Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 26 de janeiro de 2025
POLÍTICA DE FRENTE EM TEMPO DE CRISE
"Uma esquerda presa só às suas razões nem sequer entenderá a natureza do desafio."
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- ESTÓRIA DE JOÃO-JOANA - Cordel musical de Carlos Drummond de Andrade e Sérgio Ricardo
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Composição: Cordel De Carlos Drummond De Andrade.
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Maria Bethânia e Paulinho da Viola - Tudo é Ilusão - Minhas Madrugadas - Pecadora
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God asks Bush: "What do you believe in?" Bush answers: "I believe in the free market, and the strong American nation!" “Very well," says God. "Come sit to my right."
Next, God asks Obama: "What do you believe in?" Obama answers: "I believe in the power of democracy, and equal rights for all." “Good,” says God. "You shall sit to my left."
Finally, God asks Trump: "What do you believe in?" Trump answers: "I believe you're sitting in my chair."
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domingo, 26 de janeiro de 2025
Política de frente em tempo de crise - Luiz Sérgio Henriques
O Estado de S. Paulo
A atual crise múltipla requer bem mais do que vitórias eleitorais, ainda que imprescindíveis. Trata-se de reorientar valores e comportamentos
Quando a palavra “fascismo” escapa ao vocabulário militante e encontra guarida entre especialistas, é porque nos encontramos numa época repleta de graves ameaças e possibilidades de involução. Não por acaso, então, começa-se a falar de aliança entre forças rivais, que concordam em suspender provisoriamente suas diferenças diante do que veem como perigo maior. Nos anos 1930, correntes significativas – socialistas, comunistas, liberais, conservadores – aos poucos teceram uma complexa ação unitária para fazer face ao fascismo em marcha aparentemente irresistível.
Nasceram assim as frentes populares, cujo eco ainda reverbera e mobiliza corações e mentes, sem necessariamente ter o ar de coisa antiga. O nouveau front populaire, por exemplo, é um fato da política francesa atual, cujo sentido maior, em tese, só pode ser o de ajudar a estabelecer o cordão sanitário em torno da extrema direita em curso de “normalização” – e se não o fizer, terá contribuído para agravar o drama em curso. Bem antes, na Espanha ou na Itália, e até no Brasil, frentes antifascistas se estabeleceram com resultados muito diferentes. Entre nós, uma promissora “aliança nacional libertadora”, orientada inicialmente para a política de massas, cedeu ao vezo insurrecional, levando ao desastre de 1935 e abrindo espaço para o Estado Novo varguista.
Esse tipo de questão, por envolver um ponto clássico da política, está fadado a se repetir. Instaurado em 1964 o “Estado Novo da UDN” – por certo, mais do que uma tirada espirituosa de Tancredo Neves –, as forças de esquerda dividiram-se profundamente sobre o caminho a tomar. Os velhos comunistas, escaldados com o episódio de 1935 e reciclados com a ideia da via pacífica ao socialismo, retomaram a inspiração da frente, chamando-a agora de “democrática”. Para eles, tratava-se de atuar em estreita aliança com o centro liberal e também com setores moderados da direita, como forma de isolar e, num prazo mais longo, derrotar o regime ditatorial. Nada de dissolver a oposição legal ou de renunciar às urnas, que, estas sim, mais cedo ou mais tarde retirariam a legitimidade do regime.
Os adeptos de uma “frente de esquerda” entendiam-na de diferentes maneiras, mas, fossem quais fossem suas escolhas, em geral reuniram-se em torno da luta armada para derrubar o regime e instaurar, quem sabe, o socialismo. Era tempo de fascínio com a Revolução Cubana ou com a Chinesa, diante de cuja radicalidade empalidecia a mera luta por uma “democracia burguesa”. Cheia de ironia, como sempre, a História daria plena razão aos velhos comunistas e, num mesmo gesto, lhes decretaria a morte inapelável, ligados umbilicalmente como estavam ao mundo que desabou em 1989. Os partidários da outra esquerda aos poucos confluíram majoritariamente para um novo agrupamento, ao lado de sindicalistas da indústria moderna e de correntes católicas progressistas. Constituiriam, como se sabe, o principal partido do regime nascido com a Constituição de 1988, vitorioso em cinco de nove eleições presidenciais.
