quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

SEGUNDO AQUELE TAL AÍ

PATACOADAS ATÉ AO FIM -------------
----------- João Ubaldo Ribeiro ------------ Que coisa é a Política O termo “Política”, em qualquer de seus usos, na linguagem comum ou na linguagem dos especialistas e profissionais, refere-se ao exercício de alguma forma de poder e, naturalmente, às múltiplas conseqüências desse exercício. Toda maneira pela qual o poder é exercido se reveste de grande complexidade, às vezes não aparente à primeira vista. Por exemplo, se o governo decreta um novo imposto, esse ato não consiste numa decisão que “vai e não volta”. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
----------- POLÍTICA QUEM MANDA, POR QUE MANDA, COMO MANDA João Ubaldo Ribeiro Crônica no Estilo Cáustico de João Ubaldo Ribeiro: Sabe, minha gente, às vezes eu me pego pensando nessas coisas todas que a vida nos joga. Como diria aquele filósofo complicado, Adam Smith, segundo o tal Fernando Schüler, parece que a tal empatia que a gente tanto fala por aí é coisa meio limitada, sabe? A gente até tenta se importar com o mundo lá fora, mas no fundo, o que realmente nos tira do sério é o que está ali debaixo do nosso nariz. E aí vem aquela história do pedido de desculpas, uma espécie de passaporte para o paraíso da grandeza moral. Ah, se a humildade fosse tão fácil quanto estender a mão direita com um sorriso amarelo, como fez aquele jovem imprudente da Academia. E olha que ele estendeu a mão duas vezes, como se isso pudesse lavar todas as suas imprudências. Mas, vamos lá, ainda dá tempo, né? Afinal, como dizia minha avó, memento mori, ou seja, lembre-se de que vai morrer. Um lembrete meio macabro, mas que poderia servir como um tapa na cara daqueles que se acham os donos do pedaço. Só que, sejamos sinceros, quando se trata de governar nossas próprias vidas, somos todos um bando de cegos tentando guiar uns aos outros no meio do caos. E sobre essa história de ser minoria no Senado, no céu e na terra, é melhor nem comentar. Afinal, quem quer ser maioria em um lugar onde a insanidade e a hipocrisia são as regras do jogo? É melhor ser minoria, mantendo a sanidade e a honestidade, do que fazer parte desse circo de horrores que chamam de política. Enfim, como diziam aqueles senadores de centro, lá do norte e do sul desse país latino-americano de Deus, estamos todos no mesmo barco furado. E se quisermos sair desse naufrágio, talvez seja hora de parar de tentar governar nossas vidas e começar a vivê-las de verdade. _________________________________________________________________________________________________________ ------------- -------------- Nana Caymmi - ATÉ QUEM SABE - Mercedes Chies, João Donato e Lysias Ênio luciano hortencio 17 de jul. de 2015 Nana Caymmi - ATÉ QUEM SABE - Mercedes Chies, João Donato e Lysias Ênio. Ano de 1992. _________________________________________________________________________________________________________ ----------------
---------- Desejo de democracia ------------ FAÇA POLÍTICA, NÃO FAÇA GUERRA! ---------- _________________________________________________________________________________________________________ "Política - Fazer política: Fazer política é, sobretudo, transformar o mundo e a si próprio. Fazer política é, eu diria, alargar os limites da consciência e ter uma relação com o outro e com o mundo baseada no respeito, na solidariedade e, permita-me dizer, no amor. Poder não é fácil. Poder é difícil. Poder é contraditório. Um profundo nojo da política: para algumas pessoas, como o cidadão do bairro de Mustardinha, em Pernambuco." _________________________________________________________________________________________________________ ------------ O texto parece refletir sobre a natureza e os desafios do exercício do poder político, bem como a percepção contraditória que algumas pessoas têm em relação à política. Inicialmente, destaca-se a visão positiva da política como uma ferramenta para transformar tanto o mundo quanto a própria pessoa que a pratica. É mencionada a ideia de que fazer política é ampliar os horizontes da consciência e estabelecer relações fundamentadas em valores como respeito, solidariedade e até amor. No entanto, é reconhecido que o poder político não é algo fácil; ao contrário, é descrito como algo difícil e contraditório. Em contraste com essa visão idealizada da política, o texto menciona o sentimento de repulsa que algumas pessoas têm em relação à política, exemplificado pelo "profundo nojo da política" experimentado por um cidadão em um bairro chamado Mustardinha, em Pernambuco. Portanto, o texto parece sugerir uma dualidade na percepção da política: enquanto alguns a enxergam como uma ferramenta de transformação e conexão, outros a veem com desconfiança e aversão. Essa dualidade reflete os desafios e as contradições inerentes ao exercício do poder político. _________________________________________________________________________________________________________
