sexta-feira, 10 de novembro de 2023

AMANDA 1

10 DE NOVEMBRO DE 1937 -------- ---------- Amanda Taiguara ------------- Amanda, vencido em meu castigo Eu trago a paz comigo, de volta pra ficar... Amanda, recolhe meus pedaços Me acolhe nos teus braços Tome o espaço dessa dor no teu lugar.... Amanda, perdi pela viagem, as forças a coragem, A imagem do que eu sou, E o que eu sou? O que escondeu a única verdade, o que perdeu a última metade, Amanda o que partiu e desertou... Te amando, vou esquecer a inútil liberdade Que eu sonhei ter nas luzes da cidade, Amanda... Vou te enfeitar de tanto amor... Te amando,te amando, vou esquecer a inútil liberdade Que eu sonhei ter nas luzes da cidade, Amanda... Vou te enfeitar de amor... Remover anúncios Composição: Taiguara. __________________________________________________________________________________ ------------ __________________________________________________________________________________ TIÃO - Diga a ele que vai ser assim. Não foi por covardia e não me arrependo de nada. Até um dia. (Encaminha-se para a porta.) OTÁVIO (dirigindo-se ao quarto dos fundos) - Tua mãe, talvez, vai querer falar contigo. .. Até um dia! (Tião pega uma sacola que deve estar debaixo de um móvel e coloca seus objetos. Camisas que estão entre as trouxas de roupa, escova de dentes, etc.) ROMANA (entrando) - Te mandou embora mesmo, não é? TIÃO - Mandou! ROMANA - Eu digo que vocês todos estão com a cabeça virada! TIÃO- Não foi por covardia e não me arrependo! ROMANA - Eu sei. Tu é teimoso... e é um bom rapaz. E depois? TIÃO - Depois o quê? ROMANA - O que tu vai fazer? __________________________________________________________________________________ --------- ------------ ___________________________________________________________________________________ Vou me perder Pela cidade Até um dia, até talvez Até quem sabe ___________________________________________________________________________________ -------- Até Quem Sabe Emílio Santiago Até um dia, até talvez Até quem sabe Até você sem fantasia Sem mais saudade Agora a gente Tão de repente Nem mais se entende Nem mais pretende Seguir fingindo Seguir seguindo Agora vou pra onde for Sem mais você Sem me querer Sem mesmo ser Sem me entender Vou me beber Vou me perder Pela cidade Até um dia, até talvez Até quem sabe Composição: João Donato. ____________________________________________________________________________________________ ------------
-------------- E Então, Que Quereis...? João Bosco ---------- Fiz ranger as folhas de jornal Abrindo-lhes as pálpebras piscantes. E logo De cada fronteira distante Subiu um cheiro de pólvora Perseguindo-me até em casa. Nestes últimos vinte anos Nada de novo há No rugir das tempestades Não estamos alegres, É certo, Mas também por que razão Haveríamos de ficar tristes? O mar da história É agitado. As ameaças E as guerras Havemos de atravessá-las. Rompê-las ao meio, Cortando-as Como uma quilha corta As ondas Composição: João Bosco / Emilio C. Guerra / Aldir Blac / Vladimir Maiakovski. _______________________________________________________________________________________ ------------
---------- “Falando à Nação”: Discurso de Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, ao implantar o Estado Novo Publicado em 10 novembro 2017por Redação 23380292_1301637449941719_5116636866302411532_n À NAÇÃO: O homem de Estado, quando as circunstâncias impõem uma decisão excepcional, de amplas repercussões e profundos efeitos na vida do País, acima das deliberações ordinárias da atividade governamental, não pode fugir ao dever de tomá-la, assumindo, perante a sua consciência e a consciência dos seus concidadãos, as responsabilidades inerentes à alta função que lhe foi delegada pela confiança Nacional. A investidura na suprema direção dos negócios públicos não envolve, apenas, a obrigação de cuidar e prover as necessidades imediatas e comuns da administração. As exigências do momento histórico e as solicitações do interesse coletivo reclamam, por vezes, imperiosamente, a adoção de medidas que afetam os pressupostos e convenções do regime, os próprios quadros institucionais, os processos e métodos de governo. Por certo, essa situação especialíssima só se caracteriza sob aspectos graves e decisivos nos períodos de profunda perturbação política, econômica e social. A contingência de tal ordem chegamos, infelizmente, como resultante de acontecimentos conhecidos, estranhos à ação governamental, que não os provocou nem dispunha de meios adequados para evitá-los ou remover-lhes as funestas conseqüências. Oriundo de um movimento revolucionário de amplitude nacional e mantido pelo poder constituinte da Nação, o Governo continuou, no período legal, a tarefa encetada de restauração econômica e financeira e, fiel às convenções do regime, procurou criar, pelo alheamento às competições partidárias, uma atmosfera de serenidade e confiança, propícia ao desenvolvimento das instituições democráticas. Enquanto assim procedia, na esfera estritamente política, aperfeiçoava a obra de justiça social a que se votara desde o seu advento, pondo em prática um programa isento de perturbações e capaz de atender às justas reivindicações das classes trabalhadoras, de preferência as concernentes às garantias elementares de estabilidade e segurança econômica, sem as quais não pode o indivíduo tornar-se útil à coletividade e compartilhar dos benefícios da civilização. Contrastando com as diretrizes governamentais, inspiradas sempre no sentido construtivo e propulsor das atividades gerais, os quadros políticos permaneciam adstritos aos simples processos de aliciamento eleitoral. Tanto os velhos partidos como os novos, em que os velhos se transformaram sob novos rótulos, nada exprimiam ideologicamente, mantendo-se à sombra de ambições pessoais ou de predomínios localistas, a serviço de grupos empenhados na partilha dos despojos e nas combinações oportunistas em torno de objetivos subalternos. A verdadeira função dos partidos políticos, que consiste em dar expressão e reduzir a princípios de governo as aspirações e necessidades coletivas, orientando e disciplinando as correntes de opinião, essa, de há muito, não a exercem os nossos agrupamentos partidários tradicionais. O fato é sobremodo sintomático se lembrarmos que da sua atividade depende o bom funcionamento de todo sistema baseado na livre concorrência de opiniões e interesses. Para comprovar a pobreza e desorganização da nossa vida política, nos moldes em que se vem processando, aí está o problema da sucessão presidencial, transformado em irrisória competição de grupos, obrigados a operar pelo suborno e pelas promessas demagógicas, diante do completo desinteresse e total indiferença das forças vivas da Nação. Chefes de governos locais, capitaneando desassossegos e oportunismo, transformaram-se, de um dia para outro, à revelia da vontade popular, em centros de decisão política, cada qual decretando uma candidatura, como se a vida do País, na sua significação coletiva, fosse simples convencionalismo, destinado a legitimar as ambições do caudilhismo provinciano. Nos períodos de crise, como o que atravessamos, a democracia de partidos, em lugar de oferecer segura oportunidade de crescimento e de progresso, dentro das garantias essenciais à vida e à condição humana, subverte a hierarquia, ameaça a unidade pátria e põe em perigo a existência da Nação, extremando as competições e acendendo o facho da discórdia civil. Acresce, ainda, notar que, alarmados pela atoarda dos agitadores profissionais e diante da complexidade da luta política, os homens que não vivem dela mas do seu trabalho deixam os partidos entregues aos que vivem deles, abstendo-se de participar de vida pública, que só poderia beneficiar-se com a intervenção dos elementos de ordem e de ação construtora. O sufrágio universal passa, sim, a ser instrumento dos mais audazes e máscara que mal dissimula o conluio dos apetites pessoais e de corrilhos. Resulta daí não ser a economia nacional organizada que influi ou prepondera nas decisões governamentais, mas as forças econômicas de caráter privado, insinuadas no poder e dele se servindo em prejuízo dos legítimos interesses da comunidade. Quando os partidos tinham objetivos de caráter meramente político, com a extensão de franquias constitucionais e reivindicações semelhantes, as suas agitações ainda podiam processar-se à superfície da vida social, sem perturbar as atividades do trabalho e da produção. Hoje, porém, quando a influência e o controle do Estado sobre a economia tendem a crescer, a competição política tem por objetivo o domínio das forças econômicas, e a perspectiva da luta civil, que espia, a todo momento, os regimes dependentes das flutuações partidárias, é substituída pela perspectiva incomparavelmente mais sombria da luta de classes. Em tais circunstâncias, a capacidade de resistência do regime desaparece e a disputa pacífica das urnas é transportada para o campo da turbulência agressiva e dos choques armados. É dessa situação perigosa que nos vamos aproximando. A inércia do quadro político tradicional e a degenerescência dos partidos em clãs faciosos são fatores que levam, necessariamente, a armar o problema político, não em termos democráticos, mas em termos de violência e de guerra social. Os preparativos eleitorais foram substituídos, em alguns Estados, pelos preparativos militares, agravando os prejuízos que já vinha sofrendo a Nação, em conseqüência da incerteza e instabilidade criadas pela agitação facciosa. O caudilhismo regional, dissimulado sob aparências de organização partidária, armava-se para impor à Nação as suas decisões, constituindo-se, assim, em ameaça ostensiva à unidade nacional. Por outro lado, as novas formações partidárias surgidas em todo o mundo, por sua própria natureza refratárias aos processos democráticos, oferecem perigo imediato para as instituições, exigindo, de maneira urgente e proporcional à virulência dos antagonismos, o reforço do poder central. Isso mesmo já se evidenciou por ocasião do golpe extremista de 1935, quando o Poder Legislativo foi compelido a emendar a Constituição e a instituir o estado de guerra, que, depois de vigorar mais de um ano, teve de ser restabelecido por solicitação das forças armadas, em virtude do recrudescimento do surto comunista, favorecido pelo ambiente turvo dos comícios e da caça ao eleitorado. A consciência das nossas responsabilidades indicava, imperativamente, o dever de restaurar a autoridade nacional, pondo termo a essa condição anômala da nossa existência política, que poderá conduzir-nos à desintegração, como resultado final dos choques de tendências inconciliáveis e do predomínio dos particularismos de ordem local. Colocada entre as ameaças caudilhescas e o perigo das formações partidárias sistematicamente agressivas, a Nação, embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos brasileiros e o amparo decisivo