segunda-feira, 23 de julho de 2018

Autoritarismos e Democracia




Discurso da Jurista Janaína na convenção do PSL


Janaína Paschoal frustrou as expectativas dos correligionários de Bolsonaro
Posted on julho 22, 2018 by Tribuna da Internet


Janaina disse algumas verdades e causou frustração


José Carlos Werneck
Deu tudo errado! O longo discurso da advogada Janaína Paschoal frustrou totalmente as expectativas do público presente à convenção nacional do Partido Social Liberal, neste domingo, no Rio de Janeiro, que esperava que ela fosse anunciada como vice na chapa de Bolsonaro.

Janaína afirmou que ainda está “dialogando” com o agora já candidato Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de vir a ser vice na chapa e criticou o que chamou de “pensamento único” de parte dos aliados do deputado. Janaína fez críticas ao “totalitarismo” do PT e disse haver possibilidade de o PSL se transformar em um “PT ao contrário.

PENSAMENTO ÚNICO – “Não se ganha a eleição com pensamento único. Não se governa uma nação com pensamento único. Essa parte é muito importante: os seguidores, muitas vezes, do deputado Jair Bolsonaro têm uma ânsia de ouvirem um discurso uniformizado. Pessoas só são aceitas quando pensam exatamente igual nas mesmas coisas. Reflitam se nós não estamos correndo risco de fazer um PT ao contrário. Minha fidelidade não é ao deputado Jair Bolsonaro, a quem externo todo meu respeito, a minha fidelidade é ao meu país”, ressaltou.

Foi um verdadeiro balde de água fria jogado na cabeça do público, que compareceu à convenção nacional do PSL, cheio de esperanças.

A advogada, que se filiou à legenda em abril passado e, inclusive recusou um convite para concorrer ao governo de São Paulo, causou ainda mais constrangimento quando afirmou que o grupo de Bolsonaro precisa se abrir a outros pensamentos, ou será derrotado na eleição.




Linhagens do Pensamento Político Brasileiro*

Gildo Marçal Brandão

N os últimos anos, um heterogêneo conjunto de pesquisadores, equipados com o instrumental analítico acumulado por décadas de ciência social institucionalizada, vem não apenas revisitando o ensaísmo dos anos 30, mas vasculhando a história intelectual do país e produzindo uma quantidade respeitável de análises, pesquisas empíricas e historiográficas, interpretações teóricas que têm contribuído para renovar nosso conhecimento dos padrões e dilemas fundamentais da sociedade e da política brasileiras. Esboçado em meados do século XX, tendo recebido notável impulso nos anos 70, este campo de estudo chegou à maturidade nos 90, constituindo-se em um dos mais produtivos das ciências sociais. Com efeito, além da emergência ou renovação das disciplinas que investigam os fenômenos do viver em transição – como a violência urbana, a pluralização religiosa, a explosão do associativismo, as redefinições das relações de gênero e as raciais, as transformações do mundo do trabalho, a judicialização da política, o papel da mídia na formação da vontade política da população, a financeirização da economia, os novos equilíbrios nas relações internacionais etc. –, uma das características mais salientes das ciências sociais que estamos fazendo é o crescimento e a diversificação desta área de pesquisa que vem sendo chamada, com maior ou menor propriedade, de “pensamento social” no Brasil ou de “pensamento político brasileiro”.

* Com pequenas variações, o artigo reproduz o primeiro capítulo de minha tese de livre docência sobre Linhagens do Pensamento Político Brasileiro, defendida em dezembro de 2005 no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo – USP diante de uma banca composta por Brasílio Sallum Jr., Francisco C. Weffort, Luiz Werneck Vianna, Luiz Gonzaga Belluzzo e Marco Aurélio Nogueira.
DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 48, no 2, 2005, pp. 231 a 269.
[...]
Seja como for, parece razoável considerar a precária consciência da historicidade das idéias e das formas de pensar como expressão da debilidade destas, e não é de estranhar que historicamente tenha afetado menos os intelectuais (e políticos) conservadores do que as correntes (de alguma forma) críticas ao status quo. De fato, é natural que os primeiros sejam mais conscientes dos seus laços de parentesco, pois ao contrário de seus adversários liberais ou esquerdistas – que encaram o passado como fardo e o futuro como tempestade – se nutrem do poder e fazem da continuidade não apenas a constatação de algo empiricamente existente, mas um princípio ideológico que enquadra antecipadamente a pesquisa e norteia posteriormente a ação. Mas a conseqüência dessa opacidade para os destinos da sociedade e dos agrupamentos sociais e políticos por ela afetados não é pequena: não será a consciência da herança, a possibilidade de falar em nome de uma tradição, de se legitimar como intérprete e dono da história de um país, uma das condições básicas de qualquer grupo ou elite política que aspire à direção intelectual e moral de grandes grupos sociais?

