quarta-feira, 12 de julho de 2023

NERVOS DE AÇO

-------- Murilo Mendes - colecionador de tempos e metamorfoses -------- O oposto chega sempre - Murilo Mendes ---------- ---------- A Insustentável Leveza do Ser (1987) - Trailer --------- Cine Defesa 13 de out. de 2014 Nos anos 60 em Praga, Tchecoslováquia, Tomas (Daniel Day-Lewis), um médico totalmente apolítico, tem como hobby ter diversas parceiras sexuais, mas evitando sempre um maior envolvimento. Mas duas mulheres: Sabina (Lena Olin), uma artista plástica, e Tereza (Juliette Binoche), uma garçonete que sonha em ser fotógrafa, vão estar muito presentes na vida dele. Mas ao serem atingidos pelos acontecimentos de 1968, conhecido como "A Primavera de Praga", quando tanques soviéticos invadiram a capital tcheca para pôr fim a uma série de protestos, a vida deste triângulo amoroso afetada, pois seus sonhos foram destruídos e suas vidas mudariam para sempre. https://www.youtube.com/watch?v=DI0W41NMVKQ _________________________________________________________________________________________________________ Lupicínio na Memória de Paulinho de Viola com Nervos de Aço ---------- ---------- Nervos de Aço Paulinho da Viola ---------- Você sabe o que é ter um amor, meu senhor? Ter loucura por uma mulher E depois encontrar esse amor, meu senhor Ao lado de um tipo qualquer Você sabe o que é ter um amor, meu senhor E por ele quase morrer? E depois encontrá-lo em um braço Que nem um pedaço do meu pode ser Há pessoas com nervos de aço Sem sangue nas veias e sem coração Mas não sei se passando o que eu passo Talvez não lhes venha qualquer reação Eu não sei se o que trago no peito É ciúme, é despeito, amizade ou horror Eu só sinto é que quando a vejo Me dá um desejo de morte ou de dor Composição: Lupicínio Rodrigues. _________________________________________________________________________________________________________ ---------- A Insustentável Leveza do Ser - (1988) - Dublado PT - Parte 11 (Final) ----------- https://youtu.be/a1o0j1zs2YA ------------ Morre aos 94 anos o escritor tcheco Milan Kundera Nadine Wojcik há 11 horashá 11 horas Seu livro "A Insustentável Leveza do Ser" deu vida à Primavera de Praga para leitores do mundo todo. O autor vivia em Paris desde que se exilou, em 1975. ------------
----------- https://p.dw.com/p/4TlXK Escritor Milan Kundera, Kundera, em foto de 2010: romances que escrutinam os pensamentos, sentimentos e crençasFoto: MIGUEL MEDINA/AFP/Getty Images ------------ O escritor tcheco Milan Kundera morreu nesta terça-feira aos 94 anos, informou nesta quarta-feira (12/07) a emissora pública Czech Television. "Infelizmente, posso confirmar que o Sr. Milan Kundera morreu (...) após uma longa doença", disse à agência de notícias AFP Anna Mrazova, porta-voz da Biblioteca Milan Kundera, em sua cidade natal, Brno. O premiado autor ficou conhecido por romances que escrutinam os pensamentos, sentimentos e crenças do indivíduo, assim como sexo e relacionamentos. Em sua obra-prima, A Insustentável Leveza do Ser, Kundera contou a história de um triângulo amoroso tendo como pano de fundo a Primavera de Praga. O épico transformou Kundera em uma estrela literária internacional ao ser publicado em 1984. Na época, o romancista dissidente tcheco vivia exilado em Paris havia quase uma década. Seus livros foram proibidos na Tchecoslováquia e, depois que o governo apoiado pelos soviéticos o privou da cidadania em 1978, ele continuou sendo o escritor exilado mais famoso do país. Após a Revolução de Veludo, a queda da Cortina de Ferro e a criação da República Tcheca, o escritor nunca mais voltou a viver na sua terra natal. "Não existe esse sonho de retorno", disse ele certa vez em entrevista ao semanário alemão Die Zeit. "Levei minha Praga comigo; o cheiro, o sabor, a língua, a paisagem, a cultura." Os romances de Kundera começaram a ser publicados na língua tcheca a partir da década de 1990, mas A Insustentável Leveza do Ser não foi lançado em sua terra natal até 2006. Influência socialista Nascido em 1º de abril de 1929 em Brno, Tchecoslováquia, Milan Kundera não foi apenas influenciado pela cultura tcheca, mas ainda mais por construir uma carreira de escritor em plena era socialista. Ao terminar o ensino médio, ele se juntou com entusiasmo ao Partido Comunista em 1948; dois anos depois, foi expulso por causa de "pensamento hostil e tendências individualistas". Isso teve consequências: Kundera teve que interromper os estudos na Academia de Cinema, quando tinha apenas começado a estudar música e literatura. A estreia como escritor foi em 1953 com a coleção de poesia Man: A Wide Garden. Nela, ele tratou do realismo socialista, embora de uma perspectiva comunista. Mais tarde, voltou ao Partido Comunista – de onde foi expulso mais uma vez. Foi uma relação difícil. As "tendências individualistas" de que o PC o acusava quando foi expulso pela primeira vez tornaram-se um ponto de discórdia na década de 1960. Kundera escreveu histórias de humor e em 1967 foi publicado seu primeiro romance, A brincadeira. -----------
---------- Milan Kundera em 1968Milan Kundera em 1968 Milan Kundera em 1968: suas obras jogavam com a ironia e o estranhamentoFoto: Pavel Vacha/CTK/dpa/picture alliance -------- Após a violenta repressão da Primavera de Praga em 1968, criticada por ele, o autor tornou-se persona non grata. Como defensor do comunismo reformista, foi expulso da Associação de Escritores em 1969 e novamente do partido em 1970; suas atividades docentes na Academia de Cinema foram suspensas, suas peças foram retiradas do repertório, suas publicações foram proibidas e seus livros foram retirados das livrarias. Exílio na França Kundera continuou a escrever apesar dos censores. Ele dialogou com seu passado comunista em A vida está em outro lugar (1973) e em A valsa do adeus (1972). O autor sabia que essas obras não seriam publicadas na Tchecoslováquia. Em vez disso, elas estrearam na França, país que lhe ofereceu refúgio em 1975 e um contrato como professor em Rennes e depois em Paris. De sua vida no exílio, Kundera continuou