------------- No inevitável mundo novo, todos querem ser ouvidos -------------- _________________________________________________________________________________________________________ O artigo de Zeina Latif oferece uma análise interessante sobre o impacto das tecnologias digitais na sociedade contemporânea, especialmente em relação à polarização política e à democracia. No entanto, algumas observações críticas podem ser feitas: Aspectos Positivos: A autora apresenta uma visão equilibrada sobre o tema, reconhecendo tanto os benefícios quanto os desafios das tecnologias digitais. Ela destaca a complexidade do fenômeno da polarização política nas redes sociais, desafiando visões simplistas e alarmistas. A análise é embasada em evidências e citações de estudos acadêmicos, o que fortalece a argumentação. Aspectos a serem Aprofundados: Embora a autora mencione o papel das tecnologias digitais na amplificação da polarização política, seria interessante explorar mais a fundo como essas tecnologias podem criar e reforçar bolhas de opinião e desinformação. Algumas questões levantadas no artigo, como a influência dos algoritmos das redes sociais e a exposição a diferentes pontos de vista, poderiam ser exploradas com mais detalhes e exemplos concretos para uma compreensão mais aprofundada. Clareza e Coerência: O texto é bem estruturado e apresenta uma progressão lógica de ideias, facilitando a compreensão do leitor. A linguagem é acessível e fluente, tornando a leitura agradável e compreensível. Em resumo, o artigo de Zeina Latif oferece uma análise perspicaz sobre o impacto das tecnologias digitais na sociedade contemporânea, especialmente no que diz respeito à polarização política. Embora apresente uma visão equilibrada e embasada em evidências, poderia se aprofundar em alguns aspectos e fornecer exemplos mais concretos para enriquecer a argumentação. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- ------------- ADMIRÁVEL GADO NOVO (letra e vídeo) com ZÉ RAMALHO, vídeo MOACIR SILVEIRA Moacir Silveira 22 de ago. de 2014 Zé Ramalho é, sem sombra de dúvidas, um dos cantores e compositores de maior prestígio em todo o Brasil. Ele começou sua carreira em meados dos anos 70, sempre fazendo sucesso, tanto pela poderosa voz quanto pela criatividade e sensibilidade poética de suas composições. Suas canções misturam temas político-sociais, cultura nordestina, mitologia, quadrinhos, psicodelia e misticismo. No embalo dos ritmos nordestinos, Rock, Blues e Folk Music ele desperta paixões entre os amantes da boa música. “Admirável gado novo”, escrita em 1979, fazendo parte do álbum “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu”, é uma das mais conhecidas de Zé Ramalho, virando inclusive hino popular. Chegou até a ser censurada pelo regime militar, devido ao forte conteúdo político de sua mensagem. Em 1996, esta música voltou às paradas de sucesso ao ser incluída na trilha da novela global “O Rei do Gado”, como tema de personagens ligados ao MST (Movimento dos Sem-Terra). O próprio título faz alusão às ideias contidas no livro “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. A mensagem contém uma poderosa crítica ao governo militar, que no entender do compositor, deu as costas para o povo do campo, marginalizando-o deixando-o à margem da sociedade e à mercê da ignorância e alienação cultural. ADMIRÁVEL GADO NOVO De: Zé Ramalho Vocês que fazem parte dessa massa, Que passa nos projetos, do futuro É duro tanto ter que caminhar E dar muito mais, do que receber. E ter que demonstrar, sua coragem A margem do que possa aparecer. E ver que toda essa, engrenagem Já sente a ferrugem, lhe comer. Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz Lá fora faz um tempo confortável A vigilância cuida do normal Os automóveis ouvem a notícia Os homens a publicam no jornal E correm através da madrugada A única velhice que chegou Demoram-se na beira da estrada E passam a contar o que sobrou. Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz O povo, foge da ignorância Apesar de viver tão perto dela E sonham com melhores, tempos idos Contemplam essa vida, com a cela Esperam nova possibilidade De verem esse mundo, se acabar A arca de Noé, o dirigível Não voam, nem se pode flutuar, Não voam nem se pode flutuar, Não voam nem se pode flutuar. Eh, ôô, vida de gado Povo marcado e, Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado e, Povo feliz _________________________________________________________________________________________________________
