segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Vitória da verdade?

30/10/2016 20h43 - Atualizado em 30/10/2016 21h20
Bruno Siqueira (PMDB) foi reeleito em Juiz de Fora neste domingo (30).
Ele teve 57,87% dos votos contra 42,13% de Margarida Salomão (PT).


Rafael Antunes e Roberta Oliveira
Do G1 Zona da Mata



 Bruno Siqueira (PMDB) foi reeleito prefeito de Juiz de Fora neste domingo (30) (Foto: Rafael Antunes/G1)

"Nós ganhamos a eleição porque falamos a verdade. Nós falamos das dificuldades, nós falamos de como é difícil conseguir recurso público, falamos do que a gente não conseguiu fazer, mas também falamos que fizemos muito por Juiz de Fora porque trabalhamos muito, trabalhamos os quatro anos, até mesmo antes de tomar posse, para que pudéssemos lá em Brasília e em Belo Horizonte ter recursos pro nosso município para todos estes projetos, todas as obras, que me enchem muito de orgulho. Me enche de orgulho por trabalhar com uma equipe séria, honesta, competente. Uma equipe que sempre quis o bem para a nossa cidade. E é isso que vamos dar continuidade. Continuidade ao trabalho de esperança por um Brasil melhor, continuidade de um trabalho de seriedade, de transparência", este é parte do discurso feito por Bruno Siqueira (PMDB), na noite deste domingo (30), em Juiz de Fora, após ter sido reeleito prefeito da cidade.
Siqueira foi reeleito para os próximos quatro anos. Com 100% das urnas apuradas, o peemedebeista teve 151.194 votos, o que corresponde a 57,87% dos votos válidos, contra 110.059 de Margarida Salomão (PT) – 42,13%. (Confira a apuração completa).



Bruno Siqueira comemorou com apoiadores após
vitória em Juiz de Fora (Foto: Rafael Antunes/G1)

Em outro trecho do discurso, Bruno agradeceu à sua equipe de governo e a políticos, como o vice-governador de Minas. Ele também falou sobre os projetos futuros em Juiz de Fora.
"Nós precisamos sempre de recursos federais, de recursos estaduais. Estes recursos são recursos do povo. Os impostos são do povo. Recursos que nós vamos continuar lutando para Juiz de Fora junto ao nosso vice-governador, que acabei de falar com ele. Esta pessoa que sempre nos apoiou, para que nós pudéssemos, em 2012, estar conquistando junto com os filiados do PMDB, com o diretório, a nossa candidatura. E agora, em 2016, com o companheirismo, com a confiança de todos vocês, nós conseguimos mostrar pra toda Juiz de Fora o que fizemos pela nossa cidade. O trabalho com seriedade, com diversas obras e muitas áreas que nós vamos inaugurar nos próximos meses e nos próximos anos. Projetos sociais, projetos esportivos, projetos culturais, projetos para o povo da nossa cidade", disse.
Por fim, ele agradeceu ao público presente na Praça do Poço Rico e garantiu que vai lutar por garantias de futuro da cidade. "Meus amigos, muito obrigado do fundo do coração por todo apoio, por toda a luta. Porque eu e o Dr. Antônio Almas vamos lutar muito por essa cidade. Muito obrigado e boa noite a todos. Vamos lutar, vamos trabalhar, vamos fazer a cada dia Juiz de Fora uma cidade melhor para se viver", concluiu.



Bruno Siqueira, prefeito de Juiz de Fora
(Foto: Daniel Torres/G1)

Biografia
Bruno Siqueira tem 42 anos, é engenheiro Civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com pós-graduação em Engenharia Econômica na Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte. Foi vereador de Juiz de Fora por três mandatos, até 2010, quando se elegeu deputado estadual e, em 2012, tornou-se prefeito de Juiz de Fora, cargo que ocupa atualmente.
Os mandatos de vereador foram em : 2000 a 2004; 2004 a 2008; 2008 a 2012. Nas eleições municipais de 2008, ele se reelegeu com 6.483 votos, sendo presidente da Câmara nos anos de 2009 e 2010.
Em 2010, ele foi eleito deputado estadual com quase 70 mil votos. Na Assembleia Legislativa, foi vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça. É casado desde 2006 com Daniele Camacho Siqueira e tem um filho, Bernardo.


Bruno Siqueira (PMDB) durante debate na
TV Integração (Foto: Rafael Antunes/G1)

Campanha
Na primeira pesquisa eleitoral divulgada pela TV Integração, no dia 25 de agosto, Margarida liderava a disputa pela Prefeitura, com 22%, e Bruno figurava em segundo, com 18%, empatado com o candidato Noraldino. Já na segunda pesquisa, do dia 16 de setembro, após duas semanas de horário eleitoral, o cenário era diferente. Bruno assumiu a ponta, com 30%, e Margarida ficou em segundo, com 26%.
Na última vez que o Ibope ouviu eleitores na cidade, em levantamento divulgado na última sexta-feira (30), Bruno já tinha aberto vantagem considerável e somava 42%, enquanto Margarida cresceu apenas um ponto e registrou 27%.
No segundo turno, os candidatos Noraldino (PSC), Wilson Rezato (PSB)Lafayette (PSD) e Victoria Mello (PSTU) descartaram apoiar qualquer uma das duas candidaturas.
Na primeira pesquisa Ibope para o segundo turno, divulgada em 13 de outubro, Bruno Siqueira tinha 54% e Margarida Salomão (PT) 25% nos votos totais. Nos votos válidos, o insitutto apontava Bruno Siqueira com 68% e Margarida Salomão com 32%.

Na segunda e última pesquisa deste segundo turno, divulgada na última sexta-feira (28), o Ibope divulgou que Bruno Siqueira tinha 60% dos votos válidos e Margarida, 40%. Nesta pesquisa foram entrevistados 602 eleitores de Juiz de Fora. A pesquisa eleitoral foi realizada entre os dias 26 e 28 de outubro.


Resultado completo da eleição para prefeito:

Bruno Siqueira (PMDB): 151.194 (57,87%)
Margarida Salomão (PT): 110.059 (42,13%)
Votos apurados: 305.422
Válidos: 261.253 (85,54%)
Brancos: 11.556 (3,78%)
Nulos: 32.613 (10,68%)
Abstenções: 90.003 (22,76%)





Teste seus conhecimentos eleitorais nas eleições para prefeito municipal, no segundo turno de 2016,  em Juiz de Fora/MG:


Marque a alternativa correta:

Margarida/PT foi derrotada por Bruno/PMDB.
Margarida/PT perdeu para Brancos + Nulos + Abstenções.
Margarida/PT foi sobrepujada por  Nulos + Abstenções.
Todas as anteriores são verdadeiras.



Definidos os novos prefeitos de 18 capitais brasileiras no segundo turno


Assista no link a seguir:


http://g1.globo.com/fantastico/edicoes/2016/10/30.html#!v/5414615

sábado, 29 de outubro de 2016

Caleidoscópio da razão

Do tesouro de Bresa
                    

“Malba Tahan é um mistério complexo e, como tal, desafia interpretações que correm o risco de serem redutoras diante da grandeza de sua obra e da singularidade de sua investigação”. Regina Machado


Houve outrora, na Babilônia, um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser riquíssimo.
Como e onde, no entanto, encontrar um tesouro fabuloso e tornar-se, assim, rico e poderoso?
Um dia, parou na porta de sua humilde casa um velho mercador da Fenícia, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes.
Por curiosidade, Enedim começou a examinar as bugigangas oferecidas, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos.
Era uma preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, e custava apenas três dinares.
Era muito dinheiro para o pobre alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em vender-lhe o livro por apenas dois dinares.
Logo que ficou sozinho, Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido.
E qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda:
"O segredo do tesouro de Bresa."
Que tesouro seria esse?
Enedim recordava vagamente de já ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde, nem quando.
Mais adiante decifrou:
"O tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado venha encontrá-lo."
Muito interessado, o esforçado tecelão dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro, para apoderar-se de tão fabuloso tesouro.
Mas, as primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus.
Em função disso, ao final de três anos Enedim deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros.
Passou a ganhar muito mais e a viver em uma confortável casa.
Continuando a ler o livro, encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras.
Para entender o que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-se grande conhecedor das transformações aritméticas.
Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito.
Ainda por força da leitura do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos de seu país, sendo nomeado primeiro-ministro daquele reino, em decorrência de seu vasto conhecimento.
Passou a viver em suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes mais ricos e poderosos do mundo.
Graças ao seu trabalho e ao seu conhecimento, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para todo seu povo.
No entanto, ainda não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas do livro.
Certa vez, então, teve a oportunidade de questionar um venerando sacerdote a respeito daquele mistério, que sorrindo esclareceu:
- O tesouro de Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Bresa significa "saber"...
Com estudo e trabalho pode o homem conquistar tesouros inimagináveis. O tesouro de Bresa é o saber, que qualquer homem esforçado pode alcançar, por meio dos bons livros, que possibilitam "tesouros encantados" àqueles que se dedicam aos estudos com amor e tenacidade.
Enviada por: Edeli Arnaldi





