domingo, 23 de fevereiro de 2025

Das Cadeias de Markov às Correntes da História: Entre Memória Curta e Longa na Política Contemporânea

-------------- O matemático russo Andrei Markov. --------------- "Reinaldo: Eis um conjunto de eventos, alguns lembrados por Gonet, que remetem à preparação." A partir desse trecho, é possível inferir que Gonet ultrapassou a lógica das Cadeias de Markov, uma vez que, para explicar eventos futuros, ele não se limitou a considerar apenas o estado imediatamente anterior do sistema. Em vez disso, Gonet revisitou eventos ocorridos em estágios anteriores, ampliando a base de análise para além da mera transição entre estados consecutivos. Dessa forma, fica evidente que sua abordagem não seguiu o Método de Markov, pois não se restringiu a uma sequência linear e imediata de estados. Ao contrário, construiu uma narrativa mais abrangente, que se assemelha à estrutura de um filme — com múltiplas camadas temporais e interconexões — e não apenas a uma sucessão de retratos instantâneos 3x4 dispostos em sequência direta e imediata. Essa estratégia reforça que sua denúncia foi baseada em uma análise contextualizada e histórica, e não em uma lógica de memória curta como a das Cadeias de Markov." ------------
------------- Uma cadeia de Markov simples de dois estados --------------- A Cadeia de Markov é um modelo estocástico em que a previsão do próximo estado de um sistema depende exclusivamente do seu estado atual, sem levar em conta estados anteriores a esse. Ou seja, o processo é caracterizado pela propriedade de memória curta, onde apenas o último estado influencia a transição para o próximo. No trecho citado, Gonet adota uma abordagem que se distancia desse modelo, pois, ao invés de considerar apenas o estado imediatamente anterior ao evento analisado, ele revisita eventos mais antigos, anteriores ao estágio imediatamente anterior, para construir uma narrativa mais ampla. Isso significa que sua análise não segue o Método de Markov, pois não se restringe a uma cadeia de estados consecutivos e imediatos. O trecho "Eis um conjunto de eventos, alguns lembrados por Gonet, que remetem à preparação" sugere que ele não apenas observou o estado mais recente do sistema, mas buscou eventos anteriores que ajudassem a compreender um padrão ou uma sequência causal mais abrangente. Essa estratégia implica uma abordagem mais histórica e contextualizada, em vez de uma mera transição linear entre estados consecutivos. A analogia entre a denúncia de Gonet e um "filme" reforça essa ideia. Enquanto uma Cadeia de Markov poderia ser comparada a uma sequência de "retratinhos instantâneos 3 por 4" (imagens fixas e isoladas conectadas apenas pelo estado imediatamente anterior), a abordagem de Gonet constrói uma narrativa que incorpora múltiplos momentos do passado para dar coerência ao relato. Portanto, a correlação entre os trechos confirma que Gonet não se limitou ao Método de Markov, pois sua análise não depende apenas do estado imediatamente anterior, mas sim de um conjunto maior de informações passadas para compreender e justificar a sua denúncia. _____________________________________________________________________________________________________________ -------------
--------------- "sábado, 22 de fevereiro de 2025 Por onde anda o debate público? - Marco Aurélio Nogueira O Estado de S. Paulo As redes, frequentadas por milhões, fazem com que as vozes fiquem presas em si mesmas, reverberando em nichos igualizados que travam debate e ‘lacram’ a torto e a direito Fala-se muito, discute-se pouco. Há lacração demais, ponderação de menos. A polarização é permanente. Atolamos numa situação na qual o livre falar de muitos não gera debates efetivos sobre as questões centrais da época. A demarcação de espaços e a defesa de interesses restritos são mais fortes do que qualquer esforço para que se componham perspectivas coletivas. A política simbólica prevalece: o que importa são as bandeiras, as novas linguagens, o ruído adjetivado. É como se a sociedade civil – em que os grupos lutam para “dirigir” intelectual e moralmente a sociedade – não existisse, ou não tivesse como cumprir suas funções e ser o “conteúdo ético do Estado” (Gramsci). O resultado é que a vida social flutua sobre o nada, submetida ao movimento dos “fatos”, dos interesses, das postulações identitárias, das cobranças e das reclamações. Não se trata de manobras da extrema direita, mas de uma predisposição geral, que afeta de igual modo as posições libertárias e progressistas. A presença de uma imprensa livre é vital e nos favorece. As análises e os artigos de opinião dos grandes órgãos de comunicação, porém, não se desdobram nem sobrevivem ao tempo. As mídias digitais abrem bons canais de discussão, como faz, por exemplo, o Canal Meio. Mas elas são reduzidas e têm fôlego curto. As redes, frequentadas por milhões, fazem com que as vozes fiquem presas em si mesmas, reverberando em nichos igualizados que travam o debate e “lacram” a torto e a direito. A profusão de falas, em vez de clarear, dispersa e embota, levando a um estado de saturação. As redes formam bolhas autorreferidas e espalham fumaça. Mas nem tudo pode ser explicado a partir delas. As redes têm sua serventia: nos ajudam a conhecer coisas e pessoas, a obter informações, a descobrir espaços de interação. Somos nós que nos perdemos nelas e não as aproveitamos. A desinformação abundante nos manipula, distrai e, de algum modo, nos imbeciliza. Nossa fragilidade, no entanto, não deriva dela. Por que não reagimos, explorando a sensatez e as informações confiáveis, separando o que presta do que não presta? Por que compartilhamos