O jornalista do Estadão José Fucs foi o mediador do
debate
“Só
prisão não é suficiente para o combate à corrupção”
25 JUL2018
Em
painel organizado pelo 'Estado', juiz Sérgio Moro, criminalista Antonio Mariz e
promotor Marcelo Mendroni debateram soluções para reduzir a corrupção no País”
'Por
certos radicalismos, perdemos a capacidade de diálogo', diz Moro
“Devido
a certos radicalismos, perdemos a capacidade de diálogo”, diz Moro
Posted on julho
25, 2018 by Tribuna da Internet
Prisão
na segunda instância é um avanço, diz Moro
Deu em O Tempo
(Estadão Conteúdo)
(Estadão Conteúdo)
Ao atuar como moderador no debate entre o promotor
de Justiça Marcelo Mendroni e o advogado criminalista Antonio Cláudio Mariz de
Oliveira, sobre as prisões preventivas como forma de combater a corrupção,
durante o quinto Fórum Estadão, nesta quarta-feira (25) em São Paulo, o juiz
federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, afirmou que “por certos
radicalismos, perdemos a capacidade de diálogo” no Brasil.
“Só para esclarecer, estamos fazendo essa discussão
no mais absoluto nível de respeito”, disse o juiz ao citar que os três
participantes do debate, realizado pela manhã, se conheciam pessoalmente,
tinham uma relação de “profundo respeito” e seria “muito fácil fazer as
discussões” sem exaltação.
A CRÍTICA – “Todas as posições são
respeitáveis, o diálogo é muito importante, nós perdemos um pouco no Brasil
essa nossa… por certos radicalismos, perdemos a capacidade de diálogo”, disse
Moro, que deixou claro que a crítica não era dirigida aos parceiros de debate.
O evento abordou os caminhos para reconstrução do
País. No painel sobre corrupção, o debate esquentou quando Mendroni colocou no
mesmo padrão um “serial killer”, que comente assassinatos em série, e um
corrupto contumaz.
“Eles não param de praticar corrupção se eles não
vão para a cadeia”, afirmou Mendroni, ao defender a prisão preventiva como
forma de combate à corrupção.
COMPARAÇÃO – “Na minha opinião esse tipo de
gente, que pratica esse tipo de corrupção, se equipara indiretamente a um
serial killer”, afirmou o promotor. “Um serial killer mata as pessoas
diretamente, enquanto que o corrupto desse viés mata as pessoas indiretamente.
Porque esse dinheiro que ele rouba dos cofres públicos falta depois na saúde,
no transportes, em todas as assistências sociais.”
Mendroni afirmou: “A diferença que eu vejo entre um
serial killer e um corrupto dessa natureza, principal, é que o corrupto é mais
covarde que um serial killer”.
“Ora doutor, o que é isso?”, questionou Mariz, em
tom de indignação. “Eu também quero ele na cadeia, só que eu queria saber como
o senhor vai descobrir logo no início das investigações se alguém é culpado ou
se é inocente, se ele não se defendeu?”.
MORO INTERFERE– Mendroni continuou sua explanação
sobre o direito de prender e Mariz a sua sobre a inconformidade da medida, fora
do microfone. Foi quando, em um quebra-clima, Moro entrou na discussão: “Eu
como juiz vou interferir no conflito entre o Ministério Público e a advocacia”.
O jornalista do Estadão José Fucs, mediador do
debate, no tom dos risos que dissiparam o “climão”, brincou: “Por favor doutor
Moro, fique à vontade aí”.
O tema do debate foi “Mais governança e mais
segurança”. O evento foi dividIDo em dois painéis: pela manhã. “O Combate à
Corrupção” contou com Moro, Mariz e Mendroni; à tarde, “Alternativas à
Segurança Pública” teve a presença do secretário nacional de Segurança Pública
Raul Jungmann, do coronel reformado da Polícia Militar José Vicente da Silva
Filho e do diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato
Sérgio de Lima.
SEGUNDA INSTÂNCIA – Durante o primeiro painel,
Sérgio Moro afirmou que a execução de pena em segunda instância “foi um passo
fundamental” para que a Justiça penal seja efetiva e prospere o combate à
corrupção. Para o magistrado, não há como a Justiça funcionar “sem que os processos
cheguem ao fim”.