Profª Drª Juraci Conceição de Faria
Instituto Malba Tahan/FE-Unicamp
INTRODUÇÃO
O universo literário de Malba Tahan é um verdadeiro caleidoscópio e, como tal, a cada movimento de análise e compreensão de suas obras, uma infinidade de desenhos regulares vão sendo definidos e multiplicados entre os espelhos da trajetória histórica do professor de matemática, escritor e conferencista Júlio César de Mello e Souza (1895-1974). Buscando trazer à luz a interdisciplinaridade presente nas histórias infantis da coleção Malba Tahan Conta Histórias, publicadas pela Editora Brasil-América Ltda em 1968, redirecionamos nosso olhar para uma questão central de nossas pesquisas: em plena década de 60, seria a intenção de Malba Tahan contrapor-se ao momento educacional brasileiro, fortemente marcado pela disciplinaridade, e explorar distintas esferas do saber em suas histórias destinadas ao público infantil? Tendo como fundamento teórico a prática educativa interdisciplinar de Ivani Fazenda, este artigo tem a intenção de apresentar uma breve história da vida do autor, contextualizar a literatura infantil de Malba Tahan, analisar o diálogo interdisciplinar presente nos seis volumes desta coleção (A Girafa Castigada; O Rabi, o Cocheiro e os Anjos de Deus; A Pequenina Luz Azul; Os Sonhos do Lenhador; O Tesouro de Bresa e A História da Onça que queria acordar cedo) e, quem sabe, apresentar algumas considerações para a prática de leitura e escrita das crianças do nosso tempo.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do ponto de vista interdisciplinar, as histórias infantis de Malba Tahan podem ser comparadas a um caleidoscópio. Sabemos que a palavra caleidoscópio vem do grego (Kalos quer dizer beleza, eidos significa forma e skopien é olhar), ou seja, um objeto ótico que nos faz ver belas formas. E as seis histórias presentes na Coleção Malba Tahan Conta Histórias revelam que o universo literário deste autor é um verdadeiro caleidoscópio e, como tal, a cada movimento de análise e compreensão de suas obras, uma infinidade de desenhos regulares vão sendo definidos e multiplicados entre os espelhos da prática educativa de quem as vê, de como as vê, de para quem elas serão lidas, contadas ou musicadas.
Diante da beleza desta obra, há uma infinidade de formas das histórias infantis de Malba Tahan serem utilizadas em sala de aula. Como num caleidoscópio, as histórias giram, se organizam e se reorganizam ao toque sensível das mãos do educador que nelas podem encontrar belas estratégias de ensinar não só a leitura e a escrita como também valores éticos indispensáveis à sociedade do nosso tempo: verdade, justiça, sinceridade, fidelidade, amizade, entre outros.
 É tempo de ver que o trabalho em sala de aula se revitaliza quando propiciamos em nossas ações educativas o diálogo entre as disciplinas. A literatura infantil de Malba Tahan é apenas uma proposta: um caleidoscópio de histórias, um caleidoscópio de conhecimentos, um verdadeiro caleidoscópio interdisciplinar. A reedição desta coleção poderia subsidiar práticas efetivas e instigantes de saberes para as crianças do nosso tempo.
A guisa de conclusão, outros olhares poderiam ter sido explicitados, entretanto apóio-me em Regina Machado (1997: 52) para instigar outras leituras e outras análises possíveis da Coleção Malba Tahan Conta Histórias: “Malba Tahan é um mistério complexo e, como tal, desafia interpretações que correm o risco de serem redutoras diante da grandeza de sua obra e da singularidade de sua investigação”.


O olhar de Barbosa





"O recado que deixo aos jovens é que eles procurem estudar. Se ele estudar hoje, ele vai saber como viver amanhã. É o que acontece com nós negros. Eu não sou contra o futebol, o samba, a cachaça, a capoeira. Mas não se pode deixar que este rótulo se sobreponha a um livro debaixo do braço. Para o amanhã, é necessário que o cidadão tenha a sua bagagem de estudos. Eu acho que a juventude vai ser o nosso futuro do desenvolvimento do país." Ivan Barbosa





sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Brasil de Minas Gerais

Oh Minas Gerais
           
      

OH MINAS GERAIS


Enviado em 7 de mai de 2008
Uma bela apresentação dessa música que se tornou o Hino Extra Oficial de Minas Gerais
Voz do poeta Renato Teixeira (segundo Denisestarblue)

Se alguém tiver mais informações da autoria, por favor enviar essas informações, para que eu possa dar os créditos
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Música
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julho 17, 2016 Renata Abritta Belo Horizonte












OH MINAS GERAIS, HD Renato Teixeira



Paulo CASTAGNA








Bresil Baroque CD 1 - Música Sacra do Brasil Colonial

Publicado em 24 de mai de 2013
Sao Paulo - Minas Gerais - Rio de Janeiro

Volume I

MUSICA SACRA DO BRASIL COLONIAL

Par le Choeur et l'orchestre Vox Brasiliensis
Direction Ricardo Kanji

1 Matais de incêndios (Cantiga ou vilancico para o Natal) - anonyme 2'25
2 Ex tractatu Sancti Augustini - anonyme 3'41
3 Donec Ponam (du Dixit Dominus) - José Alves ( Portugal - séc. XVIII) 1'57
4 Bajulans - anonyme (Manoel Dias de Oliveira ?) 1'04
5 à 12 Asperges me / Domine Hyssopo - anonyme (séc. XVIII) 7'08
5 - Asperges me / Domine, hyssopo 0'41 9 - Hosanna filio David 1'30
6 - Miserere mei, Deus 0'47 10 - Collegerunt pontifices 2'05
7 - Gloria Patri 0'37 11 - Sanctus 0'39
8 - Sicut erat 0'26 12 - Pueri Hebræorum 1'43
13 Ego enim accepi a Domino - José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746? - 1805) 5'36
(attribué à Lobo de Mesquita) - soprano : Viviane Casagrandi
14 à 29 Bênção das Cinzas e Missa para a Quarta-feira de Cinzas 14'01
14 - Exaudi nos, Domine 2'16 22 - Sicut erat 0'26
15 - Gloria, Patri 0'22 23 - Kyrie / Christe / Kyrie 4'38
16 - Sicut erat 0'34 24 - Domine, ne memineris 1'26
17 - Immutemur habitu 1'32 25 - Exaltabo te, Domine 1'34
18 - Misereris omnium, Domine 0'58 26 - Sanctus 0'39
19 - Miserere mei, Deus 0'29 27 - Benedictus 0'58
20 - Quoniam in te confidit 0'17 28 - Hosanna 0'07
21 - Gloria, Patri 0'24 29 - Agnus Dei 0'41
30 Abertura em Ré - José Maurício Nunes Garcia (1767 - 1830) 4'32
31 Tota pulchra es Maria - J.M. Nunes Garcia 5'20
32 Dies Sanctificatus - J.M. Nunes Garcia 2'46
33 Abertura "Zemira" - J.M. Nunes Garcia 7'34 Minutage total : 61'09
Categoria
Música
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Barroco mineiro e Aleijadinho – Expedições



Hino de Minas Gerais
Hinos de Estados
 
Oh! Minas Gerais
Oh! Minas Gerais
Quem te conhece
Não esquece jamais
Oh! Minas Gerais

Tuas Terras que são altaneiras
O seu céu é do puro anil
És bonita oh terra mineira
Esperança do nosso Brasil

Tua lua é a mais prateada
Que ilumina o nosso torrão
És formosa oh terra encantada
És orgulho da nossa nação

Oh! Minas Gerais
Oh! Minas Gerais
Quem te conhece
Não esquece jamais

Oh! Minas Gerais

Teus regatos a enfeitam de ouro
Os teus rios carreiam diamantes
Que faiscam estrelas de aurora
Entre matas e penhas gigantes

Tuas Montanhas são preitos de ferro
Que se erguem da pátria alcantil
Nos teus ares suspiram serestas
És altar deste imenso Brasil

Oh! Minas Gerais
Oh! Minas Gerais
Quem te conhece
Não esqueces jamais
Oh! Minas Gerais.




quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Senado e Judiciário em Roda Viva

'Onde um juiz é destratado, eu também sou' Presidente do STF, ministra Cármen Lúcia


Hoje, Cármen não fica em silêncio


Marechal não existe mais.




Eu brigo sim,
estou vivendo...




Tem gente que não briga,
está morrendo.





Publicado em 25 de out de 2016
Presidente do Supremo Responde Desaforo de Renan Calheiros Sobre PF no Senado.