as boçalidades que circulam? Se os cidadãos estão despreparados para pensar o mundo complexo em que vivemos, se não conseguem adquirir sensibilidade crítica para agir com autonomia, tornam-se cativos de seus nichos em rede. É uma situação que passa pelo sistema educacional, pela falta de formação política, pela ignorância basal, pelo desejo de aparecer. Quem conhece seus direitos, quem sabe de suas obrigações cívicas, quem entende o mundo e a época, quem compreende as artimanhas do poder? Tudo é jogado em estado bruto no terreno da disputa política, sem mediação ou ponderação. A rede pesca muitas almas ingênuas, mas não só. Escreveu o professor Pablo Ortellado: “A hiperbolização do discurso político tem levado a um ambiente de i nt o - lerância”, em que a falta de proporção desvaloriza a possibilidade de que se estabeleçam diálogos construtivos. Para ele, o debate público ficou moralizado, sem lugar para posturas moderadas e reflexivas. Por isso tudo, não faz sentido o presidente Lula pedir que o Legislativo ou a Suprema Corte regulem as redes, “porque é preciso moralizar”. Para ele, “mentir sobre o governo” é uma questão moral. Não é bem assim, há política no meio. Interferir na opinião dos usuários das redes caminha junto com a censura. O espírito público está rebaixado entre nós. O próprio sentido moral das coisas esfarelou, e os farelos chegaram às massas. As diferentes esferas de normas e valores foram capturadas pela “politização”, que cria uma ideia tribal de política assentada sobre relações amigoinimigo. Instala-se assim uma “guerra”. Por fim, a miséria do debate público associa-se à falta de organizações que ofereçam parâmetros de sentido para os cidadãos. Onde estão os partidos? Por que as batalhas identitárias consomem tanta energia, a ponto de dificultar a formação de consensos e distribuir vetos à direita e à esquerda? Dias atrás, a psicanalista Maria Rita Kehl foi difamada por ter visto nos movimentos identitários uma deletéria “pulsão narcísica”, que os leva a rejeitar tudo aquilo que é dito e elaborado fora deles. Ela, conhecida intelectual democrática, foi atacada por ter um “passado genético” condenatório. E isso em nome de um pretenso “lugar de fala”! A pretensão não disfarça a inflexão autoritária. Distorce, cancela e vende gato por lebre, o progressismo identitário autoproclamado traduzindo-se de maneira reacionária. Tudo mudaria se debatêssemos mais. Democraticamente, com reflexão e serenidade. Poderíamos varrer o lixo acumulado, forjar novas lideranças, corrigir o que há de excessos e carências. Com o tempo, teríamos um eixo para desenhar o País que queremos. O problema são os requisitos. Precisaríamos compreender melhor o que é liberdade de expressão, pressionar os intelectuais para que saiam de seus casulos e ver os democratas (de centro, liberais, de esquerda) agirem na sociedade civil. Não é fácil, mas é o caminho." -----------
------------- Esse artigo de Marco Aurélio Nogueira no Estado de S. Paulo levanta reflexões críticas sobre o estado do debate público, especialmente no contexto das redes sociais. Ele argumenta que, apesar da aparente profusão de vozes, o que se vê é um enclausuramento em nichos ideológicos, onde o diálogo genuíno é substituído por lacração e polarização extrema. Alguns pontos centrais do texto incluem: A superficialidade do debate – Há muitas opiniões, mas pouca discussão real sobre os problemas centrais da sociedade. As redes sociais reforçam bolhas e ecoam discursos pré-formatados, impedindo o confronto saudável de ideias. A captura da política pelo tribalismo – A polarização não vem apenas da extrema direita; há também um progressismo que, segundo o autor, age de forma autoritária ao cancelar vozes discordantes e reduzir o debate a identidades fixas e dogmáticas. O papel das redes sociais – Elas são úteis para a disseminação de informações, mas acabam sendo usadas de forma disfuncional. Em vez de promoverem um debate amplo e qualificado, muitas vezes ampliam a intolerância e a desinformação. O enfraquecimento das instituições mediadoras – Partidos políticos e intelectuais, que deveriam ajudar a estruturar e qualificar o debate, estão ausentes ou enfraquecidos, deixando um vácuo que é preenchido pelo embate emocional e fragmentado nas redes. O risco da regulação estatal das redes – Nogueira critica a ideia de que a regulação das redes deve ser feita sob o pretexto de “moralizar” o debate público, alertando que isso pode caminhar para a censura. A necessidade de um debate público mais qualificado – Ele defende um retorno ao diálogo democrático, com reflexão e ponderação, para que a sociedade possa superar divisões artificiais e construir um projeto coletivo mais sólido. No fim, o artigo sugere que a solução para a miséria do debate público passa por maior educação cívica, fortalecimento da sociedade civil e um uso mais responsável da liberdade de expressão. O desafio, segundo o autor, é que isso exige um esforço contínuo e uma mudança cultural que não é fácil de alcançar. _________________________________________________________________________________________________________ --------------