e vigilante das forças armadas, não dispõe de meios defensivos eficazes dentro dos quadros legais, vendo-se obrigada a lançar mão, de modo normal, das medidas excepcionais que caracterizam o estado de risco iminente da soberania nacional e da agressão externa. Essa é a verdade, que precisa ser proclamada, acima de temores e subterfúgios. A organização constitucional de 1934, vazada nos moldes clássicos do liberalismo e do sistema representativo, evidenciara falhas lamentáveis, sob esse e outros aspectos. A Constituição estava, evidentemente, antedatada em relação ao espírito do tempo. Destinava-se a uma realidade que deixara de existir. Conformada em princípios cuja validade não resistira ao abalo da crise mundial, expunha as instituições por ela mesma criadas à investida dos seus inimigos, com a agravante de enfraquecer e anemizar o poder público. O aparelhamento governamental instituído não se ajustava às exigências da vida nacional; antes, dificultava-lhe a expansão e inibia-lhe os movimentos. Na distribuição das atribuições legais, não se colocara, como se devera fazer, em primeiro plano, o interesse geral; aluíram-se as responsabilidades entre os diversos poderes, de tal sorte que o rendimento do aparelho do Estado ficou reduzido ao mínimo e a sua eficiência sofreu danos irreparáveis, continuamente expostos à influência dos interesses personalistas e das composições políticas eventuais. Não obstante o esforço feito para evitar os inconvenientes das assembléias exclusivamente políticas, o Poder Legislativo, no regime da Constituição de 1934, mostrou-se, irremediavelmente, inoperante. Transformada a Assembléia Nacional Constituinte em Câmara de Deputados, para elaborar, nos precisos termos do dispositivo constitucional, as leis complementares constantes da mensagem do Chefe do Governo Provisório de 10 de abril de 1934, não se conseguira, até agora, que qualquer delas fosse ultimada, malgrado o funcionamento quase ininterrupto das respectivas sessões. Nas suas pastas e comissões se encontram, aguardando deliberação, numerosas iniciativas de inadiável necessidade nacional, como sejam: o Código do Ar, o Código das Águas, o Código de Minas, o Código Penal, o Código do Processo, os projetos da Justiça do Trabalho, da criação dos Institutos do Mate e do Trigo, etc., etc. Não deixaram, entretanto, de ter andamento e aprovação as medidas destinadas a favorecer interesses particulares, algumas, evidentemente, contrárias aos interesses nacionais e que, por isso mesmo, receberam veto do Poder Executivo. Por seu turno, o Senado Federal permanecia no período de definição das suas atribuições, que constituíam motivo de controvérsia e de contestação entre as duas Casas legislativas. A fase parlamentar da obra governamental se processava antes como um obstáculo do que como uma colaboração digna de ser conservada nos termos em que a estabelecera a Constituição de 1934. Função elementar e, ao mesmo tempo, fundamental, a própria elaboração orçamentária nunca se ultimou nos prazos regimentais, com o cuidado que era de se exigir. Todos os esforços realizados pelo Governo no sentido de estabelecer o equilíbrio orçamentário se tornavam inúteis, desde que os representantes da Nação agravavam sempre o montante das despesas, muitas vezes, em benefício de iniciativas ou de interesses que nada tinham a ver com o interesse público. Constitui ato de estrita justiça consignar que em ambas as casas do Poder Legislativo existiam homens cultos, devotados e patriotas, capazes de prestar esclarecido concurso às mais delicadas funções públicas, tendo, entretanto, os seus esforços invalidados pelos próprios defeitos de estrutura do órgão a que não conseguiam emprestar as suas altas qualidades pessoais. A manutenção desse aparelho inadequado e dispendioso era de todo desaconselhável. Conservá-lo seria, evidentemente, obra de espírito acomodatício e displicente, mais interessado pelas acomodações da clientela política do que pelo sentimento das responsabilidades assumidas. Outros, por certo, prefeririam transferir aos ombros do Legislativo os ônus e dificuldades que o Executivo terá de enfrentar para resolver diversos problemas de grande relevância e de graves repercussões, visto afetarem poderosos interesses organizados, interna e externamente. Compreende-se, desde logo, que me refiro, entre outros, aos da produção cafeeira e regularização da nossa dívida externa. O Governo atual herdou os erros acumulados em cerca de vinte anos de artificialismo econômico, que produziram o efeito catastrófico de reter stocks e valorizar o café, dando em resultado o surto da produção noutros países, apesar dos esforços empreendidos para equilibrar, por meio de quotas, a produção e o consumo mundial da nossa mercadoria básica. Procurando neutralizar a situação calamitosa encontrada em 1930, iniciamos uma política de descongestionamento, salvando da ruína a lavoura cafeeira e encaminhando os negócios de modo que fosse possível restituir, sem abalos, o mercado do café às suas condições normais. Para atingir esse objetivo, cumpria aliviar a mercadoria dos pesados ônus que a encareciam, o que será feito sem perda de tempo, resolvendo-se o problema da concorrência no mercado mundial e marchando decisivamente para a liberdade de comércio do produto. No concernente à dívida externa, o serviço de amortização e juros constitui questão vital para a nossa economia. Enquanto foi possível o sacrifício da exportação de ouro, afim de satisfazer as prestações estabelecidas, o Brasil não se recusou a fazê-lo. É claro, porém, que os pagamentos, no exterior, só podem ser realizados com o saldo da balança comercial. Sob a aparência de moeda, que vela e disfarça a natureza do fenômeno de base nas relações econômicas, o que existe, em última análise, é a permuta de produtos. A transferência de valores destinados a atender a esses compromissos pressupõe, naturalmente, um movimento de mercadorias do País devedor para os seus clientes no exterior, em volume suficiente para cobrir as responsabilidades contraídas. Nas circunstâncias atuais, dados os fatores que tendem a criar restrições à livre circulação das riquezas no mercado mundial, a aplicação de recursos em condições de compensar a diferença entre as nossas disponibilidades e as nossas obrigações só pode ser feita mediante o endividamento crescente do País e a debilitação da sua economia interna. Não é demais repetir que os sistemas de quotas, contingenciamentos e compensações, limitando, dia a dia o movimento e volume das trocas internacionais, têm exigido, mesmo nos países de maior rendimento agrícola e industrial, a revisão das obrigações externas. A situação impõe, no momento, a suspensão do pagamento de juros e amortizações, até que seja possível reajustar os compromissos sem dessangrar e empobrecer o nosso organismo econômico. Não podemos por mais tempo continuar a solver dívidas antigas pelo processo ruinoso de contrair outras mais vultosas, o que nos levaria, dentro de pouco, à dura contingência de adotar solução mais radical. Para fazer face às responsabilidades decorrentes dos nossos compromissos externos, lançamos sobre a produção nacional o pesado tributo que consiste no confisco cambial, expresso na cobrança de uma taxa oficial de 35%, redundando, em última análise, em reduzir de igual percentagem os preços, já tão aviltados, das mercadorias de exportação. É imperioso pôr um termo a esse confisco, restituindo o comércio de câmbio às suas condições normais. As nossas disponibilidades no estrangeiro, absorvidas, na sua totalidade, pelo serviço da dívida e não bastando, ainda assim, às suas exigências, dão em resultado nada nos sobrar para a renovação do aparelhamento econômico, do qual depende todo o progresso nacional. Precisamos equipar as vias férreas do País, de modo a oferecerem transporte econômico aos produtos das diversas regiões, bem como construir novos traçados e abrir rodovias, prosseguindo na execução do nosso plano de comunicações, particularmente no que se refere à penetração do Hinterland e articulação dos centros de consumo interno com os escoadouros de exportação. Por outro lado, essas realizações exigem que se instale a grande siderurgia, aproveitando a abundância de minério, num vasto plano de colaboração do Governo com os capitais estrangeiros que pretendam emprego remunerativo, e fundando, de maneira definitiva, as nossas indústrias de base, em cuja dependência se acha o magno problema da defesa nacional. É necessidade inadiável, também, dotar as forças armadas de aparelhamento eficiente, que as habilite a assegurar a integridade e a independência do País, permitindo-lhe cooperar com as demais nações do Continente na obra de preservação da paz. Para reajustar o organismo político às necessidades econômicas do País e garantir as medidas apontadas, não se oferecia outra alternativa além da que foi tomada, instaurando-se um regime forte, de paz, de justiça e de trabalho. Quando os meios de governo não correspondem mais às condições de existência de um povo, não há outra solução senão mudá-los, estabelecendo outros moldes de ação. A Constituição hoje promulgada criou uma nova estrutura legal, sem alterar o que se considera substancial nos sistemas de opinião: manteve a forma democrática, o processo representativo e a autonomia dos Estados, dentro das linhas tradicionais da federação orgânica. Circunstâncias de diversas naturezas apressaram o desfecho desse movimento, que constitui manifestação de vitalidade das energias nacionais extrapartidárias. O povo o estimulou e acolheu com inequívocas demonstrações de regozijo, impacientado e saturado pelos lances entristecedores da política profissional; o Exército e a Marinha o reclamaram como imperativo da ordem e da segurança nacional. Ainda ontem, culminando nos propósitos demagógicos, um dos candidatos presidenciais mandava ler da tribuna da Câmara dos Deputados documento francamente sedicioso e o fazia distribuir nos quartéis das corporações militares, que, num movimento de saudável reação às incursões facciosas, souberam repelir tão aleivosa exploração, discernindo, com admirável clareza, de que lado estavam, no momento, os legítimos reclamos da consciência brasileira. Tenho suficiente experiência das asperezas do poder para deixar-me seduzir pelas suas exterioridades e satisfações de caráter pessoal. Jamais concordaria, por isso, em permanecer à frente dos negócios públicos se tivesse de ceder quotidianamente às mesquinhas injunções da acomodação política, sem a certeza de poder trabalhar, com real proveito, pelo maior bem da coletividade. Prestigiado pela confiança das forças armadas e correspondendo aos generalizados apelos dos meus concidadãos, só acedi em sacrificar o justo repouso a que tinha direito, ocupando a posição em que me encontro, com o firme propósito de continuar servindo à Nação. As decepções que o regime derrogado trouxe ao País não se