------------ Zeina Latif - No inevitável mundo novo, todos querem ser ouvidos O Globo As redes não aumentam a polarização da forma imaginada, não se distanciando do que ocorre no mundo off-line A crise global de 2008-09 e seus desdobramentos produziram inflexões no sentimento das sociedades mundo afora. A insatisfação com governantes, instituições e elites só fez crescer, com a visão de que as classes populares foram deixadas para trás. No Brasil, a inflexão veio nos protestos de 2013. O país que muito prometeu decepcionava os filhos da nova classe média recém surgida. O segundo capítulo dessa história veio, em um contexto de insegurança econômica, com a ascensão de políticos populistas no mundo ocidental, ocupando o vácuo deixado por líderes que não conseguiram compreender os novos anseios da sociedade. Barry Eichengreen aponta algumas características próprias dos líderes populistas, como se colocarem como “salvadores”, propondo soluções imediatistas e contraproducentes, com pouco apego a recomendações técnicas. São “anti” muitas coisas e atacam políticos tradicionais, que são vistos como corruptos ou dominados por grupos que conspiram contra o bem comum. Os populistas de direita atacam as minorias e os de esquerda, segmentos da elite — outra parcela é premiada com favores oficiais. O uso de novas mídias faz parte do pacote para driblar o establishment. Nas décadas de 1920-30, foi o rádio. Antes disso, na eleição de 1896 nos EUA, foi o telégrafo. O instrumento da vez é a tecnologia digital. Populistas instigam a polarização política, o que levou ao debate sobre o papel das tecnologias digitais e das mídias sociais em exacerbar a polarização e enfraquecer a democracia, pelas dificuldades de se construir consensos e de buscar o eleitor de centro. Essa preocupação revela uma inflexão em relação à visão anterior de que um modo desimpedido de comunicação transnacional iria romper governos autoritários e promover a liberdade no mundo. Os gatilhos para a inflexão foram a eleição presidencial nos Estados Unidos e o referendo do Brexit no Reino Unido, em 2016, cuja culpa pelos resultados inesperados foi colocada nos robôs (bots), na interferência estrangeira, na desinformação on-line e fenômenos relacionados. No entanto, especialistas têm apontado nuances que levam à conclusão de que a polarização seria menor do que se imagina. O livro Social Media and Democracy, de Nathaniel Persily Joshua Tucker, aponta estudos que desafiam a sabedoria convencional. Mesmo que a maioria das interações nas redes sociais ocorra entre pessoas com visões políticas parecidas, em parte devido aos algoritmos que filtram temas de interesse e criam bolhas, as trocas transversais seriam mais frequentes do que se acredita. A exposição a notícias diversas seria até maior do que em outros tipos de mídia — uma explicação possível é que as redes sociais acabam compartilhando informações de pessoas próximas, como colegas de trabalho, que não necessariamente têm as mesmas visões ideológicas. As redes não aumentam a polarização da forma imaginada, não se distanciando do que ocorre no mundo off-line. Outro ponto é que a percepção de polarização nas redes é influenciada por uma minoria de indivíduos partidários altamente ativos e extremistas, não refletindo a realidade. Soma-se a isso os próprios benefícios da maior circulação de informações à democracia. A propósito, no contexto atual de guerras no mundo, a tecnologia permite aos indivíduos acompanhar conflitos e denunciar abusos, possivelmente ajudando a conter a mão forte do agressor, algo inimaginável em guerras do passado. Há muito descontentamento na sociedade, e as tecnologias digitais favorecem sua manifestação em espaço coletivo. Isso em meio a muitos elementos que causam insegurança aos indivíduos quanto à justiça social e às perspectivas de qualidade de vida, em vários aspectos, como a economia, o meio ambiente e a segurança pública. A aparente elevada polarização não deveria ser justificativa para políticos e instituições democráticas menosprezarem as manifestações da sociedade. Os protestos, nas ruas e nas redes sociais, estão aí e fazem parte da democracia, o que demanda capacidade de renovação da política. A ascensão da tecnologia digital abala instituições estabelecidas nas democracias do século XX — partidos, mídia convencional, corporações e a própria governança global. O presidente Lula pode ter errado em declarações recentes, mas acertou ao afirmar que o PT precisa se modernizar e se renovar. _________________________________________________________________________________________________________