Link deste video: https://youtu.be/6ClnY5oS4HQ


A presidente do supremo Ministra Cármen Lúcia, em abertura de sessão do tribunal de justiça, fez questão de comentar a manifestação de Renan Calheiros, presidente do Senado, sobre operação da Policia Federal nas dependências da casa, para Renan a PF tem que respeitar os poderes, não realizando operações sem a devida autorização da Suprema Corte.

Ministra Cármen Lúcia, pede respeito, para ela uma ofensa a um juiz seja de qual instância for, é um ataque direto ao poder judiciário do país.

Cármen Lúcia REBATE Renan em resposta ao termo juizeco: 'Onde um juiz é destratado, eu também sou'
Categoria
Notícias e política
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Paulo Markun: Boa noite. Ele diz que quando se tem brilho próprio é indiferente estar no governo ou na oposição e é certamente por isso que há mais de quatro décadas ele está sempre em evidência no cenário político brasileiro. No governo e às vezes na oposição. Na série especial comemorativa dos 30 anos da TV Cultura o convidado desta noite é o senador Antônio Carlos Magalhães, presidente do Congresso Nacional. Mas, antes da gente conversar com ele, vamos relembrar um pouco do passado do Roda Viva, que nesses 13 anos de existência, tem sido um importante espaço de discussão da vida brasileira. presidentes, governadores, parlamentares e pensadores já passaram por aqui debatendo idéias e propostas para transformação da realidade brasileira. Vamos relembrar alguns.



Roberto D’Ávilla: O senhor não gostou da palavra truculento que eu usei, o senhor achou duro essa palavra?
Antônio Carlos Magalhães: Por que não meigo?
Roberto D’Ávilla: Tirando a ironia [sorrindo] 
Antônio Carlos Magalhães: Pelo contrário, sou homem educado e agradável aos amigos que eu prezo. 
Roberto D’Ávilla: O Noblat usou a palavra “pavio curto”. E essas provocações? Quando o senhor briga é por pavio curto, ou é uma estratégia sempre pensada?
Antônio Carlos Magalhães: Eu brigo pelas causas que eu julgo justas, eu já disse isso. O problema não é se eu brigo ou não, repito, o problema é saber se eu brigo pela causa que interessa ao país. Geralmente a mídia distorce, mas seja como for, eu tenho que agradecer a mídia, que falando bem ou mal, me bota sempre em locais de destaque nos jornais. 


Antônio Carlos Magalhães
28/6/1999
Conhecido como ACM ou "Toninho Malvadeza", o senador discute as CPIs do Judiciário e seu envolvimento com o banco Econômico


Assista em:


http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/95/entrevistados/antonio_carlos_magalhaes_1999.htm


Ontem, Délio ficaria em silêncio


Marechal queria estadista no poder


Confira em:




http://www.arqanalagoa.ufscar.br/pdf/recortes/R02409.pdf


Edição do dia 26/10/2016
26/10/2016 07h55 - Atualizado em 26/10/2016 08h26
Ministra Cármen Lúcia, do STF, reage a ataques de Calheiros ao Judiciário
Uma reunião para aparar arestas chegou a ser negociada a pedido do presidente do Senado, Renan Calheiros. A presidente do STF não quis ir.


A presidente do Supremo Tribunal Federal reagiu aos ataques do presidente do Senado ao Judiciário. Cármen Lúcia pediu respeito aos juízes.
Uma reunião para aparar as arestas chegou a ser negociada, mas a ministra não quis ir. Não aceitou participar de reunião. A pedido do presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente Michel Temer tentou fazer esse encontro.
Sem citar nomes, Cármen Lúcia rebateu as críticas de Renan Calheiros ao juiz que autorizou a prisão de policiais do Senado acusados de atrapalhar a Lava Jato. Renan chamou o juiz de “juizeco”. Cármen Lúcia exigiu respeito do Judiciário.
Assista à reportagem completa no vídeo em:



http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/edicoes/2016/10/26.html#!v/5403592

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

"ledo e ivo engano"?



“Os homens não morrem de doenças : morrem de morte”. Ledo Ivo


“Na virada da primeira década do século XXI, nossa legislação processual penal permanece atrelada à codificação elaborada no longínquo ano de 1941, o nosso incansável Código de Processo Penal.” Eugênio Pacelli Curso de Processo Penal




“O choro de Graciliano ficou como uma lembrança marcante, porque já trazia a saudade da vida. Eu senti ali que, por mais que ele dissesse que odiava a vida, ele, na verdade, amava viver. O que matou Graciliano foi um câncer no pulmão. Era um fumante de cigarros Selma. Só escrevia bebendo cachaça. Jorge de Lima também morreu de câncer no pulmão, mas nunca fumou.”




O que significa a expressão "ledo e ivo engano"?


E GILDO MARÇAL BRANDÃO (Mata Grande, 17 de fevereiro de 1949 — São Sebastião, 15 de fevereiro de 2010)


E GRACILIANO RAMOS (Quebrangulo, 27 de outubro de1892— Rio de Janeiro, 20 de março de 1953)


E DRA. NISE DA SILVEIRA (Maceió, 15 de fevereiro de 1905 — Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1999)


ALAGOAS, ALAGOAS, OS SEUS VERDADEIROS FILHOS VEM DE MARÇOS, RAMAGENS E SELVAS.

MAS SÃO BRANDOS, GRACIOSOS E NICE


Nice é um termo da língua inglesa que tem vários significados, dependendo do contexto em que é empregado. Nice (pronuncia-se nais) é um adjetivo que qualifica aquilo que é bom, bonito, lindo, belo. Ex.: What a nice story! Que bela história!


NISE É NOME DE UMA MULHER VALENTE

PORÉM GRACIOSA E BRANDA.


Gildo Marçal Bezerra Brandão (1949-2010). um analista do pensamento Brasileiro





‘Se você procurar a palavra “ledo” nos dicionários (Aurélio, Houaiss, Michaelis, Caldas Aulete, etc.), encontrará a seguinte definição: “risonho, contente, alegre, jubiloso, prazenteiro; que revela ou sente alegria, júbilo, felicidade”.

Existe até o substantivo “ledice”, que indica a qualidade de “ledo”, significando alegria, contentamento, prazer, júbilo.

O Aurélio traz, para exemplificar o uso de “ledo”, uma frase do poeta romântico Gonçalves Dias (1823-1864. Morreu novo. Era doente, tratava-se na Europa. Em viagem de volta, o navio naufragou, já na costa brasileira. Somente ele morreu. Em estado agonizante, foi esquecido em seu leito. É o autor do famoso poema “Canção do Exílio”): “Já mimosas as flores desabrocham, / Já mais ledos os pássaros gorjeiam”.

“Ledo” vem do latim “laetu/laetus”, que significa “alegre, contente, feliz”. Os dicionários só trazem esse sentido de “ledo”.

Você já viu, na atualidade e na linguagem usual, a palavra “ledo”? Acredito que não. O adjetivo “ledo”, sozinho, com o sentido original, empregado mais na linguagem poética, não é usado na língua moderna. Ou seja, tornou-se um arcaísmo (palavra arcaica, antiga, desusada).

Mas você já viu/ouviu a expressão “ledo engano”? Creio que sim. Ela existe na língua desde muito tempo e continua presente no português atual.

E como ligar o adjetivo “ledo” (com o significado apresentado) ao substantivo “engano”, para formar a expressão? Qual é o sentido de “ledo engano”? Engano alegre, contente, feliz? Não é exatamente isso...

O sentido usual quer passar uma outra idéia: a de ingenuidade; simplicidade/simploriedade; despercebimento; excesso de confiança; crença de boa-fé, sem visão crítica; falta de informação por parte de quem está enganado quanto a alguma coisa (propagandas, produtos, fatos, ideologias, acontecimentos, conhecimento, etc.). Jogue a expressão no Google e você encontrará muitos textos sobre vários assuntos trazendo exatamente essa idéia.

O colega que usou o sintagma explicou: trata-se de um engano inocente, bobo, pueril. Foi isso que ele quis dizer. E é isso que “ledo engano” significa.

A expressão pode ter nascido de uma passagem de Camões, em Os Lusíadas, Canto III, estrofe 120. Essa passagem é usada pelo Dicionário Caldas Aulete como exemplo de uso do adjetivo “ledo” e pelo Dicionário Aurélio (o eletrônico) como exemplo da expressão “ledo engano”.

