quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

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A inversão do poder ---------- ----------- Teresa Cristina - Positivismo (Ao Vivo) A intriga nasce num café pequeno Que se toma pra ver quem vai pagar Para não sentir mais o teu veneno Foi que eu já resolvi me envenenar ---------
----------- Esse artigo de Roberto DaMatta trata da ideia de inversão como um fenômeno presente em diversos aspectos da vida social, política e cultural. Ele ilustra essa ideia com exemplos do cotidiano, como vestir uma roupa pelo avesso, e com situações mais profundas, como a hospitalização de um idoso e a dinâmica dos ritos sociais. A análise se amplia para o campo político, discutindo como líderes como Donald Trump operam inversões de valores e trocas sociais, desestabilizando equilíbrios tradicionais. No Brasil, DaMatta aponta a contradição de políticos que enriquecem enquanto afirmam agir em nome dos pobres. O texto sugere que essas inversões podem ser tanto destrutivas quanto transformadoras, dependendo do contexto e da forma como são usadas. A crítica final denuncia a hipocrisia da elite política brasileira e alerta para os perigos do isolamento e da brutalidade num mundo interconectado. ----------
----------- quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025 O poder da Inversão – Roberto DaMatta O Globo Brutalidade promove regressão ao isolamento num planeta interligado, que sofre os efeitos da hiperconectividade Se você acha que o tema é pedante — afinal, sou cancelado em alguns lugares —, experimente vestir uma roupa pelo avesso. Faça como eu, que vesti uma suéter pelo avesso nos Estados Unidos, país onde o mind your own business (cuide-se e não me encha o saco!) é dominante, e um colega que jamais me dera um humilde “bom-dia” parou-me no corredor para a advertir-me que eu estava com a veste pelo avesso! — Você deve estar só... — disse em seguida, com voz tranquilizadora porque sabia o que significava estar sem o outro que nos ama, ajuda e desentorta... O pai de um amigo foi internado com ataque cardíaco. Aos 88 anos, ele sofre de Alzheimer e foi socorrido num hospital público desenhado para mal atender pobre e preto. Depois dos rituais que Erving Goffman chamou de degradação e despersonalização, ficou ansioso e agressivo. Quando arrancou os acessos colocados em seus braços e tentou fugir, pois imaginou que havia sido preso, foi preciso amarrá-lo na cama — o que, obviamente, confirmou sua fantasia. Fantasia que se explicava porque a internação é uma poderosa inversão. Exige o controle e a neutralização dos elos emocionais rotineiros, produzindo o mesmo sentimento de vestir uma roupa pelo avesso. Não é banal substituir pessoas amadas por médicos e enfermeiros impessoais, que olham a doença mais que o doente, numa — reitero — poderosa inversão. A doença, como certos rituais de passagem, nos leva a um comportamento invertido. Agitadíssimo, o pai de meu amigo ficou por três dias na emergência tentando escapar e dando imenso “trabalho” à mulher e aos filhos. Mas, quando sua única filha veio substituir os irmãos, ela promoveu um drama e apaziguou as aflições do pai que se considerava prisioneiro. A moça não usou remédio ou oração. Usou um poderoso mecanismo ritual que sociólogos comparativos como Goffman, Turner e Lévi-Strauss conhecem e estudam: a inversão que usa o isolamento obrigatório como agente de mudança, cura e transformação. Assim que chegou ao quarto, a filha comunicou ao aflito pai que ela — e não ele — era a doente aprisionada e ele o livre visitante! — Veja, papai. Estou amarrada depois do tombo que tomei. Sou grata por ter você ao meu lado, cuidando de mim... O poder dos avessos — triviais nos ritos de passagem e nos cerimoniais de reversão político-social como o carnaval, conforme estudei em meu livro “Carnavais, malandros e heróis”, de 1979 — serve como solução para estados de angústia ou perigo, como revelam a literatura, o drama e os ritos. Assim foi a noite dessa família aqui em Niterói. O mundo, entretanto, treme com as inversões de Donald Trump. Como um poderoso bruxo autocrático ranzinza, ele focaliza o lado perigoso e ambíguo das trocas. Pois, como revelou Marcel Mauss, trocar implica três, e não apenas as duas fases de dar e receber. Na reciprocidade de que tanto se fala sem saber, trocas de todo tipo implicam dar, receber e retribuir. Essa é a base da solidariedade que, paradoxalmente, nos obriga a retribuir os favores e obséquios que formam as cordas mais profundas da vida social. Dar, receber e retribuir com justiça constituem o cerne das sociabilidades e dessas misteriosas imposições do todo sobre as partes; da moralidade, do bem-estar e daquilo que chamamos de paz sobre a ansiedade, o primitivismo e a arrogância. Esses valores têm caracterizado as ações do presidente americano. A brutalidade irmã de sangue da burrice, prima da ignorância e mãe do narcisismo promove a regressão ao isolamento num planeta interligado que sofre os efeitos da hiperconectividade. Brincar de transformar comércio em guerra acaba em guerra. No nosso Brasil, que os políticos e juristas recriam dia a dia, a maior, a mais visível e a mais rotineira inversão é ficar rico, poderoso, isento de cumprir leis, dedicando-se ao santificado projeto político de cuidar dos pobres. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