a impulsionar seus temas literários, continuando a usar um pano de fundo tchecoslovaco para suas obras. Como já havia sido expulso do país com a publicação de O livro do riso e do esquecimento, em 1978, restou à direção socialista de sua terra natal apenas a possibilidade de cassar a cidadania do escritor. Em 1984, Kundera publicou A insustentável leveza do ser; o livro chegou às listas dos mais vendidos em todo o mundo e fez de Kundera uma estrela. O romance foi posteriormente adaptado para um filme de sucesso, com Juliette Binoche e Daniel Day Lewis nos papéis principais. Era o livro certo na hora certa. Embora seus trabalhos posteriores como A imortalidade (1990) também tenham chamado a atenção, seu sucesso não foi tão grande. Alguns críticos literários consideraram esses romances muito filosóficos e ensaísticos; outros elogiaram o autor como um moralista pioneiro, um crítico da civilização da Europa Ocidental e do pós-modernismo. Traidor? Mais uma vez, o socialismo alcançou o escritor em 2008, quando foi lançada a acusação de que Kundera havia traído um membro da oposição em 1950, que acabou ficando por vários anos em um campo de trabalhos forçados. Um protocolo da polícia secreta tcheca supostamente fornecia provas. Mas teria sido realmente Kundera quem fez a afirmação? Ou alguém se fez passar por Milan Kundera? "Estou completamente surpreso com algo que não esperava, algo sobre o qual nem sabia até ontem, algo que não aconteceu", disse o escritor a uma agência de notícias tcheca. De fato, faltava sua assinatura no documento. Kundera parou de comentar publicamente sobre seu passado e viajaria incógnito para a República Tcheca para visitar amigos. Como um ato de reconciliação, o ex-primeiro-ministro tcheco Andrej Babis devolveu a ele em 2019 a cidadania tcheca. Livro derradeiro Em 2014, após uma pausa de uma década, Kundera publicou um novo romance, A festa da insignificância. Nele, quatro homens passeiam por Paris, contando — no conhecido estilo humorístico e trágico de Kundera — sobre obstáculos pessoais. O tão esperado livro foi um sucesso em toda a Europa, embora os críticos tenham ficado divididos. Alguns elogiaram o romance como uma "obra-prima", enquanto outros falaram em uma obra chata, sem graça, de um autor senil. Assim como A Insustentável Leveza do Ser, ele abordou alguns de seus temas preferidos: sexualidade, filosofia, com personagens refletindo sobre a ironia e a insignificância da vida. https://www.dw.com/pt-br/morre-aos-94-anos-o-escritor-tcheco-milan-kundera/a-66199590 _________________________________________________________________________________________________________ Le vent d'est, Godard, 1970. Cena Glauber Rocha Divino e Maravilhoso. -------- ---------- Mapa | Poema de Murilo Mendes com narração de Mundo Dos Poemas Mundo Dos Poemas -----------
----------- Nas entrelinhas: Silêncio de Mauro Cid vale por mil palavras Publicado em 12/07/2023 - 07:08 Luiz Carlos Azedo Brasília, Comunicação, Congresso, Eleições, Governo, Justiça, Memória, Militares, Partidos, Política, Política ----------
----------- Durante quase seis horas, o ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro negou-se a responder todas as perguntas, mesmo aquelas mais inofensivas, tipo revelar sua idade No dia 30 de setembro de 1937, a Voz do Brasil, até hoje o programa radiofônico oficial do governo federal, anunciou uma “bomba”, como se dizia antigamente: o general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro, revelou a descoberta de um plano cujo objetivo era derrubar o presidente Getúlio Vargas. O Plano Cohen supostamente era um projeto de tomada do poder pelo Partido Comunista Brasileiro, com apoio de organizações comunistas internacionais. Seria uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935, na qual haveria greves de operários, manifestações estudantis, libertação de presos políticos, incêndio de casas e prédios públicos, saques e depredações e eliminação de autoridades civis e militares que se opusessem à tomada do poder. No dia seguinte, diante da “ameaça vermelha”, Vargas solicitou ao Congresso a decretação do Estado de Guerra, promoveu uma intensa perseguição aos comunistas e aos demais opositores políticos, como o governador gaúcho Flores da Cunha. No dia 10 de novembro, suspendeu as eleições marcadas para 1938 e o Brasil amanheceu sob a ditadura do Estado Novo. Nos estertores desse regime autoritário, porém, o general Góes Monteiro revelou que o Plano Cohen não passara de uma fraude, para justificar a permanência de Vargas no poder. Para dar veracidade ao plano, a cúpula militar responsável pela “descoberta” do documento deu-lhe o nome do líder comunista Bela Cohen, que governara a Hungria entre março e julho de 1919. O general contou que o documento havia sido escrito pelo capitão Olímpio Mourão Filho, na época chefe do Serviço Secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB), que apoiava o governo Vargas. O plano fora elaborado a pedido de Plínio Salgado, dirigente da AIB, que afirmou tratar-se de uma simulação de insurreição comunista, apenas para efeito de estudos e utilizado exclusivamente no âmbito interno da AIB. No entanto, uma cópia do documento chegou ao conhecimento da cúpula das Forças Armadas. Mourão revelaria em suas memórias que Góes Monteiro teve acesso ao documento por meio do general Álvaro Mariante, e dele se apropriou. E justificou seu silêncio diante da fraude em razão da disciplina militar a que estava obrigado. Já Plínio Salgado, líder maior da AIB, que participara ativamente dos preparativos do golpe de 1937, mais tarde, diria que não revelou a fraude por temor de desmoralizar as Forças Armadas, única instituição, segundo ele, capaz de conter o “perigo vermelho”. O capitão Mourão, mais tarde, já general, viria a liderar o golpe militar que destituiu o presidente João Goulart, em 1964, deslocando suas tropas de Juiz de Fora (MG) para o Rio de Janeiro. Bico calado Cabe a pergunta: por que lembrar disso agora? Porque a história serve para melhor compreender o presente e não repetir