Espero que ajude'
Maya
MAYALLL · 8 anos atrás


‘Usa-se a expressão ledo e ivo engano por conta de um outro cronista amigo do autor Lêdo
Costumava o autor fazer essa brincadeira com o seu amigo, quando queria dizer que aquilo que dizia era um engano’
marcia · 2 anos atrás





GENETON MORAES NETO: O Brasil não conhece Ledo Ivo tanto quanto o poeta merece. Ledo Ivo morreu sem ter sido lido como deveria ser.
Por Enock Cavalcanti em Educação e Cultura | Gente que faz | Nação brasileira - 3/01/2013 21:24



Ledo Ivo - muito lembrado na hora de se falar em "ledo e ivo engano", foi um lobo solitário. O “Brasil real”, aquele que passa ao largo dos salões acadêmicos, não conhece Ledo Ivo tanto quanto o poeta merece, avalia Geneton de Moraes Neto. Dificilmente o Lobo seria reconhecido na rua. Não é lido tanto quanto deveria ser.


…E o grande poeta João Cabral deu de presente ao amigo Lêdo Ivo um epitáfio “prévio”: “…O silêncio de quando as hélices param no ar”
por Geneton Moraes Neto
EM SEU BLOG DOSSIE GERAL – BLOG DAS CONFISSÕES
A morte foi encontrar o poeta Lêdo Ivo na Espanha. Aqui, uma longa entrevista que fiz com o poeta, faz dez anos. Bem humorado, dizia que recebera do grande poeta João Cabral de Melo Neto um “presente” : um epitáfio prévio, em forma de versos. João Cabral previa o dia em que Ledo Ivo encontraria “o silêncio de quando as hélices param no ar “. É destino de todos ( anos depois, eu faria, para a Globonews, na sede da Academia Brasileira de Letras, uma entrevista em que Lêdo Ivo recordava outro momento marcante da convivência com João Cabral: a exemplo do que dissera um crítico, o autor de “Morte e Vida Severina” achava que, se Lêdo Ivo tivesse morrido cedo, poderia ter se transformado numa espécie de Rimbaud brasileiro, um daqueles poetas que viram lenda ao sairem de cena ainda jovens. Mas Lêdo Ivo dava a graças a Deus por ter vivido tanto tempo: preferia a vida à arte. A entrevista vai ser reprisada neste domingo, às 17:05, pela Globonews). A íntegra da primeira entrevista que fiz com o poeta:
Caçadores de belos versos,tremei de arrependimento : quem nunca leu um poema de Ledo Ivo, por preguiça, desinformação ou enfado, deve se penitenciar deste crime de lesa-literatura o mais rapidamente possível.
Um exemplo ? É difícil encontrar uma declaração de princípios tão bela quanto “A Queimada” :
“Queime tudo o que puder :
as cartas de amor
as contas telefônicas
o rol de roupas sujas
as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência
e anuncia a arteriosclerose
os recortes antigos e as fotografias amareladas.
Não deixe aos herdeiros esfaimados
nenhuma herança de papel.
Seja como os lobos : more num covil
e só mostre à canalha das ruas os seus dentes afiados.
Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.
Destrua os poemas inacabados, os rascunhos,
as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.
Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.
Não confie a ninguém o seu segredo.
A verdade não pode ser dita”.
O que o velho lobo terá a dizer a um repórter forasteiro que for procurá-lo no covil ? Aos cartógrafos empenhados em mapear as rotas da poesia brasileira neste início de século, diga-se que o lobo vive num apartamento do sétimo andar de um prédio da rua Fernando Ferrari, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. Ao contrário do que os versos podem fazer supor,o homem não é uma fera de garras afiadas.
Ei-lo : sentado numa poltrona da sala, o lobo Ledo vai fazer, a pedido do repórter,uma expedição ao País da Memória diante do gravador ligado. O cenário que circunda o Covil do Lobo é um convite à inspiração. Quando quer descansar a retina das mazelas do mundo, o lobo Ledo precisa caminhar apenas cinco passos. É a distância entre a sala e a extremidade da varanda deste apartamento. Lá fora, a beleza escandalosa de um céu sem nuvens pinta de azul a vista da praia de Botafogo.
A localização do apartamento é invejável. Parece ter sido escolhida a dedo por um poeta. Uma confidência lítero-hidráulica : do banheiro do apartamento do lobo é possível vislumbrar a imagem do Cristo Redentor de braços abertos sobre a Guanabara. Não é para qualquer um.
As lembranças dos ídolos que povoam os corredores do Museu das Admirações de poeta vão se sucedendo, aos borbotões : com os gestos agitados de quem fala para uma platéia invisível, o pequenino Ledo Ivo reconstitui, com frases precisas, momentos marcantes da convivência com Carlos Drummond de Andrade,Graciliano Ramos,Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, gente que virou verbete obrigatório nas enciclopédias.
Justiça se faça : Ledo Ivo já colheu as glórias daquele país que Ariano Suassuna chama de “o Brasil oficial” : a Academia Brasileira de Letras concedeu-lhe, por unanimidade, a cadeira número 10, no não tão distante ano de 1986. Mas o “Brasil real”, aquele que passa ao largo dos salões acadêmicos, não conhece Ledo Ivo tanto quanto o poeta merece. Dificilmente o Lobo seria reconhecido na rua. Não é lido tanto quanto deveria ser.
O Ledo Ivo que responde com entusiasmo ao precário questionário do repórter é um homem afável. O poeta que desponta nas entrelinhas dos versos é um lobo solitário, um ermitão que prefere ver a humanidade à distância. A ode à solidão – que ele já escrevera nos versos definitivos do poema “A Queimada” – repete-se no não menos belo “A Passagem” :
“Que me deixem passar – eis o que peço
diante da porta ou diante do caminho.
E que ninguém me siga na passagem.
Não tenho companheiros de viagem
nem quero que ninguém fique ao meu lado.
Para passar, exijo estar sozinho,
somente de mim mesmo acompanhado.
Mas caso me proíbam de passar
por seu eu diferente ou indesejado
mesmo assim eu passarei.
Inventarei a porta e o caminho
e passarei sozinho”.
Ledo Ivo vai alinhando as frases com a precisão de um ourives e a rapidez de uma metralhadora giratória. É incapaz de fazer concessões a vulgaridades gramaticais na hora de construir uma sentença. O lobo Ledo aparentemente concede à linguagem falada o mesmo cuidado que devota à linguagem escrita. O Português agradece, comovido. O poeta já confessou que sente abalos sísmicos em suas florestas interiores ao ouvir confrades pronunciarem impropriedades como “de maneiras que….”. Se alguém cometer o sacrilégio de misturar “tu” com “você” diante do lobo, certamente escapará de uma admoestação, porque o homem é afável, mas cairá vinte pontos no conceito do poeta.
Tradutor de Rimbaud e Dostoiévski, o lobo Ledo carrega, pelas décadas afora, as marcas da infância em Maceió :
“Na tarde de domingo, volto ao cemitério velho de Maceió
onde os meus mortos jamais terminam de morrer
de suas mortes tuberculosas e cancerosas
que atravessam as maresias e as constelações
com as suas tosses e gemidos e imprecações
e escarros escuros
e em silêncio os intimo a voltar a esta vida
em que desde a infância eles viviam lentamente
com a amargura dos dias longos colada às suas existências
monótonas.
(…) Digo aos meus mortos : Levantai-vos,
voltai a este dia inacabado
que precisa de vós,de vossa tosse persistente e de vossos gestos enfadados
e de vossos passos nas ruas tortas de Maceió.
Retornai aos sonhos insípidos
e às janelas abertas sobre o mormaço. Na tarde de domingo,entre os mausoléus
que parecem suspensos pelo vento
no mar azul
o silêncio dos mortos me diz que eles não voltarão.
Não adianta chamá-los.No lugar em que estão,não há retorno
Apenas nomes em lápides. Apenas nomes. E o barulho do mar”.
—————
Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira vão entrar em cena agora como verbetes vivos da imaginária enciclopédia do Lobo Ledo.
Gravando !
PRIMEIRA ESTAÇÃO : O DURÃO GRACILIANO RAMOS CHORA AO SE DESPEDIR DA VIDA
GMN : A imagem de Graciliano Ramos, como homem seco e intratável,corresponde à verdade ?
Ledo Ivo : “Graciliano Ramos era rústico e intratável. Nascemos no mesmo estado. Quando menino, como primeiro da turma no grupo escolar, fui apresentado a Graciliano, na época secretário de Educação. Pôs a mão carinhosamente na minha cabeça. Quando ele publicou “Vidas Secas”, eu, ”menino prodígio” em Maceió, escrevi, em 1938, um artigo sobre o livro. Aquilo passou. Quando vim para o Rio, fazer vestibular de Direito, minha mãe me disse “vá visitar Heloísa” – a mulher do Graciliano Ramos, àquela altura, aos cinquenta anos de idade, uma figura importante na literatura brasileira. Durante nossa conversa, ele abriu uma gaveta e disse : “Quando publiquei “Vidas Secas” em Alagoas, só uma pessoa falou do meu livro : um menino de 14 anos...”.
A relação de Graciliano Ramos com Alagoas era de amor e ódio, porque ele tinha saído do Estado de cabeça raspada, jogado no porão de um navio. É curiosíssimo como duas pessoas tão diferentes como eu e Graciliano Ramos puderam se relacionar. Devo ter aprendido com ele muitas coisas, como, por exemplo, a correção lingüística que, dizem, existe em minha prosa.
Graciliano Ramos era, sim, uma pessoa rústica. Em toda a literatura brasileira, ele só tinha três, quatro admirações, além de Machado de Assis, a quem considerava um negro metido a inglês : José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Jorge Amado. Em poesia, admirava Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, por ordem do Partido Comunista (risos).