Luiz Werneck Vianna terá sido o mais tenaz defensor daquele primeiro tipo de frente – a democrática –, não praticada pelo PT na transição. Ninguém mais adequado para entender a vitória de Lula da Silva em 2002 como momento de conciliação entre esquerda e instituições, reivindicações sociais e política democrática. Afinal, era possível chegar ao Executivo sem ruptura revolucionária, o que necessariamente implica a prática regular de negociações e alianças. E pode-se afirmar que, por todos estes longos anos, um dos núcleos do debate de ideias tem girado sobre a transformação do PT, havida ou não havida, em instrumento de ação programaticamente reformista, distante, inclusive retoricamente, das proposições autoritárias de parte expressiva da esquerda latinoamericana.
Duvidoso descartar a política de frente no cenário que se avizinha, especialmente depois da afirmação de forças da extrema direita no Brasil e em democracias mais consolidadas. E isso num contexto em que, como no poema de William Butler Yeats tão citado, tudo desmorona e o centro, entendido como princípio de ordenamento, não mais se sustenta. Esse é um quadro em que o subversivismo da extrema direita não só canaliza ressentimentos, como também sinaliza o futuro para extensas massas de indivíduos, agora desgarrados das antigas classes e suas formas estabelecidas de vida e solidariedade. Como resultado, a anarquia se alastra e impõem-se modalidades extremas de antipolítica, a exemplo da polarização destrutiva importada das redes sociais.
A estratégia de frente não pode se deter na política dos políticos e dos partidos, até porque a atual crise múltipla requer bem mais do que vitórias eleitorais, ainda que imprescindíveis. Trata-se de reorientar valores e comportamentos num sentido inverso ao daquele obsessivamente proposto pelas “guerras de cultura” da direita incivilizada, a fim de restabelecer as condições do diálogo razoável na sociedade e nas instituições. Uma esquerda presa só às suas razões nem sequer entenderá a natureza do desafio.
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Pintura na parede do altar da Capela Sistina retratando o Juízo Final
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Juízo Final
Anos mais tarde, já em 1537, Michelangelo inicia a pintura da parede atrás do altar. Tal pintura foi uma encomenda do Papa Clemente II e finalizada em 1541, com o comando do Papa Paulo III.
A cena escolhida exibe o instante em que Jesus confere a justiça divina, elegendo quem seria ou não abençoado com o reino dos céus. Anjos e demônios complementam a situação.
A maneira crua e despida que os corpos são representados causou certa polêmica e o Papa Paulo IV solicitou a cobertura do sexo.
Entre 1980 e 1999 - durante a liderança do pontífice João Paulo II - iniciou-se nova restauração a fim de restabelecer a pintura original e devolver a nudez às figuras retratadas.
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"Antes de entrar, o ex-presidente George W. Bush foi indagado por uma das funcionárias organizando a posse se ele iria se comportar e seguir as orientações. "Não vai", disse o ex-presidente Barack Obama, enquanto Bush ria. "Não vai falar nada", brincou Obama. "Eu vou me comportar", disse Bush. "Sem risadinha", completou Obama. Na última posse de Trump, em 2017, Bush teria dito a Hillary Clinton, logo após o discurso de posse de Trump, que foi bem sombrio : "That was some weird shit (isso foi muito esquisito)". A frase foi relatada por diversos veículos de mídia."
Leia mais na #Folha: folha.com/mundo
🎦 Reprodução
📝 Patricia Campos Mello
https://www.instagram.com/folhadespaulo/reel/DFDobjEKxqt/
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E, claro, até o humor divino encontra seu espaço:
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Deus pergunta a Bush:
– No que você acredita?
Bush responde:
– Eu acredito no livre mercado e na força da nação americana!
Deus diz:
– Muito bem, sente-se à minha direita.
Em seguida, Deus pergunta a Obama:
– E você, no que acredita?
Obama responde:
– Eu acredito no poder da democracia e nos direitos iguais para todos.