---------- "O verdadeiro poder não reside apenas em quem governa, mas na capacidade de influenciar quem governa." ---------- A história do poder político é marcada por ciclos de centralização e descentralização, nos quais a autoridade se reorganiza em novas formas institucionais. Segundo Bobbio (2000, p. 66), o conceito de Estado, enquanto máxima organização de um grupo sobre um território, evoluiu de termos como civitas e res publica para a acepção moderna consolidada a partir de Maquiavel. Essa transformação reflete mudanças na própria estrutura do poder, que ora se concentra em um governo centralizado, ora se dispersa em dinâmicas mais pluralistas. Assim, a inversão do poder pode ser compreendida não apenas como uma ruptura momentânea, mas como parte do fluxo contínuo de reorganização das instituições políticas ao longo do tempo. ----------- Resumo O artigo analisa a sequência dos mandatos presidenciais no Brasil, explorando a relação entre os governos Lula e Dilma e refletindo sobre a possibilidade de um segundo mandato de Bolsonaro em 2026. Questiona-se se o terceiro governo de Lula seria uma continuidade das gestões de Dilma ou se possui uma identidade própria. Além disso, considera-se a hipótese de um novo mandato de Bolsonaro (Bolsa 2), contrastando suas políticas com as do atual governo. A comparação entre Lula 3 e um possível Bolsonaro 2 varia conforme a perspectiva adotada: continuidade do projeto petista versus uma alternativa política oposta. Análise O artigo examina os ciclos políticos recentes no Brasil, destacando continuidades e rupturas entre os governos. A relação entre Lula 3 e os mandatos de Dilma pode ser interpretada como uma continuidade administrativa ou como um ajuste estratégico dentro do PT. A possibilidade de um Bolsa 2 em 2026 reforça a perspectiva de alternância de poder, evidenciando que a disputa entre Lula e Bolsonaro ainda define o cenário político. Embora sejam ideologicamente opostos, a comparação entre seus governos pode ser útil para entender a dinâmica eleitoral e os desafios da governabilidade no Brasil. Lula 3 é Dilma 1 ou Dilma 2? Bolsa 2 seria Lula 3? Ao organizar os mandatos presidenciais recentes no Brasil, é possível traçar continuidades e rupturas entre os governos: Lula 1 → 2003-2006 Lula 2 → 2007-2010 Dilma 1 → 2011-2014 Dilma 2 → 2015-2016 (interrompido pelo impeachment) Temer (interino e depois presidente) → 2016-2018 Bolsonaro (Bolsa 1?) → 2019-2022 Lula 3 → 2023-atualmente A relação entre Lula 3 e os mandatos de Dilma depende do ângulo de análise: Continuidade política: Lula 3 pode ser visto como uma extensão dos governos Dilma, pois mantém a base política do PT e resgata algumas diretrizes econômicas e sociais. Identidade própria: Por outro lado, Lula 3 também pode ser interpretado como um governo distinto, ajustando estratégias e alianças conforme o novo contexto político. Quanto à ideia de um Bolsa 2 (Bolsonaro 2), essa possibilidade ainda não se concretizou. Caso Bolsonaro dispute e vença em 2026, a comparação com Lula 3 dependeria do foco da análise: ideologicamente, seriam opostos, mas eleitoralmente, ambos representariam a disputa contínua entre duas visões de país. _________________________________________________________________________________________________________
--------- Resumo O artigo de Malu Gaspar analisa a influência das recentes ações de Donald Trump na política brasileira, especialmente no bolsonarismo. O foco está na ofensiva contra a Usaid (Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional), que Trump considera um desperdício de dinheiro público. No Brasil, apoiadores de Bolsonaro associam a Usaid a um suposto favorecimento da eleição de Lula em 2022, alegando que a agência financiou iniciativas contra desinformação que prejudicaram Bolsonaro. O tema se entrelaça com a mobilização bolsonarista para aprovar uma anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e, futuramente, ao próprio Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro esteve