limitaram ao campo moral e político. A economia nacional, que pretendera participar das responsabilidades do Governo, foi também frustrada nas suas justas aspirações. Cumpre restabelecer, por meio adequado, a eficácia da sua intervenção e colaboração na vida do Estado. Ao invés de pertencer a uma assembléia política, em que, é óbvio, não se encontram os elementos essenciais às suas atividades, a representação profissional deve constituir um órgão de cooperação na esfera do poder público, em condições de influir na propulsão das forças econômicas e de resolver o problema do equilíbrio entre o capital e o trabalho. Considerando de frente e acima dos formalismo jurídicos a lição dos acontecimentos, chega-se a uma conclusão iniludível, a respeito da gênese política das nossas instituições: elas não corresponderam, desde 1889, aos fins para que se destinavam. Um regime que, dentro dos ciclos prefixados de quatro anos, quando se apresentava o problema sucessório presidencial, sofria tremendos abalos, verdadeiros traumatismos mortais, dada a inexistência de partidos nacionais e de princípios doutrinários que exprimissem as aspirações coletivas, certamente não valia o que representava e operava, apenas, em sentido negativo. Numa atmosfera privada de espírito público, como essa em que temos vivido, onde as instituições se reduziam às aparências e aos formalismos, não era possível realizar reformas radicais sem a preparação prévia dos diversos fatores da vida social. Torna-se impossível estabelecer normas sérias e sistematização eficiente à educação, à defesa e aos próprios empreendimentos de ordem material, se o espírito que rege a política geral não estiver conformado em princípios que se ajustem às realidades nacionais. Se queremos reformar, façamos, desde logo, a reforma política. Todas as outras serão consectárias desta, e sem ela não passarão de inconsistentes documentos de teoria política. Passando do Governo propriamente dito ao processo da sua constituição, verificava-se, ainda, que os meios não correspondiam aos fins. A fase culminante do processo político sempre foi a da escolha de candidato à Presidência da República. Não existia mecanismo constitucional prescrito a esse processo. Como a função de escolher pertencia aos partidos e como estes se achavam reduzidos a uma expressão puramente nominal, encontrávamo-nos em face de uma solução impossível, por falta de instrumento adequado. Daí, as crises periódicas do regime, pondo, quadrienalmente, em perigo a segurança das instituições. Era indispensável preencher a lacuna, incluindo na própria Constituição o processo de escolha dos candidatos à suprema investidura, de maneira a não se reproduzir o espetáculo de um corpo político desorganizado e perplexo, que não sabe, sequer, por onde começar o ato em virtude do qual se define e afirma o fato mesmo da sua existência. A campanha presidencial, de que tivemos, apenas, um tímido ensaio, não podia, assim, encontrar, como efetivamente não encontrou, repercussão no País. Pelo seu silêncio, a sua indiferença, o seu desinteresse, a Nação pronunciou julgamento irrecorrível sobre os artifícios e as manobras a que se habituou a assistir periodicamente, sem qualquer modificação no quadro governamental que se seguia às contendas eleitorais. Todos sentem, de maneira profunda, que o problema de organização do Governo deve processar-se em plano diferente e que a sua solução transcende os mesquinhos quadros partidários, improvisados nas vésperas dos pleitos, com o único fim de servir de bandeira a interesses transitoriamente agrupados para a conquista do poder. A gravidade da situação que acabo de escrever em rápidos traços está na consciência de todos os brasileiros. Era necessário e urgente optar pela continuação desse estado de coisas ou pela continuação do Brasil. Entre a existência nacional e a situação de caos, de irresponsabilidade e desordem em que nos encontrávamos, não podia haver meio termo ou contemporização. Quando as competições políticas ameaçam degenerar em guerra civil, é sinal de que o regime constitucional perdeu o seu valor prático, subsistindo, apenas, como abstração. A tanto havia chegado o País. A complicada máquina de que dispunha para governar-se não funcionava. Não existiam órgãos apropriados através dos quais pudesse exprimir os pronunciamentos da sua inteligência e os decretos da sua vontade. Restauremos a Nação na sua autoridade e liberdade de ação: na sua autoridade, dando-lhe os instrumentos de poder real e efetivo com que possa sobrepor-se às influências desagregadoras, internas ou externas; na sua liberdade, abrindo o plenário do julgamento nacional sobre os meios e os fins do Governo e deixando-a construir livremente a sua história e o seu destino. Discurso de Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, ao implantar o Estado Novo JORNAL A PÁTRIA __________________________________________________________________________________ ------
-------- 10 de novembro de 1937 - Getúlio Vargas implementa o Estado Novo ---------- Conforme destacou a primeira página do jornal 'O Imparcial': "O Brasil sob novo regimen [...] RIO, 10 — o paiz foi integralizado no quadro da realidade, e de forma definitiva. Não seria possível, dentro da Constituição de 1934, assegurar os destinos do paiz, entravado no seu desenvolvimento. Felizmente, o descortino politico do sr. Getulio Vargas e a bravura das forças armadas, impediram o desmoronamento do regimen. As medidas de emergencia, ultimamente votadas pelo legislativo, só por si não poderiam salvar o Brasil. [...]" Leia a reportagem na íntegra em: http://memoria.bn.br/docreader/107646/20564 Explore, também, o acervo de periódicos da Hemeroteca Digital, em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/ ‪#FBNnamidia‬ ‪#bibliotecanacional‬ ‪#fundacaobibliotecanacional‬ https://antigo.bn.gov.br/explore/curiosidades/10-novembro-1937-getulio-vargas-implementa-estado-novo __________________________________________________________________________________ ----------- __________________________________________________________________________________ — As novas formações partidárias surgirão em todo o mundo refratárias aos processos democráticos — SUMÁRIO __________________________________________________________________________________ ---------
---------- Proclamação ao povo brasi leiro (LIDA NO PALÁCIO GUANABARA E IRRADIADA PARA TODO O PAÍS, NA NOITE DE 10 DE NOVEMBRO DE 1937) ----------- O Golpe de Estado no Brasil em 1937, também conhecido como Golpe do Estado Novo, foi um golpe militar liderado pelo presidente Getúlio Vargas com o apoio das Forças Armadas em 10 de novembro daquele ano. Vargas havia chegado ao poder em 1930 com o apoio dos militares, após uma revolução que encerrou a política do café com leite, caracterizada pela alternância de uma mesma oligarquia no poder. Vargas governou como presidente em exercício até as eleições da Assembleia Nacional Constituinte, em 1934. Sob uma nova constituição, tornou-se o presidente constitucional do Brasil, mas após uma insurreição comunista em 1935, as especulações aumentaram sobre um possível autogolpe. Os candidatos para a eleição presidencial de 1938 anunciaram suas candidaturas já no final de 1936. Vargas não pôde concorrer a um novo mandato, mas ele e seus aliados não estavam dispostos a abandonar o poder. Apesar do afrouxamento da repressão política após a revolta comunista, o forte sentimento por um governo ditatorial permaneceu, e a crescente intervenção federal nos governos estaduais abriria o caminho para um golpe. Com o início oficial dos preparativos para o golpe em 18 de setembro de 1937, oficiais superiores militares utilizaram o Plano Cohen, um documento fraudulento, para provocar o Congresso Nacional a declarar o estado de guerra. Depois que a Brigada Militar gaúcha foi incorporada às forças federais por uma comissão relacionada ao estado de guerra em seu estado, o governador Flores da Cunha, que se opunha a Vargas, exilou-se em meados de outubro de 1937. Os governadores da Bahia e Pernambuco também foram atacados por comissões em seus estados. Francisco Campos redigiu uma nova e ambiciosa constituição para que Vargas se tornasse um ditador. Em novembro, o presidente detinha a maior parte do poder no país, e havia pouco a ser feito para deter o plano. Na manhã de 10 de novembro de 1937, os militares cercaram o Congresso Nacional. O ministério expressou a aprovação para a nova constituição corporativa, e um discurso na rádio de Vargas proclamou o novo regime, o Estado Novo. Como consequência do golpe, um estado semifascista e autoritário, modelado nos países fascistas europeus, foi instalado no Brasil. As liberdades e direitos individuais foram retirados, o mandato de Vargas foi prolongado por seis anos, que passou a oito, e o poder dos estados evaporou-se. Um plebiscito para a nova constituição foi prometido, mas nunca realizado. Vargas governou como ditador até que outro golpe de Estado, em 1945, restabeleceu a democracia. As reações estrangeiras ao golpe de 1937 foram em sua maioria negativas. Os países sul-americanos foram hostis ao ocorrido. A Alemanha Nazista e a Itália Fascista apoiaram o golpe, mas nos Estados Unidos e no Reino Unido a reação geral foi desfavorável. ___________________________________________________________________________________ TIÃO - Diga a ele que vai ser assim. Não foi por covardia e não me arrependo de nada. Até um dia. (Encaminha-se para a porta.) OTÁVIO (dirigindo-se ao quarto dos fundos) - Tua mãe, talvez, vai querer falar contigo. .. Até um dia! (Tião pega uma sacola que deve estar debaixo de um móvel e coloca seus objetos. Camisas que estão entre as trouxas de roupa, escova de dentes, etc.) ROMANA (entrando) - Te mandou embora mesmo, não é? TIÃO - Mandou! ROMANA - Eu digo que vocês todos estão com a cabeça virada! TIÃO- Não foi por covardia e não me arrependo! ROMANA - Eu sei. Tu é teimoso... e é um bom rapaz. E depois? TIÃO - Depois o quê? ROMANA - O que tu vai fazer? --------- ------------ ___________________________________________________________________________________ Vou me perder Pela cidade Até um dia, até talvez Até quem sabe ___________________________________________________________________________________ -------- Até Quem Sabe Emílio Santiago Até um dia, até talvez Até quem sabe Até você sem fantasia Sem mais saudade Agora a gente Tão de repente Nem mais se entende Nem mais pretende Seguir fingindo Seguir seguindo Agora vou pra onde for Sem mais você Sem me querer Sem mesmo ser Sem me entender Vou me beber Vou me perder Pela cidade Até um dia, até talvez Até quem sabe Composição: João Donato. ___________________________________________________________________________________ -------- ---------- Eles não Usam Black-tie (1981) - Trailer ----------- ___________________________________________________________________________________ "Nor does it intend anymore, that is, nor does it pretend anymore." ___________________________________________________________________________________ --------- Veja Um Bom Filme Trailer do filme Eles não Usam Black-tie (1981), de Leon Hirszman. ________________________________________________________________________________________ --------- ------------ Radamés Gnattali — Nóis Não Usa os Bleque Tais ---------- Choro e Poesia "Nóis Não Usa os Bleque Tais" é uma parceria de Adoniran Barbosa com o ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, autor da peça para a qual este samba serviu de tema: "Eles Não Usam Black-Tie", encenada pelo Teatro de Arena em 1958. Vinte e três anos depois, o texto da peça daria origem a um filme dirigido por Leon Hirzmann, e o samba seria relançado na trilha sonora, que só chegaria a público dois anos mais tarde. O piano e o arranjo são de Radamés Gnattali, e a regência ficou a cargo de Alceo Bocchino. Choro e Poesia _____________________________________________________________________________________