os erros. O silêncio do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o “coronel” Mauro Cid nos bastidores do governo Bolsonaro, de quem era ajudante de ordem, valeu por mil palavras na CPI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Durante quase seis horas, negou-se a responder todas as perguntas, mesmo aquelas que não teriam nenhuma consequência negativa — tipo revelar sua idade. O silêncio foi tão eloquente que o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), estuda as “medidas cabíveis” contra Cid por exorbitar em relação ao habeas corpus que fora concedido pela ministra do Supremo Tribunal Federal(STF) Cármen Lúcia. O habeas corpus garantia o direito de permanecer calado quanto a fatos que o incriminasse, não os demais. Entretanto, ao anunciar que se manteria calado, Cid revelou que já responde a oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal: envolvimento no 8 de janeiro, no caso da falsificação do atestado de vacina de Bolsonaro, no rolo das jóias e outros presentes da Arábia Saudita, no vazamento de informações sobre inquérito da Polícia Federal (PF), nas fake news contra o STF, na organização de milícias digitais e nos demais atos antidemocráticos durante o governo passado. O silêncio de Cid é uma estratégia duvidosa de defesa. A perícia no seu celular apreendido pela PF revelou uma minuta de decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) a ser assinado por Jair Bolsonaro, com objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e conversas comprometedoras com o então subchefe de Estado Maior do Alto Comando do Exército, coronel Jean Lawand Junior. Ambos estão muito enrolados. Como podem se enrolar alguns que o visitaram no quartel onde está preso, com regalias de oficial superior: o ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello; o general ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Ridalto Lúcio Fernandes; o ex-secretário de Comunicação e advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten; o ex-comandante do Exército, general Júlio César de Arruda. A lista foi fornecida pelo Ministério da Defesa, a pedido da CPI. Nos bastidores da comissão, assessores parlamentares do Exército fizeram apenas um pedido: não “esculachar” o militar, que compareceu ao depoimento fardado, por recomendação do comando. A afirmação de que Cid era um mero estafeta de Bolsonaro é furada. Hanna Arendt, ao analisar o caso do criminoso nazista Adolf Eichmann, no seu julgamento em Jerusalém, desmontou a tese de que um burocrata que cumpre ordens criminosas não é culpado. Isso é a banalização do mal. Compartilhe: _________________________________________________________________________________________________________ ----------- Os Dois Lados | Poema de Murilo Mendes com narração de Mundo Dos Poemas ------------ Mundo Dos Poemas 2 de abr. de 2021 Poesia e poema de autor brasileiro. Murilo Mendes (1901-1975) foi um poeta brasileiro. Fez parte do Segundo Tempo Modernista. Recebeu o Prêmio Graça Aranha com seu primeiro livro "Poemas". Participou do Movimento Antropofágico, que buscava uma vinculação com as origens do Brasil. Em 1920, passou a colaborar com o jornal “A Tarde”, de Juiz de Fora, produzindo artigos para a coluna Chronica Mundana, com a assinatura MMM e depois com o pseudônimo “De Medinacelli”. Em 1924, passou a escrever poemas para as duas revistas modernistas: ”Terra Roxa e Outras Terra” e “Antropofagia”. Em 1930, lançou seu primeiro livro "Poemas", revelando nessa primeira fase de sua poesia a influência do Movimento Modernista, quando aborda os principais temas e procedimentos do Modernismo brasileiro dos anos 20, como o nacionalismo, o folclore, a linguagem coloquial, o humor e a paródia. Escreve ainda: “Bumba-Meu-Preta” (1930) e “História do Brasil” (1932). Murilo Mendes foi um dos principais representantes da poesia religiosa cultivada na Segunda Geração do Modernismo. Com a publicação de “Tempo e Eternidade” (1935), escrito em parceria com Jorge de Lima, Murilo Mendes registra a interferência do elemento religiosidade, fruto de sua adesão ao catolicismo, e apresenta uma poesia onde combina elementos de espiritualidade mística, com aspetos da religiosidade popular brasileira. Murilo Mendes foi considerado como o principal representante da poesia surrealista no Brasil. A partir da publicação do livro “O Visionário” (1941), evidencia-se na obra de Murilo Mendes uma poesia surrealista, quando o poeta funde o imaginário e o cotidiano, o onírico e o intra-mundano, assim como o eterno e o contingente. A poesia “Solidariedade” é parte integrante do livro “Os Visionários”. Em 1947, Murilo Mendes casa-se com Maria da Saudade Cortesão, poetisa e filha de Jaime Cortesão, historiador e poeta português exilado no Brasil durante o regime ditatorial de Salazar, em Portugal. Entre 1952 e 1956, residiu com a mulher na Europa, em missão cultural na Bélgica e na Holanda. Em 1957 vai para a Itália como professor de Cultura Brasileira na Universidade de Roma. Até o final de sua carreira, Murilo Mendes trilhou outros caminhos, como a busca do formalismo clássico e as experiências com a linguagem subjetiva, concreta, momento em que já vivia na Europa. Em 1972, Murilo Mendes veio pela última vez ao Brasil. Murilo Mendes faleceu, em Estoril, Portugal, no dia 13 de agosto de 1975. https://www.youtube.com/watch?v=dp10lHTBgck ____________________________________________________________________________________ Com a assitênia técnica luxuosa de Fenelon, Evocação 1, não calou. -----------