Deus diz:
– Bom, você se sentará à minha esquerda.
Por fim, Deus pergunta a Trump:
– E você, no que acredita?
Trump responde:
– Eu acredito que você está sentado na minha cadeira.
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Criador: HERMES
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Crédito: HERMES
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"Uma esquerda presa só às suas razões nem sequer entenderá a natureza do desafio."
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POLÍTICA DE FRENTE EM TEMPOS DE CRISE
Por Luiz Sérgio Henriques – Publicado em O Estado de S. Paulo, 26 de janeiro de 2025
INTRODUÇÃO
"26-01-25
26 - 01 = 25
25 + 01 = 26
26 / 01 = 26
26 * 01 = 26"
Em tempos de crise, como os que vivemos, as fórmulas simples se encontram com as complexidades da política. Quando o vocabulário militante evoca a palavra “fascismo” e ela se estabelece no discurso de especialistas, é sinal de que estamos diante de ameaças graves e da possibilidade de involuções democráticas. A História nos mostra que, em momentos como esses, alianças entre forças rivais podem emergir, unindo adversários para enfrentar um perigo maior.
AS LIÇÕES DA HISTÓRIA: FRENTES POPULARES
Nos anos 1930, diante do avanço do fascismo, correntes políticas antagônicas – socialistas, comunistas, liberais e conservadores – se uniram em complexas ações unitárias para resistir ao que parecia ser uma marcha irresistível. Nasceram as frentes populares, cujos ecos ainda mobilizam corações e mentes em várias partes do mundo.
Na França, o recente nouveau front populaire busca conter a normalização da extrema direita, enquanto no Brasil, a experiência antifascista teve diferentes resultados. Entre promessas e erros, como o episódio da insurreição de 1935 que fortaleceu o Estado Novo de Vargas, as frentes sempre foram marcadas por desafios estratégicos e históricos.
O CONTEXTO BRASILEIRO: FRAGMENTAÇÃO E POSSIBILIDADES
Durante a ditadura militar instaurada em 1964, houve divergências profundas na esquerda sobre como resistir ao regime. Os comunistas históricos, escaldados pelos erros de 1935, defenderam a formação de uma frente democrática, em aliança com setores moderados, como forma de isolar o regime e recuperar legitimidade através das urnas. Já os defensores de uma frente de esquerda optaram pela luta armada, inspirados por revoluções como a Cubana e a Chinesa.
A História acabou dando razão aos comunistas, ao mesmo tempo que decretou seu ocaso com o colapso do bloco socialista em 1989. Por outro lado, a nova esquerda brasileira, representada pelo PT, cresceu em torno de uma aliança entre sindicalistas, correntes católicas progressistas e outras forças sociais, tornando-se peça-chave da redemocratização e protagonista de boa parte da política nacional desde a Constituição de 1988.
O DESAFIO ATUAL: EXTREMISMO E ANTIPOLÍTICA
Com a ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo, vivemos em um cenário onde o "centro", como princípio de ordenamento, parece desmoronar, como sugere o poema de William Butler Yeats. As massas, desgarradas de antigas formas de solidariedade, são atraídas por discursos extremistas e antipolíticos, impulsionados pela destrutiva polarização amplificada pelas redes sociais.
A estratégia de uma política de frente deve ir além de meras disputas eleitorais. É essencial reorientar valores e comportamentos, enfrentando as "guerras culturais" da direita radical para restabelecer o diálogo razoável nas instituições e na sociedade.
CONCLUSÃO
A política de frente – como proposta de aliança estratégica entre diferentes correntes políticas – é, hoje, tão necessária quanto foi em outros momentos históricos de crise. Não se trata apenas de conquistar vitórias eleitorais, mas de reconfigurar o tecido social, enfrentando a desordem e a polarização extremista com projetos sólidos e integradores.
Uma esquerda presa às suas próprias razões será incapaz de compreender a profundidade do desafio atual.
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O verdadeiro esforço deve ser na construção de um espaço democrático que permita o diálogo e a convivência entre as diferenças, resgatando o sentido de comunidade e solidariedade em tempos de fragmentação.
