Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quarta-feira, 2 de abril de 2025
DO BALANÇO DA INFÂNCIA AO FERRO DA MEMÓRIA
Resumo
O tempo, como uma gangorra em perpétuo movimento, oscila entre passado e presente, entre raízes e caminhos, entre fragilidade e resistência. A partir de três imagens simbólicas – uma gangorra de madeira, um galho caído e uma escultura de ferro – este poema reflete sobre a transitoriedade da existência e a transformação da matéria e da memória. O equilíbrio da infância, a queda inevitável do que um dia foi vivo e a solidez forjada pelo tempo dialogam com a migração do homem do campo para a cidade, ecoando os versos da canção "Casa de Barro", de Pena Branca e Xavantinho.
Citação Contextualizada
"Tudo que é sólido desmancha no ar." – Karl Marx
A gangorra de madeira, o galho tombado e o homem de ferro são metáforas do tempo que nos constrói e nos desfaz. A citação de Marx ressoa na oscilação entre progresso e perda, entre construção e dissolução. Assim como a madeira se desgasta, o ferro se enferruja e o homem se desloca de sua terra, a solidez da existência é sempre passageira.
DO PAU-BRASIL DOS ANDRADES
AO MINÉRIO DE FERRO DE ANDRADE
Avenida Paulista verticalizada.
Itabirito de Minas subterraneizado.
GANGORRA, GALHO E FERRO: A VIDA QUE OSCILA
Quatro estacas de madeira,
postas em pares cruzados.
Um travessão firme, atravessando
as forquilhas que o sustentam.
Parafusos de aço prendem e asseguram,
correntes presas ao tempo,
um assento de madeira,
ecoando memórias e balanços.
Mas eis que o galho cai,
curvado sobre a terra úmida.
Testemunha de um vento forte,
ou de um cansaço antigo.
Ele já foi tronco, já foi vida,
agora repousa no chão,
sem saber se renasce
ou se vira pó.
E adiante, ergue-se o homem de ferro,
forjado, enferrujado, erguido à força.
Braços ao alto, desafiando o céu,
feito de cortes e cicatrizes,
como se do minério brotasse carne,
como se do aço nascesse alma.
A vida é uma gangorra ou um galho seco?
É ferro erguido ou madeira quebrada?
É ascensão ou queda, permanência ou ruína?
Gangorra, galho e ferro,
o tempo nos molda,
a gravidade nos chama,
e no balanço entre céu e terra,
somos instante.
Ecos da Terra Perdida
A poeira do chão vermelho sobe em caracol,
o roceiro parte em um caminhão,
trocando a terra batida
pela frieza do asfalto.
A enxada vira lembrança.
O campo, saudade.
E entre madeira, ferro e tempo,
sabe, seu moço,
esse mundo é uma escola.
E no vai-e-vem da gangorra,
na queda do galho,
no peso do ferro,
a terra canta:
🎵 Aquela casa de parede barreada
Lá na beira da estrada, já não tem mais morador... 🎵
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