------------- domingo, 23 de fevereiro de 2025 Lançamento: O Moderno Príncipe de Gramsci MODERNO PRÍNCIPE DE GRAMSCI, O - COSMOPOLITISMO E ESTADO NACIONAL NOS CADERNOS DO CÁRCERE Autor: Francesca Izzo Sinopse O livro de Francesca Izzo é um estudo rigoroso do pensamento de Antonio Gramsci. Uma das novidades que aqui emergem atesta que a contradição entre “cosmopolitismo da economia e nacionalismo da política” se constitui como eixo orientador em torno do qual Gramsci irá refletir sobre a necessidade de novas formas políticas capazes de dar conta da dimensão supranacional que delineava os traços de uma nova época na qual o declínio do poder estatal – fundado no território – era evidente. Voltado inteiramente para essa questão, este estudo chama atenção para as razões que fizeram com que, nos Cadernos do cárcere, Gramsci substituísse o termo “internacionalismo” por “cosmopolitismo de novo tipo”. O livro examina essa e outras mudanças conceituais e semânticas no texto gramsciano – como filosofia da práxis, revolução passiva, hegemonia, Moderno Príncipe –, que estimularam sua revisão do marxismo, além de sugerir que o pensamento de Gramsci nos apresenta, mesmo que embrionariamente, um perfil inédito do sujeito histórico dessa nova época. (Alberto Aggio) Francesca Izzo é filósofa, foi professora de história das doutrinas políticas na Universidade de Estudos de Nápoles “L’Orientale” e faz parte da direção da Fundação Gramsci de Roma. Entre suas publicações mais importantes estão Democracia e cosmopolitismo in Antonio Gramsci (Carocci, 2009) e Le aventure dela libertà. Dall’antica Grecia al secolo delle donne (Carocci, 2016)" ________________________________________________________________________________________________________ -------------
------------- Il moderno principe di Gramsci Capa comum – 9 setembro 2021 Edição Italiano por Francesca Izzo (Autor) ---------- Gramsci è il pensatore che ha più innovato la concezione marxista dello Stato. Consapevole dell’inarrestabile declino del potere statale, generato dal contrasto tra «cosmopolitismo dell’economia e nazionalismo della politica», ha orientato il suo pensiero verso la ricerca di nuove forme politiche capaci di trasferire il nucleo democratico della nazione moderna sul piano della sovranità sovranazionale. Il volume è dedicato all’esplorazione della categoria di cosmopolitismo seguendone, nella complessa officina dei Quaderni, le evoluzioni semantiche e concettuali che sfociano nella sostituzione del termine «internazionalismo» con «cosmopolitismo di tipo nuovo». Per rendere pienamente comprensibili i motivi che spingono Gramsci a tale scelta, viene riesaminata la rete dei concetti – dalla filosofia della prassi alla rivoluzione passiva, dall’egemonia al moderno Principe – che animano la sua revisione del marxismo, culminante in un inedito profilo del soggetto storico della nuova epoca. ------------
------------ “Edição nacional” dá forma a um “novo” Gramsci O século XXI parece demandar uma recepção mais complexa e sofisticada de Gramsci e, nesse sentido, dispensa tanto a fórmula “canônica” em seu tratamento quanto um relativismo interpretativo inconsequente. Alberto Aggio 9 de outubro de 2024Filosofia ------------- O lançamento do livro O Moderno Príncipe de Gramsci – Cosmopolitismo e Estado Nacional nos Cadernos do Cárcere, de Francesca Izzo, traz uma nova interpretação do pensamento gramsciano, especialmente no que diz respeito à relação entre economia global e política nacional. A autora destaca que Gramsci percebeu a contradição entre o cosmopolitismo da economia (a crescente interdependência econômica entre os países) e o nacionalismo da política (a permanência dos Estados-nação como atores centrais na política mundial). Esse dilema levou Gramsci a refletir sobre formas políticas inovadoras que pudessem lidar com essa nova realidade, marcada pelo enfraquecimento da soberania estatal tradicional. Um ponto interessante do estudo é a análise da substituição, nos Cadernos do Cárcere, do termo “internacionalismo” pelo conceito de “cosmopolitismo de novo tipo”. Essa mudança conceitual reflete a tentativa de Gramsci de reformular o marxismo para uma época em que a luta política já não se dava apenas dentro das fronteiras nacionais, mas também em um nível supranacional. Além disso, Izzo examina outros conceitos centrais no pensamento gramsciano, como: Filosofia da práxis – a ideia de que o pensamento deve estar diretamente ligado à ação política. Revolução passiva – mudanças políticas e sociais que ocorrem sem a participação ativa das massas. Hegemonia – o papel das ideias e da cultura na consolidação do poder. Moderno Príncipe – a necessidade de um partido ou organização capaz de liderar politicamente as massas, desempenhando o papel que Maquiavel atribuía ao príncipe. A obra sugere que Gramsci antecipou, ainda que de forma embrionária, um novo perfil de sujeito histórico, adequado à complexidade da política contemporânea. O estudo se mostra relevante para compreender os desafios da política global hoje, quando questões como soberania, identidades nacionais e governança supranacional continuam em disputa. Francesca Izzo, renomada filósofa e especialista no pensamento gramsciano, traz uma contribuição valiosa para o debate sobre a atualização das ideias de Gramsci na era do globalismo e da crise dos Estados-nação. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