---------- The Impact of Digital Technologies Technologies can help make our world fairer, more peaceful, and more just. Digital advances can support and accelerate achievement of each of the 17 Sustainable Development Goals – from ending extreme poverty to reducing maternal and infant mortality, promoting sustainable farming and decent work, and achieving universal literacy. But technologies can also threaten privacy, erode security and fuel inequality. They have implications for human rights and human agency. Like generations before, we – governments, businesses and individuals – have a choice to make in how we harness and manage new technologies. A DIGITAL FUTURE FOR ALL? Digital technologies have advanced more rapidly than any innovation in our history – reaching around 50 per cent of the developing world’s population in only two decades and transforming societies. By enhancing connectivity, financial inclusion, access to trade and public services, technology can be a great equaliser. In the health sector, for instance, AI-enabled frontier technologies are helping to save lives, diagnose diseases and extend life expectancy. In education, virtual learning environments and distance learning have opened up programmes to students who would otherwise be excluded. Public services are also becoming more accessible and accountable through blockchain-powered systems, and less bureaucratically burdensome as a result of AI assistance.Big data can also support more responsive and accurate policies and programmes. However, those yet to be connected remain cut off from the benefits of this new era and remain further behind. Many of the people left behind are women, the elderly, persons with disabilities or from ethnic or linguistic minorities, indigenous groups and residents of poor or remote areas. The pace of connectivity is slowing, even reversing, among some constituencies. For example, globally, the proportion of women using the internet is 12 per cent lower than that of men. While this gap narrowed in most regions between 2013 and 2017, it widened in the least developed countries from 30 per cent to 33 per cent. The use of algorithms can replicate and even amplify human and systemic bias where they function on the basis of data which is not adequately diverse. Lack of diversity in the technology sector can mean that this challenge is not adequately addressed. THE FUTURE OF WORK Throughout history, technological revolutions have changed the labour force: creating new forms and patterns of work, making others obsolete, and leading to wider societal changes. This current wave of change is likely to have profound impacts. For example, the International Labour Organization estimates that the shift to a greener economy could create 24 million new jobs globally by 2030 through the adoption of sustainable practices in the energy sector, the use of electric vehicles and increasing energy efficiency in existing and future buildings. Meanwhile, reports by groups such as McKinsey suggest that 800 million people could lose their jobs to automation by 2030, while polls reveal that the majority of all employees worry that they do not have the necessary training or skills to get a well-paid job. There is broad agreement that managing these trends will require changes in our approach to education, for instance, by placing more emphasis on science, technology, engineering, and maths; by teaching soft skills, and resilience; and by ensuring that people can re-skill and up-skill throughout their lifetimes. Unpaid work, for example childcare and elderly care in the home, will need to be better supported, especially as with the shifting age profile of global populations, the demands on these tasks are likely to increase. THE FUTURE OF DATA Today, digital technologies such as data pooling and AI are used to track and diagnose issues in agriculture, health, and the environment, or to perform daily tasks such as navigating traffic or paying a bill. They can be used to defend and exercise human rights – but they can also be used to violate them, for example, by monitoring our movements, purchases, conversations and behaviours. Governments and businesses increasingly have the tools to mine and exploit data for financial and other purposes. However, personal data would become an asset to a person, if there were a formula for better regulation of personal data ownership. Data-powered technology has the potential to empower individuals, improve human welfare, and promote universal rights, depending on the type of protections put in place. THE