---------- Mauro Cid, de farda, arrasta Exército junto com ele para o ... estadao.com.br https://www.estadao.com.br › Francisco Leali há 1 dia — “Em 2018 havia sido selecionado para participar de um curso de Estado Maior no Exército americano, entretanto, fui redesignado pelo então ... ---------- Mauro Cid, de farda, leva o Exército junto com ele para rol dos investigados na CPMI Publicado em 12 de julho de 2023 por Tribuna da Internet Alto Comando mandou Mauro Cid assessorar Bolsonaro Francisco Leali Estadão O tenente-coronel Mauro Cid foi mudo para a CPMI do 8 de janeiro, mas seu silêncio grita. De farda, o oficial do Exército deu o recado inicial avisando que só foi ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro porque fora indicado para a função pelo comando da Força militar. Com as condecorações ornamentando seu ombro e no peito verde-oliva, Cid parece querer arrastar o Exército junto com ele para o banco dos investigados. FOI ORIENTADO – Num ato aparentemente formal, o oficial vai em trajes militares a compromissos oficiais. O próprio Comando do Exército informou, por meio de nota, que orientou Cid a ir com a farda “pelo entendimento de que o militar da ativa foi convocado para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força”. Mas o tenente-coronel está ali na CPMI para nada dizer, nada contar sobre falsificação de cartão de vacinas ou sobre as mensagens do celular em que outros oficiais conspiram por um golpe de Estado. “Pelo amor de deus Cidão”, apelou um coronel ao militar mais próximo de Bolsonaro durante sua gestão. Um oficial não teria que envergonhar-se do trabalho que faz nem mesmo esquivar-se de falar sobre sua função. Cid, no entanto, está ao lado de Bolsonaro como investigado em uma lista de apurações. Preferiu, então, poupar a si e a seu ex-chefe. TAREFA MILITAR – Ainda assim, o tenente coronel deixou lá anotado nos anais da comissão parlamentar que seu trabalho ao lado do então presidente se deveu única e exclusivamente a uma tarefa de militar. Como quem quer dizer que nos últimos quatro anos carregou o celular do presidente, pagou suas contas, mandou e levou recados a ele por mera missão oficial. E mais do que isso, sob a indicação do Comando do Exército. “Em 2018 havia sido selecionado para participar de um curso de Estado Maior no Exército americano, entretanto, fui redesignado pelo então comandante do Exército para assumir a função de chefe da ajudância de ordem da presidência da República. É importante destacar que essa função é exclusivamente de natureza militar”, anunciou na CPMI. SEM INGERÊNCIA – Para quem quiser acreditar, Cid disse que não houve ingerência política para assumir o posto no Planalto. Finja-se, então, que o fato de ser filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, um ex-colega de caserna de Bolsonaro, nada teve a ver com a posição para a qual o coronel foi destacado. Ele chegou ao ponto de afirmar que nem mesmo o presidente Jair Bolsonaro apitou na sua escolha. “A minha nomeação jamais teve qualquer ingerência política. Mia vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional de onde provinha minha remuneração. O ajudante de ordens é a única função de assessoria próximo ao presidente que não é responsabilidade de sua escolha”. SEGUIR NA CANTILENA – E foi assim que o tenente-coronel Mauro Cid abriu seu depoimento para depois seguir na cantilena de que, por ser investigado, perguntas não responderia. O recado já estava dado. Cid se apresenta como um oficial do Exército que agiu sob designação do Alto-Comando. Ainda que hoje a Força tente se afastar da imagem de que coonestou com os gritos de intervenção na porta dos quarteis, acabou sendo arrastada para a CPMI pelo tenente-coronel. Mauro Cid faz pose de militar que segue ordens como se elas não tivessem vindo só de Bolsonaro. ### NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Realmente, é muito estranho. Mauro Cid, que cumpria, está preso, mas o presidente Bolsonaro, que dava as ordens, está solto. É por isso que se diz que o Brasil está de cabeça para baixo, ou ponta-cabeça, como dizem os paulistas. (C.N.) ____________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ----------- 💡 Pastor Henrique Vieira desvenda: 'Bolsonarismo' 🔍 não se limita à direita ou ao conservadorismo! ------------ "Bom dia a todos! Exmo. Sr. Presidente dessa Comissão, Deputado Arthur Maia Exma. Sra. Relatora Senadora Eliziane Gama (...) "Em 2018, eu havia sido selecionado para participar de um curso de Estado Maior no Exército americano. Entretanto, fui redesignado pelo então comandante do Exército para assumir a função de chefe da ajudância de ordem da presidência da Repúblca. Nesse ponto, é importante destacar que esta função é exclusivamente de natureza militar. Conforme regulamentação do Decreto 10.374/2020. Ademais, a minha nomeação jamais teve qualquer ingerência política. Minha vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional, inclusive de onde provinha minha remuneração. Para conhecimento de Vossas Excelências, o ajudante de ordens é a única função de assessoria próxima ao Presidente que não é objeto de sua própria escolha. Sendo de responsabilidade das Forças Armadas selecionarem e designarem os militares que as desempenharão. As atribuições da ajudância de ordens estão inseridas no artigo 8º desse decreto. ____________________________________________________________________________________ ----------- DECRETO Nº 10.374 DE 26 DE MAIO DE 2020 Data de assinatura: 26 de Maio de 2020 Ementa: Aprova as Estruturas Regimentais e os Quadros Demonstrativos dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança da Assessoria Especial do Presidente da República, do Gabinete Pessoal do Presidente da República e da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e remaneja cargos em comissão. Vigência Situação: Revogado Chefe de Governo: Jair Bolsonaro Origem: Executivo Data de Publicação: 27 de Maio de 2020 Fonte: D.O.U de 27/05/2020, pág. nº 99 Link: Texto integral Referenda: Economia; Casa Civil; Alteração: DEC 10.817, DE 27/09/2021: ALTERA OS ARTS. 16, 21, 22, 25, 26, 27 DO ANEXO I; ACRESCE ART. 23-A AO ANEXO I; ALTERA OS ANEXOS II, III E IV E REVOGA AS ALÍNEAS "A" E B" DO INCISO IV DO CAPUT DO ART. 16; AS ALÍNEAS "A", "B" E "C" DO INCISO V DO CAPUT DO ART. 16; O ART. 20; AS ALÍNEAS "A", "B", "C", "D", "E", "F" DO INCISO IV DO CAPUT DO ART. 21; OS ARTS. 23 E 24 Vigência REVOGADO PELO DECRETO N° 11.285, DE 13/12/2022 Vigência Correlação: Veto: --- Assunto: APROVAÇÃO , ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA , QUADRO