--------------- Você disse: "domingo, 23 de fevereiro de 2025 Trump, Putin e a contrarreforma - Luiz Sérgio Henriques O Estado de S. Paulo Os totalitarismos se parecem: o ‘inimigo interno’ de stalinista linhagem ressurge indiferentemente no vocabulário do atual líder russo ou no do presidente dos EUA Coerente defensor da liberal-democracia – e menos lido do que ironizado por causa da antiga tese, de tom hegeliano, sobre o fim da História –, Francis Fukuyama alarmou-se com a vitória de Donald Trump. Seria como se os norte-americanos tivessem escolhido Vladimir Lenin, surpreendeu-se recentemente o filósofo. Não está aqui minimamente em questão a diferença de estatura entre Lenin e Trump. O primeiro, ao contrário de Stalin, era um político e intelectual de vocação ocidentalizante, sabedor das taras antidemocráticas do nacionalismo grão-russo. O segundo, um político de parcos recursos intelectuais e admirador declarado dos traços recessivos da cultura russa, personificados no aliado Vladimir Putin. A seu favor, um singular domínio de palco eletrônico, usado com perícia de entertainer. A aproximação entre o primeiro Vladimir e o Trump dos nossos dias residiria na natureza revolucionária (ou contrarrevolucionária) do empreendimento a que se lançaram, não obstante haja um século entre eles. Por via da insurreição e da tomada direta do palácio do poder, Lenin pôs em ação a tática da guerra de movimento, abandonando a guerra de posição – conceitos que a ciência política da época importava dos campos de batalha da Grande Guerra que assombrara os contemporâneos. De modo farsesco – mas nem tanto, se observarmos a assustadora movimentação em curso das placas tectônicas entre Estados e dentro de cada um deles –, Trump busca pôr em prática uma blitzkrieg contra as instituições liberais para promover, afinal, uma autocratização do sistema político. A consciência do fato expressa-se entre os apoiadores do novo presidente com extraordinária franqueza. Steve Bannon, equívoca expressão dos setores trumpistas radicalizados, frequentemente zomba da lentidão dos procedimentos da democracia representativa e até mesmo daquilo que seria seu “partido” mais importante – a imprensa tradicional. Contra tal lentidão, que se confunde com impotência, os novos revolucionários impiedosamente lançam avalanches de falsidade. É preciso, segundo o ideólogo, “inundar a área” diariamente com disparates, em velocidade comparável à de um projétil na saída da arma. A Terra é chata, como se sabe, e vacinas não funcionam nem mesmo por ocasião de pandemias. Há método no caos aparente – e também crueldade. A bravateada “revolução do senso comum” implica um generalizado recuo intelectual de grandes massas em sentido antiliberal e anti-iluminista. Ela também desfigura a percepção dos problemas reais, legitimando, por exemplo, a caça ao imigrante – no mínimo, um criminoso em potencial – e ao dissidente político. Os totalitarismos, de resto, se parecem: o “inimigo interno” de stalinista linhagem ressurge indiferentemente no vocabulário de Putin ou no de Trump. Tal inimigo deve ser neutralizado ou eliminado, incapaz como é de celebrar o “tempo da libertação”, proclamado pelos vitoriosos, e de compreender o impulso destrutivo implícito no revolucionarismo dos subversivos. Estes últimos, em qualquer de suas vertentes – a tradicionalista, a anarcocapitalista, a fundamentalista de mercado ou seja lá o que for –, têm agora um deep State a ser destruído, tal como outrora o aríete bolchevique devia deitar por terra a máquina burguesa de poder. As democracias liberais veem-se submetidas a uma pressão inédita. Trata-se, nas condições norte-americanas, menos de um lento processo corrosivo e mais de um assalto inédito, frontal e decisivo às liberdades fundamentais – pelo menos na intenção dos seus autores e na medida da fragilidade das oposições. A projeção externa de um tal Estado recupera determinações do velho imperialismo baseado na divisão do mundo em zonas de influência, na reivindicação explícita do “direito” à expansão territorial e na subjugação dos países mais fracos. Respeitadas as respectivas linhas de demarcação, as diferentes autocracias se dão as mãos e fazem desaparecer do sistema internacional as instituições que, bem ou mal, asseguraram uma ordem baseada em regras, por mais que tenha havido violações injustificadas. Duas guerras mundiais foram necessárias para estabelecer um avanço que parecia consolidado: o quase banimento das anexações territoriais. Asseguraram, ainda, uma frágil tensão entre a soberania dos Estados, antes absoluta, e a afirmação dos direitos humanos como proteção a indivíduos e a minorias perseguidos internamente. Agora, à intratável questão da Palestina estamos prestes a acrescentar uma Ucrânia cronicamente inviável, despedaçada pela Rússia, para nada falar dos dramas africanos que cobram um tributo comparativamente maior de vítimas, se é que tem sentido este tipo de contabilidade macabra. Um tempo de contrarreforma visa a fazer girar a roda da História – admitindo que exista – violentamente para trás. Nada determina que o intento fracasse total ou parcialmente, antes de cumprir o programa máximo. Por isso, o ataque às instituições liberal-democratas deve preocupar o conjunto da esquerda e dos progressistas. Com o legado iluminista não se brinca." _________________________________________________________________________________________________________ -------------
------------- opiniao_estadao #EspaçoAberto | Luiz Sérgio Henriques 'Trump, Putin e a contrarreforma - O ‘inimigo interno’ de stalinista linhagem ressurge indiferentemente no vocabulário do atual líder russo ou no do presidente dos EUA' https://estadao.com.br/opiniao/espaco-aberto/por-onde-anda-o-debate-publico/ 📸 AP Photo/Susan Walsh ------------- O artigo de Luiz Sérgio Henriques apresenta uma análise crítica sobre o avanço de tendências autoritárias no cenário global, destacando as figuras de Donald Trump e Vladimir Putin como símbolos de um movimento contrarrevolucionário contra as instituições liberais-democráticas. Principais Argumentos do Texto: A Similaridade Entre os Totalitarismos Henriques aponta que os regimes autoritários compartilham um elemento comum: a necessidade de um “inimigo interno”, conceito historicamente associado ao stalinismo. Tanto Putin quanto Trump utilizam essa retórica