nos EUA discutindo o assunto com parlamentares republicanos, e figuras como Elon Musk amplificaram essa narrativa. Enquanto isso, o governo Lula adota uma postura cautelosa, esperando que o avanço da investigação do STF contra Bolsonaro enfraqueça o movimento pró-anistia. Análise O texto destaca como a direita brasileira utiliza a "operação Usaid" para fortalecer a narrativa de que Bolsonaro foi alvo de interferência externa e perseguição política. A estratégia visa consolidar apoio para anistiar aliados e, eventualmente, o ex-presidente. A reação do governo Lula é descrita como passiva, confiando no andamento jurídico do caso para neutralizar a ofensiva bolsonarista. Independentemente de posicionamentos políticos, a situação revela o impacto de movimentos externos na política nacional e a importância das narrativas no jogo político. O desfecho dependerá do avanço das investigações contra Bolsonaro e da capacidade da oposição de manter o discurso de perseguição mobilizado. https://gilvanmelo.blogspot.com/2025/02/malu-gaspar-o-efeito-trump-e-anistia.html#more _________________________________________________________________________________________________________ -----------
---------- Resumo O artigo aborda as críticas do presidente Lula ao Ibama devido à demora na autorização para que a Petrobras perfure poços na Margem Equatorial da Amazônia, no litoral do Amapá. Lula classificou a postura do órgão como um “lenga-lenga” e sugeriu que parece atuar contra o próprio governo. A questão gerou desconforto dentro do governo, principalmente para o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro Márcio França e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, à qual o Ibama está subordinado. O impasse reflete um conflito entre o interesse econômico e preocupações ambientais. Enquanto o Ibama aponta lacunas nos estudos de impacto ambiental e defende mais garantias para evitar desastres, setores do governo e aliados, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pressionam pela liberação da exploração, alegando que isso pode impulsionar a economia local e financiar a transição energética. Ambientalistas e comunidades locais alertam para os riscos ecológicos, enquanto a Petrobras argumenta que seguirá protocolos de segurança. A decisão final ainda depende de mais análises técnicas e negociações. Análise O episódio reflete um dilema recorrente entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Lula busca equilibrar os interesses do setor energético com sua imagem de defensor do meio ambiente, mas sua postura mais pragmática pode gerar atritos dentro do governo, especialmente com Marina Silva, conhecida por sua posição rígida em temas ambientais. O caso também evidencia disputas políticas e econômicas. De um lado, há uma forte pressão por exploração de petróleo como forma de gerar empregos e arrecadação, especialmente em regiões carentes. De outro, há preocupações legítimas com os impactos ambientais e a credibilidade internacional do Brasil na agenda climática. A decisão final dependerá do peso que cada um desses fatores terá dentro do governo e das negociações entre os diferentes grupos envolvidos. https://gilvanmelo.blogspot.com/2025/02/lula-critica-ibama-e-constrange-alckmin.html _________________________________________________________________________________________________________ -----------
---------- quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025 Reforma é o desempate entre Rui Costa e Haddad - Maria Cristina Fernandes --------- Valor Econômico O batismo de 2025 foi dado por um egresso da finada frente ampla: “Temos nos ocupado muito com renda e emprego mas, no fundo, as pessoas só se preocupam com a inflação” Resumo O artigo analisa a disputa de influência entre Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) dentro do governo Lula, com a inflação como fator decisivo no embate. O texto destaca que Lula não seguiu o ajuste fiscal pretendido por Haddad, o que o enfraqueceu politicamente, mas a alta da inflação reforçou sua importância. Rui Costa, por outro lado, tem emplacado teses estratégicas no governo e fortalecido sua posição, influenciando decisões como mudanças na comunicação e na articulação política. O artigo também discute a resistência do Congresso a cortes de gastos e a reforma ministerial, que não garante fidelidade política a Lula em 2026. Além disso, menciona desafios econômicos, como o choque de crédito dos bancos públicos e os impactos de possíveis retaliações comerciais dos EUA sob Trump, que podem aumentar a inflação e gerar instabilidade política. Análise A disputa entre Rui Costa e Haddad reflete um dilema clássico entre pragmatismo político