meireles elementos que remetem ao Neossimbolismo, como o
vento, a água, o mar, o tempo, o espaço, a solidão e a música, características
que conferem à sua poesia um caráter fluido e etéreo.
Resposta Questão 3
Alternativa “b”. Analisando o fragmento
do Romanceiro da Inconfidência, é possível observar que Cecília Meireles
realiza uma reflexão entre o homem e a linguagem ao apontar que as relações
humanas, em suas múltiplas condições, têm seu equilíbrio vinculado ao
significado das palavras, ideia que pode ser confirmada no verso “Todo o
sentido da vida/principia a vossa porta” (leia-se porta das palavras).
Resposta Questão 4
Alternativa “d”. O estilo de Cecília Meireles
está associado à estética simbolista, sobretudo porque a poeta faz uso de
elementos como a musicalidade e apresenta uma postura que compreende a
efemeridade da vida, traços predominantes do Simbolismo.
Apenas
delações: Editorial | O Estado de S. Paulo
A 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou
improcedente ação penal contra a senadora Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Paulo
Bernardo e o empresário Ernesto Kluger. Os ministros da 2.ª Turma entenderam
que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não apresentou no processo provas
que corroborassem a acusação de que os três réus teriam solicitado e recebido
R$ 1 milhão desviado da Petrobrás para a campanha ao Senado, em 2010, da atual
presidente do PT. No processo havia apenas delações, sem outros elementos de
prova a corroborar as informações provenientes das colaborações premiadas.
“Observa-se que toda argumentação (da PGR) tem como
fio condutor o depoimento de delatores. Relatos não encontram respaldo em
elementos de corroboração”, disse o ministro Dias Toffoli. Até mesmo os
documentos que a PGR apresentou no processo, que supostamente corroborariam as
delações, tinham sido produzidos pelos delatores, como uma anotação na agenda
de Paulo Roberto Costa, que, segundo a promotoria, fazia referência ao valor
repassado ao ex-ministro Paulo Bernardo.
A decisão do STF de absolver a senadora Gleisi
Hoffmann por falta de provas deve servir de alerta para o Ministério Público.
Essa repartição pública presta um desserviço ao País ao apresentar denúncias
com base apenas em delações, que, por sua própria natureza, são parciais. O
delator, como se sabe, obtém benefícios ao relatar à Justiça aquelas
informações.
No processo contra a senadora petista, há ainda
outro aspecto preocupante. Ao longo de toda a ação penal a PGR não trouxe
nenhum elemento probatório além do que já estava na denúncia, ou seja, as
informações oriundas de delatores. Tem-se, assim, um trabalho duplamente mal
feito: além de apresentar uma acusação fraca, só com delações, a PGR depois
nada acrescenta para provar suas acusações, como se o seu trabalho se
encerrasse com a denúncia. Não foi feito trabalho de investigação que prestasse
para os fins pretendidos.
Esse modo de proceder da PGR tem graves implicações.
Pessoas inocentes podem ser acusadas injustamente, apenas com base em relatos
de delatores. Neste caso, a atuação descuidada do Estado contribuiria para
destruir a honra dessas pessoas, pois, como se sabe, uma absolvição num
processo penal nunca restabelece fama idêntica a que o réu tinha antes de ser
denunciado e levado aos tribunais com a pecha de corrupção. Por mais eloquente
que seja a sentença absolutória, sempre pairará sobre a biografia do réu a
sombra desabonadora.
A instrução probatória, inepta, que se limita a
apresentar relatos de delatores, também contribui para a impunidade. Como
ocorreu na ação penal contra a senadora Gleisi Hoffmann, a Justiça não diz que
não houve crime – apenas que não houve provas suficientes para condenar. É
possível, portanto, que, tivesse a PGR mais diligência, o resultado de muitos
casos penais fosse diferente, com a condenação de quem agiu criminosamente.
Isso denigre tanto o réu como o acusador.