para mobilizar suas bases e justificar medidas autoritárias. Trump e a “Blitzkrieg” Contra a Democracia O autor traça um paralelo entre Lenin e Trump: ambos teriam promovido uma ruptura radical, ainda que em direções opostas. Lenin liderou uma revolução socialista; Trump busca a autocratização do sistema político norte-americano. Trump e seus aliados, como Steve Bannon, adotam uma estratégia de desinformação em massa, inundando o debate público com falsidades para desacreditar a imprensa tradicional e enfraquecer a democracia representativa. O Retrocesso Iluminista e o Ataque às Liberdades O fenômeno autoritário não se limita aos EUA e à Rússia, mas faz parte de um movimento global de reação antiliberal e anti-iluminista. O avanço desse novo autoritarismo implica ataques às minorias, perseguição política e desprezo pelas instituições democráticas. A Volta do Imperialismo e o Perigo para a Ordem Internacional Putin busca restaurar a lógica imperialista das zonas de influência, exemplificado pela invasão e desestabilização da Ucrânia. O autor alerta que a erosão das regras internacionais pode reverter conquistas históricas, como a condenação das anexações territoriais e a defesa dos direitos humanos. Conclusão: A Necessidade de Resistência Democrática Henriques encerra o texto com um alerta: o ataque às instituições liberais não deve ser subestimado. Se os progressistas não reagirem à altura, a História pode, de fato, retroceder, consolidando regimes autoritários que anulam as conquistas democráticas do século XX. A sua crítica ressoa com um dilema contemporâneo: como as democracias devem reagir ao avanço de regimes autocráticos e à manipulação da informação? ________________________________________________________________________________________________________ ---------------
---------------- "domingo, 23 de fevereiro de 2025 Um pouco de Marx para explicar as loucuras de Trump – Luiz Carlos Azedo Correio Braziliense Para modernizar a sua economia e enfrentar a China, o presidente dos Estados Unidos põe em xeque tudo o que obstrui suas intenções, inclusive a democracia e a ordem mundial O filósofo e historiador norte-americano Marshal Berman foi um pensador que perseguiu o humanismo ao longo de toda a sua obra, encerrada precocemente, em setembro de 2001, aos 72 anos. Em As Aventuras do Marxismo (Companhia das Letras), uma coletânea de artigos, alguns escritos após o fim do União Soviética, o autor refletia sobre o que ainda seria útil no pensamento de Karl Marx, ao qual dedicara boa parte de seus estudos, ao lado da interpretação da vida das cidades que mais amava: Paris, São Petersburgo e, sobretudo, Nova York. Berman estudou e lecionou em Oxford e em Harvard, que considerava universidades "intelectualmente excitantes, mas socialmente solitárias". Na década de 1960, mudou-se para a City University de Nova York, cidade onde nasceu e se tornou um dos principais impulsionadores da revista Dissent. Seu livro mais importante é Tudo que é Sólido Desmancha no Ar (Companhia de Bolso), lançado em 1982, sobre o que chamou de "aventura da modernidade". Esse título não é uma simples frase de efeito. Berman mostra a relação entre a reconfiguração produtiva do capitalismo e as mudanças de comportamento de homens e mulheres nas cidades que considera protagonistas da modernidade. São Petersburgo foi planejada e construída para ocidentalizar o Império Russo. Inspirou a reforma urbana de Paris, que influenciaria as reformas urbanas pelo mundo, inclusive as do Rio de Janeiro e de São Paulo, na década de 1920. No livro Um Século de Nova York (Companhia das Letras), Berman descreve a virada urbanística da megalópole ao longo dos 100 anos da Times Square. Seu olhar parte do cruzamento da Rua 42 com a Sétima Avenida, entre americanos e turistas, à sombra de arranha-céus e diante de um impressionante painel de outdoors, letreiros luminosos e anúncios eletrônicos. Avenidas, pessoas e signos, em ensaios que vão da agitação cultural da Broadway na década de 1930 ao poder financeiro das grandes corporações, tecem o caldeirão no qual nasceu o atual presidente dos Estados Unidos. Donald Trump recebeu de seu pai, Fred Trump, em 1971, o controle da The Trump Organization e construiu um império imobiliário. Se meteu em quase tudo, fez maus e bons negócios, sempre na fronteira sinuosa da transgressão. Foi dono do concurso Miss USA, figurante em filmes e séries de televisão e apresentador e produtor do reality show O Aprendiz (The Apprentice), que pavimentou a carreira eleitoral. Em junho de 2015, anunciou a candidatura à Presidência pelo Partido Republicano. Em maio de 2016, assumiu a Casa Branca. Herança de Reagan O slogan de campanha de Trump, Make America Great Again (Torne a América Grande Novamente), abreviado como MAGA, surgiu na campanha presidencial de Ronald Reagan de 1980. Foi usado por Trump nas eleições de 2016, em meio a acusações de interferência russa a favor de sua campanha, e nas eleições do 2024. A remissão ao passado no imaginário popular é uma caraterística universal do pensamento reacionário. Para modernizar a economia dos Estados Unidos e enfrentar a China, Trump atropela quase tudo que obstrui suas intenções: as leis americanas, as democracias representativas, a institucionalidade da economia mundial e os organismos multilaterais pós-Segunda Guerra Mundial. No dia da posse, 20 de janeiro, Trump assinou uma série de ordens executivas que viraram os EUA pelo avesso. Retirou-se da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Acordo de Paris; revogou o reconhecimento da ideologia de gênero; congelou novas regulamentações; demitiu servidores; criou