No debate, Mariz sugeriu que a execução provisória
de pena esperasse uma decisão do Superior Tribunal de Justiça. Mas na avaliação
de Moro, a sugestão “não resolve”. De acordo com o juiz da Lava Jato, a Corte
superior tem “nível absurdo” de processos. “Solução intermediária não resolve,
permanecemos no mesmo quadro”, afirmou.
E o promotor Marcelo Mendroni avalia que a prisão em
segunda instância “é tardia”. O investigador defende prisão preventiva “desde
logo” e o bloqueio de bens. “Prisão faz com que cesse a prática do crime”,
disse.
25/07/2018 17:07
Fórum
Estadão: Só prisão não é suficiente para o combate à corrupção
© Foto: Eraldo Peres/AP
Com a intenção de contribuir para uma escolha
consciente dos brasileiros nas eleições 2018, o quinto Fórum Estadão -
promovido para debater caminhos para a reconstrução do Brasil - teve em seu
primeiro painel, na manhã desta quarta-feira, 25, a participação do juiz Sérgio
Moro, da 13.ª Vara Federal, em Curitiba, e responsável pela Operação Lava Jato
na primeira instância, do advogado criminalista Antonio Cláudio Mariz de
Oliveira e do promotor de Justiça Marcelo Mendroni, do Ministério Público de
São Paulo. O tema da discussão: "O Combate à Corrupção".
Em sua primeira pergunta aos participantes, o
jornalista José Fucs, repórter especial do Estado e mediador do
debate, questionou a importância e a necessidade da aplicação das penas de
prisão aos condenados em segunda instância. Para o juiz Sérgio Moro, "a
prisão não é condição suficiente para a superação de corrupção sistêmica".
"A efetividade do sistema de Justiça criminal
em relação à corrupção é necessária para superar o problema. Precisa-se mandar
a mensagem de que as condutas graves não ficarão impunes. Mas é evidente que só
punição não resolve o problema. São necessárias políticas públicas mais gerais
e exemplos de lideranças com atuação íntegra para que esse quadro de corrupção
disseminada seja reconhecido."
Para o advogado criminalista Antonio Cláudio Mariz
de Oliveira, "não se combate corrupção e crimes com cadeia".
"Por que não se adotar medidas que previnam o crime? Por que não haver
medidas legislativas que protejam o bem público, medidas legislativas no campo
das licitações? Não se discute isso", criticou. Ele acredita que a visão
de que prisões evitam crimes é uma "falácia". "O que evita o
crime são medidas que deveriam ser adotadas antes. Deveríamos ter cuidado com
as crianças carentes. Temos de atacar as raízes do crime."
O promotor Marcelo Mendroni foi aplaudido ao
discordar de Mariz. "A prisão é tardia depois da segunda instância. Para a
grande corrupção, que desvia milhões, deveria ter prisão preventiva",
disse. Mendroni afirmou que o efeito da prisão preventiva é
"didático" e que o acusado de corrupção deveria ser “preso
imediatamente no começo da investigação”. Para o promotor, o corrupto continua
atuando mesmo quando está sendo investigado - e só a prisão faz com que a
prática cesse. “Esperar o trânsito em julgado no STF (Supremo Tribunal Federal),
é admitir que não existe punição para corrupção no Brasil.”
Decisões monocráticas
Em seguida, o mediador de debate questionou os
participantes sobre "uma série de decisões monocráticas de ministros do
STF determinando a libertação de condenados e investigados, incluindo pessoas
com relações pessoais com os ministros da Corte". "Em que medida isso
aumenta a insegurança jurídica no Brasil?", perguntou Fucs.
Para Mendroni, algumas decisões monocráticas são
incoerentes. "Temos dificuldade de entender a lógica dessas decisões. Fica
parecendo que alguns ministros do Supremo se consideram acima da lei",
disse, sob aplausos da plateia.
Moro defendeu decisões do STF que chamou de
"louváveis", como a restrição na legislação eleitoral e a prisão após
segunda instância. O juiz cogitou a possibilidade de uma solução intermediária
à prisão após segunda instância, em que o STJ analisaria os casos. Para ele,
porém, isso não seria possível, porque há “um nível absurdo de processos que
chega ao STJ”. Os crimes, acredita o magistrado, prescreveriam.
Mariz argumentou que o direito penal não é “punitivo
por excelência” - e que a lei garante a dignidade de quem está sendo
processado. “O banco dos réus também é para inocentes”, declarou o
criminalista. Moro rebateu Mariz dizendo que ninguém “tem advogado pela
supressão do direito de defesa” . Para o juiz, as ações que levam à prisão
preventiva se fizeram presentes porque foi “diagnosticada a impunidade como
tradição “ .