---------- Nas entrelinhas: Entre o ódio e a vingança, o trauma do cerco e aniquilamento de Gaza Publicado em 10/11/2023 - 07:10 Luiz Carlos Azedo Cidades, Comunicação, EUA, Guerra, Israel, Justiça, Literatura, Memória, Militares, Palestina, Política, Política, Presídios, Terrorismo, Violência O conceito de guerra justa está em xeque em razão dos sofrimentos impostos aos civis, sobretudo idosos, mulheres e crianças O Adeus às Armas, de Ernest Hemingway, publicado em 1929, é um romance quase autobiográfico, cujo protagonista é um americano que participa da Primeira Guerra Mundial como voluntário no exército italiano. É uma história de amor entre um soldado ferido na perna e uma enfermeira, que se conheceram no hospital. O relacionamento se consolidou e resultou num filho do casal, mas o soldado teve que voltar à guerra. Ao retornar, já estava exausto do conflito, como a maioria dos seus companheiros. O herói deserta. A guerra se estendia por tempo demais. Esse tipo de situação fora comum no front da Primeira Guerra Mundial, entre soldados alemães e ingleses, que chegaram a se confraternizar no Natal e realizar animadas partidas de futebol. Com base no que ocorreu, o Estado-maior britânico desenvolveu o conceito de “sombra de futuro”: os soldados procuram ganhar tempo, em ataques e retaliações quase que combinadas, à espera de que os políticos e os generais assinem um armistício. Era mais ou menos o que acontecia entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, até 7 de outubro passado, quando a milícia palestina realizou um inédito ataque terrorista a Israel, que matou 1.400 pessoas, das quais 828 civis e 31 crianças. Mais de 240 pessoas foram feitas reféns. A retaliação de Israel ao Hamas na Palestina é uma operação de cerco e aniquilamento na cidade de Gaza e seus arredores, com bombardeios implacáveis, às vezes, indiscriminados, que deslocaram mais de um milhão de palestinos do Norte para o Sul da região. Até o dia 6, segundo a BBC, somavam 25, 4 mil palestinos feridos e 10 mil mortos, sendo 2,55 mil mulheres, 596 idosos e 4,1 mil crianças. Estão desaparecidos 2,5 mil palestinos, sendo 1,3 mil crianças, provavelmente soterradas nos bombardeios. Na Cisjordânia, 114 palestinos já foram mortos em ações do Exército de Israel. Mais de 200 mil habitações foram destruídas, e há 1,5 milhão de desalojados, de uma população de 2,2 milhões da Faixa de Gaza. A doutrina da guerra justa (Bellum iustum ou jus ad bellum) define em quais condições a guerra é uma ação moralmente aceitável. O conceito foi cunhado por Agostinho de Hipona (354-430), inspirado em Cícero, e também foi usado como justificativa para as Cruzadas. Além de Agostinho, Tomás de Aquino (1225-1274) e Hugo Grócio (1583-1645), em O direito da guerra e da paz, defenderam essa doutrina. A expressão guerra justa faz parte da cultura jurídico-política do Ocidente. Na Roma Antiga, Cícero ensinou que havia bellum iustum quando os romanos entravam em guerra contra uma nação estrangeira por eventuais danos sofridos ou temidos. Conceito em xeque As Forças de Defesa de Israel (FDI), fundadas em 1948, estão entre os exércitos mais experientes em batalhas no mundo, tendo participado de seis grandes guerras. Suas responsabilidades são defender a soberania e a integridade territorial do Estado de Israel, deter todos os inimigos e coibir todas as formas de terrorismo que ameacem a vida diária. Em tese, suas tarefas são a consolidação de acordos de paz, como os celebrados com o Egito e a Jordânia; garantir a segurança na Cisjordânia em coordenação com a Autoridade Palestina; liderar a guerra contra o terrorismo, dentro e além de suas fronteiras; e manter a capacidade de dissuasão de ataques. A estratégia militar de Israel é defensiva, mas suas táticas são ofensivas. Como não possui profundidade territorial, precisa tomar a iniciativa e, rapidamente, levar a batalha para o território do inimigo. Embora em menor número do que os exércitos vizinhos, as FDI possuem vantagem qualitativa, graças aos recursos e ao apoio estratégico que recebe dos Estados Unidos, e os sistemas de armas avançadas de que dispõe, entre os quais a bomba atômica, um segredo de polichinelo. O efetivo regular do exército de Israel é pequeno, porém muito operacional. Sua força maior reside na capacidade de mobilizar homens e mulheres reservistas bem treinados, em todas as regiões do país. Todo o seu poderio está sendo demonstrado nessa operação de cerco e aniquilamento do Hamas, que já destruiu praticamente todo o norte da Faixa de Gaza. Entretanto, o conceito de guerra justa está sendo posto em xeque em razão dos sofrimentos impostos aos palestinos, sobretudo idosos, mulheres e crianças, além de destruição de seus lares, hospitais e escolas. A ONU afirma que 88 funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) já foram mortos, com 18 trabalhadores da defesa civil. Até 5 de novembro, também morreram 46 jornalistas nos ataques de Israel. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou a ocupação da Faixa de Gaza pelo exército de Israel “por tempo indeterminado”. Entre o ódio e a vingança, há uma guerra de narrativas sobre o que acontece em Gaza. Os refugiados palestinos têm seu lugar de fala, assim como os soldados de Israel, que agora caminham sobre escombros e entre milhares de cadáveres. Nos Estados Unidos, o chamado transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) atingiu 800 mil veteranos do Vietnã, 175.000 combatentes da Guerra do Golfo e outros 300 mil retornados do Iraque e do Afeganistão. Nos “corredores da morte” nos EUA, 10% dos condenados são veteranos. O trauma da guerra, como na obra de Hemingway, sempre atinge os soldados. ___________________________________________________________________________________________ --------- ----------- ELES NÃO USAM BLACK-TIE (1981) PARTE 14 ---------- SINOPSE: Na São Paulo de 1980, o jovem operário Tião e sua namorada Maria decidem casar-se ao saber que a moça está grávida. Ao mesmo tempo, eclode um movimento grevista que divide a categoria metalúrgica. Preocupado com o casamento e temendo perder o emprego, Tião fura a greve, entrando em conflito com o pai, Otávio, um velho militante sindical que passou três anos na cadeia durante o regime militar. O filme foi distribuido nos E.U.A. pela New Yorker Films com o título de They Don't Wear Black Tie. Baseado em obra de Gianfrancesco Guarnieri. Com Fernanda Montenegro e Gianfrancesco Guarnieri. CARLOS LIMA FILMES: ___________________________________________________________________________________ --------- ----------- Eles Não Usam Black Tie ___________________________________________________________________________________ ----------- PENSAMENTO E AÇÃO ---------- TIÃO - Diga a ele que vai ser assim. Não foi por covardia e não me arrependo de nada. Até um dia. (Encaminha-se para a porta.) OTÁVIO (dirigindo-se ao quarto dos fundos) - Tua mãe, talvez, vai querer falar contigo. .. Até um dia! (Tião pega uma sacola que deve estar debaixo de um móvel e coloca seus objetos. Camisas que estão entre as trouxas de roupa, escova de dentes, etc.) ROMANA (entrando) - Te mandou embora mesmo, não é? TIÃO - Mandou! ROMANA - Eu digo que vocês todos estão com a cabeça virada! TIÃO- Não foi por covardia e não me arrependo! ROMANA - Eu sei. Tu é teimoso... e é um bom rapaz. E depois? TIÃO - Depois o quê? ROMANA - O que tu vai fazer? TIÃO - Vou continuar na fábrica, tá claro! Lá dentro eu me arrumo com o pessoal. Arranjo uma casa de cômodos e venho buscar Maria! ROMANA - Tu fez tudo isso pra ir pra uma casa de cômodos com Maria? TIÃO - Fiz tudo isso pra não perder o emprego! ROMANA - E tu acha que valeu a pena? TIÃO - O que tá feito, tá feito, mãe! ROMANA - Teu terno tá lavando. Tu busca outro dia. TIÃO - A senhora é um anjo, mãe! ROMANA - Você vai vê que é melhor passar fome no meio de um amigo, do que passar fome no meio de estranho!. . . TIÃ0 - Vamos vê! ROMANA - Dá um abraço! (Abraçam-se.) Vai com Deus! E deixa o endereço daqui no bolso, qualquer coisa a gente sabe logo! (...) MARIA (entrando) - Tu vai embora? TIÃO - Tu já não desconfiava? MARIA - E agora? (Romana vai para o fundo e fica impassível.) TIÃO - Tá tudo certo. Não perdi o emprego, nem vou perdê. A greve tá com jeito de dar certo, vou ser aumentado. Tu vai receber aumento na oficina. Nós vamos pra um quarto na cidade, nós dois. MARIA - Quer dizê que tu perdeu os amigo? TIÃO - Sobram alguns! Teu irmão, alguns da fábrica. . . MARIA (abanando a cabeça. profundamente triste) - Não...não.. . TIÃO- Nós vamos casar, vamos embora, fazê uma vida pra gente. MARIA - Não. .. não tá certo... Deixá isso, não tá certo!. .. TIÃO - Não se preocupe, dengosa, vai dar tudo certo. Nós vamos pra cidade, só isso!... Eu fiz uma coisa que me deu o desprezo do pessoal, mas você não. Você não tem o desprezo de ninguém!... MARIA (cai num choro convulsivo) - Não. ., não tá certo! TIÃO- Maria, não tinha outro jeito, querida. Eu tinha que pensar...A greve deu certo como podia não dar... E tudo aconteceu na última hora... Quando eu cheguei na fábrica, a maioria queria entrar. Depois é que mudou... E eu? Tu já imaginou o que podia acontecer? Agora não. nós tá seguro! MARIA (sempre chorando) - Não tá certo!. .. Deixá isso, não tá certo, deixá isso...