FUTURE OF SOCIAL MEDIA Social media connects almost half of the entire global population. It enables people to make their voices heard and to talk to people across the world in real time. However, it can also reinforce prejudices and sow discord, by giving hate speech and misinformation a platform, or by amplifying echo chambers. In this way, social media algorithms can fuel the fragmentation of societies around the world. And yet they also have the potential to do the opposite. THE FUTURE OF CYBERSPACE How to manage these developments is the subject of much discussion – nationally and internationally – at a time when geopolitical tensions are on the rise. The UN Secretary-General has warned of a ‘great fracture’ between world powers, each with their own internet and AI strategy, as well as dominant currency, trade and financial rules and contradictory geopolitical and military views. Such a divide could establish a digital Berlin Wall. Increasingly, digital cooperation between states – and a universal cyberspace that reflects global standards for peace and security, human rights and sustainable development – is seen as crucial to ensuring a united world. A ‘global commitment for digital cooperation’ is a key recommendation by the Secretary-General’s High-level Panel on Digital Cooperation. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
--------------- The Impact of Digital Technology on Human Rights in Europe and Central Asia MARCH 15, 2023 ------------ O Impacto das Tecnologias Digitais As tecnologias podem ajudar a tornar nosso mundo mais justo, pacífico e justo. Os avanços digitais podem apoiar e acelerar a realização de cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - desde o fim da extrema pobreza até a redução da mortalidade materna e infantil, promovendo a agricultura sustentável e o trabalho decente, e alcançando a alfabetização universal. Mas as tecnologias também podem ameaçar a privacidade, erosionar a segurança e alimentar a desigualdade. Elas têm implicações para os direitos humanos e a agência humana. Como gerações anteriores, nós - governos, empresas e indivíduos - temos uma escolha a fazer sobre como aproveitamos e gerenciamos as novas tecnologias. UM FUTURO DIGITAL PARA TODOS? As tecnologias digitais avançaram mais rapidamente do que qualquer inovação em nossa história - alcançando cerca de 50% da população do mundo em desenvolvimento em apenas duas décadas e transformando sociedades. Ao melhorar a conectividade, inclusão financeira, acesso ao comércio e serviços públicos, a tecnologia pode ser um grande equalizador. No setor da saúde, por exemplo, tecnologias de ponta habilitadas por IA estão ajudando a salvar vidas, diagnosticar doenças e aumentar a expectativa de vida. Na educação, ambientes de aprendizado virtual e ensino à distância abriram programas para alunos que de outra forma seriam excluídos. Os serviços públicos também estão se tornando mais acessíveis e responsáveis através de sistemas baseados em blockchain, e menos burocraticamente onerosos como resultado da assistência de IA. Grandes dados também podem apoiar políticas e programas mais responsivos e precisos. No entanto, aqueles que ainda não estão conectados permanecem alheios aos benefícios desta nova era e estão cada vez mais atrasados. Muitas das pessoas deixadas para trás são mulheres, idosos, pessoas com deficiência ou de minorias étnicas ou linguísticas, grupos indígenas e moradores de áreas pobres ou remotas. O ritmo de conectividade está desacelerando, até mesmo revertendo, entre alguns grupos. Por exemplo, globalmente, a proporção de mulheres usando a internet é 12% menor do que a de homens. Embora essa lacuna tenha diminuído na maioria das regiões entre 2013 e 2017, ela aumentou nos países menos desenvolvidos de 30% para 33%. O uso de algoritmos pode replicar e até mesmo amplificar preconceitos humanos e sistêmicos onde eles funcionam com base em dados que não são adequadamente diversos. A falta de diversidade no setor de tecnologia pode significar que esse desafio não é adequadamente abordado. O FUTURO DO TRABALHO Ao longo da história, revoluções tecnológicas mudaram a força de trabalho: criando novas formas e padrões de trabalho, tornando outros obsoletos e levando a mudanças sociais mais amplas. Essa onda atual de mudança provavelmente terá impactos profundos. Por exemplo, a Organização Internacional do Trabalho estima que a mudança para uma economia mais verde poderia criar 24 milhões de novos empregos globalmente até 2030 através da adoção de práticas sustentáveis no setor energético, uso de veículos elétricos e aumento da eficiência energética em edifícios existentes e