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a-democracia-e-uma-planta-que-devemos-regar-todos-os-dias-diz-ex-presidente-do-chile-ricardo-lagos
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"A democracia é uma florzinha tenra e franca que devemos regar, iluminar e adubar todos os dias para que não feneça."
Referências e Créditos:
O Estado de S. Paulo – Luiz Sérgio Henriques.
Poema “The Second Coming” de William Butler Yeats.
Análise histórica das frentes populares e do antifascismo no Brasil e no mundo.
Este texto busca promover uma reflexão essencial para os tempos atuais, onde o diálogo e a aliança democrática podem ser o antídoto contra a fragmentação e o extremismo.
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Fred Hubner
15 de abr. de 2013
ESTÓRIA DE JOÃO-JOANA
Cordel musical de Carlos Drummond de Andrade e Sérgio Ricardo
VOZ E ARRANJOS DE SÉRGIO RICARDO
ORQUESTRAÇÃO DE RADAMÉS GNATTALI
REGÊNCIA DE ALEXANDRE GNATTALI
FICHA TÉCNICA
Produção: Homero Ferreira
Técnico de gravação e mixagem: Vanderlei Loureiro
Assistente de produção: Ana Cecília Freire
Arregimentação: Paschoal Perrotta
Auxiliares de estúdio: Lacy e Enock
Corte: Milton Araújo
Ilustrações: Ciro
Design gráfico: Carlos Horcades
Estúdio Transamérica - R. J. Fevereiro, março e abril de 1985
COPYRIGHT TRINCA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS LTDA.
Endereço para correspondência:
R. São Salvador, 41/cob. 01 - Laranjeiras (RJ)
CEP 22231 - Fone: 265-6279
Música
8 músicas
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Estória de João-Joana
Sérgio Ricardo
Meu irmão o sucedido
Em Lages do Caldeirão
É caso de muito ensino
Merecedor de atenção
Por isso é que me apresento
Fazendo esta relação
Vivia em dito arraial
No país das Alagoas
Um rapaz chamado João
Cuja força era das boas
Pra sujigar burro bravo
Tigres onças e leoas
João, lhe deram este nome
Não foi de letra em cartório
Pois sua mãe e seu pai
Viviam de peditório
Gente assim do miserê
Nunca soube o que é casório
Ficou sendo João pois esse
É nome de qualquer um
Não carece escogitar
Pedir a doutor nenhum
Que a sentença vem do céu
Não de lá do Barzabum
De pequeno ficou órfão
Criado por seus dois manos
Foi logo para o trabalho
Com muitos outros fulanos
O seu muque sem mentira
Era o de três muçulmanos
Na enxada quem que vencia
Aquele tico de gente
No boteco se ele entrava
Pra bochechar aguardente
O saudavam com respeito
Deus lhe salve meu parente
João moço não enjeitava
Parada com sertanejo
Podiam brincar com ele
Sem carregar no gracejo
Dizia que homem covarde
Não é cabra é percevejo
Num dia de calor desses
Que tacam fogo no agreste
João suava que suava
Sem despir a sua veste
- Companheiro esta camisa
Não é coisa que moleste?