DEMONSTRATIVO , CARGO EM COMISSÃO , DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO SUPERIORES (DAS) , FUNÇÃO EM COMISSÃO , FUNÇÃO COMISSIONADA DO PODER EXECUTIVO (FCPE) , REMANEJAMENTO , EXTINÇÃO , ASSESSORIA ESPECIAL , GABINETE , PRESIDENCIA DA REPUBLICA , SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATEGICOS DA PRESIDENCIA DA REPUBLICA (SAE) , MINISTERIO DA ECONOMIA . Classificação de direito: EXECUTIVO , ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA . Observação: --- Art. 8º À Ajudância de Ordens compete: I - prestar os serviços de assistência direta e imediata ao Presidente da República nos assuntos de natureza pessoal, em regime de atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília ou em viagem; II - receber as correspondências e os objetos entregues ao Presidente da República em cerimônias e viagens e encaminhá-los aos setores competentes; e III - realizar outras atividades determinadas pelo Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10374.htm ____________________________________________________________________________________ ESTADÃO / FRANCISCO LEALI Entrar COLUNA Francisco Leali A política sem segredos Veja mais sobre quem faz Foto do autor: Francisco Leali Mauro Cid, de farda, arrasta Exército junto com ele para o banco dos investigados na CPMI Ex-ajudante de ordens disse que sua atuação ao lado de Bolsonaro foi por designação das Forças Armadas e do ex-presidente EXCLUSIVO PARA ASSINANTES Por Francisco Leali 11/07/2023 | 12h16 Atualização: 11/07/2023 | 16h00 2 min de leitura
---------- MUSEU MAMM O Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), pertencente à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), abriga a biblioteca e a coleção de artes visuais do escritor. Sua origem remete a 1976, quando, numa atitude de generosidade, após o falecimento do poeta no verão de 1975, em Lisboa, sua viúva Maria da Saudade Cortesão Mendes doou sua biblioteca com 2.864 exemplares à universidade, que a abrigou no Centro de Divisão do Conhecimento até 1994, ano de celebração do termo de contrato de transferência para a universidade do acervo de artes visuais de Murilo, integrado por 150 obras de artistas nacionais e estrangeiros. Estes dois relevantes acervos, em 1994, possibilitaram à UFJF, conforme condição e desejo de Maria da Saudade, criar, no antigo prédio da Faculdade de Filosofia e Letras, situado à Avenida Rio Branco, Alto dos Passos, espaço geográfico da infância do poeta, o Centro de Estudos Murilo Mendes, que, em 2005, originou o MAMM, situado num prédio de arquitetura moderna, antiga Reitoria. Além de inventariar as coleções do escritor, o MAMM busca em seu objetivo ampliar a compreensão do diálogo do poeta com o universo das artes, assegurando continuidade e expansão da riqueza do legado muriliano. O desenvolvimento de estudos e ações científico-culturais acerca do ensino, pesquisa e extensão constitui a missão do MAMM, norteada nos princípios de preservação, conservação e divulgação dos acervos bibliográficos, documentais e de artes visuais alocados na instituição; de promoção do intercâmbio entre instituições congêneres no âmbito de sua missão; de publicações resultantes de pesquisas e projetos culturais; de incentivo às ações no campo da literatura e artes visuais; e de estabelecimento de políticas de valorização da memória literária juiz-forana. PLANO MUSEOLÓGICO REGIMENTO ___________________________________________________________________________________ Evocação Nº 1, com Fenelon ------------- ----- Evocação Nº 1 Nelson Ferreira ---------- Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon Cadê teus blocos famosos? Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos, apôs-fum Dos carnavais saudosos Na alta madrugada O coro entoava Do bloco a marcha-regresso E era o sucesso dos tempos ideais Do velho Raul Moraes Adeus, adeus minha gente Que já cantamos bastante E Recife adormecia Ficava a sonhar Ao som da triste melodia Composição: Nelson Ferreira. ____________________________________________________________________________________ ---------- ------------ Nervos de Aço Lupicínio Rodrigues ----------- _________________________________________________________________________________________________________ Em Porto Alegre uma descoberta de como interpretar com parceiro de autor a canção de Lupicínio. _________________________________________________________________________________________________________ ------------ Você sabe o que é ter um amor, meu senhor? Ter loucura por uma mulher E depois encontrar esse amor, meu senhor Nos braços de um tipo qualquer? Você sabe o que é ter um amor, meu senhor E por ele quase morrer E depois encontrá-lo em um braço Que nem um pedaço do meu pode ser? Há pessoas de nervos de aço Sem sangue nas veias e sem coração Mas não sei se passando o que eu passo Talvez não lhes venha qualquer reação Eu não sei se o que trago no peito É ciúme, é despeito, amizade ou horror Eu só sinto é que quando a vejo Me dá um desejo de morte ou de dor Você sabe o que é ter um amor, meu senhor? Ter loucura por uma mulher E depois encontrar esse amor, meu senhor Nos braços de um tipo qualquer? Você sabe o que é ter um amor, meu senhor E por ele quase morrer E depois encontrá-lo em um braço Que nem um pedaço do meu pode ser? Composição: Lupicínio Rodrigues. ________________________________________________________________________________________________________ ----------
