Tons de Palavras

“Ah essa coisa de tá querendo dizer isso Eu não tô querendo dizer nada rapaz Eu tô fazendo um negócio com a palavra Que... que seria como você escutar música”

Manoel Barros

Tons

Adriana Calcanhotto

 

Roxos

Todos

Pretos

Partes

Pratas

Andrades

Azuis

Azares

Amarras

Amar

Elos

Amargores

Calipsos

Cortesias

Cortes

Cores e

rancores

Luzes

Milagres

Lilases

Rosas

Guimarães...

Mulatos

Dourados

Rubores

Castigos

Castanhos

Castores

Havanas

Avanços e

brancos

Cobranças

Cinzentos

Cimentos

Crianças

nas sarjetas

Nojentas

Imagens

Violeta

Magentas

Laranjas

Matizes

Cremes

Crimes

Cobaltos

Assaltos

Turquesas

Pérolas

aos hipócritas

Ocres

Terras

Telhas

Gelos

Gemas

Composição: Adriana Calcanhoto Para Iberê Camargo

“Poesia não é para descrever É para descobrir”

Só dez por cento é mentira

Senhas

Adriana Calcanhotto

Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto (2x)

Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos

Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas

O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até os estetas
Eu não julgo competência
Eu não ligo pra etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades

O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Não, não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem (2x)

Eu gosto dos que têm fome
E morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem (5x)

Fernando Pessoa: Azul ou verde ou roxo

Azul, ou verde, ou roxo quando o sol
O doura falsamente de vermelho,
O mar é áspero (?), casual (?) ou mol(e),
É uma vez abismo e outra espelho.
Evoco porque sinto velho
O que em mim quereria mais que o mar
Já que nada ali há por desvendar.

 MONÓLOGO NAS TREVAS

FERNANDO PESSOA

Portugal
13 Jun 1888 // 30 Nov 1935
Poeta 

V ato

Sou mais real que o mundo.

Por isso odeio-lhe a existência enorme,

O seu amontoar de coisas vistas.

Como um santo devoto

Odeio o mundo, porque o que eu sou

E que não sei sentir que sou, conhece-o.

Referências

https://youtu.be/vyL8gjvjQHw

https://youtu.be/9_qm9AqLxcs
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRFowH8kz-L8X1rRPbJGie1ujK-QYDOUYm5W282vf7oo7arV4Y-Dw

http://gilvanmelo.blogspot.com.br/2018/05/fernando-pessoa-azul-ou-verde-ou-roxo.html?m=1
http://institut-geopoetique.org/pt/cadernos-de-geopoetica/138-paisagens-de-fernando-pessoa