Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos.
As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 1 de abril de 2025
Um Inimigo do Povo e Calabar: Censura, Poder e Verdade no Teatro
HAMLET "Ser ou não ser: eis a questão:
Saber se é mais nobre na mente suportar
As pedradas e flechas da fortuna atroz
Ou tomar armas contra as vagas das aflições
E, ao afrontá-las, dar-lhes fim. [...]
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Hamlet Capa comum – 12 agosto 2015
Edição PortuguêsporWilliam Shakespeare (Autor), Lawrence Flores Pereira (Tradutor)
Leitura obrigatória da UERJ.
Neste clássico da literatura mundial, um jovem príncipe se reúne com o fantasma de seu pai, que alega que seu próprio irmão, agora casado com sua viúva, o assassinou. O príncipe cria um plano para testar a veracidade de tal acusação, forjando uma brutal loucura para traçar sua vingança. Mas sua aparente insanidade logo começa a causar estragos - para culpados e inocentes. Esta é a sinopse da tragédia de Shakespeare, agora em nova e fluente tradução de Lawrence Flores Pereira, que também oferece uma alentada introdução à obra. A edição traz ainda um clássico ensaio do poeta T.S. Eliot sobre o texto shakespeariano. Hamlet é um dos momentos mais altos da criação artística, um retrato - eletrizante e sempre contemporâneo - da complexa vida emocional de um ser humano.
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Noite, sala de estar da residência do médico. O ambiente é sóbrio, embora bem-arranjado e mobiliado.
Na parede à direita, há duas portas: a mais distante conduz à antecâmara e a mais próxima, ao gabinete do médico.
Na parede oposta, junto à porta que dá para a antecâmara, há outra porta que leva aos aposentos íntimos da família, no andar superior.
No meio dessa parede, está a estufa ladrilhada e, mais ao primeiro plano, um sofá encimado por um espelho.
À frente do sofá, há uma mesa ovalada sobre um tapete. Acima da mesa, pende uma lâmpada acesa, coberta por uma cúpula.
No plano de fundo, vê-se uma porta aberta que leva à sala de jantar. Lá dentro, entrevê-se a mesa posta e a lâmpada acesa.
Billing está sentado à mesa, com um guardanapo sobre o colo. Junto à mesa, a senhora Stockmann lhe estende uma bandeja com uma grande peça de carne assada.
Os demais lugares à mesa estão vazios, e as louças e talheres em desalinho indicam que a refeição chegou ao fim.
Um Inimigo do PovoPeça em cinco atos, 1882 Henrik Ibsen
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Aqui está a imagem do cenário descrito.
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O teatro, como expressão artística e social, tem sido historicamente um espaço de contestação e resistência. Entre as muitas obras que desafiaram estruturas de poder, Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, e Calabar: O Elogio da Traição, de Chico Buarque e Ruy Guerra, destacam-se por seu enfrentamento direto com forças autoritárias e seus questionamentos sobre a verdade, o poder e a moralidade pública.
Um Inimigo do Povo: O embate entre verdade e interesse coletivo
Escrita em 1882, a peça de Ibsen retrata a história do Dr. Thomas Stockmann, um médico que descobre que as águas do balneário de sua cidade estão contaminadas, representando um perigo à saúde pública. No entanto, ao tentar divulgar essa verdade, Stockmann se depara com uma forte resistência dos líderes políticos e da própria população, que temem os prejuízos econômicos que a revelação pode causar. O protagonista passa, então, de benfeitor a inimigo da sociedade, evidenciando como a verdade pode ser suprimida quando desafia interesses estabelecidos.
A obra de Ibsen carrega uma crítica contundente à manipulação da opinião pública e à hipocrisia política, temas universais e atemporais. A peça revela como a maioria pode ser conduzida por discursos de conveniência e como o poder é exercido para manter privilégios, mesmo em detrimento do bem-estar coletivo.
Calabar e a censura no Brasil de 1973: O teatro como resistência
Quase um século depois, no Brasil sob a ditadura militar, Chico Buarque e Ruy Guerra escrevem Calabar: O Elogio da Traição, uma peça que reinterpreta a história de Domingos Fernandes Calabar, personagem histórico do século XVII que passou para o lado dos holandeses na luta contra os colonizadores portugueses. A obra questiona o conceito de traição e sugere que a história é contada a partir da perspectiva dos vencedores, colocando em xeque a própria noção de patriotismo imposta pelo regime militar.
A montagem de Calabar foi proibida pela censura antes mesmo da estreia, pois o governo temia que a peça servisse como uma metáfora para a situação política do Brasil. A ditadura, que controlava rigidamente as manifestações culturais, via na obra uma ameaça por seu subtexto de resistência e por sua crítica à manipulação da história oficial. O diretor Fernando Peixoto tentou negociar a liberação, mas a repressão do governo impediu qualquer possibilidade de encenação.
Paralelos entre as duas peças: Verdade, poder e censura
Tanto Um Inimigo do Povo quanto Calabar lidam com a problemática da verdade diante dos interesses do poder. Stockmann e Calabar são personagens que desafiam a narrativa dominante e, por isso, são tachados de traidores ou inimigos da sociedade. Em ambos os casos, o embate entre indivíduo e sistema se dá no campo da informação e da opinião pública, demonstrando como os discursos oficiais são construídos para manter determinadas estruturas de poder.
Além disso, a censura à montagem de Calabar em 1973 ecoa a perseguição simbólica que Stockmann sofre na peça de Ibsen. Assim como a sociedade norueguesa da ficção rejeita a verdade inconveniente trazida pelo médico, a ditadura brasileira temia qualquer voz que desafiasse a versão oficial dos fatos. O teatro, nesses dois momentos históricos, mostra-se uma ferramenta de denúncia e reflexão, sendo alvo de repressão exatamente por seu potencial de subversão.
Conclusão: O teatro como espelho da sociedade
O confronto entre a verdade e os interesses dominantes atravessa os séculos e se reflete tanto na Noruega do século XIX quanto no Brasil do século XX. Henrik Ibsen e Chico Buarque, cada um à sua maneira, expõem os mecanismos de manipulação e censura que sustentam o status quo.
A recepção de Um Inimigo do Povo e a proibição de Calabar demonstram que o teatro não é apenas entretenimento, mas um espaço de embate ideológico e resistência política. Ambas as obras, ao serem encenadas ou censuradas, comprovam o poder do teatro em provocar debates fundamentais sobre democracia, liberdade de expressão e a luta pela verdade.
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CALABAR O ELOGIO DA TRAIÇÃOEduardo Henriques Henriques
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Chico Buarque - Chico Canta Full
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Mara Ferreira
16 de jun. de 2017
Mara Ferreira
Música
10 músicas
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Prólogo (O Elogio Da Traição)
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Cala A Boca, Bárbara
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Tatuagem
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Ana De Amsterdam
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Bárbara
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Não Existe Pecado Ao Sul Do Equador/Boi Voador Não Pode
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Fado Tropical
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Tira As Mãos De Mim
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Cobra De Vidro
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Vence Na Vida Quem Diz Sim
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Não Existe Pecado Ao Sul Do Equador/Boi Voador Não Pode
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Fado Tropical
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Tira As Mãos De Mim
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Cobra De Vidro
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
Vence Na Vida Quem Diz Sim
Chico Buarque
Calabar – O Elogio da Traição
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