------------ Mundo Enigma Murilo Mendes --------- Murilo por inteiro SEBASTIÃO UCHOA LEITE Poesia Completa e Prosa Murilo Mendes Organização, edição e notas: Luciana Stegagno Picchio Nova Aguilar, 1782 págs. R$ 89,00 A obra poética de Murilo Mendes, reunida há não muito tempo atrás num único volume, organizado pela ensaísta Luciana Stegagno Picchio, se tornou, para os leitores de hoje, a redescoberta de um mundo submerso, que surpreende pela sua atualidade. Suas surpresas são muitas e para serem apreendidas com precisão ainda será preciso algum tempo. Assim, as notas que se seguem têm apenas a intenção de traçar algumas coordenadas, algumas trilhas dentro da selva linguística deste antigo-novo poeta. Tais notas serão provavelmente ainda rearticuladas para uma visão crítica mais particularizada da poética de Murilo Mendes e de suas complexidades semânticas e formais, visando a abranger o quanto possível a sua totalidade. O juízo dessa totalidade é difícil. A obra de Murilo Mendes abarca direções múltiplas, deixa no ar contradições e indagações e, no final, o autor parece mudar radicalmente sua orientação estética. Mas, ao embrenhar-se no seu labirinto, o leitor percebe que faces esquecidas reemergem, como se houvesse uma ânsia de retorno às origens, e, vendo-se de perto, as mudanças não são radicais a ponto de haver renegação da obra anterior, exceto num caso esporádico. Estruturalmente, o poeta que estreou em Poemas" permanece igual a si mesmo no último livro, publicado fora do país e escrito em italiano, Ipotesi" (Hipóteses). E até no último publicado no Brasil, Convergência", repercutem ecos da intensa aventura poética iniciada com Poemas", em 1930. Sem dúvida, a obra inicial coloca as pedras fundamentais de uma trilha múltipla: dela sairão várias direções, mas três básicas: a do poeta crítico-irônico, a do poeta voltado para a cotidianidade e a do poeta voltado para a reflexividade. A primeira prolonga-se em Bumba meu Poeta" e História do Brasil" -o primeiro, sobre a situação do poeta no quadro social, de onde acaba sendo deslocado, como os poetas são expulsos da república platônica; e o segundo, renegado depois (injustamente), faz uma antipoética e ácida paródia da história oficial" e seus clichês. A acidez irônico-crítica se recolherá na obra do poeta e se metamorfoseará no humor mais filosófico" dos paradoxos e jogos linguísticos. Estes já nasceram do primeiro texto do livro inicial, uma paródica Canção do Exílio" que transforma palmeiras" em macieiras da Califórnia", o sabiá" em gaturamos de Veneza", os sargentos do exército" em monistas, cubistas" e os filósofos" em polacos vendendo a prestações". Parecia instalada a confusão, mas a desordem antitética seria a marca do poeta que impulsionaria uma originalíssima máquina de visões". E logo deságua em O Visionário"(1933-34), que junta as outras direções já assinaladas: a visão da materialidade cotidiana e a reflexão sobre os processos vitais. De versos como Tem a morte, as colunas da ordem e da desordem" e Me desliguem do mundo das formas", e do poema Mapa", um verdadeiro manifesto do desconjuntamento das coisas do mundo, daquele livro inicial, nasce o fluxo torrencial de imagens de O Visionário", que celebra os ciclos diversos de transformação da vida, vista em seus aspectos mais cotidianos. Homológico ao seu dualismo matéria/espírito, há, nessa obra, um semicompromisso entre o coloquialismo (mais de processos sintáticos) e a atenção à norma culta, jogo dual que persistirá em obras posteriores. O poema Jandira" seria o exemplo máximo da metáfora transbordante da força da matéria de O Visionário". Mas é um jorro domado: as três partes do livro transmitem a idéia de caos ordenado, entre a híbris" do visionarismo e a absorção do mundo material. Posterior, Tempo e Eternidade" tenta dar uma resposta religiosa a esse caos hiperbólico, mas infelizmente é sem força poética para isso e decepciona diante da riqueza imagética do livro anterior. Os livros seguintes formam uma espécie de ciclo: Os Quatro Elementos", A Poesia em Pânico", As Metamorfoses" e Mundo Enigma". Afastam-se da substância que preside as eras", o tedioso essencialismo" conceitual de Ismael Nery, que tinha se sopreposto às almas desencontradas" de O Visionário". De certo modo, a inquietação de Poesia em Pânico" foi uma correção dos excessos messiânicos do livro anterior. E a ele sucedem as visões concretas de Os Quatro Elementos", onde referências míticas fundem-se a imagens realistas (O Observador Marítimo"), recobra-se o humor perdido em Tempo e Eternidade", reforça-se a idéia de desmontagem criativa, incorporam-se elementos de problematicidade demoníaca" em A Poesia em Pânico"(A fulguração que me cerca vem do demônio") e expande-se a sensualidade herética", ainda nesse livro. E mais: acentuam-se as dualidades e os contrastes através das imagens barrocizantes", como no poema O Visionário" de As Metamorfoses": Eu vi os anjos nas cidades claras/ Nas brancas praças do país do sol" e Na manhã aberta é que vi os fantasmas/ Arrastando espadas nos lajedos frios/ Ao microfone eles soltavam pragas". Também se torna mais clara, nesses livros, a delimitação de formas, que em Mundo Enigma" se acentua. Compare-se, por exemplo, o poema dedicado a Vieira da Silva em As Metamorfoses" com o Harpa-sofá", de Mundo Enigma", mais objetal. A linguagem mista de referências míticas e concretas (últimas notícias de massacres") chega ao auge e transborda" no famoso Poema Barroco": Os cavalos da aurora derrubando pianos/ Avançam furiosamente pelas portas da noite". Uma ligação secreta une Poemas", A Poesia em Pânico", Os Quatro Elementos", As Metamorfoses" e Mundo Enigma". Eles fundam a estética de base" de Murilo Mendes, com os seguintes princípios: 1) o predomínio intenso das imagens visuais, que dão um caráter plástico a essa poesia; 2) a idéia permanente de montagem/desmontagem, que, além do caráter plástico, traz consigo a idéia de movimento e ritmo; 3) o processo de construção que configura a sua obra como um jogo de antíteses; 4) certa politonalidade poética que permite misturar elementos poéticos" com os antipoéticos", segundo as visões ortodoxas; e 5) certa dissonância contrastante no uso dos elementos lexicais. Todos esses aspectos configuram a permanente preocupação formal na poesia de Murilo Mendes, que, por trás do seu singular desconstrucionismo", guardou sempre uma secreta ânsia de ordem em todas as suas fases, conseguindo unir, como num grande paradoxo, esta obsessão ordenadora e a vertigem e o fascínio pelo caos. Ao longo da sua obra, vários poemas se apresentam como emblemáticos dessa tendência dualista que o seguiu até o fim. A