futuros. Enquanto isso, relatórios de grupos como a McKinsey sugerem que 800 milhões de pessoas podem perder seus empregos para automação até 2030, enquanto pesquisas revelam que a maioria de todos os funcionários se preocupa que não tenha a formação ou habilidades necessárias para conseguir um emprego bem remunerado. Há amplo acordo de que gerenciar essas tendências exigirá mudanças em nossa abordagem à educação, por exemplo, colocando mais ênfase em ciência, tecnologia, engenharia e matemática; ensinando habilidades interpessoais e resiliência; e garantindo que as pessoas possam se qualificar e se atualizar ao longo de suas vidas. O trabalho não remunerado, como cuidados infantis e de idosos em casa, precisará ser melhor apoiado, especialmente porque, com o perfil etário em mudança das populações globais, as demandas por essas tarefas provavelmente aumentarão. O FUTURO DOS DADOS Hoje, tecnologias digitais como o agrupamento de dados e a IA são usadas para rastrear e diagnosticar questões na agricultura, saúde e meio ambiente, ou para realizar tarefas diárias como navegar no tráfego ou pagar uma conta. Eles podem ser usados para defender e exercer direitos humanos - mas também podem ser usados para violá-los, por exemplo, monitorando nossos movimentos, compras, conversas e comportamentos. Governos e empresas cada vez mais têm ferramentas para extrair e explorar dados para fins financeiros e outros. No entanto, os dados pessoais se tornariam um ativo para uma pessoa, se houvesse uma fórmula para uma melhor regulamentação da propriedade de dados pessoais. A tecnologia movida a dados tem o potencial de capacitar indivíduos, melhorar o bem-estar humano e promover direitos universais, dependendo do tipo de proteções estabelecidas. O FUTURO DAS MÍDIAS SOCIAIS As redes sociais conectam quase metade de toda a população global. Elas permitem que as pessoas façam suas vozes serem ouvidas e conversem com pessoas ao redor do mundo em tempo real. No entanto, também podem reforçar preconceitos e semear discórdia, dando a discursos de ódio e desinformação uma plataforma, ou amplificando câmaras de eco. Dessa forma, os algoritmos de mídia social podem alimentar a fragmentação de sociedades ao redor do mundo. E ainda assim eles também têm o potencial de fazer o oposto. O FUTURO DO CIBERESPAÇO Como gerenciar esses desenvolvimentos é objeto de muitas discussões - nacional e internacionalmente - em um momento em que as tensões geopolíticas estão aumentando. O Secretário-Geral da ONU alertou para uma 'grande fratura' entre potências mundiais, cada uma com sua própria estratégia de internet e IA, bem como moeda dominante, regras comerciais e financeiras e visões geopolíticas e militares contraditórias. Tal divisão poderia estabelecer um Muro de Berlim digital. Cada vez mais, a cooperação digital entre estados - e um ciberespaço universal que reflita padrões globais de paz e segurança, direitos humanos e desenvolvimento sustentável - é vista como crucial para garantir um mundo unido. Um 'compromisso global para cooperação digital' é uma recomendação-chave do Painel de Alto Nível do Secretário-Geral sobre Cooperação Digital. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
------------ Roberto DaMatta - O mal-estar da globalização O Globo Todo conflito desvenda exclusivismos que não podem ser tomados como modelos absolutos Quando se trata de guerra — de violência e fúria que fulminam pessoas e formas de vida —, todo comentário é discutível e potencialmente ofensivo. Feita a primeira vítima, fica difícil chegar à última. Nas razões convocadas pela guerra, quando ela emerge como um sujeito — uma instituição com direitos tão profundos quanto justos e desumanos do agredido ou do agressor —, o conflito armado tem enorme vigor. Isso porque ele chama a promessa de finalização de uma injúria ou etapa histórica. Quem não se lembra daquela guerra que acabaria com todas as guerras? Se o mundo fica melhor sem judeus, muçulmanos, católicos, puritanos, materialistas, índios... — eu esgotaria um volume com exemplos —, então há o remédio de tomar Jerusalém, exterminar subversivos e catequizar índios e todos os que não são como nós. Se não admitimos o outro como alternativa e classificamos as alternativas como erros, ignorância, pecado, primitivismo, doença ou deformação, legitimamos seu extermínio porque, nesse caso, o aniquilamento é cura, livramento e progresso. Algo, valha-me Deus, que está na base de todo etnocentrismo e dos anacronismos. CONTINUAR LEITURA _________________________________________________________________________________________________________ -----------