o Departamento de Eficiência Governamental (entregue a Elon Musk) para reformar o Estado; removeu militares, investigadores e promotores que considera desafetos políticos; reclassificou Cuba como patrocinadora do terrorismo. Também revogou sanções contra colonos israelenses; anulou regulamentos sobre inteligência artificial; dissolveu a Força-Tarefa de Reunificação Familiar; anistiou aproximadamente 1,5 mil manifestantes que depredaram o Capitólio, em 6 de janeiro de 2022, para impedir a posse de Joe Biden; tentou acabar com a cidadania por nascimento; e declarou emergência nacional na fronteira com o México. Trump adotou tarifas de 25% sobre importações do Canadá, do México e do aço brasileiro. Anunciou a intenção de anexar o Canadá, comprar a Groenlândia, tomar de volta o Canal do Panamá, fazer um resort na Faixa de Gaza e dividir a Ucrânia com Putin. Fosse vivo ainda, Berman poderia começar a escrever o segundo volume de Tudo que é Sólido Desmancha no Ar, título retirado de uma passagem do famoso Manifesto do Partido Comunista (Boitempo), de 1848. Nele, Marx afirma que a burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, as relações de produção e, como isso, todas as relações sociais. "Dissolve todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de ideias secularmente veneradas; e as relações que as substituem tornam-se antiquadas antes de se ossificar. Tudo que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e os homens são obrigados finalmente a encarar com serenidade suas condições de existência e suas relações recíprocas", destaca. Mais atual, impossível." _________________________________________________________________________________________________________ --------------
-------------- O artigo de Luiz Carlos Azedo analisa a presidência de Donald Trump à luz do pensamento de Karl Marx e da obra do filósofo Marshal Berman. Ele destaca a forma como Trump, ao buscar modernizar a economia dos EUA e enfrentar a China, atropela leis, instituições democráticas e a ordem mundial. Principais Argumentos do Texto: Marshal Berman e a Modernidade em Colapso O autor resgata o pensamento de Berman, que analisou a relação entre o capitalismo e as mudanças urbanas e sociais. Inspirado na famosa frase do Manifesto Comunista – "Tudo que é sólido se desmancha no ar" –, Berman argumentava que o capitalismo transforma constantemente as estruturas sociais. Trump Como Produto do Capitalismo Americano Trump surgiu do mundo dos negócios imobiliários, reality shows e transgressões na fronteira da legalidade. Seu slogan Make America Great Again remete a Reagan e ao pensamento reacionário que idealiza um passado glorioso. A Estratégia de Trump: Ruptura e Reação No início de seu novo mandato, Trump tomou medidas radicais, incluindo: Rompimento com acordos internacionais (Acordo de Paris, OMS). Reformas drásticas no Estado (entrega da administração pública a Elon Musk). Anistia a radicais envolvidos na invasão do Capitólio. Políticas protecionistas agressivas contra Canadá, México e Brasil. Planos absurdos, como anexar o Canadá e dividir a Ucrânia com Putin. A Relevância de Marx na Análise de Trump O artigo sugere que Trump representa uma versão contemporânea da destruição criativa descrita por Marx. Suas ações são guiadas por uma lógica de ruptura total com as instituições estabelecidas, em favor de um novo modelo político e econômico. Conclusão: A Era do Caos Como Projeto Político Trump personifica uma nova fase do capitalismo, em que a destruição das normas democráticas e da ordem internacional se torna parte da estratégia de poder. O pensamento de Marx e de Berman ajuda a entender esse fenômeno, mostrando como as crises políticas e econômicas são parte do próprio funcionamento do sistema. A grande questão é: até que ponto a sociedade consegue suportar essa ruptura antes que algo novo – e potencialmente mais perigoso – tome seu lugar? _________________________________________________________________________________________________________ --------------
--------------- domingo, 23 de fevereiro de 2025 A traição americana - Lourival Sant’Anna O Estado de S. Paulo Ao dividir Ucrânia entre EUA e Rússia, Trump repete pacto entre Hitler e Stalin que dividiu Polônia Os movimentos de Donald Trump não podem ser entendidos da óptica convencional da geopolítica. As motivações comuns são o colonialismo mercantilista, a ideologia iliberal e nativista. Trump tentou impor a Volodmir Zelenski pagamento de US$ 500 bilhões e 50% de todas as receitas provenientes de minerais raros, gás, petróleo, portos e o resto da infraestrutura da Ucrânia. No Tratado de Versalhes, em 1919, os aliados impuseram à Alemanha reparação de guerra equivalente a 200% do PIB alemão. Os US$ 500 bilhões representam 264% do PIB ucraniano. A Alemanha foi a agressora na 1.ª Guerra. A Ucrânia é vítima da agressão russa. A ajuda americana à Ucrânia somou US$ 175 bilhões, dos quais US$ 75 bilhões, destinados à compra de armas americanas. Como fica claro no confisco de 50% por tempo ilimitado, não é reembolso, mas exploração colonial de um país fragilizado. Ao dividira Ucrânia entre EUA e Rússia, Trump repete o pacto secreto de 1939 entre Adolf Hitler e Josef Stalin, que dividiu a Polônia. Dois anos depois, Hitler ocupou o restante da Polônia e invadiu a URSS. Trump assume postura colonialista também ante o Canadá, Groenlândia, Panamá e Gaza. As sanções de Trump remetem à era mercantilista, quando exportar era proveitoso e importar, danoso. Isso é incompatível coma economia globalizada. Os produtos industriais dos EUA e dos outros países se aproveitam das importações de partes e componentes da cadeia de valor. Depois de eliminar taxa de US$ 9 sobre veículos na região central de Nova York, Trump publicou em sua rede Truth Social: “Longa vida ao rei”. A Casa Branca reproduziu a postagem no Twitter e Instagram, com imagem do presidente usando coroa de rei. Ele cultiva uma autoimagem imperial. A identificação de Trump com líderes autoritários também explica seus movimentos. Ele tem elogiado Xi Jinping e Vladimir Putin, buscando se aproximar de ambos, como fez em seu primeiro governo. O vice, J.D. Vance, discursou em Munique que a ameaça não são a China e a Rússia, mas o liberalismo europeu. Trump se recusa a defendera Europa, mas promete manter 10 mil soldados americanos na Polônia, cujo presidente, Andrzej Duda, é um nacionalista conservador. Depois da 2.