(Perde as torças e cai chorando copiosamente.) TIÃO – Mariinha , escuta! Eu fiz por você , minha dengosa! Eu quero bem! Eu tinha. .. Eu tinha que dar um jeito. . . O jeito foi esse. MARIA -Deixá o morro, não! Nós vamos ser infeliz! A nossa gente é essa! Você se sujou!...Compreende! TIÃO –É que eu quero bem!... Mas não foi por covardia! MARIA (idem) –Foi... foi... foi... foi por covardia... foi! TIÃO (aflito) - Maria escuta!...Eu tive... Eu tive. . . MARIA- Medo, medo, medo da vida. .. você teve!... preferiu briga com todo mundo, preferiu o desprezo. . . porque teve medo!...Você não acredita em nada, só em você. Você é um...um convencido! TIÃO – Dengosinha...Não é tão ruim a gente deixar o morro. Já é grande coisa!. ., Você também quer deixar o morro. Depois a turma esquece, aí tudo fica diferente!... MARIA - Eu não quero deixar o morro! Você que sempre acha que as pessoa pensam as mesma coisa que você... Você não pode deixar sua gente! Teu mundo é esse, não é outro!... Você vai ser infeliz! TIÃO (já abafado) - Maria, não tem outro jeito!. .. Eu venho buscar você! MARIA - Nâo pode, não pode... tá tudo errado, tudo errado!... TIÃO (quase chorando também) - Maria você precisa me entender, foi por você. . . MARIA - Não... não... tá tudo errado! TIÃO - Maria, pelo menos tu sabe que eu arranjei saída. (Quase com raiva) Agora tá feito, não adianta chorar! MARIA - Eu acreditei... eu acreditei que tu ia agir direito. . .Não tinha razão pra brigar com todo mundo... Tu tinha emprego se perdesse aquele. .. Tu é moço. .. TIÃO (irrita-se cada vez mais. Uma irritação desesperada) Mariinha, não adiantava nada!... Eu tive... eu tive... MARIA - Medo, medo, medo. . . TIÃO (num grande desabafo) - Medo, está bem Maria medo! Eu tive medo sempre! . . Não queria ficar aqui sempre, tá me entendendo? Tá me entendendo? A greve me metia medo. Um medo diferente! Não medo da greve! Medo de ser operário! Medo de não sair nunca mais daqui! Fazê greve é sê mais operário ainda! MARIA - Sozinho não adianta!... Sozinho tu não resolve nada! ... TIÃO - Maria, minha dengosa, não chora mais! Eu sei, tá errado, eu entendo, mas tu também tem que me entender! Tu tem que saber por que eu fiz! MARIA - Não, não... Eu não saio daqui! TIÃO (num desabafo total) - Eu queria que a gente fosse que nem nos filmes! . .. Que tu risse sempre! Que sempre a gente pudesse andar no parque! Eu tenho medo que tu tenha de sê que nem todas que tão aí!. .. Se matando de trabalhar em cima de um tanque!. .. Eu quero minha Miss Leopoldina. .. Eu te quero bem! Eu quero bem a todo mundo!. .. Eu não sou um safado!. .. Mas para de chorar! Se você quiser eu grito pra todo mundo. .. que eu sou um safado! (Gritando para a rua) Eu sou um safado!... Eu traí... Porque tenho medo.. Porque eu quero bem! Porque eu quero que ela sorria no parque pra mim! Porque eu quero viver! E viver não é isso que se faz aqui! MARIA - Tião!. . . TIÃO - Mariinha, minha dengosa (Atira-se sobre ela. Ela o empurra.) E agora, Maria, o que vou fazer? MARIA – Você vai ser infeliz! Infeliz e sozinho pro resto da vida! TIÃO - Não posso ficar, Maria. .. Não posso ficar!.. . MARIA (pára de chorar. Enxuga as lágrimas) - Então, vai embora. .. Eu fico. Eu fico com Otavinho... Crescendo aqui ele não vai ter medo igual você... E quando tu acreditar na gente...por favor... não volta! (Sai.) (Pausa. Tião pega suas coisas e sai. Entram Chiquinho e Terezinha.) CHIQUINHO - Sabe, mãe, aquele samba.. . TEREZINHA - O samba do "Nós não usa Black-Tie". CHIQUINHO - Tá tocando no rádio.. . ROMANA - O quê? TEREZINHA - O samba do Juvêncio, aquele mulato das bandas do cruzeiro! CHIQUINHO - Ele tá chateado à beça. O samba tá com o nome de outro cara. (Sai correndo.) TEREZINHA - Eu fiquei com pena do Juvêncio. Tá perto da bica, chorando! Chiquinho! (Sai.) Romana, sozinha. Chora mansamente. Depois de alguns instantes, vai até a mesa e começa a separar o feijão. Funga e enxuga os olhos. . . FIM _______________________________________________________________________________________ -------- ------------ Nóis Não Usa Os Bleque Tais Adoniran Barbosa O nosso amor é mais gostoso Nossa saudade dura mais O nosso abraço mais apertado Nóis não usa as bleque tais Minhas juras são mais juras Meus carinho mais carinhoso Suas mão são mãos mais puras Seu jeito é mais jeitoso Nóis se gosta muito mais Nóis não usa as bleque tais O nosso amor é mais gostoso Nossa saudade dura mais O nosso abraço mais apertado Nóis não usa as bleque tais Minhas juras são mais juras Meus carinho mais carinhoso Suas mão são mãos mais puras Seu jeito é mais jeitoso Nóis se gosta muito mais Nóis não usa as bleque tais Nóis não usa as bleque tais Composição: Adoniran Barbosa / Gianfrancesco Guaenieri. _________________________________________________________________________________________ --------- ------------- Amanda Antônio Marcos ------------- Amanda, Vencido em meu castigo, Eu trago a paz comigo De volta pra ficar. Amanda, Recolhe meus pedaços, Me acolhe nos teus braços, Tome espaço dessa dor E o teu lugar. Amanda, Perdi pela viagem As forças e a coragem, A imagem do que eu sou... E o que eu sou, O que escondeu a única verdade, O que perdeu a última metade, Amanda, o que partiu e desertou. Te amando, te amando, Vou esquecer a inútil liberdade, Que eu sonhei ver nas luzes da cidade, Amanda, vou te enfeitar de tanto amor! Ôh! Ôh! Ôh!... Perdi pela viagem as forças, as forças e a coragem, E a imagem do que eu sou, do que eu sou... E o que eu sou, O que escondeu a única verdade O que perdeu a última metade, Amanda, o que partiu e desertou. Te amando, te amando, Vou esquecer a inútil liberdade, Que eu sonhei ver nas luzes da cidade, Amanda, vou te enfeitar de amor! Composição: Taiguara. ___________________________________________________________________________________ ---------- Questão 6305811 PUC-GO 2018/1 Dificuldade Médio TEXTO Romana — Vai ficá que nem estaca na porta, entra! Tião (a Otávio) — Eu queria conversá com o senhor! Otávio — Comigo? Tião (firme) — É. Otávio — Minha gente, vocês querem dá um pulo lá fora, esse rapaz quer conversá comigo. Romana — Eu preciso mesmo recolhê a roupa! João — Já vou indo, então. Até logo, seu Otávio, e parabéns! Otávio — Obrigado! (Saem. Tião e Otávio ficam a sós.) Bem, pode falá. Tião — Papai... Otávio — Me desculpe, mas seu pai ainda não chegou. Ele deixou um recado comigo, mandou dizê pra você que ficou muito admirado, que se enganou. E pediu pra você tomá outro rumo, porque essa não é casa de fura-greve! Tião — Eu vinha me despedir e dizer só uma coisa: não foi por covardia! Otávio — Seu pai me falou sobre isso. Ele também procura acreditá que num foi por covardia. Ele acha que você até que teve peito. Furou a greve e disse pra todo mundo, não fez segredo. Não fez como o Jesuíno que furou a greve sabendo que tava errado. Ele acha, o seu pai, que você é ainda mais filho da mãe! Que você é um traidô dos seus companheiro e da sua classe, mas um traidô que pensa que tá certo! Não um traidô por covardia, um traidô por convicção! Tião — Eu queria que o senhor desse um recado a meu pai Otávio — Vá dizendo. Tião — Que o filho dele não é um “filho da mãe”. Que o filho dele gosta de sua gente, mas que o filho dele tinha um problema e quis resolvê esse problema de maneira mais segura. Que o filho é um homem que quer bem! Otávio — Seu pai vai ficá irritado com esse recado, mas eu digo. Seu pai tem outro recado pra você. Seu pai acha que a culpa de pensá desse jeito não é sua só. Seu pai acha que tem culpa... Tião — Diga a meu pai que ele não tem culpa nenhuma Otávio (perdendo o controle) — Se eu te tivesse educado mais firme, se te tivesse mostrado melhor o que é a vida, tu não pensaria em não ter confiança na tua gente... Tião — Meu pai não tem culpa. Ele fez o que devia. O problema é que eu não podia arriscá nada. Preferi tê o desprezo de meu pessoal pra poder querer bem, como eu quero querer, a tá arriscando a vê minha mulhé sofrê como minha mãe sofre, como todo mundo nesse morro sofre! Tião — Meu pai não tem culpa. Ele fez o que devia. O problema é que eu não podia arriscá nada. Preferi tê o desprezo de meu pessoal pra poder querer bem, como eu quero querer, a tá arriscando a vê minha mulhé sofrê como minha mãe sofre, como todo mundo nesse morro sofre! Otávio — Seu pai acha que ele tem culpa! Tião — Tem culpa de nada, pai! Otávio (num rompante) — E deixa ele acreditá nisso, se não, ele vai sofrê muito mais. Vai achar que o filho dele caiu na merda sozinho. Vai achar que o filho dele é safado de nascença. (Acalma-se repentinamente.) Seu pai manda mais um recado. Diz que você não precisa aparecê mais. E deseja boa sorte pra você Tião — Diga a ele que vai ser assim. Não foi por covardia e não me arrependo de nada. Até um dia. (Encaminha-se para a porta.) Otávio (dirigindo-se ao quarto dos fundos) — Tua mãe, talvez, vai querê falá contigo... Até um dia! (Tião pega uma sacola que deve estar debaixo de um móvel e coloca seus objetos. Camisas que estão entre as trouxas de roupa, escova de dentes, etc.) (GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam black-tie. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. p. 108-109.) No Texto, Otávio pede a Tião para “tomá outro rumo”, mostrando uma situação de forte conflito na vida cotidiana. Na Física, mudanças de rumo estão associadas às grandezas vetoriais. Refletindo sobre isso, analise as afirmações a seguir: I - Se Tião, a partir da casa de Otávio, seguir 20 km diretamente ao norte e, em seguida, 15 km diretamente a leste, ele se encontrará a uma distância de 25 km do seu ponto de partida. II - Se Tião, saindo da casa de Otávio, iniciar um movimento circular uniformemente variado de 30 m de raio, a partir do repouso e no sentido horário, com aceleração escalar de 2,0 m/s2 , a intensidade de sua aceleração centrípeta no instante 3 s será de 1,2 m/s2 . III - Se Tião, ao “tomá outro rumo” iniciar um movimento retilíneo com aceleração escalar constante de 2,0 m/s2 , pode-se afirmar que, no instante 8 s, sua aceleração vetorial será de 4,0 m/s2 . Assinale a única alternativa cujos itens estão todos corretos A - I e II. B - I, II e III. C - I e III. D - II e III. ___________________________________________________________________________________________
