A
NARRATIVA DE FICÇÃO
Estudos Literários
"A narrativa está presente em todos os lugares,
em todas as sociedades; a narrativa começa com a própria história da
humanidade; não há, não há em parte alguma, povo algum sem narrativa; todas as
classes, todos os grupos humanos têm suas narrativas, e frequentemente estas
narrativas são apreciadas em comum por homens de cultura diferente, e mesmo
oposta: a narrativa ridiculariza a boa e a má literatura: internacional,
trans-histórica, transcultural, a narrativa está aí, como a vida." (Barthes,
1971, p. 19-20)
‘Narrar é expor, por meio da fala ou da escrita, um
acontecimento ou uma sucessão de acontecimentos, mais ou menos encadeados,
reais ou imaginários. Assim temos a narrativa poética, a narrativa objetiva
(acontecimentos reais) e a narrativa de ficção (acontecimentos imaginários). No
caso da narrativa de ficção, usamos o termo "narração", como
designativo da prosa de ficção. Neste caso, a narração é uma invenção, uma
criação humana e, como tal, exige arte, técnica, e imaginação. Enfim, a
narração consiste no relato de acontecimentos ou fatos que envolvem: um
narrador que a conte, personagens que vivencie os fatos narrados, um espaço em
que se ambiente a história, uma trama (conflitos), ação e o transcorrer do
tempo em que a ação se desenvolve.
A Mentira Artística
O filho chega tarde a casa e o pai corre severo para
ele:
— O que houve?
O filho expõe (narra) um conjunto de fatos, de
acontecimentos que lhe servirão de desculpas. O objetivo dessa narrativa é o
convencimento do pai. De modo que o filho procura os acontecimentos que
motivaram o atraso (narrativa objetiva), ou os inventa (narrativa ficcional).
Daí, não é sem razão dizer-se que: "o primeiro filho mentiroso
descobriu a arte da narrativa", que agrada mais e convence mais porque vai
além dos fatos, além da realidade. "A mentira artística chama-se
ficção".
A Narrativa de Ficção ou Narração
A narrativa de ficção é construída, elaborada de
modo a emocionar, impressionar as pessoas como se fossem reais. Quando você lê
um romance, novela ou conto, por exemplo, sabe que aquela história foi
inventada por alguém e está sendo vivida de mentira por personagens fictícios.
No entanto, você chora ou ri, torce pelo herói, prende a respiração no momento
de suspense, fica satisfeito quando tudo acaba bem. A história foi narrada de
modo a ser vivida por você. Suas emoções não deixam de existir só porque aquilo
é ficção, é invenção. No "mundo da ficção" a realidade
interna é mais ampla que a realidade externa, concreta, que conhecemos. Através
da ficção podemos, por exemplo, nos transportar para um mundo futuro, no qual
certas situações que hoje podem nos parecer absurdas, são perfeitamente aceitas
como verdadeiras.
Os contos de fadas, as fábulas, os desenhos
animados, as narrativas fantásticas, em que tudo pode acontecer, também, nos
remetem a outra realidade, bem mais ampla da que vivemos. Nestes casos, os
textos narrativos, apresentam uma lógica interna que acabamos
aceitando como verdade. É o que alguns teóricos chamam de “suspensão
voluntária da descrença”, para exemplificar essa suspensão, cito dois exemplos:
Em a Metamorfose, o tcheco Franz Kafka inicia a
narrativa com o personagem Gregor Samsa transformado em um inseto
(metáfora da condição humana em um mundo adverso, desumano):
“Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos,
Gregor Samsa viu-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava
deitado sobre suas costas duras como couraça, e ao erguer um pouco sua cabeça
viu o seu ventre marrom, abaulado divididos em saliências arqueadas (...).”
Já Machado de Assis, em Memórias Póstumas de Brás
Cubas, dá voz a um defunto que narra logo no primeiro capítulo o seu óbito:
"Algum tempo hesitei se deveria começar estas
memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu
nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar começar pelo nascimento, duas
considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que não sou
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor [...]."
