Garçom de Lula, réu, pego na
lavagem
Brasil 04.08.16 17:38
No
recebimento da denúncia do MPF, o juiz Paulo Bueno lembrou que um percentual da
propina desviada do esquema do crédito consignado era repassado ao PT, para ser
distribuído por João Vaccari Neto, e menciona o papel de Carlos Cortegoso, o
ex-garçom de Lula.
Leiam,
por favor:
"Em
relação à corrupção e lavagem de capitais mediante contrato e notas
ideologicamente falsas entre a Consist e a CRLS, apurou-se que a CRLS foi a
primeira empresa indicada por João Vaccari. Tal empresa é de propriedade de
Carlos Cortegoso, vulgo Carlão. A CRLS emitiu duas notas simulando a prestação
de serviços para a Consist, sem que nenhum serviço tenha sido de fato prestado.
Carlos Cortegoso confirmou perante a autoridade policial que nenhum serviço foi
prestado."
Em
manifestação de 70 páginas, Ministério Público Federal defende competência do
juiz Sérgio Moro para julgar o ex-presidente e afirma que o petista 'tinha
ciência do estratagema criminoso e dele se beneficiou'
Ricardo Brandt, Julia Affonso,
Fausto Macedo e Mateus Coutinho
05
Agosto 2016 | 12h00
Lula é investigado na Lava Jato.
Foto: Gabriela Bilo/Estadão
Em
manifestação de 70 páginas, o Ministério Público Federal defende a competência
do juiz federal Sérgio Moro para julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e afirma que o petista ‘participou ativamente do esquema criminoso’ na
Petrobrás. O documento, de 3 de agosto, é subscrito por quatro procuradores da
República que compõem a força-tarefa da Operação Lava Jato.
É
o mais contundente parecer já elaborado pelo Ministério Público Federal contra
Lula.
Documento
“Considerando
os dados colhidos no âmbito da Operação Lava Jato, há elementos de prova
de que Lula participou ativamente do esquema criminoso engendrado em
desfavor da Petrobrás, e também de que recebeu, direta e indiretamente,
vantagens indevidas decorrentes dessa estrutura delituosa”, acusam os
procuradores.
A
manifestação é uma resposta à ofensiva da defesa de Lula que, em exceção de
incompetência, alega parcialidade do juiz Moro para conduzir as investigações
contra o ex-presidente. A Lava Jato suspeita que Lula é o verdadeiro
proprietário do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), e do tríplex 164-A no
Guarujá – os advogados de Lula negam taxativamente que ele possua tais
propriedades. A investigação também mira a LILS, empresa de palestras do
ex-presidente.
A
defesa de Lula alega que inexistem motivos para que Moro ‘seja competente para
processar e julgar os feitos que o envolvem, em razão de os fatos
supostamente delituosos – aquisição e reforma de imóveis nos municípios de
Atibaia e Guarujá e realização de palestras contratadas – consumaram-se no
Estado de São Paulo, não apresentando conexão com os fatos investigados no
âmbito da Operação Lava Jato’.
Os
procuradores Julio Carlos Motta Noronha, Roberson Henrique Pozzobon, Jerusa
Burmann Viecili e Athayde Ribeiro Costa afirmam que há ‘fortes indícios’ de
envolvimento de Lula no esquema Petrobrás.
“Contextualizando
os fortes indícios, diversos fatos vinculados ao esquema que fraudou as
licitações da Petrobrás apontam que o ex-presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva (Lula) tinha ciência do estratagema criminoso e dele
se beneficiou”, acusam os procuradores.
A
peça é um verdadeiro libelo e remonta ao episódio do Mensalão, onze anos atrás,
primeiro escândalo da era Lula.
“Considerando
que uma das formas de repasse de propina dentro do arranjo montado no seio
da Petrobrás era a realização de doações eleitorais, impende destacar que,
ainda em 2005, Lula admitiu ter conhecimento sobre a prática de “caixa
dois” no financiamento de campanhas políticas”, destacam.
Os
procuradores observam que Lula, em recente depoimento à Polícia Federal,
‘reconheceu que, quanto à indicação de Diretores para a Petrobrás “recebia
os nomes dos diretores a partir de acordos políticos firmados”’.
“Ou
seja, Lula sabia que empresas realizavam doações eleitorais “por fora” e
que havia um ávido loteamento de cargos públicos. Não é crível, assim, que Lula
desconhecesse a motivação dos pagamentos de “caixa 2” nas campanhas
eleitorais, o porquê da voracidade em assumir elevados postos na
Administração Pública federal, e a existência de vinculação entre um fato e
outro”, acusam.
Segundo
os procuradores, ‘a estrutura criminosa perdurou por, pelo menos,
uma década’. A Lava Jato investiga o esquema de corrupção, cartel e
propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014.
A
peça lista quadros importantes do PT, antigos aliados de Lula, muitos deles
acabaram na prisão da Lava Jato.
“Nesse
arranjo, os partidos e as pessoas que estavam no Governo Federal, dentre
elas Lula, ocuparam posição central em relação a entidades e indivíduos
que diretamente se beneficiaram do esquema: José Dirceu, primeiro ministro
da Casa Civil do Governo de Lula, pessoa de sua confiança, foi um dos
beneficiados com o esquema; André Vargas, líder do Partido dos
Trabalhadores na Câmara dos Deputados durante o mandato de Lula, foi um
dos beneficiados com o esquema; João Vaccari, tesoureiro do Partido dos
Trabalhadores, legenda pela qual Lula se elegeu, foi um dos beneficiados
com o esquema; José de Filippi Júnior, tesoureiro de campanha presidencial de
Lula em 2006, recebeu dinheiro oriundo do esquema; João Santana,
publicitário responsável pela campanha presidencial de Lula em 2006,
recebeu dinheiro oriundo do esquema.”