--------- Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira Pensamento e ação Relações Internacionais, Política Externa e Diplomacia Brasileira - pensamento e ação (Volume 2) Relações Internacionais, Política Externa e Diplomacia Brasileira - pensamento e ação (Volume 2) Celso Lafer O livro representa, em uma frase, a consciência da memória do pensar e do fazer diplomáticos no processo de reflexão e renovação sobre a política externa e as relações internacionais do Brasil. Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Presidente da FUNAG https://funag.gov.br/loja/download/relacoes-internacionais-politica-externa-diplomacia-brasileira-volume-1.pdf ___________________________________________________________________________________________ --------- Questão 6305813 PUC-GO 2018/1 Dificuldade Médio TEXTO Romana — Vai ficá que nem estaca na porta, entra! Tião (a Otávio) — Eu queria conversá com o senhor! Otávio — Comigo? Tião (firme) — É. Otávio — Minha gente, vocês querem dá um pulo lá fora, esse rapaz quer conversá comigo. Romana — Eu preciso mesmo recolhê a roupa! João — Já vou indo, então. Até logo, seu Otávio, e parabéns! Otávio — Obrigado! (Saem. Tião e Otávio ficam a sós.) Bem, pode falá. Tião — Papai... Otávio — Me desculpe, mas seu pai ainda não chegou. Ele deixou um recado comigo, mandou dizê pra você que ficou muito admirado, que se enganou. E pediu pra você tomá outro rumo, porque essa não é casa de fura-greve! Tião — Eu vinha me despedir e dizer só uma coisa: não foi por covardia! Otávio — Seu pai me falou sobre isso. Ele também procura acreditá que num foi por covardia. Ele acha que você até que teve peito. Furou a greve e disse pra todo mundo, não fez segredo. Não fez como o Jesuíno que furou a greve sabendo que tava errado. Ele acha, o seu pai, que você é ainda mais filho da mãe! Que você é um traidô dos seus companheiro e da sua classe, mas um traidô que pensa que tá certo! Não um traidô por covardia, um traidô por convicção! Tião — Eu queria que o senhor desse um recado a meu pai Otávio — Vá dizendo. Tião — Que o filho dele não é um “filho da mãe”. Que o filho dele gosta de sua gente, mas que o filho dele tinha um problema e quis resolvê esse problema de maneira mais segura. Que o filho é um homem que quer bem! Otávio — Seu pai vai ficá irritado com esse recado, mas eu digo. Seu pai tem outro recado pra você. Seu pai acha que a culpa de pensá desse jeito não é sua só. Seu pai acha que tem culpa... Tião — Diga a meu pai que ele não tem culpa nenhuma Otávio (perdendo o controle) — Se eu te tivesse educado mais firme, se te tivesse mostrado melhor o que é a vida, tu não pensaria em não ter confiança na tua gente... Tião — Meu pai não tem culpa. Ele fez o que devia. O problema é que eu não podia arriscá nada. Preferi tê o desprezo de meu pessoal pra poder querer bem, como eu quero querer, a tá arriscando a vê minha mulhé sofrê como minha mãe sofre, como todo mundo nesse morro sofre! Tião — Meu pai não tem culpa. Ele fez o que devia. O problema é que eu não podia arriscá nada. Preferi tê o desprezo de meu pessoal pra poder querer bem, como eu quero querer, a tá arriscando a vê minha mulhé sofrê como minha mãe sofre, como todo mundo nesse morro sofre! Otávio — Seu pai acha que ele tem culpa! Tião — Tem culpa de nada, pai! Otávio (num rompante) — E deixa ele acreditá nisso, se não, ele vai sofrê muito mais. Vai achar que o filho dele caiu na merda sozinho. Vai achar que o filho dele é safado de nascença. (Acalma-se repentinamente.) Seu pai manda mais um recado. Diz que você não precisa aparecê mais. E deseja boa sorte pra você Tião — Diga a ele que vai ser assim. Não foi por covardia e não me arrependo de nada. Até um dia. (Encaminha-se para a porta.) Otávio (dirigindo-se ao quarto dos fundos) — Tua mãe, talvez, vai querê falá contigo... Até um dia! (Tião pega uma sacola que deve estar debaixo de um móvel e coloca seus objetos. Camisas que estão entre as trouxas de roupa, escova de dentes, etc.) (GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam black-tie. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. p. 108-109.) Read Otávio’s statement below, extracted from Text: “Se eu te tivesse educado mais firme, se te tivesse mostrado melhor o que é a vida, tu não pensaria em não ter confiança na tua gente”. Translating this statement into English, we would have an example of the third conditional. Choose, then, the alternative which presents the right tense to the underlined verbs in English: A - Past perfect progressive tense. B - Past perfect tense. C - Present perfect tense. D - Past continuous tense. https://app.estuda.com/questoes/?id=6305813 ____________________________________________________________________________________________ ---------- ---------
--------- Da Praça Clóvis à Estação da Luz Da tal carteira batida --------- Post Ver novos posts Conversa Estadão 🗞️ @Estadao Esta é a #CapaDoDia do Estadão desta sexta-feira, 10 de novembro. Leia mais em http://estadao.com.br 🗞️ 6:10 AM · 10 de nov de 2023 ___________________________________________________________________________________ -------- ------------ Praça Clóvis Paulo Vanzolini Na praça Clóvis Minha carteira foi batida Tinha vinte e cinco cruzeiros E o teu retrato Vinte e cinco Francamente, achei barato Pra me livrar Do meu atraso de vida Eu já devia ter rasgado E não podia Esse retrato cujo olhar Me maltratava e perseguia Um dia veio o lanceiro Naquele aperto da praça Vinte e cinco Francamente foi de graça Composição: Paulo Vanzolini. ____________________________________________________________________________________________ ----------
---------- História do Palácio Guanabara - Diário do Rio de Janeiro --------- Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação – Geral de Documentação e Informação Coordenação de Biblioteca Proclamação ao povo brasi leiro (LIDA NO PALÁCIO GUANABARA E IRRADIADA PARA TODO O PAÍS, NA NOITE DE 10 DE NOVEMBRO DE 1937) ---------- SUMÁRIO À Nação — As exigências do momento histórico e as solicitações do interesse coletivo — O Governo e a restauração econômica e financeira — A obra da justiça social — Os velhos e novos partidos — Os nossos agrupamentos partidários tradicionais não exercem a verdadeira função dos partidos políticos — O sufrágio universal como instrumento dos mais audazes — As novas formações partidárias surgirão em todo o mundo refratárias aos processos democráticos — A organização constitucional de 1934 — A Câmara dos Deputados não conseguiu até agora ultimar as leis complementares constantes da Mensagem do Chefe do Governo Provisório, de 10 de abril de 1934 — O Senado permaneceu no período da definição de suas atribuições — Os defeitos de estrutura do próprio órgão legislativo — Desaconselhável a manutenção desse aparelho inadequado e dispendioso — Vinte anos de artificialismo econômico — O equipamento das vias férreas do país — As forças armadas precisam de aparelhamento eficiente — A nova Constituição — A lição dos acontecimentos — A campanha presidencial não encontrou repercussão no país — Necessário e urgente optar pela continuação do Brasil. --------
--------- Em sentido psicológico, a consciência é a percepção do eu por si mesmo -------- À NAÇÃO O homem de Estado, quando as circunstâncias impõem uma decisão excepcional, de amplas repercussões e profundos efeitos na vida do país, acima das deliberações ordinárias da atividade governamental, não pode fugir ao dever de tomá-la, assumindo, perante a sua conciência e a conciência dos seus concidadãos, as responsabilidades inerentes à alta função que lhe foi delegada pela confiança nacional. A investidura na suprema direção dos negócios públicos não envolve, apenas, a obrigação de cuidar e prover as necessidades imediatas e comuns da administração. As exigências do momento histórico e as solicitações do interesse coletivo reclamam, por vezes, imperiosamente, a adoção de medidas que afetam os pressupostos e convenções do regime, os próprios quadros institucionais, os processos e métodos de governo. Por certo, essa situação especialíssima só se caracteriza sob aspectos graves e decisivos nos períodos de profunda perturbação política, econômica e social. A contingência de tal ordem chegámos, infelizmente, como resultante de acontecimentos conhecidos, estranhos à ação governamental, que não os provocou nem dispunha de meios adequados para evitá-los ou remover-lhes as funestas conseqüências. Oriundo de um movimento revolucionário de amplitude nacional e mantido pelo poder constituinte da Nação, o Governo continuou, no período legal, a tarefa encetada 19 A NOVA POLÍTICA DO BRASIL de restauração econômica e financeira e, fiel às convenções do regime, procurou crear, pelo alheiamento às competições partidárias, uma atmosfera de serenidade e confiança, propícia ao desenvolvimento das instituições democráticas. Enquanto assim procedia, na esfera estritamente política, aperfeiçoava a obra de justiça social a que se votara desde o seu advento, pondo em prática um programa isento de perturbações e capaz de atender às justas reivindicações das classes trabalhadoras, de preferência as concernentes às garantias elementares de estabilidade e segurança econômica, sem as quais não pode o indivíduo tornar-se útil à coletividade e compartilhar dos benefícios da civilização. Contrastando com as diretrizes governamentais, inspiradas sempre no sentido construtivo e propulsor das atividades gerais, os quadros políticos permaneciam adstritos aos simples processos de aliciamento eleitoral. Tanto os velhos partidos, como os novos em que os velhos se transformaram sob novos rótulos, nada exprimiam ideologicamente, mantendo-se à sombra de ambições pessoais ou de predomínios localistas, a serviço de grupos empenhados na partilha dos despojes e nas combinações oportunistas em torno de objetivos subalternos. A verdadeira função dos partidos políticos, que consiste em dar expressão e reduzir a princípios de governo as aspirações e necessidades coletivas, orientando e disciplinando as correntes de opinião, essa, de há muito, não a exercem os nossos agrupamentos partidários tradicionais. O fato é sobremodo sintomático se lembrarmos que da sua atividade depende o bom funcionamento de todo sistema baseado na livre concorrência de opiniões e interesses. 20 PROCLAMAÇÃO AO POVO BRASILEIRO Para comprovar a pobreza e desorganização da nossa vida política, nos moldes em que se vem processando, aí está o problema da sucessão presidencial, transformado em irrisória competição de grupos, obrigados a operar pelo suborno e pelas promessas demagógicas, diante do completo desinteresse e total indiferença das forças vivas da Nação. Chefes de governos locais, capitaneando desassossegos e oportunismos, transformaram-se, de um dia para outro, à revelia da vontade popular, em centros de decisão política, cada qual decretando uma candidatura, como sé a vida do país, na sua significação coletiva, fosse simples convencionalismo, destinado a legitimar as ambições do caudilhismo provinciano. Nos períodos de crise, como o que atravessamos, a democracia de partidos, em lugar de oferecer segura oportunidade de crescimento e de progresso, dentro das garantias essenciais à vida e à condição humana, subverte a hierarquia, ameaça a unidade pátria e põe em perigo a existência da Nação, extremando as competições e acendendo o facho da discórdia civil. Acresce, ainda, notar que, alarmados pela atoarda dos agitadores profissionais e diante da complexidade da luta política, os homens que não vivem dela mas do seu trabalho deixam os partidos entregues aos que vivem deles, abstendo-se de participar da vida pública, que só poderia beneficiar-se com a intervenção dos elementos de ordem e de ação construtora. . O sufrágio universal passa, assim, a ser instrumento dos mais audazes e máscara que mal dissimula o conluio dos apetites pessoais e de corrilhos. Resulta daí não ser a economia nacional organizada que influe ou prepondera nas decisões governamentais, mas as forças econômicas de caráter privado, insinuadas no poder e dele se 21 A NOVA POLÍTICA DO BRASIL servindo em prejuízo dos legítimos interesses da comunidade. Quando os partidos tinham objetivos de