e responsabilidade fiscal. O governo enfrenta dificuldades para equilibrar a necessidade de gastos sociais com o controle da inflação, um fator crucial para a popularidade de Lula. Haddad, mesmo tecnicamente embasado, enfrenta resistência interna e externa, enquanto Rui Costa fortalece sua posição ao articular interesses políticos e econômicos. O Congresso, por sua vez, mostra pouca disposição para cortes orçamentários, o que agrava o desafio do governo. A relação do Brasil com os EUA também surge como um ponto de atenção, já que respostas impulsivas a medidas protecionistas de Trump podem ter consequências negativas tanto econômicas quanto políticas. https://gilvanmelo.blogspot.com/2025/02/reforma-e-o-desempate-entre-rui-costa-e.html _________________________________________________________________________________________________________ ------------- ------------- Speech: “To be, or not to be, that is the question” By William Shakespeare (from Hamlet, spoken by Hamlet) To be, or not to be, that is the question: Whether 'tis nobler in the mind to suffer The slings and arrows of outrageous fortune, Or to take arms against a sea of troubles And by opposing end them. To die—to sleep, No more; and by a sleep to say we end The heart-ache and the thousand natural shocks That flesh is heir to: 'tis a consummation Devoutly to be wish'd. To die, to sleep; To sleep, perchance to dream—ay, there's the rub: For in that sleep of death what dreams may come, When we have shuffled off this mortal coil, Must give us pause—there's the respect That makes calamity of so long life. For who would bear the whips and scorns of time, Th'oppressor's wrong, the proud man's contumely, The pangs of dispriz'd love, the law's delay, The insolence of office, and the spurns That patient merit of th'unworthy takes, When he himself might his quietus make With a bare bodkin? Who would fardels bear, To grunt and sweat under a weary life, But that the dread of something after death, The undiscovere'd country, from whose bourn No traveller returns, puzzles the will, And makes us rather bear those ills we have Than fly to others that we know not of? Thus conscience doth make cowards of us all, And thus the native hue of resolution Is sicklied o'er with the pale cast of thought, And enterprises of great pith and moment With this regard their currents turn awry And lose the name of action. ------------ Ser não ser é como não ser ser. Esta é a negação. ------------
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--------- No Brasil, foi adotado #etarismo, derivado da palavra “etário” que vem do latim ‘aetas’, idade. ----------- Avelhado Aos 65 anos, em 1890—um ano após sua destituição política e um ano antes de sua morte natural—, o último rei do Brasil já não poderia enfrentar o etarismo sectário. Relativamente, em 1890, era mais velho do que sua contraparte de 2025, no mesmo Brasil que já não era o que nunca chegou a ser. ----------
----------- Etarismo aumenta a cada ano que a pessoa envelhece, tendo consequências psicológicas • Claudia van Zyl/Unsplash Ouvir notícia https://www.dicio.com.br/avelhentado/ https://dicionario.priberam.org/avelhentado ---------
----------- Luís XVI, o rei guilhotinado que deu fim aos mais de mil anos de monarquia francesa contínua Alvo de uma das execuções mais memoráveis da história da humanidade, o fim do marido de Maria Antonieta causa debate Raphaela de Campos Mello Publicado em 19/02/2023, às 13h00 - Atualizado em 23/03/2023, às 18h02 _________________________________________________________________________________________________________ ----------- Positivismo Noel Rosa A verdade, meu amor, mora num poço É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz Que também faleceu por ter pescoço O autor da guilhotina de Paris A verdade, meu amor, mora num poço É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz Que também faleceu por ter pescoço O infeliz autor da guilhotina de Paris Vai, orgulhosa, querida Mas aceita esta lição: No câmbio incerto da vida A libra sempre é o coração O amor vem por princípio, a ordem por base O progresso é que deve vir por fim Desprezaste esta lei de Augusto Comte E foste ser feliz longe de mim O amor vem por princípio, a ordem por base O progresso é que deve vir por fim Desprezaste esta lei de Augusto Comte E foste ser feliz longe de mim Vai, coração que não vibra Com teu juro exorbitante Transformar mais outra libra Em dívida flutuante A intriga nasce num café pequeno Que se toma pra ver quem vai pagar Para não sentir mais o teu veneno Foi que eu já resolvi me envenenar Composição: Noel Rosa / Orestes Barbosa.

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