----------- Wilson Gomes* - Construir pontes ou afiar facas? Folha de S. Paulo Em um cenário de radicalização, Lula precisa ponderar o que fala Na semana passada, argumentei que Lula estava diante de uma escolha crucial entre abraçar ou rejeitar a "via bolsonariana". Nos últimos quatro anos, vimos que governar é fazer declarações e decidir que se vai falar só para os seus, mesmo que sejam uma minoria, criar inimigos, provocar o outro lado, polemizar sempre, além de mostrar-se forte e viril, popular e amado ou vítima e vulnerável, conforme a conveniência. Lula hesita, mas vai ter que optar. Afinal, ou ele constrói pontes ou afia facas; ou investe em uma nova maioria composta com quem não lhe fez juramentos de fidelidade e ainda o olha com desconfiança ou aposta tudo nos seus crentes e se assume como líder de seita. O recente episódio de radicalização dos lulistas deveria servir como uma lição sobre as consequências da adoção da abordagem bolsonariana. Tudo tem início com uma declaração do líder, como é de praxe. A partir desse momento, desencadeia-se uma espiral de conflitos no espaço público, caracterizada pela crescente intensidade de discussões, envolvendo críticas, defesas e contra-ataques em torno do que o presidente afirmou, até que não se fale de outra coisa. Depois, os seguidores radicalizam, por conta própria, a afirmação do líder, em um processo de polarização interna na própria bolha, já que grupos com crenças homogêneas tendem a recompensar aqueles mais radicais. Quando Lula afirmou que o que está ocorrendo na Faixa de Gaza tem um único precedente, o Holocausto, a mensagem era que houve apenas dois holocaustos na história: um, na Alemanha, outro em Israel. O primeiro passo depois disso foi gente correndo para negar que Lula tivesse feito a comparação que efetivamente fez. Todos alegaram malícia na interpretação de quem disse que o presidente havia errado. A base de apoio mais dedicada a Lula, contudo, compreendeu com clareza a sugestão feita por ele. Tanto é assim que, no dia seguinte, muitos atacaram quem insistia na singularidade do Holocausto. Um crítico assegurou-me que essa "premissa mágica" precisava ser dessacralizada, e citou três ou quatro intelectuais judeus que já o haviam feito. Foi inútil argumentar que, não sendo Lula judeu, talvez não lhe fossem concedidas as mesmas prerrogativas. Li que ao dizer que o Holocausto é um evento sem precedentes, "na prática, estamos relativizando e diminuindo o peso de todos os outros genocídios registrados na história humana". E que, considerando genocídio por genocídio, pelo menos o da Faixa de Gaza está ocorrendo agora e pode ser interrompido. Neste ponto, ainda persistia a crença de que Lula estava conduzindo um jogo altamente sofisticado no tabuleiro internacional, e que a tese dos dois Holocaustos tinha sido um movimento de mestre. Nesse estágio, não apenas se aceitava que Lula havia feito a comparação, mas também que ela era uma parte essencial de um jogo que mudaria a sorte dos palestinos. No quarto dia, Lula tentou acalmar as águas, mas o fez à sua maneira. Poderia ter simplesmente dito "desculpem, estou publicando uma retificação que expressa o que realmente queria dizer". Em vez disso, declarou tratar-se de reiteração, embora tenha apagado qualquer menção ao Holocausto. Objetivamente, era uma retratação. Lula sabia que tinha ultrapassado os limites, mas ficou satisfeito porque sua declaração agradou à sua base e gerou uma mobilização como havia muito não se via. Com uma retratação que assumiu essas características, não é surpreendente que os lulistas não tenham captado a mensagem, pois no quinto dia já circulava entre eles o mais explícito negacionismo. Um perfil lulista, seguido pela conta do presidente, questionava no ex-Twitter: "Quem, além de mim, não acredita que foram 6 milhões de mortos no Holocausto?". Em cinco dias, em suma, lulistas chegaram ao ponto para onde apontava a proa. Partiram da tese dos dois Holocaustos, sugerida no discurso de Lula, e foram em linha reta até chegar no mais elementar negacionismo. Claro, não foi Lula quem disse isso. Mas, se por anos estabelecemos uma consequência direta entre as atitudes dos bolsonaristas e as declarações e condutas de Bolsonaro e do seu círculo íntimo, é justo que se faça o mesmo com o atual presidente da República. O que fala tem um peso enorme sobre os que o seguem. Ainda mais em um ambiente político em que o ódio borbulha, o radicalismo é recompensado e o pensamento definha porque a autoestima e depende de se sentir incondicionalmente parte de um grupo. *Professor titular da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e autor de "Crônica de uma Tragédia Anunciada" _________________________________________________________________________________________________________