partir de Poesia Liberdade", sobretudo a segunda parte, a linguagem muriliana torna-se menos abstratizante e intemporal. A poesia se delimita mais histórica e topologicamente. Fala de O choque do tempo contra o altar da eternidade" e O choque dos cerimoniais antigos/ Com a velocidade dos aviões de bombardeio". É poesia integrada à realidade histórica. No projeto posterior de Contemplação de Ouro Preto" (1949-50) recompõe-se um certo sermo nobilis", como se restaurasse a tradição descritiva da arcádia neoclássica. Mas o projeto é também introjetado de excessos hiperbarrocos e hipersimbolistas. É uma tentativa de colar" tema/forma através de uma restauração" prima-irmã da Invenção de Orfeu" de Jorge de Lima, um pouco posterior. Projeto fechado em si mesmo, com alguns altos momentos como o fragmento dedicado a São Francisco de Assis de Ouro Preto". As soluções em Parábola e Siciliana" são diversas, pois há uma busca de concentração extrema, com realizações meticulosamente nítidas nesses dois livros, cuja economia topológica e busca de uma isomorfia tema/linguagem irá desaguar em projeto similar mas oposto ao da Contemplação". Pois Tempo Espanhol" quer abarcar uma civilização e dela construir um perfil claro. Noutros termos: através da própria linguagem poética e de imagens obsessivamente recorrentes (predominando as de concreticidade" e rigor"), construir o ideograma daquela civilização. Muda-se aí o paradigma poético, pois ao retrato descritivo" substitui-se um retrato linguístico". Como em Córdova": Conheço-te a estrutura tersa,/ Toda nervo e osso, contida/ Em labirintos de cal"(...). Em suma, uma linguagem tersa" como aquela estrutura, Onde Espanha é calculada/ Em número, peso, medida". De certo modo, Convergência"(1970), última obra poética publicada em vida, no Brasil, não seria mais do que uma consequência lógico-formal de Tempo Espanhol", embora entre os dois livros medeiem 12 anos sem publicação, a não ser no exterior, e, aqui, de um livro de memórias. As consequências são extremas: os Grafitos" e Murilogramas" são, no primeiro caso, anotações sobre coisas, lugares e criadores artísticos, e, no segundo caso, mensagens pessoais exclusivas a artistas e poetas. São profissões de fé de uma visão plural (convergências + divergências) e, às vezes, profissão de um certo fundamentalismo estético, uma crítica antiestetização do real, a louvação da antiestética (Antes cadeira no duro" de Grafito numa Cadeira"). Ou de uma visão minimística, como em Grafito na Escultura Santa Teresa' de Bernini", na linha gongórica ( Mármore vão petrificada espuma"), desgongorizada" pelo vão", que é o inútil e é o espaço interno da linha, e conceituada pelo verso Eu vi apalpei o signo" de Grafito para Giuseppe Capogrossi". Nos Murilogramas" há o predomínio da parataxe, onde se constrói o texto táctil". Tactilidade hipersintética que se vai radicalizando em Sintaxe", a segunda parte do livro, e termina com uma recuperação plena do humor, através de processos lúdicos extremados. E assim se retoma a antiga imagem do poeta-prestidigitador que vem de origens longínquas, do livro Poemas", já então totalmente construído", ao contrário de toda a lenda que envolveu o poeta. Aqui se encerra esse roteiro de Murilo Mendes. Certamente, se ele se estendesse à sua prosa, sobretudo de Poliedro", livro anfíbio de poesia/prosa, e a obras em outras línguas, como Ipotesi", não chegaria a resultados diversos do que aqui se expôs. Tem-se discutido o fato de o Murilo Mendes da última fase ter-se virado quase totalmente para uma denotatividade prosaica, quem sabe se por influências maléficas". Para esses críticos, Murilo Mendes teria empobrecido" a sua linguagem e deixado de ser, enfim, o poeta mais poético" que era até Mundo Enigma". Seria uma espécie de traidor de si mesmo". Os enigmas e paradoxos desapareceram e foram substituídos por uma linguagem explícita demais. Essa traição" inexiste. Os processos poéticos mudaram, mas a inflexão e tonalidade continuaram as mesmas. Se ele se joãocabralizou" e se mondrianizou", como disse no final, ficou um Cabral desafinado e um Mondrian de linhas tortas. Se a obra anterior de Murilo Mendes sonhava um jogo de quebra-cabeças, com desmontagem/remontagem de peças, um mapa fragmentário a ser recomposto, ela não se tornou menos lúdica no final. Passou a jogar de outra maneira. Por exemplo, através de imitações, como no Murilograma para Mallarmé", em que o ideograma formal de Mallarmé é perfeito. Enfim, a busca de uma linguagem táctil, em que se constroem retratos linguísticos", como os diversos que há em Tempo Espanhol", ou como o de Murilograma para Graciliano Ramos": Brabo. Olhofaca. Difícil/(...) Desacontece, desquer", onde a construção assimétrica imita o estilo" de ser de um Personagem". Pode-se preferir o Murilo antigo" (o de Mundo Enigma" para trás) por se achar que a riqueza poético-metáfórica era maior. As colagens fascinantes de imagens e elementos díspares se devem, naturalmente, às lições do universo das artes visuais. Essas lições não desapareceram. A verdade é que Murilo sempre ansiou pela ordem", não a ordem autoritária do fascismo, que sempre odiou, mas a ordem das coisas que se faz através de um paradoxal desconstrutivismo construtivo", como em O Operador" (Os Quatro Elementos"): Uma mulher corre no jardim/ Despenteando as flores/ Alguém desmonta o tempo/ Édipo propõe um enigma às constelações/ O mar muda provisoriamente de lugar/ Se assobiarem um foxtrote/ A ordem se fará outra vez". Esta ordem" que não despreza o humor é a mesma que se encontrará no final da sua vida/obra. Não um antípoda de si mesmo, mas um complementar do seu paradoxo original. Sebastião Uchoa Leite poeta e ensaísta. _________________________________________________________________________________________________________ User O oposto sempre chega - Murilo Mendes https://docplayer.com.br/32558000-O-oposto-chega-sempre-murilo-mendes.html https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-28052010-132121/publico/CARLOS_EDUARDO_ORTOLAN_MIRANDA.pdf ChatGPT "O oposto