ª Guerra, os EUA firmaram alianças com Europa, Japão e Coreia do Sul para não ter de enfrentar os inimigos em território americano. Ao abandonar aliados e se unira adversários, T rum panulaa confiabilidade dos EUA, trai seus interesses e a causa da liberdade." _________________________________________________________________________________________________________ -------------
-------------- Lourival Sant'Anna @lsantanna Fiz reportagens em 80 países, 15 coberturas de conflitos armados. Publiquei 4 livros, entre eles “Minha Guerra contra o Medo”. Mestre pela ECA/USP. JornalistaSão Paulo, Brasillourivalsantanna.com ------------- O artigo de Lourival Sant’Anna faz uma crítica contundente à política externa de Donald Trump, especialmente no que diz respeito à Ucrânia e às alianças internacionais dos Estados Unidos. Ele argumenta que Trump adota uma postura colonialista e mercantilista, rompendo com a tradição de defesa da liberdade e da democracia que marcou a política externa americana desde a Segunda Guerra Mundial. Principais Pontos do Artigo: A Ucrânia Como Moeda de Troca Trump teria tentado impor à Ucrânia um pagamento abusivo de US$ 500 bilhões e 50% de todas as receitas de minerais, gás, petróleo e infraestrutura. Comparação com as reparações impostas à Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, que foram de 200% do PIB alemão. A proposta de Trump representaria 264% do PIB ucraniano, um peso insustentável para um país já devastado pela guerra. Paralelo com o Pacto Hitler-Stalin (1939) Trump estaria repetindo a lógica do Pacto Molotov-Ribbentrop, em que Hitler e Stalin dividiram a Polônia. No caso atual, os EUA e a Rússia dividiriam a Ucrânia, deixando-a indefesa diante da influência russa. Sugestão de que Trump não vê a Ucrânia como um aliado, mas como um território a ser explorado. O Colonialismo Econômico de Trump As sanções econômicas de Trump se assemelham ao mercantilismo, visão ultrapassada em que exportações são sempre benéficas e importações, prejudiciais. Isso contrasta com a economia globalizada, onde cadeias de valor internacionais dependem de importações de insumos. A Autoimagem Imperial de Trump Trump eliminou uma taxa sobre veículos em Nova York e, em seguida, publicou na Truth Social: “Longa vida ao rei”. A Casa Branca compartilhou a postagem com uma imagem de Trump usando uma coroa de rei, reforçando seu culto à personalidade. Alinhamento com Ditadores e Desprezo pela Europa Trump mantém boas relações com Xi Jinping e Vladimir Putin, afastando-se dos aliados históricos dos EUA. Seu vice, J.D. Vance, declarou na Conferência de Munique que o verdadeiro inimigo dos EUA não é China ou Rússia, mas o liberalismo europeu. Trump se recusa a defender a Europa, mas promete manter 10 mil soldados na Polônia, governada pelo ultraconservador Andrzej Duda. A Traição Americana Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA se aliaram à Europa, Japão e Coreia do Sul para evitar que inimigos chegassem ao seu território. Trump rompe com essa estratégia ao abandonar aliados e se aproximar de adversários, minando a confiabilidade dos EUA no cenário global. Conclusão: Trump Como um Risco Global O artigo sugere que Trump não apenas enfraquece a posição dos EUA no mundo, mas também desestabiliza a ordem internacional, favorecendo ditaduras e adotando políticas econômicas retrógradas. Seu desprezo pelos aliados tradicionais e sua identificação com líderes autoritários tornam os Estados Unidos um país menos confiável e mais isolado. A grande questão que fica é: se os EUA abandonam seus aliados e minam as instituições internacionais, quem preencherá esse vácuo de poder? _________________________________________________________________________________________________________ --------------- ----------------- Cadeias de Markov: Periodicidade - Proc. Estocásticos IPRJ Aula 7 Parte 4 SEM EDIÇÃO ------------- Ricardo Fabbri 10 de nov. de 2020 ESTE VÍDEO CONTËM MATERIAL PRELIMINAR EM FASE DE EDIÇÃO Períodos de cadeias de markov, Cadeias periódicas e aperiódicas. Exemplo de classes de comunicação, seus períodos e se os estados são transientes. PDF das aulas de Cadeia de Markov a Longo Prazo (capítulo 3 do Dobrow) https://drive.google.com/file/d/1FVCb... Instituto Politécnico IPRJ / UERJ www.iprj.uerj.br prof. Ricardo Fabbri Playlist: • Processos Estocásticos: Curso com apl... _________________________________________________________________________________________________________ ------------ Título: Das Cadeias de Markov às Correntes da História: Entre Memória Curta e Longa na Política Contemporânea Epígrafe: "Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado." — George Orwell, 1984 Citação Sintética Conectada: "A política não se resume a eventos isolados, mas à continuidade histórica que os molda e os reconfigura." Sugestão de Ilustração Gráfica: Uma representação visual de uma Cadeia de Markov, com setas conectando estados sucessivos, contraposta a uma linha do tempo histórica mais ampla, evidenciando a diferença entre um modelo de memória curta e uma abordagem contextualizada dos eventos políticos. Sugestão de Charge: Uma charge representando líderes políticos (como Trump, Putin e outros) olhando apenas para o evento imediatamente anterior enquanto ignoram um grande painel histórico ao fundo, simbolizando a limitação da "memória curta" em suas ações e discursos. Resumo O conceito de Cadeia de Markov, caracterizado por sua "memória curta", oferece um paralelo intrigante para analisar diferentes abordagens políticas e históricas. Enquanto esse modelo matemático sugere que cada estado de um sistema depende exclusivamente do estado imediatamente anterior, as análises políticas aprofundadas — como as de Marco Aurélio Nogueira, Francesca Izzo, Luiz Sérgio Henriques, Luiz Carlos Azedo e Lourival Sant’Anna — demonstram a importância de revisitar contextos mais amplos para compreender a dinâmica do presente. No artigo de Marco Aurélio Nogueira, a reflexão sobre o debate público enfatiza a necessidade de recuperar marcos históricos para evitar discursos fragmentados e superficiais. Já em O Moderno Príncipe de Gramsci, Francesca Izzo aponta como a política deve ser compreendida a partir de processos históricos contínuos, rejeitando leituras que isolam eventos de sua trajetória. Luiz Sérgio Henriques, ao analisar as interações entre Trump e Putin, mostra como a política atual é moldada por padrões históricos e ideológicos que vão além de decisões individuais imediatas. Da mesma forma, Luiz Carlos Azedo usa Karl Marx para explicar os movimentos de Trump, demonstrando que a economia e a política funcionam em um fluxo histórico, e não como uma série de eventos desconectados. Por fim, Lourival Sant’Anna traça um paralelo entre as ações de Trump e o Pacto Hitler-Stalin, reforçando que a história não pode ser ignorada ao interpretar eventos contemporâneos. Gonet, ao rejeitar uma abordagem "markoviana" em sua análise, demonstra que compreender o presente exige olhar para o passado com profundidade. Essa lição se estende à geopolítica, onde a ilusão de decisões isoladas e de curto prazo pode levar a erros estratégicos catastróficos. Conclusão A política e a história não podem ser reduzidas a transições lineares e imediatas, como sugeriria uma Cadeia de Markov. Governantes e analistas que ignoram a profundidade dos processos históricos correm o risco de repetir erros do passado e perder a capacidade de antecipar os desdobramentos futuros. A crise do debate público, as alianças estratégicas e as reformas globais devem ser analisadas em perspectiva, sob o risco de cairmos em narrativas simplistas que não dão conta da complexidade do mundo contemporâneo. Como bem ilustrado pelos artigos analisados, compreender a política exige enxergar além do último estado — requer a construção de uma narrativa histórica que conecte o presente ao passado para projetar o futuro. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
------------ Modelos ocultos de Markov como usar modelos ocultos de Markov para previsao de investimentos ----------- ANEXO: Título: Das Cadeias de Markov às Correntes da História: Entre Memória Curta e Longa na Política Contemporânea Epígrafe: "Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo." — George Santayana Citação Sintética Conectada: "A política não se resume a eventos isolados, mas à continuidade histórica que os molda e os redefine." Sugestão de Ilustração Gráfica: Uma representação visual de uma cadeia de Markov pode ser encontrada no artigo da Wikipédia sobre o tema: Wikipedia . Sugestão de Charge: Uma coletânea de charges políticas que exploram a memória histórica está disponível no portal da Universidade Federal de Juiz de Fora: UFJF . Resumo: Este artigo explora a distinção entre abordagens analíticas de "memória curta", exemplificadas pelas Cadeias de Markov, e perspectivas de "memória longa", que consideram contextos históricos mais amplos. A discussão é contextualizada na política contemporânea, analisando como líderes como Donald Trump utilizam narrativas que ora se baseiam em eventos imediatos, ora recorrem a revisitações históricas para justificar ações presentes. A reflexão é enriquecida por análises de autores como Marco Aurélio Nogueira, Luiz Sérgio Henriques, Luiz Carlos Azedo e Lourival Sant’Anna, que oferecem insights sobre a interseção entre eventos históricos e decisões políticas atuais. Conclusão: A compreensão da política contemporânea requer uma análise que transcenda a sequência linear de eventos imediatos, incorporando uma perspectiva histórica que ilumine as raízes e as ramificações das ações presentes. Ao contrastar a simplicidade das Cadeias de Markov com a complexidade das correntes históricas, reconhecemos a importância de uma abordagem analítica que valorize tanto o contexto imediato quanto as influências históricas de longo prazo. Fontes _________________________________________________________________________________________________________ ---------
----------- Power politics : the definitive study of international relations by Wight, Martin _________________________________________________________________________________________________________ ---------
---------- MARTIN WIGHT A POLÍTICA DO PODER A Política do Poder é um livro de Martin Wight, considerado um dos fundadores da Escola Inglesa de Relações Internacionais. A obra está incluída na coleção Clássicos IPRI, da Editora UnB.

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