Sobre as críticas que recebe por sua atuação como
juiz, Moro garantiu diz que seus métodos têm base no que a lei já prevê. A
prisão preventiva só seria uma opção quando existe risco de ocultação de
provas, possibilidade de fuga ou até continuidade na corrupção. “Como isso pode
ser considerado métodos reprováveis?”, perguntou Moro.
O juiz não quis comentar a atuação do desembargador
Rogério Favreto, do Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF-4), que determinou a
soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava
Jato, em 8 de julho. Em relação às críticas por ter “trabalhado” nas férias
durante o domingo em que o petista quase foi solto, Moro ironizou: “Os juízes
são criticados porque têm férias muito longas. Aí, quando trabalham nas férias,
são criticados também”.
Os fóruns organizados pelo Estadão têm como
parceiros a Unibes Cultural, o Centro de Liderança Pública (CLP), o (Instituto
de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e a Tendências
Consultoria Integrada.
Já participaram dos fóruns o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, os ex-ministros Pedro Malan e Celso Lafer, o presidente do
Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o economista Delfim
Netto, o presidente do Insper, Marcos Lisboa, o ex-presidente do Supremo
Tribunal Federal Nelson Jobim, entre outros.
Fórum
Estadão: Só prisão não é suficiente para o combate à corrupção
Em painel organizado pelo 'Estado', juiz Sérgio
Moro, criminalista Antonio Mariz e promotor Marcelo Mendroni debateram soluções
para reduzir a corrupção no País
25 JUL2018
11h17
atualizado às 23h20
Prisão não é suficiente para combater corrupção no
Brasil. A conclusão é do juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal, em Curitiba,
responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, e do advogado
criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que foram questionados sobre o
tema durante o Fórum Estadão, realizado nesta quarta-feira, 25, em São Paulo.
Por sua vez, o promotor de Justiça Marcelo Mendroni, do Ministério Público de
São Paulo, que também participou do painel, se mostrou a favor da prisão
preventiva em casos de corrupção.
"A prisão não é condição suficiente para a
superação de corrupção sistêmica", disse Moro. "Precisa-se mandar a
mensagem de que as condutas graves não ficarão impunes, mas é evidente que só
punição não resolve o problema. São necessárias políticas públicas mais gerais
e exemplos de lideranças com atuação íntegra para que esse quadro de corrupção
disseminada seja reconhecido", afirmou o juiz.
Os participantes do fórum tinham sido questionados
sobre a possibilidade de a execução de penas após condenações em segunda
instância contribuir para o combate à corrupção no Brasil, segundo a atual
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o advogado criminalista Antonio Cláudio Mariz
de Oliveira, "não se combate corrupção e crimes com cadeia".
"Por que não se adotar medidas que previnam o crime? Por que não haver
medidas legislativas que protejam o bem público, medidas legislativas no campo
das licitações? Não se discute isso", criticou. Ele acredita que a visão
de que prisões evitam crimes é uma "falácia". "O que evita o
crime são medidas que deveriam ser adotadas antes. Deveríamos ter cuidado com
as crianças carentes. Temos de atacar as raízes do crime", sugeriu.
O promotor Marcelo Mendroni foi aplaudido ao
discordar de Mariz. "A prisão é tardia depois da segunda instância. Para a
grande corrupção, que desvia milhões, deveria ter prisão preventiva",
disse. Mendroni afirmou que o efeito da prisão preventiva é "didático"
e que o acusado de corrupção deveria ser "preso imediatamente no começo da
investigação". Para o promotor, o corrupto continua atuando mesmo quando
está sendo investigado - e só a prisão faz com que a prática cesse.
"Esperar o trânsito em julgado no STF é admitir que não existe punição
para corrupção no Brasil."
Decisões monocráticas
Em seguida, os participantes foram questionados
sobre as decisões monocráticas de ministros do STF. Para Mendroni, algumas
decisões foram incoerentes. "Temos dificuldade de entender a lógica dessas
decisões. Fica parecendo que alguns ministros do Supremo se consideram acima da
lei", disse, sob aplausos da plateia.