Notei, na casa de Graciliano Ramos, um livro de poesia autografado, fechado e intocado. Toda vez que eu ia à casa de Graciliano, dizia a ele : “Você deveria abrir esse livro ! “. E ele : “Já falei com Heloísa várias vezes para abrir esse livro, mas essa mulher…” (risos) .
Era como se competisse à Heloísa Ramos a função de abrir o livro. Se não me engano, era um volume das poesias completas de Augusto Frederico Schmidt”.
GMN : De toda essa convivência com Graciliano Ramos, a melhor herança foi a obsessão com a correção gramatical ?
Ledo Ivo: “A herança – pungente – é ver que a glória de Graciliano é uma glória póstuma. O que aprendi com Graciliano Ramos foi ter fidelidade ao ofício de escritor. Quem era Graciliano Ramos quando convivi com ele ? Um grande escritor, mas ainda não plenamente reconhecido – essa é que é a verdade. Os livros que ele lançara estavam esgotados. José Olympio não reeditava. Em conversas íntimas, Graciliano chamava José Olympio de “esse filho da puta – que vive editando Lourival Fontes e Getúlio Vargas...” (N: Lourival Fontes era o chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda durante a ditadura Vargas) . O que eu via ali, em Graciliano, era a amargura de um homem que foi tirado do ninho natal – Alagoas. Note-se que três livros de Graciliano foram escritos em Alagoas : “Caetés”, “São Bernardo” e “Angústia” . Se ele não tivesse saído de Alagoas, ficaria como uma coisa misteriosa. Por quê? Por que será que em um pequeno Estado,como Alagoas, um sujeito escreveu três grandes romances ? Depois é que veio a experiência carcerária – a única coisa que o Rio, a metrópole, deu a ele. Graciliano vivia de pequenos “bicos literários”,vivia corrigindo textos alheios. Trabalhava como revisor.
Qual foi, então, a grande impressão que Graciliano Ramos me deu ? A fidelidade ao ofício, algo que se viu também em Machado de Assis. São escritores que não esperavam nenhuma recompensa, porque a própria obra seria a recompensa. Graciliano não pensava em Academia, não pensava em prêmios literários, não pensava em glória. Eu trabalhava em jornal naquela época. Jamais Graciliano Ramos ou José Lins do Rego me pediram que publicasse uma nota sobre eles”.
GMN : O desleixo com a glória imediata foi, então, uma atitude que o senhor herdou de Graciliano Ramos ?
Ledo Ivo : “Uma característica de Graciliano Ramos -que me orgulha- é a pobreza. Era um escritor que andava de ônibus. Vivia-se num Brasil diferente. Naquele tempo, só Carlos Drummond de Andrade tinha um carro – oficial. Os outros eram Augusto Frederico Schmidt e Jorge de Lima. Eram os três escritores que tinham carro ! Um negócio impressionante, porque todo mundo andava de bonde ou de ônibus. Não havia feriado. A José Olympio ficava aberta aos sábados até seis horas da tarde. Era um mundo diferente, o da vida literária, marcada pela existência de suplementos literários.
Mas havia, em Graciliano Ramos, um detalhe que me impressionava : o problema da formação literária. Eu ficava impressionado com o fato de que a formação literária de Graciliano Ramos era – de certa maneira – muito reduzida. Baseava-se nos brasileiros Machado de Assis e Aluísio Azevedo – um autor de quem ele gostava -no português Eça de Queiroz e nos russos Tolstói, Dostoievski e Gorki. Com esse pequeno mundo de leitor, Graciliano Ramos fez uma uma obra grandiosa. Nunca leu Marcel Proust, por exemplo. Quando eu perguntava por que, ele dizia : “Não leio veados ! “.
Quando o visitei pela última vez, no hospital, ele chorou, porque sabia que ia morrer. Enquanto chorava, falava - e muito – sobre a mãe. O hospital ficava aqui ao lado, onde hoje é este edifício (Ledo aponta para fora do apartamento). Aquele foi nosso último encontro, porque eu estava de partida para Paris. Fui me despedir. Graciliano estava esquálido. De vez em quando, falava coisas desconexas. Contava que a mãe, quando casou, levou as bonecas para casa – um negócio curioso.
O choro de Graciliano ficou como uma lembrança marcante, porque já trazia a saudade da vida. Eu senti ali que, por mais que ele dissesse que odiava a vida, ele, na verdade, amava viver. O que matou Graciliano foi um câncer no pulmão. Era um fumante de cigarros Selma. Só escrevia bebendo cachaça. Jorge de Lima também morreu de câncer no pulmão, mas nunca fumou.
Os homens não morrem de doenças : morrem de morte”.
GMN : O senhor escreveu em suas memórias : “Vivo escrevendo, mas o trágico é que escrever não é viver”. Com que freqüência, então, o senhor tem a sensação de estar substituindo a vida pela escrita ?
Ledo Ivo: “É um drama comum a todo e qualquer escritor este sentimento de que estamos vivendo, sim, mas essa vida se destina somente a acumular experiências para a obra literária. Já a quase totalidade das pessoas se limita a viver, porque não dispõe de linguagem. Trago um mistério inicial em minha biografia : por que logo eu, numa família de onze, revelou a vocação e o destino para a escrita, numa família que não tinha pendores literários ? Sempre tenho a impressão de que toda a vida de um escritor é estuário onde se acumula a matéria que se transformará em obra literária. O escritor é, então, uma pessoa condenada não a viver, mas a escrever.
Fausto Cunha – grande crítico, que notou, em minha procedência literária, a influência de poetas malditos como Rimbaud, Verlaine e Baudelaire – me disse : “O grande erro de sua vida é que você não morreu aos vinte anos. Se tivesse morrido moço, teria deixado “Ode e Elegia”, “As Imaginações”, e “Acontecimento do Soneto”. Então, seria um poeta como Castro Alves ou Casemiro de Abreu !.Vida longa atrapalha a biografia !”.
João Cabral me disse a mesma coisa. Eu respondi : “Prefiro ser o Victor Hugo das Alagoas – o poeta que vive até os oitenta anos !”. Prefiro o mistério dos poetas que, como Drummond e Manuel Bandeira, tiveram uma vida longa e uma obra igualmente longa”.
GMN : Ariano Suassuna – que foi homenageado no carnaval aqui no Rio – disse que já tinha recebido a homenagem do “Brasil oficial”, ao entrar para a Academia Brasileira de Letras e estava recebendo ali, no sambódromo, a homenagem do que ele chama de “Brasil Real”. O senhor – que já foi homenageado pelo “Brasil Oficial” ao ser recebido por unanimidade na Academia Brasileira de Letras – sente falta do reconhecimento do “Brasil Real”, já que não é tão conhecido como poeta como deveria ?
Ledo Ivo: “O poeta inglês John Mansfield diz que já viu o azarão no jóquei ganhar o prêmio, já viu flor brotar da pedra, já viu coisas amáveis feitas por homens de rosto feio. “Eu também espero” – diz ele. Confesso que o problema do reconhecimento vasto não me preocupa. A vida literária se faz pela diversidade e pela multiplicidade. Não se sabe se o escritor de pouco público de hoje será o escritor de grande público de amanhã.
Um escritor pode ser obscuro e desconhecido hoje e famoso e glorioso amanhã. Você pode também estar dentro da literatura e um dia ser expulso! São coisas que não me preocupam. O que me preocupa é a criação literária. Já que sou uma criatura dotada de linguagem, quero me exprimir. Mas sei que uma obra só se completa com a existência do outro. Há sessenta anos estou esperando por esse leitor. Um dia ele haverá de aparecer”.
GMN : O poema “A Queimada” – aquele que fala do lobo no covil – é uma declaração de princípios de que o escritor deve ser, no fim das contas, um solitário ?
Ledo Ivo: “O escritor deve ser um solitário solidário. A verdade, como digo no poema, não pode ser dita”.
GMN : O senhor reclama daqueles escritores que só brilham em congressos...
Ledo Ivo: “Oswald de Andrade – de quem fui muito amigo até brigarmos – me procurou, magoado, porque tinha sido expulso do Partido Comunista. Os comunistas, então, não o deixaram participar do Congresso dos Escritores de São Paulo. Eu disse a ele: “É besteira ! . Nietzsche nunca participou de um congresso de escritores” (risos)…
GMN: Por que o senhor diz que detesta escritores que consideram a criação poética “um suplício” ?
Ledo Ivo: “Tenho horror desses camaradas que passam o tempo todo dizendo que gemem e suam na hora de escrever. A minha criação literária é uma felicidade. Quando escrevo, parece que as coisas já vêm prontas, organizadas subconscientemente. Pensam que “capino” o meu texto. Mas o meu texto vem espontaneamente. Não tenho nenhuma simpatia por escritores que cortam. A minha simpatia maior é pelos escritores que acrescentam !.
João Cabral uma vez me disse que passava noites acordado, com angústia. Eu dizia “Você só diz que passa noites acordado para ver se me causa inveja, mas não causa não!”.
GMN : Ao contrário do que dizia Carlos Drummond de Andrade, escrever não é “cortar palavras”, mas acrescentar?
Ledo Ivo: “Um escritor francês disse que o bom escritor é aquele que “enterra uma palavra por dia”. Para mim, o bom escritor é o que desenterra uma palavra por dia ! . Porque o escritor lida com um patrimônio lingüístico. De vez em quando o brasileiro ressuscita palavras esquecidas”.
GMN : Por que afinal de contas o senhor não inclui em seus livros o tão citado poema sobre o Recife ?
Ledo Ivo: Em primeiro lugar, porque os alagoanos protestariam. Eu tinha dezesseis anos quando escrevi o poema :