Lhe perguntou um amigo
Que estava de peito nu
E João se calado estava
Nem deu pio de nambu
Ninguém nunca viu seu pelo
Nem por traz do murundu
João era muito avexado
Na hora de tomar banho
Punha tranca no barraco
Fugindo a qualquer estranho
Em Lages nenhum varão
Tinha recato tamanho
João nas últimas semanas
Entrou a sofrer de inchaço
Mesmo assim arranca toco
Sem se carpir de cansaço
Um dia não guenta mais
E exclama: O que é que eu faço
Os manos vendo naquilo
Coisa mei desimportante
Logo receitam de araque
Meizinha sem variante
Para qualquer macacoa
Carece tomar purgante
João entrou no purgativo
Louco de dor e de medo
Se estorcendo e contorcendo
Na solidão do arvoredo
Pois ele em sua aflição
Lá se escondera bem cedo
O gemido que exalava
Do peito de João sozinho
Alertou os seus dois manos
Que foram ver de mansinho
Como é que aquele bravo
Se tornara tão fraquinho
No chão de terra essa terra
Que a todos nós vai comer
Chorava uma criancinha
Acabada de nascer
E João de peito desnudo
Acarinhava este ser
Aquela cena imprevista
Causou a maior surpresa
O que tanto se ocultara
Se mostrava sem defesa
João deixara de ser João
Por força da natureza
A mulher surgia nele
Ao mesmo tempo que o filho
Tal qual se brotassem junto
A espiga com o pé de milho
Ou como bala que estoura
Sem se puxar o gatilho
Se os manos levaram susto
Até eu que apenas conto
E o povo todo assuntando
A história ponto por ponto
Ficou em breve inteirado
Do que aí vai sem desconto
Nem menino, nem menina
Era João quando nasceu
Sua mãe sem saber ao certo
O nome de João lhe deu
Dizendo: Vai vestir calça
E não saia que nem eu
À proporção que crescia
Feito animal na campina
Em João foi-se acentuando
A condição feminina
Mas ele jamais quis ser
Tratado feito menina
Pois nesse triste povoado
E cem léguas ao redor
Ser homem não é vantagem
Mas ser mulher é pior
Quem vê claro já conclui
De dois males o menor
Homem é grão de poeira
Na estrada sem horizonte
Mulher nem chega a ser isso
E tem de baixar a fronte
Ante as ruindades da vida
De altura maior que um monte
A sorte se presenteia
A todos doença e fome
Para as mulheres capricha
Num privilégio sem nome
Colhe miséria maior
E diz à coitada - tome
É forma de escravidão
A infinita pobreza
Mas duas vezes escrava
É a mulher com certeza
Pois escrava de um escravo
Pode haver maior dureza?
Por isso aquela mocinha
Fez tudo para iludir
Aos outros e ao seu destino
Mas rola não é tapir
E chega lá um momento
Da natureza explodir
João vira Joana, acontecem
Dessas coisas sem preceito
No seu colo está Joãozinho
Mamando leite de peito
Pelo menos este aqui
De ser homem tem direito
De ser homem de escolher
O seu próprio sofrimento
E de escrever com peixeira
A lei do seu mandamento
Quando, à falta de outra lei
Ou eu fujo ou arrebento
Joana desiste de tudo
Que ganhara por mentira
Sabe que agora lhe resta
Apenas do saco a embira
E nem mesmo lhe aproveita
Esta minha pobre lira
Saibam quantos deste caso
Houverem ciência que a vida
Não anda em favor e graça
Igualmente repartida
E que dor ensombra a falta
De amor de paz e comida
Meu amigo meu irmão
Eu nada te peço a ti
Senão me ouvir com paciência
De Minas ao Piauí
Tendo contado o meu conto
Adeus me despeço aqui
Composição: Cordel De Carlos Drummond De Andrade.
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Cordel Sinfônico JOÃO-JOANA
Suelta61
8 de mar. de 2012
A "Estória de João-Joana" é um cordel sinfônico baseado no único cordel escrito pelo poeta Carlos Drummond de Andrade;
O LP João-Joana foi produzido em 1985, data da primeira apresentação sinfônica do cordel, regida então pelo maestro Cláudio Santoro. Este LP foi remasterizado no ano 2000 pelo MEC;
Neste vídeo, uma mostra de pequenos trechos da apresentação de 06 de março de 2012 pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro em Brasília - DF - Brasil;
FICHA TÉCNICA:
Direção Geral: Bete Calligaris e Ivan Fortes
Direção de Produção: Wladimir Duarte
Direção Musical e Arranjos: Sérgio Ricardo
Orquestração: Radamés Gnatalli
Maestro Regente: Cláudio Cohen
Banda: Lui Coimbra (viola, violão, charango), Bororó (baixo), Jurim Moreira (bateria) e Marçalzinho (percussão);
Vozes: Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Marina Lutfi, João Gurgel e Sérgio Ricardo;
https://www.youtube.com/watch?v=KtLf_Hgkosc
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