Moro, por outro lado, defendeu decisões do STF que
chamou de "louváveis", como a restrição na legislação eleitoral e a
prisão após segunda instância. O juiz cogitou a possibilidade de uma solução
intermediária à prisão após segunda instância, em que o Superior Tribunal de
Justiça (STJ) analisaria os casos. Para ele, porém, isso não seria possível,
porque há "um nível absurdo de processos que chega ao STJ". Os
crimes, acredita o magistrado, prescreveriam.
Mariz argumentou que o direito penal não é
"punitivo por excelência" - e que a lei garante a dignidade de quem
está sendo processado. "O banco dos réus também é para inocentes",
declarou o criminalista. Moro rebateu Mariz dizendo que ninguém "tem
advogado pela supressão do direito de defesa". Para o juiz, as ações que
levam à prisão preventiva se fizeram presentes porque foi "diagnosticada a
impunidade como tradição".
Sobre as críticas que recebe por sua atuação como
juiz, Moro garantiu que seus métodos têm base no que a lei prevê. Para ele, a
prisão preventiva só seria uma opção quando existe risco de ocultação de
provas, possibilidade de fuga ou até continuidade na corrupção.
O juiz não quis comentar a atuação do desembargador
Rogério Favreto, do Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF-4), que determinou a
soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava
Jato, em 8 de julho. Em relação às críticas por ter "trabalhado" nas
férias durante o domingo em que o petista quase foi solto, Moro ironizou:
"Os juízes são criticados porque têm férias muito longas. Aí, quando
trabalham nas férias, são criticados também".
Os fóruns organizados pelo Estadão têm como
parceiros a Unibes Cultural, o Centro de Liderança Pública (CLP), o (Instituto
de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e a Tendências
Consultoria Integrada.
Já participaram dos fóruns o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, os ex-ministros Pedro Malan e Celso Lafer, o presidente do
Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o economista Delfim
Netto, o presidente do Insper, Marcos Lisboa, o ex-presidente do Supremo
Tribunal Federal Nelson Jobim, entre outros.
Resultado
das eleições pode ameaçar Lava Jato, diz Moro
Por
CBN1
26 de julho de 2018
O juiz federal Sérgio Moro participou ontem
(25) do Fórum Estadão Mais Governança e Mais Segurança, realizado pelo
jornal O Estado de São Paulo. Moro foi um dos debatedores do painel “O Combate
à Corrupção”.
Além do magistrado, participaram da mesa redonda o
advogado criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e o promotor de Justiça
Marcelo Mendroni, do Ministério Público paulista.
Moro afirmou no bate papo que só a prisão não
resolve para coibir a corrupção sistêmica.
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Moro falou também sobre a execução da condenação em
segunda instância o que, para o magistrado, foi um passo fundamental.
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O mediador questionou o juiz sobre os métodos
empregados pela Lava Jato e citou a polêmica, de 15 dias atrás, em que Moro não
acatou a decisão do plantonista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4), desembargador Rogério Favreto, de libertar o ex-presidente Lula.
Moro não pode responder ao questionamento por
questões legais, mas garantiu que sempre agiu com transparência.
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Com relação a ter decidido manter Lula preso durante
as férias, o magistrado criticou o posicionamento da imprensa.
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Por fim o magistrado admitiu que há “risco de
retrocesso” no combate à corrupção, a partir do resultado
das eleições deste ano. Para Moro, o país precisa do exemplo de
lideranças honestas.
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Repórter Lucian Pichetti
Juiz
Sérgio Moro diz que eleições trazem risco à Lava Jato
Magistrado
destacou que para que as ações contra a corrupção tenham efetividade no país,
além da punição, são necessárias mudanças na legislação
FOLHA DE SÃO PAULO, SÃO PAULO (SP)
26/07/2018 15H27 - ATUALIZADO EM 26/07/2018 ÀS 15H27
26/07/2018 15H27 - ATUALIZADO EM 26/07/2018 ÀS 15H27
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O juiz federal Sérgio
Moro afirmou que existe sempre um risco de retrocesso no cenário eleitoral em
relação aos avanços da Operação Lava Jato. Em entrevista ao jornal O Estado de
S. Paulo, o magistrado defendeu "lideranças honestas" e
"reformas de políticas mais gerais para diminuir os incentivos e
oportunidades à corrupção".
"A dúvida é o que vai acontecer daqui para a
frente. Vamos retomar aquela tradição de impunidade ou isso representou uma
quebra significativa? Nessa perspectiva existe sempre um risco de retrocesso em
relação a esses avanços. E há um risco, ainda, que nós não avancemos
mais", afirmou.