Nada disso, por suposto, tem a ver com talento individual, honestidade intelectual, relações de causalidade imediatas, ou mesmo influências ideológicas ou conceituais diretas. Ninguém duvida também que descontinuidades são socialmente inevitáveis, que tais rupturas, sendo falsas, são, não obstante, verdadeiras. Reconhecê-lo, no entanto, exige investigar tanto a estrutura dessas constelações intelectuais cuja unidade nem sempre é dada e cujas ligações nem sempre são visíveis, como as conseqüências políticas e ideológicas dessa inconsciência da historicidade das idéias e das formas de pensar; trata-se de individualizar especialmente os limites que impõem a autocompreensão dos sujeitos que a protagonizam. Desse ponto de vista, a estratégia andradina acima referida pode ser suposta na partida, mas agora a pesquisa acumulada permite avançar além dos limites fixados pelo modernista, e a análise circunstanciada torna possível dar conteúdo positivo ao que não passava então de hipótese negativa: o que “ainda não existe” cede lugar ao exame das propostas concretas de sua criação e desenvolvimento. Assim, o estudo de cada autor específico, de cada corrente, é não só guiado por hipótese global – sim, estamos diante de formas de pensar que contém modelos de sociedade e de Estado distintos e práxis relativamente diferenciadas, e não apenas de autores isolados e idéias arbitrárias, não só de diferenças de estratégia em função de objetivos que todos compartilham – como sua demonstração, longe de adiar, exige a intervenção generalizadora.

Feitas as contas, talvez o auto-esclarecimento que tal investigação propicia seja justificativa nada desprezível para a ocupação com o estudo do pensamento político-social brasileiro, este gênero reflexivo considerado a um tempo “menor” e indispensável.

(Recebido para publicação em janeiro de 2005)
(Versão definitiva em maio de 2005)




AUTORITARISMO E DEMOCRACIA NO PENSAMENTO POLÍTICO DE RAYMUNDO FAORO, SIMON SCHWARTZMAN E FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

MARCOS ABRAÃO FERNANDES RIBEIRO

Dissertação apresentada ao Centro de Ciências do Homem da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção de título de mestre em Sociologia Política.

ORIENTADOR: PROF. Dr. WANIA AMÉLIA BELCHIOR MESQUITA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMIENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ JUNHO 2010

Resumo

 A partir da apresentação de dois eixos seqüenciados busca-se compreender as vinculações precisas entre produção intelectual e prática política no Brasil durante os anos 1990. No primeiro eixo faremos uma releitura das obras de Raymundo Faoro e Simon Schwartzman através do diálogo com a teoria de Anthony Giddens. Pretendemos com este diálogo analisar criticamente as obras destes autores a partir dos seus pressupostos teóricos centrais. Desta forma demonstraremos os equívocos analíticos de alguns de seus intérpretes referenciais no Pensamento Social Brasileiro, bem como as limitações teóricas fundamentais existentes no pensamento destes dois importantes intelectuais de tradição liberal de interpretação do Brasil. No segundo eixo faremos uma releitura da obra de Fernando Henrique Cardoso através da utilização do contextualismo lingüístico de Quentin Skinner e da tese das linhagens do Pensamento Político Brasileiro de Gildo Marçal Brandão. Desta forma, defenderemos que a interpretação do Brasil construída por Fernando Henrique Cardoso nos anos 1970 sobre o regime denominado pelo autor como burocrático-autoritário possui afinidades eletivas com as interpretações liberais de Raymundo Faoro e Simon Schwartzman. A partir desta hipótese demonstraremos de forma precisa a vinculação entre a tese do patrimonialismo e o projeto de reforma do Estado executado nos anos 1990 com o intuito de superar o atraso brasileiro.
Palavras-chave: Raymundo Faoro, Simon Schwartzman, Fernando Henrique Cardoso, Reforma do Estado, patrimonialismo, atraso brasileiro




Bolsonaro já defendeu a tortura e o fuzilamento de FHC. Veja o vídeo
A entrevista foi dada em 1999, quando o deutado já tinha 44 anos, ou seja, não era nenhum garoto
Por Julinho Bittencourt
10 DE OUTUBRO DE 2017

A entrevista foi dada em 1999, quando o deputado já tinha 44 anos, ou seja, não era nenhum garoto

Da Redação*

A coluna de Bernardo Mello Franco da Folha desta terça-feira (10) cita viagem que Jair Bolsonaro faz aos Estados Unidos para divulgar sua candidatura a presidente. De acordo com o colunista, Bolsonaro tenta a partir de agora suavizar o seu discurso para parecer menos radical.