Para o leitor prosseguir na leitura dessas
narrativas é necessário que ele suspenda temporária e voluntariamente a sua
descrença e aceite, como um fato da realidade, uma personagem transformada em
um inseto horroroso e um defunto que resolve contar suas memórias.
Toda narrativa de ficção transmite uma determinada
visão da vida. É por essa razão que as narrativas de ficção ou a ficção nos
tocam tão de perto. ®Sérgio.
Tópicos Relacionados:
A Verossimilhança.
A Ficção.
O Autor e o Narrador.
A Personagem na Narrativa.
Algumas informações foram extraídas e adaptadas ao
texto de: Massaud Moisés, A Criação Literária.’
Ricardo Sérgio
sábado, 28 de julho de 2018
- Folha de S. Paulo
Petistas difundiram narrativa para cooptar
militantes na defesa do legado lulista
Na última semana, descobrimos que Lula deve empurrar
sua candidatura até o último momento e deve concorrer com um programa muito
parecido com o que praticou nos anos 2000. Essa estratégia é fruto de uma
armadilha retórica na qual o PT se emaranhou.
Desde que foram forçados a retomar a mobilização,
para se contrapor aos protestos que pediam o impeachment, os petistas difundiram
uma narrativa, a narrativa do golpe, uma estratégia discursiva para assustar a
militância de esquerda e cooptá-la na defesa do legado lulista.
A narrativa tenta interpretar todo o processo
político recente como uma orquestração conservadora contra os avanços sociais
dos governos de esquerda.
Segundo ela, a Lava Jato não teria desvelado um
gigantesco esquema de corrupção na Petrobras, mas seria apenas uma armação sem
fundamento para perseguir o PT.
Dilma Rousseff não teria sofrido um impeachment
porque seu partido se enredou em corrupção e um movimento de massas se levantou
contra ele, nem porque perdeu completamente o controle do Congresso por pura
incapacidade política, nem por ter cometido erros grosseiros de condução da
política econômica, nem por ter traído seu programa eleitoral tão logo
reeleita.
O que aconteceu, segundo a narrativa, foi que as
elites não teriam tolerado o avanço social dos programas petistas e forjaram
uma coalizão com o Judiciário, a oposição e a imprensa para derrubar Dilma e
impedir novos governos de esquerda.
Às vezes, a narrativa faz parecer que programas como
o Fies, o Bolsa Família e o Luz para Todos foram tão revolucionários que teriam
ameaçado o status quo. Outras vezes, ela faz parecer que nossa elite é tão reacionária
que não toleraria mesmo programas moderados e ambivalentes.
De qualquer maneira, a corrupção com a qual o PT se
envolveu e os graves erros do governo Dilma são jogados para debaixo do tapete
e toda a responsabilidade pelo fracasso passa a ser da oposição.
A crença na narrativa é ambígua. Por um lado, como
se acreditassem nela, rebaixam as expectativas, fazendo crer que o que tivemos
com Lula é tudo o que é possível fazer —qualquer proposta mais ousada, as
elites simplesmente não autorizariam.
Por outro lado, como se não acreditassem tanto nela,
rejeitam uma ruptura institucional, optando por jogar o jogo eleitoral
supostamente viciado, inclusive buscando o apoio de políticos “golpistas”.
Embaraçado pela própria narrativa, o PT, com Lula ou
sem Lula, deve reeditar um programa gasto e limitado, projetando um horizonte
de mudanças muito aquém da urgência social imposta pela desigualdade
brasileira.
Pablo Ortellado, professor do curso de gestão de
políticas públicas da USP, é doutor em filosofia.
Significado de Narrativa
O
que é Narrativa:
“Narrativa é uma exposição de fatos, uma narração,
um conto ou uma história. As notícias de jornal, história em quadrinhos,
romances, contos e novelas, são, entre outras, formas de se contar uma
história, ou seja, são narrativas.