Sergio Moro participou nesta
quarta-feira do painel "O combate à corrupção" - Agência
Brasil/Divulgação/ND
O magistrado destacou que para que as ações contra a corrupção tenham efetividade no país, além da punição, são necessárias mudanças na legislação.
"Para avançar mais, precisamos, além de
processos efetivos contra a corrupção, de mudanças políticas mais gerais nas
leis para diminuir os incentivos e oportunidades para a corrupção. Mas os
riscos sempre permanecem. Isso é algo que não vai ser dessa eleição, nem da
próxima, sempre vai existir esse risco. Eu espero que não se concretize."
O magistrado participou nesta quarta-feira (25) do
painel "O combate à corrupção" em evento promovido pelo jornal, ao
lado do advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira e do promotor
do Ministério Público de São Paulo Marcelo Mendroni.
Durante o debate, o juiz responsável pelos processos
da Lava Jato em Curitiba, falou sobre o despacho enviado durante as férias para
barrar o habeas corpus concedido ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
pelo juiz de plantão do TRF-4 (Tribunal Regional da 4ª Região), Rogério
Favreto. Após uma sequência de decisões, o presidente do tribunal determinou
que Lula permanecesse preso.
"A imprensa vive questionando o juiz
porque as férias são muito longas, com alguma razão, aí quando o juiz trabalha
nas férias também critica", disse, em meio a risos da plateia, em teatro
na zona oeste da capital paulista.
No
tempo em que Gilmar bradava contra a impunidade
Brasil 03.04.18 20:53
O Jornal Nacional acaba de dedicar longos minutos de
sua edição ao Gilmar Mendes que, em 2016, era inteiramente favorável à execução
da pena após condenação na segunda instância.
O ministro do STF falava em “levar em conta a
própria realidade, que permite que exigir o trânsito em julgado formal
transforme o sistema num sistema de impunidade”.
Clique abaixo para assistir.
Ministro
do STF Gilmar Mendes vota a favor de prisão após condenação na segunda
instância
sexta-feira, 27 de julho de 2018
- Eu & Fim de Semana | Valor Econômico
Em 1994, participei, na Universidade de Londres, de
um seminário sobre corrupção política com uma exposição sobre
"clientelismo e corrupção no Brasil contemporâneo". Foi interessante
descobrir que a preocupação com o assunto era uma preocupação disseminada entre
os cientistas sociais da nova geração. Os organizadores, W. Little e E.
Posada-Carbó, reuniriam as palestras do evento no livro "Political
Corruption in Europe and Latin America", publicado pela Macmillan Press,
em 1996. Um panorama da esquisita função da corrupção nos rumos que estavam
tomando a economia e a política da pós-modernidade.
Os trabalhos e os debates prenunciaram que o que era
deslize ocasional de políticos se tornava instrumento regular de uma aliança
incestuosa entre riqueza e poder. O novo capitalismo do pós-guerra e da era
pós-colonial abria mão da ética que fora constitutiva da economia na sociedade
pós-feudal. A corrupção se tornaria o que posso chamar de
"corruptismo", um sistema de ganhos moralmente ilícitos e de poder
ilícito neles baseado. Um sistema de democracia bloqueada e limitada, apoiado
em cidadania relativa, não mais a cidadania dos princípios e valores da
Revolução Francesa. Um mundo mais rentável e menos decente está nascendo.
A disseminação política da corrupção não veio do
nada. Diferentes sociedades, a partir de práticas já condenadas pelos
respectivos valores tradicionais tinham brechas culturais e práticas geralmente
dissimuladas que permitiam a multiplicação privada da riqueza à custa do que
era público e do Estado. Em todas as partes, e aqui no Brasil também, o que
contribuiu para a aceitação da corrupção como algo tolerável foi a progressiva
reeducação da população para aceitar a precedência do lucro sobre a vida, que
disseminou a irrelevância dos valores morais em relação aos valores materiais.
Não é surpresa que, no Brasil, muitos dos apanhados
com a boca na botija da corrupção não sejam pobres que, eventualmente, tenham
descoberto caminhos alternativos e ilícitos para enriquecer. Os de maior
visibilidade no cenário das condenações e dos aprisionamentos são ricos e
poderosos ou gente de classe média que se tornou poderosa e, por isso, rica.