Mello Franco lembra, no entanto, que em 1999, já com 44 anos, ou seja, não era nenhum garoto, o capitão reformado expôs suas ideias no programa “Câmera Aberta”, na Bandeirantes.



Na entrevista ele se gaba de sonegar impostos e estimula os telespectadores a fazerem o mesmo, defende a ditadura e a tortura, prega o fechamento do Congresso e diz que o Brasil precisava de uma guerra civil, mesmo que isso provocasse a morte de inocentes.

Depois, diz que a democracia é uma “porcaria” e conta o que faria se chegasse ao poder: “Daria golpe no mesmo dia. Não funciona”.

O deputado afirma que Chico Lopes, ex-presidente do Banco Central, merecia ser torturado em pleno Senado. “Dá porrada no Chico Lopes. Eu até sou favorável a CPI, no caso do Chico Lopes, tivesse pau de arara lá. Ele merecia isso: pau de arara. Funciona. Eu sou favorável à tortura.”

Mais adiante, Bolsonaro defende o fuzilamento do presidente Fernando Henrique e revela desprezo pelas eleições diretas: “Através do voto, você não vai mudar nada neste país. Nada, absolutamente nada. Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, e começando por FHC”.

As imagens de Bolsonaro falando à vontade, sem marqueteiros e assessores estão ai pra quem quiser ver.

*Com informações da Folha

Foto: Reprodução TV Bandeirantes


PODER MILITAR
entre o autoritarismo e a democracia

JORGE ZAVERUCHA
Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFPE, Pesquisador do CNPq



Resumo: A transição do autoritarismo para a democracia no Brasil deve procurar minimizar o poder militar. O que se observa, contudo, é que os militares vão ocupando novos espaços na segurança pública. O artigo procura mostrar de que modo isso vem ocorrendo ao longo dos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Palavras-chave: democracia; militares; segurança pública.


Querem o quê? Acham que a democracia resistirá até onde?
Até onde querem levar o povo a descrer das instituições?
A luz amarela está se acendendo. Se a eleição ocorrer neste clima, quem vai segurar o país?
Quem segura o mercado?

Presidente Fernando Henrique Cardoso.
O Globo, 23/05/01


Na Europa Oriental comunista, o controle sobre os militares era civil mas não democrático, uma vez que os militares estavam submetidos ao controle do Partido Comunista. O desafio das transições do autoritarismo para a democracia, portanto, foi despolitizar os militares (Barany, 1997). Na América Latina, com exceção do México,1não havia controle civil nem democrático sobre os militares. Desse modo, as transições latino-americanas procuram desmilitarizar a política, tentando levar os militares a se concentrar em sua atividade profissional extroversa, ou seja, defesa das fronteiras do Estado. Entenda-se por militarização o processo de adoção e uso de modelos militares, conceitos, doutrinas, procedimentos e pessoal em atividades de natureza civil, dentre elas a segurança pública (Cerqueira, 1998).

Neste artigo, vamos analisar uma faceta do comportamento do presidente Fernando Henrique Cardoso que, na maioria das vezes, não levou em consideração sua base parlamentar para tomar decisões.2 Suas iniciativas são primordialmente de inspiração do Executivo que é, por definição, o comandante-em-chefe das Forças Armadas.3Refiro-me à militarização da política, mormente na segurança pública, durante os dois mandatos de governo de FHC. Obviamente, o fenômeno não está circunscrito ao presidente, pois contempla, inclusive, políticos dos mais diferentes matizes ideológicos.4 Aqui, no entanto, nos concentraremos nas decisões tomadas por FHC e nos constrangimentos que isso acarreta ao processo de consolidação da democracia brasileira.





Referências

https://youtu.be/mSwx2dSCU1Y
https://p2.trrsf.com/image/fget/cf/460/0/images.terra.com/2018/07/22/fup20180722129.jpg
http://www.tribunadainternet.com.br/janaina-paschoal-frustrou-as-expectativas-dos-correligionarios-de-bolsonaro/
http://www.scielo.br/pdf/%0D/dados/v48n2/a01v48n2.pdf
http://www.uenf.br/Uenf/Downloads/Pos_Sociologia_8835_1340893035.pdf
https://youtu.be/WWOWsUiddhg
https://www.revistaforum.com.br/bolsonaro-ja-defendeu-tortura-e-o-fuzilamento-de-fhc-veja-o-video/
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392001000400009

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