As narrativas são expressas por diversas linguagens:
pela palavra (linguagem verbal: oral e escrita), pela imagem (linguagem
visual), pela representação (linguagem teatral) etc.
Elementos da Narrativa
A narrativa é uma sequencia de fatos interligados
que ocorrem ao longo de certo tempo e possui elementos básicos na sua
composição:
Fato – corresponde à ação que vai ser narrada (o
que)
Tempo – em que linha temporal aconteceu o fato (quando)
Lugar – descrição de onde aconteceu o fato (onde)
Personagens – participantes ou observadores da ação
(com quem)
Causa – razão pela qual aconteceu o fato (por que)
Modo – de que forma aconteceu o fato (como)
Consequência – resultado do desenrolar da ação
A narrativa se desenvolve em torno de um enredo,
nome que se dá a sequencia dos fatos. A partir do enredo chega-se ao tema,
que é o motivo central do texto. O enredo apresenta situações de conflitos ou
ações, que são divididos em quatro partes:
Apresentação – vários elementos como as personagens,
cenário, e tempo, são apresentados pelo narrador, para enquadrar o leitor
relativamente aos fatos.
Desenvolvimento - aqui o conflito tem origem,
havendo o confronto entre os personagens.
Clímax - é o expoente máximo do conflito, existindo
uma enorme carga dramática e onde alguns fatos importantes atingem sua maior
dramaticidade.
Desfecho – é a parte final da narrativa que revela o
resultado do clímax, sendo que o conflito pode ou não ter sido resolvido.
Os personagens de uma narrativa podem ser descritos
do ponto de vista físico e psicológico, exercendo diversos papéis:
Protagonista – é o personagem principal de uma
narrativa, tem o papel mais importante no desenrolar da ação.
Antagonista - aquele que se opõe ao protagonista,
sendo o seu inimigo. Muitas vezes só é revelado como antagonista durante o
clímax.
Personagem secundária - apesar de ter um papel menos
importante que o protagonista, é também importante para o desenvolvimento da
ação.
Figurante - tem como função ajudar a descrever um
ambiente ou espaço do qual faz parte. O seu papel não tem influência na ação.
Narrativa Literária
A narrativa literária pode ser apresentada na forma
de prosa e verso. Quanto ao conteúdo, estão agrupadas em três
gêneros: narrativo, lírico e dramático.
Em toda narrativa, há um narrador, que conta o
que acontece. Não deve ser confundido com o autor do texto. O narrador pode ser
um personagem que participa da ação. Nesse caso trata-se de um narrador em
primeira pessoa. Quando ele não participa da história, mas apenas relata o que
fazem os personagens, trata-se de um narrador em terceira pessoa.
Entre as formas de narrativas em prosa, destacam-se:
Romance – aborda uma narrativa de ficção, longa, com
vários personagens que vivem diferentes conflitos e cujos destinos se cruzam,
através de um enredo narrado numa sequência temporal. Um romance pode contar
diferentes tipos de histórias: romance policial, romance histórico, romance de
aventuras etc. Ex.: Morte na Praia, de Agatha Christie,
Novela – é uma narrativa menos abrangente que o
romance, composta de uma série de unidades encadeadas, mas articulada em torno
de um personagem central. Ex.: O Alienista, de Machado de Assis, Vidas
Secas, de Graciliano Ramos etc.
Conto – é uma narrativa mais curta, compacta e com
poucos personagens. Concentra-se em torno de um só personagem, onde só existe
um conflito num espaço de tempo reduzido.
Crônica – possui um texto mais informal, que relata
acontecimentos do dia a dia, onde várias vezes o cronista sutilmente denuncia
algum problema de ordem social.
Fábula – é uma pequena narrativa que expressa uma
mensagem de fundo moral. As personagens das fábulas são, geralmente, animais
que representam tipos humanos. Ex.: A Cigarra e a Formiga e A Lebre e a
Tartaruga, de La Fontaine.