“Amar mulheres, várias
amar cidade, só uma – Recife.
E assim mesmo com as suas pontes
E os seus rios que cantam
E seus jardins leves como sonâmbulos
E suas esquinas que desdobram os sonhos de Nassau”

O poema reflete a descoberta do Recife por um alagoano. Porque Recife tem um lado cosmopolita – que me impressionou muito. O meu pai era pernambucano. A família Ivo é pernambucana. Eu era considerado meio pernambucano por ser ligado ao grupo do crítico Willy Lewin, nos anos quarenta. Recife foi a cidade de minha primeira formação literária. Fazíamos poemas nas mesas do Lafayette, numa época de boemia. O poema sobre o Recife ficou desaparecido até 1947, quando chegou às mãos de Mauro Mota – que o publicou no Diário de Pernambuco (ou terá sido no Jornal do Commercio). O destino de um poema é curioso. A gente escreve um poema; ele ganha vida própria, começa a circular.
Guardo a lembrança de um conselho que Joaquim Cardozo me deu : ele dizia que eu deveria ser um poeta alagoano, assim como ele era um poeta pernambucano. O sentimento do berço tinha grande importância para ele”.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, O GRANDE POETA SECRETO, ENTRA EM CENA
GMN : Qual é a grande lembrança que o senhor traz da convivência com Carlos Drummond de Andrade ?
Ledo Ivo: “O que me impressionou em Drummond, já no primeiro encontro, foi um certo “fechamento” interior. Não se entregava. Era como se vivesse insulado em si mesmo. Há em Drummond algo que é “intransmissível”. Tive essa sensação de intransmissibilidade.
Eu levei meus primeiros poemas para Drummond, no gabinete em que ele trabalhava, no prédio do Ministério da Educação, no centro do Rio. Depois que leu, ele até chamou a atenção de outros escritores para mim. Em seguida, vieram as rusgas, porque havia divisões políticas naquele tempo.
A coisa mais impressionante que Drummond me disse foi num de nossos últimos encontros. Um certo poeta brasileiro – de quem não quero dizer o nome – proclamou-se herdeiro de Drummond. Quando me encontrei com ele, disse: “Como é que vai o herdeiro?” . E ele : “O herdeiro de um poeta é o poeta diferente do modelo. O meu herdeiro será um poeta inteiramente diferente de mim : é esta a lição da poesia”.
O herdeiro de Olavo Bilac foi Mário de Andrade. Os herdeiros são os diferentes. São até os adversos : não são os assemelhados. É a grande lição de Drummond que ficou em mim : ele não espera ter um clone como herdeiro. (risos) O que Drummond esperava era o “anti-clone”.
GMN : Nesse primeiro encontro, o senhor – que viria a se considerar um lobo no poema “A Queimada” – teve a sensação de que o Drummond era o “urso polar”, como ele disse que era num dos poemas ?
Ledo Ivo: “Tive essa sensação. Drummond tinha uma vida amorosa muito escondida – que depois, infelizmente, foi violada pela imprensa. Eu via, em Drummond, um grande poeta secreto. Naquela época, 1940, Drummond não tinha a notoriedade que ganhou depois. O próprio Manuel Bandeira pensava que o grande poeta brasileiro daquela época fosse Augusto Frederico Schmidt. Porque o Schmidt enrolava todo mundo (risos). Schmidt até pensou em fazer um poema sobre a descoberta do Brasil, mas depois Drummond veio com A Rosa do Povo e acabou com a festa”.

“Sou apenas um homem.
Um homem pequenino à beira de um rio.
Vejo as águas que passam e não as compreendo.
Sei apenas que é noite porque me chamam de casa.
Vi que amanheceu porque os galos cantaram.
Como poderia compreender-te, América ?
É muito difícil.
Passo a mão na cabeça que vai embranquecer.
O rosto denuncia certa experiência.
A mão escreveu tanto – e não sabe contar !
A boca também não sabe.
Os olhos sabem – e calam-se”
(Trecho de “América”, poema do livro “A Rosa do Povo”/Carlos Drummond de Andrade)

GMN : O que ficou da amizade com Manuel Bandeira ?
Ledo Ivo: “Minha ligação com Manuel Bandeira foi profunda. De todos os poetas, talvez o que mais me tenha marcado e ensinado foi Manuel Bandeira. Quando eu era menino, mandei poemas para ele. Recebi de volta um cartãozinho em que ele tocou em um ponto que ainda hoje permanece na poesia: “Há muita magia verbal em seus poemas”.
Depois percebi que, para mim, a operação poética é como se fosse um encantamento da linguagem – uma magia. Sou um poeta que acha que a poesia é o uso supremo da linguagem. Bandeira fez esta descoberta em meu momento inicial. Deu-me lições perenes : por exemplo, a de que o poeta deve ser um intelectual culto. Só a cultura tem condições de abrir caminhos. Ao poeta, não basta apenas ter talento e vocação. Por que o poeta deve ser realmente um homem culto ? Porque a poesia é um sistema milenar de expressão. É preciso conhecer os mestres. A criação poética não é, portanto, um problema só de sensibilidade. É um problema de cultura. Somente o vasto conhecimento da poesia e da literatura é que permite ao poeta exprimir-se.
A fidelidade à literatura deve ser o emblema do escritor. Devemos continuar segurando o estandarte. Vivemos um tempo de mudanças. Somos uma civilização de massas, uma civilização eletrônica, uma civilização consumista. Tudo alterou a posição do escritor e do poeta no Brasil.
Já não temos aqueles poetas populares de que Drummond foi o último grande exemplo. O poeta vive hoje em uma época de anonimato. Os ícones são diferentes, os gurus são outros. A linguagem literária hoje compete com a linguagem eletrônica, o CD-Rom, o cinema, o disco . Mas, há alguma coisa que só a poesia tem condições de dizer. A poesia, então, existirá sempre, como linguagem específica, porque só ela pode dizer, sobre a condição humana, algo que não pode ser dito de nenhuma outra maneira. O cinema e a televisão lidam de uma maneira diferente”.
GMN : O poeta, então, deve se resignar a ser anônimo, nesse mundo dominado pela fama e pela mídia eletrônica?
Ledo Ivo: “A função do poeta na sociedade é escrever poemas.A notoriedade é secundária”.
GMN : O senhor tem esta sensação de deslocamento ?
Ledo Ivo: “Pelo contrário ! Para mim, seria inconcebível ter aparecido antes ou ter aparecido depois. Como poeta, surgi no momento certo.Tenho um grande sentimento da minha contemporaneidade.O mundo atual habita os meus poemas.A função do poeta é,também,celebrar o mundo em que vive. Não tenho nostalgia pelo passado. Não gostaria de ter nascido no passado,assim como não gostaria de ter nascido no futuro”.
GMN : Do que o senhor ouviu de João Cabral de Melo Neto, qual foi a grande lição ?
Ledo Ivo: “João Cabral me deu a lição da diferença entre os poetas. Cada poeta é diferente. As estéticas dos poetas são até inconcebíveis. Como são diferentes os caminhos para fazer a mesma coisa ! . O que mais me impressiona em João Cabral é ele ser saudado sempre como “o poeta da razão”, no Brasil. Para mim, João Cabral de Melo Neto é o poeta da “anti-razão”, o poeta da obsessão, o poeta das coisas ocultas,o poeta das coisas sibilinas, herméticas. A poesia que ele deixou é complexa, mas se abre para o grande acesso popular, o que é curioso.
Uma vez, João Cabral me disse: “Nós estamos fazendo uma obra literária. Procuramos fazer uma obra literária o maior possível. De repente, lá em Nova Iguaçu , a essa hora, anonimamente, alguém pode estar fazendo a obra com que nós sonhamos”.
GMN : Para o senhor – que se considera “um homem de muitas perguntas e quase nenhuma resposta” – qual é a grande pergunta, a grande perplexidade que até hoje o atormenta ?
Ledo Ivo: “A perplexidade é estar no mundo – com todas essas perguntas que se acumulam; o fato de ser transitório; a existência e não-existência de Deus; o problema da condição humana. Vivo num mundo em que quase não há resposta. Não sei onde começo e onde termino. Sequer sei se existo, no sentido de ter uma existência nítida, com fronteiras definidas. Talvez o meu mundo seja o mundo da ambigüidade.
Drummond chamou a minha poesia de “múltipla”. É uma frase que ilumina mais uma existência poética do que muitos rodapés. Quando publiquei “Confissões de um Poeta”, Hélio Pellegrino me telefonou para dizer que ficou impressionado com o clima de procura que há em todo o livro. Como era psicanalista e poeta, Hélio Pellegrino disse que minha descoberta estava exatamente nessa procura.
Vivo nessa perpétua indecisão. O que me impressiona é que essa procura tenha durado tanto; não tenha acabado ainda”.
GMN : Há em seus textos uma certa obsessão com a finitude. Qual foi o primeiro espanto que o senhor teve diante da morte?
Ledo Ivo: “Venho de uma família numerosa. Tenho um irmão que morreu, o chamado “anjinho”, aquele que morre novo. Outro irmão meu, chamado Éber, morreu aos oito anos. Numa família nordestina, numerosa, a morte vive sempre rodeando as pessoas. Quando menino, eu gostava de visitar cemitérios. Mas censuro a morte ! Como sou uma criatura do aqui e do agora, fico impressionado com a morte, porque ela faz com que a gente já não esteja aqui”.
Talvez venha da infância o sentimento de que a vida é provisória e instantânea. É um relâmpago. Além de tudo, há o mistério da existência : “por que será que uns morrem cedo, outros morrem tarde e outros não morrem nunca ? “.
GMN : O senhor faz, em um de seus textos, uma referência a uma caminhada solitária pelas alamedas do Cemitério São João Batista. O que é que o senhor estava fazendo no cemitério ?
Ledo Ivo: “Devo ter ido me despedir de um amigo. Não fui para visitar o cemitério. O engraçado é que João Cabral escreveu o meu epitáfio em versos que ele nunca incluiu em livro. O que João queria era fazer um livro só de epitáfios de amigos. Terminou não fazendo.
João foi um grande amigo meu, mas tínhamos temperamentos diferentes. Enquanto ele ia para um lugar, eu ia para outro. Nunca nos encontramos – nem esteticamente. Dizia que eu falava muito; achava que só a morte é que me reduziria ao silêncio.
O epitáfio que João Cabral criou para mim é este :