---------- Entre charges e cartuns: entrevista com João Spacca. _________________________________________________________________________________________________________ Política: Uma Novela Cômica de Poder e Confusão Ah, a política! Essa trama tão intricada que nos faz rir, chorar e, às vezes, coçar a cabeça sem entender absolutamente nada. Vamos falar sério: quem é que entende de fato o que acontece nesse universo paralelo onde todos parecem ter o poder, menos aqueles que deveriam tê-lo? Imagine só: o governo resolve criar mais um imposto, como se já não bastasse a coleção que temos. Mas não se engane, isso não é tão simples quanto parece. É como um jogo de dominó, onde uma peça desencadeia uma série de eventos imprevisíveis. É uma verdadeira novela mexicana! Temos os protagonistas, os governantes, que tentam mostrar quem manda. Mas é aí que aparecem os coadjuvantes: os técnicos, assessores, grupos de interesse e até as eminências pardas, aquelas figuras que ninguém sabe direito quem são, mas têm uma influência e tanto! E o enredo não para por aí. Temos também os espectadores, ou melhor, os submetidos ao poder, que são atingidos em cheio por essas decisões. Eles se veem no meio de uma montanha-russa, sem saber se gritam de emoção ou de desespero. Mas o mais engraçado é quando tentamos entender o que é esse tal de "poder". Afinal, ter poder é ocupar um cargo? Nem sempre! Às vezes, os ocupantes de cargos importantes acabam se tornando marionetes nas mãos de outros, os verdadeiros mestres das sombras. Ah, minha gente, política é uma comédia de erros sem fim! Uma verdadeira peça teatral onde ninguém sabe direito quem é o mocinho e quem é o vilão. E no meio dessa confusão toda, só nos resta rir para não chorar. Então, se você está achando a sua vida complicada, dê uma olhada na política e perceba que sempre pode ser pior! E assim seguimos, entre risadas e suspiros, nesse grande espetáculo chamado vida política. _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------- Raul Jungmann responde a Reinaldo e Walfrido: as Forças Armadas do Brasil são golpistas? Episódio 43 Reinaldo Azevedo Estreou em 27 de fev. de 2024 Ele já presidiu o Ibama, comandou a pasta do Desenvolvimento Agrário, foi Ministério da Defesa e titular da Segurança Pública. Nesse resumo, parece que Jungmann tem gosto especial por respostas complexas, mas necessárias, para problemas difíceis. Poucos brasileiros têm a sua experiência e a sua cultura política. Acompanhem uma conversa fascinante. E, sim, ele responde à pergunta que vai no título. Reconversa é um podcast apresentado pelo jornalista Reinaldo Azevedo e o advogado Walfrido Warde. _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------ AULA DE MORAES EXPLICA O PASSO A PASSO DA ESTRATÉGIA CONTRA A DEMOCRACIA | SORAYA THRONICKE AO VIVO MyNews Transmissão ao vivo realizada há 22 horas #segundachamada #MyNews #segundachamada No Segunda Chamada desta terça-feira, 27 de fevereiro de 2024, a fala do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes na aula inaugural do curso de direito da Universidade de São Paulo (USP). No discurso, o ministro pontuou como funcionam os ataques à democracia e a contribuição das redes sociais para formulação dos planos antidemocráticos. Afonso Marangoni e o comentarista João Bosco Rabello recebem a senadora Soraya Thronicke e a jornalista Diana Fernandes, para repercutir os impactos do discurso do ministro. _________________________________________________________________________________________________________ ---------------- -------------- Jornal da Cultura | 27/02/2024 Jornalismo TV Cultura Fundação Padre Anchieta é parcialmente ou totalmente financiada pelo governo do Estado de São Paulo. Wikipedia 27.082 visualizações Transmitido ao vivo em 27 de fev. de 2024 #JornaldaCultura #JC No Jornal da Cultura desta terça-feira (27), você vai ver: TSE inicia votação para definir novas regras para as eleições municipais deste ano; Ampliação da isenção tributária a entidades religiosas é aprovada; Ministro do STF dá dois meses para consenso sobre acordos de leniência da Lava Jato; Itamaraty diz que encontro de Lula com presidente da Guiana não tem caráter político; 110 mil argentinos deixam de visitar o Brasil só em fevereiro. Para comentar essas e outras notícias, Karyn Bravo recebe a economista Lia Lopes e o cientista político Sergio Fausto, diretor-executivo da Fundação FHC. https://www.youtube.com/watch?v=X43tq7RFjy4 _________________________________________________________________________________________________________

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