caráter meramente político, com a extensão de franquias constitucionais e reivindicações semelhantes, as suas agitações ainda podiam processar-se à superfície da vida social, sem perturbar as atividades do trabalho e da produção. Hoje, porém, quando a influência e o controle do Estado sobre a economia tendem a crescer, a competição política tem por objetivo o domínio das forças econômicas, e a perspectiva da luta civil, que espia, a todo momento, os regimes dependentes das flutuações partidárias, é substituída pela perspectiva incomparavelmente mais sombria da luta de classes. Em tais circunstâncias, a capacidade de resistência do regime desaparece e a disputa pacífica das urnas é transportada para o campo da turbulência agressiva e dos choques armados. E' dessa situação perigosa que nos vamos aproximando. A inércia do quadro político tradicional e a degenerescência dos partidos em clans facciosos são fatores que levam, necessariamente, a armar o problema político, não em termos democráticos, mas em termos de violência e de guerra social. Os preparativos eleitorais foram substituídos, em alguns Estados, pelos preparativos militares, agravando os prejuízos que já vinha sofrendo a Nação, em conseqüência da incerteza e instabilidade creadas pela agitação facciosa. O caudilhismo regional, dissimulado sob aparências de organização partidária, armava-se para impor à Nação as suas decisões, constituindo-se, assim, em ameaça ostensiva à unidade nacional. Por outro lado, as novas formações partidárias surgidas em todo o mundo, por sua própria natureza refra22 PROCLAMAÇÃO AO POVO BRASILEIRO tárias aos processos democráticos, oferecem perigo imediato para as instituições, exigindo, de maneira urgente e proporcional à virulência dos antagonismos, o reforço do poder central. Isto mesmo já se evidenciou por ocasião do golpe extremista de 1935, quando o Poder Legislativo foi compelido a emendar a Constituição e a instituir o estado de guerra, que, depois de vigorar mais de um ano, teve de ser restabelecido por solicitação das forças armadas, em virtude do recrudescimento do surto comunista, favorecido pelo ambiente turvo dos comícios e da caça ao eleitorado. A conciência das nossas responsabilidades indicava, imperativamente, o dever de restaurar a autoridade nacional, pondo termo a essa condição anômala da nossa existência política, que poderá conduzir-nos à desintegração, como resultado final dos choques de tendências inconciliáveis e do predomínio dos particularismos de ordem local. Colocada entre as ameaças caudilhescas e o perigo das formações partidárias sistematicamente agressivas, a Nação, embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos brasileiros e o amparo decisivo e vigilante das forças armadas, não dispõe de meios defensivos eficazes dentro dos quadros legais, vendo-se obrigada a lançar mão, de modo normal, das medidas excepcionais que caracterizam o estado de risco iminente da soberania nacional e da agressão externa. Essa é a verdade, que precisa ser proclamada, acima de temores e subterfúgios. A organização constitucional de 1934, vazada nos moldes clássicos do liberalismo e do sistema representativo, evidenciara falhas lamentáveis, sob esse e outros aspectos. A Constituição estava, evidentemente, antedatada em relação ao espírito do tempo. Destinava-se a uma realidade que deixara de existir. Conformada em 23 A NOVA POLÍTICA DO BRASIL princípios cuja validade não resistira ao abalo da crise mundial, expunha as instituições por ela mesma criadas à investida dos seus inimigos, com a agravante de enfraquecer e anemizar o poder público. O aparelhamento governamental instituído não se ajustava às exigências da vida nacional; antes, dificultava-lhe a expansão e inibia-lhe os movimentos. Na distribuição das atribuições legais, não se colocara, como se devera fazer, em primeiro plano, o interesse geral; alluíram-se as responsabilidades entre os diversos poderes, de tal sorte que o rendimento do aparelho do Estado ficou reduzido ao mínimo, e a sua eficiência sofreu danos irreparáveis, continuamente expostos à influência dos interesses personalistas e das composições políticas eventuais. Não obstante o esforço feito para evitar os inconvenientes das assembléias exclusivamente políticas, o Poder Legislativo, no regime da Constituição de 1934, mostrouse, irremediavelmente, inoperante. Transformada a Assembléia Nacional Constituinte em Câmara de Deputados, para elaborar, nos precisos termos do dispositivo constitucional, as leis complementares constantes da Mensagem do Chefe do Governo Provisório, de 10 de abril de 1934, não se conseguira, até agora, que qualquer delas fosse ultimada, mau grado o funcionamento quási ininterrupto das respectivas sessões. Nas suas pastas e comissões se encontram, aguardando deliberação, numerosas iniciativas de inadiável necessidade nacional, como sejam: o Código do Ar, o Código das Águas, o Código de Minas, o Código Penal, o Código do Processo, os projectos da Justiça do Trabalho, da creação dos Institutos do Mate e do Trigo, etc. etc.. Não deixaram, entretanto, de ter andamento e aprovação as medidas destinadas a favorecer interesses parti24 PROCLAMAÇÃO AO POVO BRASILEIRO culares, algumas, evidentemente, contrárias aos interesses nacionais e que, por isso mesmo, receberam veto do Poder Executivo. Por seu turno, o Senado Federal permanecia no período de definição das suas atribuições, que constituíam motivo de controvérsia e de contestação entre as duas casas legislativas. A fase parlamentar da obra governamental se processava, antes como um obstáculo do que como uma colaboração digna de ser conservada nos termos em que a estabelecera a Constituição de 1934. Função elementar e, ao mesmo tempo, fundamental, a própria elaboração orçamentária nunca se ultimou nos prazos regimentais, com o cuidado que era de exigir. Todos os esforços realizados pelo Governo no sentido de estabelecer o equilíbrio orçamentário se tornavam inúteis, desde que os representantes da Nação agravavam sempre o montante das despesas, muitas vezes, em benefício de iniciativas ou de interesses que nada tinham a ver com o interesse público. Constitui ato de estrita justiça consignar que em ambas as casas do Poder Legislativo existiam homens cultos, devotados e patriotas, capazes de prestar esclarecido concurso às mais delicadas funções públicas, tendo, entretanto, os seus esforços invalidados pelos próprios defeitos de estrutura do órgão a que não conseguiam emprestar as suas altas qualidades pessoais. A manutenção desse aparelho inadequado e dispendioso era de todo desaconselhável. Conservá-lo seria, evidentemente, obra de espírito acomodatício e displicente, mais interessado pelas acomodações da clientela política do que pelo sentimento das responsabilidades assumidas. Outros, por certo, prefeririam transferir aos ombros do Legislativo os ônus e dificuldades que o 25 A NOVA POLÍTICA DO BRASIL Executivo terá de enfrentar para resolver diversos problemas de grande relevância e de graves repercussões, visto afetarem poderosos interesses organizados, interna e externamente. Compreende-se, desde logo, que me refiro, entre outros, aos da produção cafeeira e regularização da nossa dívida externa. O Governo atual herdou os erros acumulados em cerca de vinte anos de artificialismo econômico, que produziram o efeito catastrófico de reter stocks e valorizar o café, dando em resultado o surto da produção noutros países, apesar dos esforços empreendidos para equilibrar, por meio de quotas, a produção e o consumo mundial da nossa mercadoria básica. Procurando neutralizar a situação calamitosa encontrada em 1930, iniciámos uma política de descongestionamento, salvando da ruína a lavoura cafeeira e encaminhando os negócios de modo que fosse possível restituir, sem abalos, o mercado do café às suas condições normais. Para atingir esse objetivo, cumpria aliviar a mercadoria dos pesados ônus que a encareciam, o que será feito sem perda de tempo, resolvendo-se o problema da concorrência no mercado mundial e marchando decisivamente para a liberdade de comércio do produto. No concernente à dívida externa, o serviço de amortização e juros constitui questão vital para a nossa economia. Enquanto foi possível o sacrifício da exportação de ouro, afim de satisfazer as prestações estabelecidas, o Brasil não se recusou a fazê-lo. É claro, porém, que os pagamentos, no exterior, só podem ser realizados com o saldo da balança comercial. Sob a aparência de moeda, que vela e disfarça a natureza do fenômeno de base nas relações econômicas, o que existe, em última análise, é a permuta de produtos. A transferência de valores destinados a atender a esses compromissos pressupõe, natural26 PROCLAMAÇÃO AO POVO BRASILEIRO mente, um movimento de mercadorias do país devedor para os seus clientes no exterior, em volume suficiente para cobrir as responsabilidades contraídas. Nas circunstâncias atuais, dados os fatores que tendem a crear restrições à livre circulação das riquezas no mercado mundial, a aplicação de recursos em condições de compensar a diferença entre as nossas disponibilidades e as nossas obrigações só pode ser feita mediante o endividamento crescente do país e a debilitação da sua economia interna. Não é demais repetir que os sistemas de quotas, contingentamentos e compensações, limitando, dia a dia, o movimento e volume das trocas internacionais, têm exigido, mesmo nos países de maior rendimento agrícola e industrial, a revisão das obrigações externas. A situação impõe, no momento, a suspensão do pagamento de juros e amortizações, até que seja possível reajustar os compromissos sem dessangrar e empobrecer o nosso organismo econômico. Não podemos por mais tempo continuar a solver dívidas antigas pelo processo ruinoso de contrair outras mais vultosas, o que nos levaria, dentro de pouco, à dura contingência de adotar solução mais radical. Para fazer face às responsabilidades decorrentes dos nossos compromissos externos, lançámos sobre a produção nacional o pesado tributo que consiste no confisco cambial, expresso na cobrança de uma taxa oficial de 35 %, redundando, em última análise, em reduzir de igual percentagem os preços, já tão aviltados, das mercadorias de exportação. É imperioso pôr um termo a esse confisco, restituindo o comércio de câmbio às suas condições normais. As nossas disponibilidades no estrangeiro, absorvidas, na sua totalidade, pelo serviço da dívida e não bastando, ainda assim, às suas exigências, dão em resultado nada nos sobrar para a renovação do aparelhamento econômico, do qual depende todo o progresso nacional. 