Narrativa de aventura
A narrativa de aventura é aquela que descreve ações
desenvolvidas por um personagem representado por um valente herói, que vive as
mais surpreendentes situações. O aventureiro enfrenta desafios e se envolve em
diversas aventuras para escapar do perigo. A ação é um elemento principal numa
narrativa de aventura. Ex.: As Viagens de Gulliver, de Jonatham Sift,
Odisseia e A Ilíada, de Homero etc.”
Data de atualização: 16/09/2014. O significado
de Narrativa está na categoria: Geral
Embassado
ou embaçado
"A forma correta de escrita da palavra
é embaçado, com ç. A palavra embassado, com ss, está errada. O adjetivo
embaçado indica, principalmente, alguma coisa está sem cor ou sem brilho, que
está baça ou pálida. Pode indicar também uma pessoa perplexa ou confusa, bem
como um som abafado. Embaçado é também o particípio do verbo embaçar.
Exemplos com embaçado
O vidro da janela do carro está embaçado.
(adjetivo)
O espelho do banheiro ficou embaçado depois que
tomei banho. (adjetivo)
Estou tão cansada que estou com a visão embaçada.
(adjetivo)
O vapor tinha embaçado o vidro, mas eu já
desembacei. (particípio)
Embaçado é sinônimo de embaciado, baço,
pálido, lívido, perplexo, pasmado, confuso e embaraçado, entre outros.
Origem de embaçado
O adjetivo embaçado é formado a partir do particípio
do verbo embaçar, proveniente da palavra baço. Assim, embaçado e embaçar são
palavras cognatas do substantivo baço, fazendo parte da sua família de
palavras.
Todas as palavras cognatas de baço deverão ser
escritas com ç, nunca com ss: baço, embaçado, embaçar, desembaçar,…
Embaçado ou embaciado?
Embaçado e embaciado são adjetivos sinônimos.
Embaçado é a forma mais usada no português falado no Brasil e embaciado é a
forma mais usada no português falado em Portugal.
Exemplos com embaciado
O vidro da janela do carro está embaciado.
O espelho ficou embaciado depois que tomei banho.
Palavras relacionadas: embaçado, embaçar."
Sinônimo
de embaraçado
“30 sinônimos de embaraçado para 4 sentidos da
palavra embaraçado:
Sem se poder movimentar:
1 preso, tímido.
Pessoa sem experiência:
2 xucro.
Assustado:
3 azul, bloqueado.
4 arrevesado, atado, atracado, atrapalhado, atravancado, complicado, complicar, confundido, confuso, congestionado, difícil, emaranhado, embargado, encabulado, encalhado, encravado, engasgado, enleado, enrascado, estacado, estorvado, impedido, ininteligível, intricado, tolhido.
A palavra embaraçado aparece também nas
seguintes entradas:
acabrunhado, torpe, acanhado, envergonhado, perturbado, apurado, intrincado, constrangido, complexo, melindroso, vergonhoso, inextricável, vedado, inapto, prejudicado, passado, chucro, comprometido, contraído, desconcertado, embaçado, pejado, pudico, avoado, atônito, mocó, sem
graça”
O Espírito de Cornélio Pires — Cornélio Pires — F.
C. Xavier / Waldo Vieira / Elias Barbosa
4
Na
mesma moeda
A cada petitório de mendigo,
Falava: — “Deus é grande, meu amigo!”
Mas não dava um vintém de mel coado.
Vinha pedir perdão de juro antigo,
Louvava: — “Deus é grande! Deus consigo?”
E recebia o cobre assossegado.
E gritava mudado pela morte:
— “Quero o auxílio do Céu! Que Deus me mande!”
Só escutava alguém que lhe dizia:
— “Fique firme, Tutuca, Deus é grande!”
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Referências
https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/444314
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/07/pablo-ortellado-autoengano.html?m=1
https://www.significados.com.br/narrativa/
https://www.sinonimos.com.br/embaracado/
http://bibliadocaminho.com/ocaminho/txavieriano/livros/Oec/Oec04.htm
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