Os
procuradores se reportam também a inquéritos abertos no Supremo Tribunal
Federal e relatam que ‘partidos políticos da base aliada do Governo Federal de
Lula e seus filiados receberam recursos oriundos do esquema’.
“Executivos
das maiores empreiteiras do País, que se reuniam e viajavam com Lula,
participaram do esquema criminoso, fraudando as licitações da Petrobrás, e
pagando propina. Considerando que todas essas figuras, diretamente
envolvidas no estratagema criminoso, orbitavam em volta de Lula e do
Partido dos Trabalhadores, não é crível que ele desconhecesse a existência
dos ilícitos”, destaca o documento.
A
Procuradoria afirma que ‘mesmo após o término de seu mandato presidencial, Lula
foi beneficiado direta e indiretamente por repasses financeiros de
empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato’.
“Rememore-se
que, no âmbito desta operação, diversos agentes públicos foram denunciados
por receber vantagem indevida mesmo após saírem de seus cargos. Além
disso, é inegável a influência política que Lula continuou a exercer no
Governo Federal, mesmo após o término de seu mandato (encontrando-se até
hoje, mais de cinco anos após o fim do seu mandato com a
atual Presidente da República). E, por fim, não se esqueça que diversos
funcionários públicos diretamente vinculados ao esquema criminoso, como os
Diretores da Petrobrás Paulo Roberto Costa e Renato Duque, foram indicados
por Lula e permaneceram nos cargos mesmo após a saída deste da Presidência
da República.”
COM
A PALAVRA, O CRIMINALISTA JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, QUE COORDENA A DEFESA DE LULA
O
advogado José Roberto Batochio, que coordena a estratégia de defesa do
ex-presidente Lula, afirma que a Justiça Federal no Paraná, base da Lava Jato,
não detém competência para conduzir os feitos relativos ao petista.
“A
defesa de Lula arguiu a incompetência do juiz do Paraná para apreciar e julgar
estes casos que envolvem o apartamento do Guarujá, o sítio de Atibaia e o
Instituto Lula por uma razão muito simples.”
“A
lei diz que o juiz competente para julgar os fatos é o juiz do local onde os
fatos teriam ocorrido. O apartamento que, indevidamente, é apontado como de
propriedade de Lula, fica no Guarujá, que não se confunde com Guaratuba.
Guaratuba fica no Estado do Paraná. De outro lado, o sítio se situa em Atibaia,
que é Estado de São Paulo. Atibaia não é Atobá, uma cidade do Paraná.”
“Não
há nenhuma razão para esses processos estarem no Paraná. Como questionamos
isso, que o caso não tem nada a ver com o Paraná, o Ministério Público Federal,
para contestar nossa exceção de incompetência, escreve setenta páginas. Só pelo
fato de ter escrito setenta páginas significa que a tese é insustentável.
Guarujá é, de fato, no Estado de São Paulo. E Atibaia é, de fato, no Estado de
São Paulo. Guarujá e Atibaia não são no Paraná.”
“Para
‘provar’ que Guarujá e Atibaia estão no Paraná, os procuradores escrevem
setenta páginas.”
“Isso
vai ser resolvido pelos tribunais superiores, de modo a colocar as coisas nos
devidos lugares. A não ser que tenham mudado Guarujá e Atibaia para o Estado do
Paraná.”
COM
A PALAVRA, OS ADVOGADOS CRISTIANO ZANIN E ROBERTO TEIXEIRA:
“A
peça do Ministério Público Federal foi elaborada para servir de manchete para a
imprensa. Não é uma peça técnica, porque a discussão no incidente processual em
que foi apresentada era exclusivamente em torno da impossibilidade de o juiz
Sergio Moro, de Curitiba, querer ser o juiz universal do Brasil.
As
afirmações relativas ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva inseridas na
petição têm por objetivo encobrir a falta de argumentos do MPF sobre a
incompetência da Vara de Curitiba para conduzir o caso.
Desde
março, membros do MPF fazem afirmações difamatórias contra o ex-Presidente
Lula. O assunto já motivou a abertura de uma sindicância no Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP), uma vez que a antecipação de juízo de valor na
fase de investigação é incompatível com as regras de comportamento de membros
do MP estabelecidas por aquele órgão e, sobretudo, com a regra de tratamento
que decorre da garantia constitucional da presunção de inocência.
A
verdade é que o Ministério Público Federal submeteu Lula e seus familiares a
uma indevida devassa e verificou que o ex-Presidente não cometeu qualquer
crime. Mas, ao invés de seus membros reconhecerem inocência de Lula, querem
condená-lo por meio de manchetes dos jornais e revistas.
A
atuação da Lava Jato em relação a Lula é incompatível com os direitos
fundamentais, conforme comunicado protocolado em 28/07/2016 perante o Comitê de
Direitos Humanos da ONU.
A
divulgação dessa manifestação do MPF à imprensa não pode ser vista senão como
ato de retaliação ao comunicado dirigido à ONU e mais um passo na perseguição
política contra Lula.”
Cristiano Zanin Martins e Roberto
Teixeira
Aula inaugural ESMAFE/PR - Juiz
Federal Sérgio Moro - Lavagem de Dinheiro
Publicado
em 3 de mar de 2015
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Aula Especial - Juiz Federal Sérgio
Moro na ESMAFE/PR
05
de agosto de 2016
Transmitido
ao vivo há 18 horas
Aula
especial na Reinauguração da sede da ESMAFE/PR com a palestra do Juiz Federal
Sérgio Moro
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