27 A NOVA POLÍTICA DO BRASIL Precisamos equipar as vias férreas do país, de modo a oferecerem transporte econômico aos produtos das diversas regiões, bem como construir novos traçados e abrir rodovias, prosseguindo na execução do nosso plano de comunicações, particularmente no que se refere à penetração do hinterland e articulação dos centros de consumo interno com os escoadouros de exportação. Por outro lado, essas realizações exigem que se instale a grande siderurgia, aproveitando a abundância de minéreo, num vasto plano de colaboração do Governo com os capitais estrangeiros que pretendam emprego remunerativo, e fundando, de maneira definitiva, as nossas indústrias de base, em cuja dependência se acha o magno problema da defesa nacional. É necessidade inadiável, também, dotar as forças armadas de aparelhamento eficiente, que as habilite a assegurar a integridade e a independência do país, permitindo-lhe cooperar com as demais nações do Continente na obra de preservação da paz. Para reajustar o organismo político às necessidades econômicas do país e garantir as medidas apontadas, não se oferecia outra alternativa além da que foi tomada, instaurando-se um regime forte, de paz, de justiça e de trabalho. Quando os meios de governo não correspondem mais às condições de existência de um povo, não há outra solução senão mudá-los, estabelecendo outros moldes de ação. A Constituição hoje promulgada creou uma nova estrutura legal, sem alterar o que se considera substancial nos sistemas de opinião: manteve a forma democrática, o processo representativo e a autonomia dos Estados, dentro das linhas tradicionais da federação orgânica. Circunstâncias de diversa natureza apressaram o desfecho deste movimento, que constitui manifestação de 28 PROCLAMAÇÃO AO POVO BRASILEIRO vitalidade das energias nacionais extra-partidárias. O povo o estimulou e acolheu com inequívocas demonstrações de regozijo, impacientado e saturado pelos lances entristecedores da política profissional; o Exército e a Marinha o reclamaram como imperativo da ordem e da segurança nacional. Ainda ontem, culminando nos propósitos demagógicos, um dos candidatos presidenciais mandava ler da tribuna da Câmara dos Deputados documento francamente sedicioso e o fazia distribuir nos quartéis das corporações militares, que, num movimento de saudável reação às incursões facciosas, souberam repelir tão aleivosa exploração, discernindo, com admirável clareza, de que lado estavam, no momento, os legitimes reclamos da conciência brasileira. Tenho suficiente experiência das asperezas do poder para deixar-me seduzir pelas suas exterioridades e satisfações de caráter pessoal. Jamais concordaria, por isso, em permanecer à frente dos negócios públicos se tivesse de ceder quotidianamente às mesquinhas injunções da acomodação política, sem a certeza de poder trabalhar, com real proveito, pelo maior bem da coletividade. Prestigiado pela confiança das forças armadas e correspondendo aos generalizados apelos dos meus concidadãos, só acedi em sacrificar o justo repouso a que tinha direito, ocupando a posição em que me encontro, com o firme propósito de continuar servindo à Nação. As decepções que o regime derrogado trouxe ao país não se limitaram ao campo moral e político. A economia nacional, que pretendera participar das. responsabilidades do Governo, foi também frustrada nas suas justas aspirações. Cumpre restabelecer, por meio adequado, a eficácia da sua intervenção e colaboração na vida do Estado. Ao envés de pertencer a uma assembléia 29> A NOVA POLÍTICA DO BRASIL política, em que, é óbvio, não se encontram os elementos essenciais às suas atividades, a representação profissional deve constituir um órgão de cooperação na esfera do poder público, em condições de influir na propulsão das forças econômicas e de resolver o problema do equilíbrio entre o capital e o trabalho. Considerando de frente e acima dos formalismos jurídicos a lição dos acontecimentos, chega-se a uma conclusão iniludível, a respeito da gênese política das nossas instituições: elas não corresponderam, desde 1889, aos fins para que se destinavam. Um regime que, dentro dos ciclos prefixados de quatro anos, quando se apresentava o problema sucessório presidencial, sofria tremendos abalos, verdadeiros traumatismos mortais, dada a inexistência de partidos nacionais e de princípios doutrinários que exprimissem as aspirações coletivas, certamente não valia o que representava e operava, apenas, em sentido negativo. Numa atmosfera privada de espírito público, como essa em que temos vivido, onde as instituições se reduziam às aparências e aos formalismos, não era possível realizar reformas radicais sem a preparação prévia dos diversos fatores da vida social. Torna-se impossível estabelecer normas sérias e sistematização eficiente à educação, à defesa e aos próprios empreendimentos de ordem material, se o espírito que rege a política geral não estiver conformado em princípios que se ajustem às realidades nacionais. Se queremos reformar, façamos, desde logo, a reforma política. Todas as outras serão consectárias desta, e sem ela não passarão de inconsistentes documentos de teoria política. Passando do Governo propriamente dito ao processo da sua constituição, verificava-se, ainda, que os meios não .30 PROCLAMAÇÃO AO POVO BRASILEIRO correspondiam aos fins. A fase culminante do processo político sempre foi a da escolha de candidato à Presidência da República. Não existia mecanismo constitucional prescrito a esse processo. Como a função de escolher pertencia aos partidos e como estes se achavam reduzidos a uma expressão puramente nominal, encontravamo-nos em face de uma solução impossível, por falta de instrumento adequado. Daí, as crises periódicas do regime, pondo, quadrienalmente, em perigo a segurança das instituições. Era indispensável preencher a lacuna, incluindo na própria Constituição o processo de escolha dos candidatos à suprema investidura, de maneira a não se reproduzir o espetáculo de um corpo político desorganizado e perplexo, que não sabe, sequer, por onde começar o ato em virtude do qual se define e afirma o fato mesmo da sua existência. A campanha presidencial, de que tivemos, apenas, um tímido ensaio, não podia, assim, encontrar, como efetivamente não encontrou, repercussão no país. Pelo seu silêncio, a sua indiferença, o seu desinteresse, a Nação pronunciou julgamento irrecorrível sobre os artifícios e as manobras a que se habituou a assistir periodicamente, sem qualquer modificação no quadro governamental que se seguia às contendas eleitorais. Todos sentem, de maneira profunda, que o problema de organização do Governo deve processar-se em plano diferente e que a sua solução transcende os mesquinhos quadros partidários, improvisados nas vésperas dos pleitos, com o único fim de servir de bandeira a interesses transitoriamente agrupados para a conquista do poder. A gravidade da situação que acabo de escrever em rápidos traços está na conciência de todos os brasileiros. Era necessário e urgente optar pela continuação desse estado de coisas ou pela continuação do Brasil. Entre a existência nacional e a situação de caos, de irresponsa31 Cad. 8 — 5 A NOVA POLÍTICA DO BRASIL bil idade e desordem em que nos encontrávamos, não podia haver meio termo ou contemporização. Quando as competições políticas ameaçam degenerar em guerra civil, é sinal de que o regime constitucional perdeu o seu valor prático, subsistindo, apenas, como abstração. A tanto havia chegado o país. A complicada máquina de que dispunha para governar-se não funcionava. Não existiam órgãos apropriados através dos quais pudesse exprimir os pronunciamentos da sua inteligência e os decretos da sua vontade. Restauremos a Nação na sua autoridade e liberdade de ação: — na sua autoridade, dando-lhe os instrumentos de poder real e efetivo com que possa sobrepor-se às influências desagregadoras, internas ou externas; na sua liberdade, abrindo o plenário do julgamento nacional sobre os meios e os fins do Governo e deixando-a construir livremente a sua história e o seu destino. 32 ______________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ ---------
----------- Vista da Rua Pinheiro Machado. (antiga Rua Guanabara) O Estádio é anexo ao Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro e antiga sede da República Federativa do Brasil. Apesar de toda a tradição de Laranjeiras, entretanto, foi no Maracanã que o Fluminense conquistou suas maiores glórias nas últimas décadas, dada a diferença de capacidade entre os dois estádios e a redução ocorrida em Laranjeiras a partir de 1961.[3] Outros clubes Laranjeiras é o segundo estádio onde o Flamengo mais atuou, com o rubro-negro tendo disputado 269 partidas, sagrando-se campeão carioca em 1921 e em 1942.[28] Três títulos foram conquistados pelo America em Laranjeiras, os campeonatos cariocas de 1913 e 1935 e o Torneio Relâmpago de 1945, local onde o clube rubro atuou em 184 ocasiões e onde aplicou a segunda maior goleada de sua história, 10 a 1 contra o Haddock Lobo em 1910.[29] O Vasco da Gama disputou 102 partidas em Laranjeiras, entre elas a sua primeira partida internacional em 1923, e duas que redundaram nas conquistas dos campeonatos cariocas de 1923 e de 1929, além da segunda maior goleada de sua história, 12 a 0 contra o Paladino em 1937.[30] O Botafogo sagrou-se campeão carioca em 1930 e do Torneio Municipal de 1951 no Estádio de Laranjeiras. O Bangu conquistou o Campeonato Carioca de 1933 no estádio do Fluminense, o quinto estádio onde o clube banguense mais atuou, com 147 partidas disputadas, e ao vencer o Fluminense, que não tinha mais chances de sagrar-se campeão, por 2 a 1, também conquistou nesse estádio o Torneio Quadrangular do Rio de Janeiro de 1957, levantando a Taça A. J. Renner, que teve ainda as participações do Vasco da Gama e do Renner-RS.[31] https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_Manoel_Schwartz __________________________________________________________________________________ ---------- ------------ sexta-feira, 10 de novembro de 2023 Música | João Gilberto - Hino do Fluminense (Lamartine Babo) -Homenagem do vascaíno _____________________________________________________________________________________
----------- Eis aí o antigo campo tricolor - 1904 ainda não era a época dos estádios. --------- Fluminense Football Club (RJ) e os seus dois estádios: Rua Guanabara e Estádio das Laranjeiras https://historiadofutebol.com/blog/?p=76978 ___________________________________________________________________________________ ------------ Papel Mache / Joao Bosco Kanoko Hara 1,13 mil inscritos 6.494 visualizações 26 de jun. de 2018 Singing my favorite song in my room. Kanoko Hara https://linktr.ee/Kanokotty _________________________________________________________________________________ ------------- ------------ AULA ESPECIAL "História Política das Constituições Brasileiras". Marco Antonio Villa 711 mil inscritos 46.842 visualizações 17 de jun. de 2020 Curso : "História Política das Constituições Brasileiras". https://www.youtube.com/watch?v=Dxuq-t7kbEc __________________________________________________________________________________

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