Nos detalhes de cada caso, vê-se que a corrupção é
aqui uma prática lúdica, uma diversão, um jogo de quem tem tudo e ainda quer
ter mais. Neste momento, os corruptos locais querem também ser reconhecidos
como honestos e santos, pretendem passar por presos políticos, por inocentes de
crimes que entendem não ser crimes porque são deles. Tentam criminalizar a
prática da Justiça, os juízes e os tribunais, a ação dos funcionários da lei e
da Constituição. Querem com isso descriminalizar o crime e incriminar os
honestos.
As ciências sociais precisam incorporar, com
urgência, esse mundo invertido e pervertido, o da sociedade do absurdo e do
avesso, como objeto de conhecimento e de deciframento. A começar do
reconhecimento de que os fundamentos estruturais e históricos da perversão
estão aí há muito tempo, desde quando os bem-nascidos podiam se apropriar
legalmente do que era público. O Estado e os poderosos eram reciprocamente
cúmplices. O que hoje consideramos corrupção não o era então. Agora é. O
sistema partidário de pseudocoalizões e negocista é seu instrumento.
Desde antes de ser oficialmente corrupto, o Brasil
já mantinha uma relação promíscua e comprometedora entre os particulares e o
governo. Era um tira lá, dá cá, que não envergonhava ninguém nem causava
espanto. É que dantes como agora, o que chamamos de corrupção era e continua
sendo um modo de fazer política inscrito nos próprios alicerces do Estado.
Nessas bases, fazer política já é um convite à corrupção, dadas as facilidades
e facilitações da troca de favores num país em que o voto é um leilão de
consciências. Pode ser comprado e pode ser abduzido pelo populismo rastaquera.
Os que não têm como se defender contra o assédio eleitoral inescrupuloso, a
propaganda para acobertar e não para revelar, não percebem que, não raro, o
voto do brasileiro é um voto saqueado.
A palavra sebaça chegou-me ao vocabulário de jovem
adulto, há muitos anos, quando li, pela primeira vez, "O Tronco", o
belo livro do escritor goiano Bernardo Élis. Nele, narra o autor a saga de uma
família envolvida nos dilemas das irregularidades, ilegalidades e arcaísmos da
dominação oligárquica e das práticas extralegais da República Velha na Vila do
Duro, hoje Dianópolis. Foi caso acontecido. Uma das práticas era a de impor aos
vencidos a sebaça, o saque de seus bens, algo dado como normal e lícito em muitos
lugares deste país até hoje. Os agentes e beneficiários da sebaça de hoje nos
tratam como um país de vencidos.
---------------------
José de Souza Martins é sociólogo e Professor
Emérito da Faculdade de Filosofia da USP. Membro da Academia Paulista de
Letras. Entre outros livros, autor de “A Política do Brasil Lúmpen e Místico”
(Contexto).
Referências
https://politica.estadao.com.br
https://www.otempo.com.br/image/contentid/policy:1.1950032:1532558074/image/image.jpg?f=3x2&q=0.6&$p$f$q=4836623
http://carlosnewton.com.br/devido-a-certos-radicalismos-perdemos-a-capacidade-de-dialogo-diz-moro/
http://cdn.agensite.online/img/350x350/1/0//arquivos/853/conteudo/posts/775448.jpg?1532553120
http://www.nativanews.com.br/conteudo/id-775448/forum_estadao__so_prisao_nao_e_suficiente_para_o_combate_a_corrupcao
https://www.terra.com.br/noticias/forum-estadao-so-prisao-nao-e-suficiente-para-o-combate-a-corrupcao,090c889cb9a5584adc7ed08592bc944cfsckfu94.html
https://i1.wp.com/cbncuritiba.com/wp-content/uploads/2017/08/juiz_sergio_moro_foto_gil_ferreira.jpg?resize=696%2C421&ssl=1
https://cbncuritiba.com/resultado-das-eleicoes-pode-ameacar-lava-jato-diz-moro/
https://app1.ndonline.com.br/files/images/2018/07/cropped/cf9ce88ce6b779a7046c91a18b574660d7151897.jpg
https://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/juiz-sergio-moro-diz-que-eleicoes-trazem-risco-a-lava-jato
https://youtu.be/8KEYJu7nrho
https://www.oantagonista.com/brasil/no-tempo-em-que-gilmar-bradava-contra-impunidade/
http://gilvanmelo.blogspot.com/2018/07/jose-de-souza-martins-corrupcao-ludica.html
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