sempre chega" é um verso de autoria do poeta brasileiro Murilo Mendes. Murilo Mendes foi um importante poeta do modernismo brasileiro, nascido em 1901, em Juiz de Fora, Minas Gerais, e falecido em 1975, em Lisboa, Portugal. Ele foi um dos principais expoentes da segunda geração do modernismo no Brasil, também conhecida como geração de 1930. Sua obra poética apresenta uma linguagem inovadora e experimental, explorando temas como a religiosidade, a cidade, a guerra e a angústia existencial. A frase "O oposto sempre chega" sugere uma reflexão sobre a dualidade presente na vida, a ideia de que sempre existe uma contrapartida para tudo o que vivenciamos. Pode ser interpretada como uma constatação de que, mesmo diante de situações positivas, é inevitável que em algum momento sejamos confrontados com experiências opostas, como a tristeza, o fracasso ou o sofrimento. Também pode ser entendida como uma mensagem de esperança, indicando que, mesmo nas adversidades, algo bom pode surgir. Essa frase exemplifica o estilo de Murilo Mendes, que costumava explorar paradoxos e contrastes em sua poesia, buscando expressar a complexidade da existência humana. ____________________________________________________________________________________ ----------- ------------ Traidor da Constituição, Traidor da Pátria | Ponto de Partida --------- Meio Estreou há 99 minutos #MauroCid #Militar #Constituição O tenente coronel Mauro Cid é culpado de crime de alta traição. Esta é a maior desonra que um militar pode carregar. E é fundamental que o Exército o trate pelo que é. Um traidor. Que tenha suas comendas retiradas, que seja expulso da Arma com desonra. ___ PONTO DE PARTIDA _________________________________________________________________________________________________________ ---------- _________________________________________________________________________________________________________ Com a assistência técnica luxuosa de Bernardo Lobo Muniz Fenelon, advogado de Mauro Cid, _________________________________________________________________________________________________________ DEFESA Saiba quem são os novos advogados do ex-ajudante de ordens Mauro Cid Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore assumiram a defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro após Rodrigo Roca deixar o caso Por Agência O Globo 11/05/23 às 17H07 atualizado em 11/05/23 às 23H22 ouça este conteúdo -----------
---------- Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore, advogados de Mauro Cid - Foto: Reprodução -------- Após o advogado Rodrigo Roca deixar, nesta quarta-feira, a defesa do ex-ajudantes de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, o tenente-coronel passou a ser representado pelos advogados Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore. Fenelon é especialista em delação premiada e autor de um livro sobre o tema, intitulado "A colaboração premiada unilateral". Buonicore, por sua vez, foi assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, crítico frequente do antigo governo. Bernardo Lobo Muniz Fenelon apresenta-se como mestre em Direito Penal Econômico e Compliance, Especialista em Corrupção e Crime Organizado e em Direito Processual Penal. É também presidente da Comissão de Ciências Criminais da OAB do Distrito Federal e sócio-fundador de um escritório de Compliance e Direito Penal Econômico e Criminal, sediado em Brasília. Leia também • Visita de militares e exercícios na cela: como tem sido a rotina de Mauro Cid na prisão• Com aval do pai, Flávio Bolsonaro mira campanha à Prefeitura do Rio de Janeiro• Bolsonaro deverá dizer à PF que não tomou vacina e não tinha motivo para fraudar sistema do SUS Das experiências com delação premiada, além do livro publicado no ano passado, Fenelon também escreveu um artigo para "O Estado de S. Paulo", em 2020, no qual ressalta a importância da colaboração no combate a crimes. No texto, ele discorre sobre a necessidade de suas gravações para os processos, prática abarcada pela Lei 13964/19, o chamado pacote anticrime. Esta não é a primeira vez que o advogado cruza o caminho do clã Bolsonaro. Em 2020, Fenelon defendeu a empresa Pizza Hut no caso de racismo envolvendo o advogado Frederick Wassef. Advogado da família do ex-presidente, Wassef atuou no caso das jóias sauditas e no das "rachadinhas" de Flávio Bolsonaro. Antes, em 2018, o jurista assinou um manifesto contra o então juiz Sérgio Moro, no caso do empresário Raul Schmidt Felippe Júnior, na época da Operação Lava-Jato. O documento, que conta com a adesão de mais de 400 advogados, repudiou a atuação de Moro ao revogar uma liminar expedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) e, segundo os signatários, "usurpar" sua competência sobre o caso. O outro advogado de Cid, Bruno Tadeu Palmieri Buonicore, trabalhou por três anos como assessor do ministro Gilmar Mendes no STF. O magistrado desempenhou papel importante e decisivo para frear as ameaças sobre a realização das eleições do ano passado, segundo a colunista do Globo, Bela Megale. Em evento com jornalistas em Lisboa, Gilmar também chegou a dizer que o país "estava sendo governado por uma gente do porão", em referência aos anos de chumbo da ditadura, como mostrou a coluna Portugal Giro. Com um extenso currículo acadêmico, que comporta doutorado e conferências no exterior, Buonicore também é professor titular de Direito Penal no Centro Universitário de Brasília (Ceub) e consultor jurídico do escritório de advocacia de Fenelon. Rodrigo Rocca, ex-advogado de Flávio Bolsonaro, alegou "razões de foro profissional e impedimentos familiares" ao deixar o caso. Mauro Cid está preso há uma semana no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB), em decorrência de uma investigação da Polícia Federal que apura a suposta inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. *estagiária sob a supervisão de Luã Marinatto _________________________________________________________________________________________________________

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