As delações podem ser um início para o trabalho de
investigação criminal. Mas para que sejam de fato úteis, elas não podem ser
também a conclusão de investigação. Nenhuma colaboração premiada tem o condão
de proporcionar um juízo definitivo sobre um crime. A lei processual estabelece
que ninguém deve ser condenado só com base em delações. Por isso, é dever da
Polícia Federal e do Ministério Público não se limitar a reunir material trazido
por delatores.
Têm sido muitos os casos de delações que surgem com
grande estardalhaço, destroem a honra das pessoas citadas, mas depois as
autoridades não conseguem confirmar as informações que divulgaram, em geral,
açodadamente. O resultado de inquéritos abertos a partir dessas colaborações é
o arquivamento. Recentemente, por exemplo, foi arquivado um inquérito eleitoral
envolvendo o ex-ministro Aloizio Mercadante, que tinha como base uma delação do
empreiteiro Ricardo Pessoa. Segundo o promotor Luiz Henrique Cardoso Dal Poz,
responsável pelo caso, “os informes de Pessoa, além das referidas divergências
e imprecisões de temas nucleares, não foram confirmados por outras
circunstâncias”.
Urge um mínimo de cuidado com as delações. A Justiça
não pode se tornar o valhacouto de dedos-duros.
“Mas a vida, a vida , a vida
a vida só é possível
reinventada. […]” (Cecília Meireles)
a vida só é possível
reinventada. […]” (Cecília Meireles)
Cecília
Meireles: Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…
e um dia me acabarei.
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…
e um dia me acabarei.
Cecília
Meireles: Timidez, da Expressão Contida, à Esperança
Viviane P. Galvão1
Resumo: Este artigo analisa Timidez (1939),
poema de Cecília Meireles, que revela uma natureza lírica caracterizada pelos
preceitos estéticos e conceituais da modernidade. O poema apresenta um tom
melancólico e reflete uma atmosfera de sonho, bem característicos das obras
cecilianas. Pretende-se mostrar a delicadeza e leveza que levam ao equilíbrio
formal e à simetria do poema, examinando sua forma semântico-estilística
enriquecida pela significação simbólica das imagens apresentadas. A partir das
concepções de Wordsworth, o artigo procura transmitir os sentimentos e ideias
contidos no poema, de maneira simples e não elaborada, retratados pelo Eu
Poético, que não revela seu amor por timidez. Utilizam-se igualmente os
preceitos de Hegel para caracterizar o lirismo e de Mallarmé para compreender
as conotações simbólicas no poema.
Palavras-chave: Cecília Meireles. Timidez. Wordsworth.
Abstract: This article analyses Cecília
Meireles’poem Timidez (1939), which reveals a lyrical nature characterized by
the aesthetic and conceptual precepts of modernity. The poem presents a
melancholic tone and reflects a dreamlike atmosphere, so characteristic of
Cecilian works. The purpose of the article is to show the delicacy and grace
that lead to the poem´s formal balance and symmetry by examining its
semantic-stylistic form and the symbolic meaning of the images. Starting from
Wordsworth´s concepts, the article tries to transmit the feelings and ideas
comprised in the poem in a simple and not elaborated manner, depicted through the
persona who does not reveal her/his love because of shyness. Hegel´s precepts
are also used to characterize lyricism, as well as Mallarmé´s principles to
understand the symbolic connotations in the poem.
Key words: Cecilia Meireles. Timidez.
Wordsworth.
1 Mestranda do Curso de Teoria Literária do
Centro universitário Campos de Andrade. E-mail: vivi.prass@hotmail.com
Referências
https://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-cecilia-meireles.htm
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/06/apenas-delacoes-editorial-o-estado-de-s.html
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/06/cecilia-meireles-timidez.html?m=1
http://www.bibliotekevirtual.org/index.php/2013-02-07-03-02-35/2013-02-07-03-03-11/1086-scripta-alumni/n11/10486-cecilia-meireles-timidez-da-expressao-contida-a-esperanca.html
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