“Aqui repousa
Livre de todas as palavras
Ledo Ivo,
Poeta,
Na paz reencontrada
de antes de falar
E em silêncio, o silêncio
de quando as hélices
param no ar “.


Um comentário
João disse:
quinta-feira, 3rd janeiro 2013 as 23:37 - Ip: 177.4.181.254
Grande, como é grande, porque um poeta de qualidade sempre é. Nem a morte é limite para as asas da poesia. Ou, como Manoel de Barros, em “O fotógrafo”, ironizou Maiakoviski, a poesia é como nuvem: nela não se põe calças, muito menos as apertadas.
Quem não entendeu que leia Manoel de Barros, que leia Ledo Ivo e Maiakoviski.





E GILDO MARÇAL BRANDÃO (Mata Grande, 17 de fevereiro de 1949 — São Sebastião, 15 de fevereiro de 2010)


E GRACILIANO RAMOS (Quebrangulo, 27 de outubro de1892— Rio de Janeiro, 20 de março de 1953)


E DRA. NISE DA SILVEIRA (Maceió, 15 de fevereiro de 1905 — Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1999)


ALAGOAS, ALAGOAS, OS SEUS VERDADEIROS FILHOS VEM DE MARÇOS, RAMAGENS E SELVAS.

MAS SÃO BRANDOS, GRACIOSOS E NICE


Nice é um termo da língua inglesa que tem vários significados, dependendo do contexto em que é empregado. Nice (pronuncia-se nais) é um adjetivo que qualifica aquilo que é bom, bonito, lindo, belo. Ex.: What a nice story! Que bela história!


NISE É NOME DE UMA MULHER VALENTE

PORÉM GRACIOSA E BRANDA.




Elide Rugai Bastos


Falar de um amigo que nos deixou é muito penoso, sobretudo quando fomos parceiros de trabalho durante muitos anos e empreendemos, com orientandos e ex-orientandos, uma investigação em conjunto. Continuamos a dialogar com ele e a endereçar-lhe perguntas diante das dúvidas e dos embates; e, agora, como a resposta não se faz pronta como sempre o foi, assalta-nos a perplexidade. A ausência se faz sentir mais fortemente quando voltamos a reler seus textos, tantas vezes discutidos e que fundamentaram nossa reflexão. A morte inesperada de Gildo Marçal Brandão deixou um grande vazio entre nós.
O diálogo que nos aproximou e permitiu trabalho conjugado tem seu eixo na reflexão sobre o pensamento político-social brasileiro e se explicita principalmente em um projeto temático em desenvolvimento. O projeto Linhagens do Pensamento Político-Social Brasileiro recebeu o nome do último livro de Gildo e reúne pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Suas hipóteses estão ancoradas direta ou indiretamente nas provocações levantadas nesse texto.
Embora pareça, à primeira vista, não haver continuidade entre a pesquisa desenvolvida sobre a gênese e o papel político da esquerda brasileira, que resultou no livro A Esquerda Positiva: As Duas Almas do Partido Comunista (1920-1960), publicado em 1997, e o resultado das investigações seguintes, há uma relação intrínseca entre as duas formulações. Gildo várias vezes lembrou que aquele amplo estudo deixou um saldo de hipóteses, argumentos, reflexões sobre o modo de tratar a relação entre ideias e processos políticos. Esse conjunto de questões o levou a pensá-las em outros contextos, em outras configurações históricas. Assim, a temática da organização do poder, que o desafiara desde sempre, fazendo-se presente nos textos anteriores àquele livro, encontrou outro campo de desenvolvimento: o pensamento político brasileiro. Dessa forma, as categorias intelectuais e as formulações políticas implicadas na construção do Estado nacional no século XIX passaram a ser o objetivo de suas preocupações. A seguir, buscou compreender outros momentos dessa edificação, ou, como se referia, tomou o fio de outra meada. Ou seja, buscou, na história das ideias que os brasileiros pensaram ou aclimataram, a via de acesso para a compreensão da sociedade que construíram. O centro de interesse, como expressa no memorial para seu concurso de titularidade, são as relações entre teoria política e história das ideias, entre visões de mundo e instituições políticas, entre o mundo das ideias e o mundo da ação política.
O passo seguinte consistiu na difícil elaboração da abordagem desse objeto. Partindo do princípio de que a construção da Nação e a do Estado são momentos de um longo processo, formula as hipóteses metodológicas que constituirão pontos de partida analíticos sobre os quais repousa a pesquisa do pensamento brasileiro. O desenho desse procedimento é explicitado em Linhagens do Pensamento Político Brasileiro, publicado em 2007, que tem por base sua livre-docência defendida em 2004, no qual a sugestão fundamental é a afirmação de serem as ideias forças sociopolíticas. Em decorrência, aborda o pensamento e as ciências sociais como componentes internos das práticas e das instituições; esses componentes constituem ainda conjunto de referências que servirão de apoio aos embates políticos.
Ao afirmar a presença de linhagens no pensamento político brasileiro, Gildo não pressupõe a existência de uma linearidade ou de um traço evolutivo que unifica as ideias. Supõe continuidades e rupturas entre elas. Afirma não existirem matrizes ideológicas transtemporais. Desse modo, procura equilibrar duas formas de compreensão do pensamento: de um lado os elementos teóricos fundantes das ideias; de outro, o contexto histórico em que são gestadas, desenvolvidas, modificadas e aplicadas às situações concretas. A partir dessa difícil combinação, aponta as "afinidades eletivas" existentes entre autores que, por vezes, nem mesmo se dão conta desse fato. Tais encontros ocorrem tanto a partir de uma polissemia de conteúdos aos quais se aplicam os mesmos conceitos quanto de uma aparente multiplicidade de termos que remetem a uma mesma conotação. Assim, Gildo propõe um método para abordar tanto os temas quanto os autores brasileiros.
Sem negar seus "hábitos de leitura sedimentados" - para lembrar expressão de Jameson -, pois declara sempre sua dívida para com Hegel, coloca-se na posição do analista que se vê diante do objeto pela primeira vez. Suas perguntas sobre a temática e sobre os intérpretes são sempre novas. Trata-se de uma atitude constitutiva. Assumo a tentação de lhe aplicar alguns versos de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa): "Sinto-me nascido a cada momento/ Para a eterna novidade do Mundo".
Vale lembrar que a questão do método foi uma preocupação constante da reflexão de Gildo. Duas décadas antes da publicação de sua livre-docência lembrava que "a questão de método é uma questão política. De outro modo, poderia ser supérflua ou se arriscar a permanecer formal - apesar de possíveis intenções contrárias - quando desligada e incontaminada pelas análises concretas de situações concretas" (Brandão, 1977:154). Dessa ótica, ao estudar o pensamento, afasta-se de uma leitura meramente descritiva, de uma análise que se atenha somente ao discurso e da consideração das ideias desligadas do contexto no qual são produzidas ou retomadas.
A possibilidade de estabelecer a conexão ideias/instituições políticas se dá, em sua formulação, através da pergunta: é possível captar historicamente a formação dos programas políticos das grandes correntes ideológicas do país? A busca de resposta à indagação impeliu-o a identificar e a descrever as principais "formas de pensamento" e as "famílias intelectuais" que, a partir da segunda metade do século XIX, dominaram o pensamento político brasileiro, bem como a verificar como essas correntes responderam aos desafios colocados pela sociedade e pela política. A gênese, a estrutura e as transformações de cada "família intelectual" - por hipótese, os "idealistas orgânicos", "idealistas institucionais", "pensamento radical de classe média" e "materialistas históricos", tomando emprestadas categorias cunhadas por Oliveira Vianna e Antonio Candido - são pesquisadas para indicar suas continuidades, metamorfoses e pseudometamorfoses. A análise tem por objeto tanto o conteúdo substantivo das ideias quanto as formas de pensar subjacentes, isto é, "as estruturas mentais e categorias teóricas a partir das quais a realidade é percebida, a experiência elaborada e a ação política organizada" (id., 2009:57). Assim, volta ao clássico problema das relações forma e conteúdo que o preocupava desde aquele artigo de 1977.
Contrariando grande parte das interpretações sobre o pensamento brasileiro, Gildo demonstra que a vida ideológica brasileira não é aleatória, e que suas principais correntes não são fenômenos conjunturais. Mostra a continuidade existente entre as formulações dos denominados "intérpretes do Brasil" e as análises resultantes da pesquisa acadêmica institucionalizada. Em outros termos, nenhuma inovação intelectual parte de um espaço desabitado pelo conhecimento.
Na segunda parte de Linhagens do Pensamento Político Brasileiro, reflete sobre a teoria política a partir da periferia. Desafiado pela pergunta "por que pensar o Brasil?", Gildo primeiramente dá uma resposta aparentemente simples: "Porque se não o fizermos ninguém o fará". Contudo, o argumento ganha força em seu desdobramento. Lembrando que, embora nossos autores possam ser vistos como menores em face dos grandes intelectuais das ciências sociais, ainda assim abrem a possibilidade de transformar a fraqueza em vantagem, pois a análise da parte pode iluminar o todo. É a mesma estratégia usada por Gramsci: ao debater a questão meridional, busca apontar antes as fraquezas do sistema do que os problemas exclusivos da região sul da Itália; pensa a emancipação do sul como um momento necessário da emancipação da nação. Segundo Gildo, olhar o mundo da perspectiva da periferia pode lançar luz, a partir de um novo ângulo, sobre a natureza e a evolução da cultura, do capitalismo e da política mundiais: "Uma vez que não se pode pensar a nação nos limites da nação, não é possível pensar o Brasil sem situá-lo no mundo. Mas a maneira de fazê-lo torna possível - ou não - pensar o próprio mundo da perspectiva da periferia" (2007:142). Embora se trate de um método de análise e da avaliação de seus efeitos, a discussão é mais ampla. Trata-se de refletir sobre o papel dos intelectuais nos países periféricos.
Lembra que o quadro histórico do atraso, no qual as inúmeras tentativas "de domar nossa selvagem democracia" em uma sociedade rebelde a reduzi-la ao jogo das instituições, produz e reproduz o protagonismo dos intelectuais. Pensar um país em que a burguesia não enfrentou a tarefa de incorporar seus subalternos e a intelectualidade ora se propõe "ir ao povo" ou "dar voz aos que não têm voz", ora se julga investida de um mandato em uma "advocacia gratuita" das classes sociais é a difícil temática que Gildo se propõe a deslindar.
Pelas razões expostas, pelo objetivo a ser alcançado e pelo método escolhido, fica clara sua preocupação com a fragmentação do conhecimento, sua crítica a todas as leituras parciais e sua recusa à utilização de fórmulas feitas. Só assim, de acordo com sua perspectiva, será possível reconstituir as linhas de força do pensamento político brasileiro e os processos reais por ele interpelados, provocados ou dirigidos.
Um ponto importante na análise proposta é a abordagem das crises. Nesses momentos, os paradigmas revelam suas potencialidades cognitivas e também tornam claras suas fragilidades. Na crise, as tensões se explicitam, as explicações rotinizadas perdem seu poder, e as análises são postas em outro patamar. Ou seja, a crise se apresenta em um duplo sentido. De um lado é componente da conjuntura em que as ideias emergem ou são retomadas; de outro, ganha um sentido heurístico, abrindo novas portas à reflexão.
Até o momento falei de teoria e método nos trabalhos de Gildo. Falo agora de seu comportamento diante do objeto de pesquisa. É interessante relembrar que, tanto em suas falas quanto em seus textos, raras vezes empregava o termo "concluindo". Preferia usar as expressões "tudo somado" ou, mais contundentemente, "feitas as contas". Não era apenas um modo de se expressar. Tratava-se de uma atitude diante do conhecimento e das ideias. Significava: a partir dos dados apresentados e da argumentação desenvolvida, estamos diante de novos elementos que abrem possibilidades a outras direções do pensamento. Ou seja, fizemos um balanço para, a partir dele, iniciarmos, nós ou outros, diferente etapa de investigação. É essa posição diante da vida, da política, do pensamento, dos conflitos que permite a todos que o conheceram reconhecer nele a presença de duas qualidades raramente associadas: era capaz de discutir e de lutar firmemente (e até ferozmente) por suas ideias e, ao mesmo tempo, respeitar a posição dos outros e admitir a pluralidade das opiniões.
Contribuições teórico-metodológicas, atitude impecável diante da pesquisa e valorização do trabalho coletivo são alguns pontos que destaquei como parte da herança que nos legou. No entanto, existem muitíssimas outras razões para lamentar o vazio que sua personalidade firme deixou. Sei que nem de longe consegui exprimir em palavras a admiração que sinto por Gildo e os laços de amizade que nos uniram.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, Gildo Marçal. (1977), "Totalidade e Determinação Econômica". Temas de Ciências Humanas, nº 1.         [ Links ]
______. (2007), Linhagens do Pensamento Político Brasileiro. São Paulo, Hucitec.         [ Links ]
______. (2009), Memorial de Atividades. Apresentado no concurso de titularidade do Departamento de Ciência Política, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Universidade de São Paulo, São Paulo.         [ Links ]


(Recebido para publicação em maio de 2010)








Gildo Marçal Brandão


Enviado em 11 de ago de 2011
O jornalista e cientista político Gildo Marçal Brandão conta porque aceitou, em 1978, o desafio de dirigir a redação de Voz da Unidade, o primeiro jornal do PCB distribuído legalmente em décadas. Dias depois do depoimento, Gildo faleceu. Registramos aqui a nossa homenagem.




Entrevista - Ledo Ivo (poeta) 1/2







Entrevista - Ledo Ivo (poeta) 2/2




Imagem Peninsular de Lêdo Ivo



“Na virada da primeira década do século XXI, nossa legislação processual penal permanece atrelada à codificação elaborada no longínquo ano de 1941, o nosso incansável Código de Processo Penal.”

“Evidentemente, de lá para cá muito foi alterado. Não fosse isso, e certamente ainda estaríamos nas trevas de uma cultura confessadamente autoritária. Mas continuamos a aguardar uma reforma mais atualizada com os novos sopros da pós-modernidade.”

“Nosso Código é de 1941, o que, por si só, já explica o elevado grau da superação de seu conteúdo originário.”

“A Ló, Pedro Ivo, Isabela e Gabriel, por todas as razões.”


Eugênio Pacelli Curso de Processo Penal 20ª edição revista e atualizada Editora Atlas Ltda 2016