segunda-feira, 4 de setembro de 2023

DEMOCRACIA, PRESENTE

"Momento de silêncio para um homem decente." Luiz Sérgio Henriques ---------- ------------- Tchaikovsky - Lago dos Cisnes (Cisne Negro) ___________________________________________________________________________________ ----------- ---------- Roda Viva | José Gregori | 1997 Roda Viva Recebemos no Roda Viva, em 1997, o secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori. A carreira do advogado paulistano José Gregori tem dois fatos marcantes. A luta pelos direitos humanos e as cinco vezes em que foi chefe de gabinete de diferentes ministérios em diversos governos. Gregori presidiu a Comissão de Justiça e Paz nos anos 70 e cobrou a responsabilidade do governo no desaparecimento de presos políticos durante o regime militar. Ele é o autor do projeto que concede indenização às famílias dos desaparecidos políticos. A proposta acabou transformada em lei pelo presidente Fernando Henrique, de quem Gregori é amigo pessoal há 40 anos. Participaram da bancada de entrevistadores Fernando Mitre, diretor de redação do Jornal da Tarde; o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo; Fernando Canzian, editor de Brasil, da Folha de S.Paulo; Luciano Suassuna, redator-chefe da revista IstoÉ; Pedro Cafardo, editor-chefe do jornal O Estado de S. Paulo; e o Marcelo Pontes, diretor de redação do Jornal do Brasil. ___________________________________________________________________________________ ------------ ___________________________________________________________________________________ Fernando Henrique Cardoso segue curando as dores das perdas com desenlaces daqueles amigos que o céticos e cínicos costumam alegar que, para contar, basta os dedos de uma única mão. ___________________________________________________________________________________ -----------
----------- José Gregori foi não apenas meu ministro. Foi meu amigo desde os anos 50. Companheiro de toda minha vida adulta. Compartilhamos, Ruth e eu, com Maria Helena e ele, amizade e convicções. O laço se fez mais forte na adversidade e se estendeu às filhas, Maria Stella, Bibia e Ticha. Post Fernando Henrique Cardoso @FHC ___________________________________________________________________________________ ------------ ___________________________________________________________________________________ 8 de janeiro de 2023 ___________________________________________________________________________________
----------- CPI DOS ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS ---------- ----------- Reunião Ordinária 10H00 - CPI dos Atos Antidemocráticos - 04/09/2023 ---------- General G. Dias não informou sobre alertas da ABIN, diz Penteado Publicado em 04/09/2023 14h16 Foto: Eurico Eduardo/Agência CLDF O general Carlos José Russo Assumpção Penteado foi ouvido nesta segunda-feira (04) pela CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Distrital. Penteado era secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) em 08 de janeiro, dia dos ataques. Ele já pertencia ao GSI na gestão anterior, do General Heleno, e foi mantido no atual governo sob comando do general Gonçalves Dias. À comissão, Penteado declarou que não recebeu nenhum alerta de segurança emitido pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e que essa “falha de comunicação” teria sido responsável pela invasão e depredação do Palácio do Planalto. “Todas as ações do GSI no dia 08 estão diretamente relacionadas à retenção, pelo ministro Gonçalves Dias, dos alertas produzidos pela ABIN, que não foram disponibilizados oportunamente”, declarou Penteado. Ele reafirmou, durante todo o depoimento, que houve um represamento da comunicação por parte do então ministro G. Dias. “Se a coordenação de análise de risco tivesse tido acesso ao teor dos alertas encaminhados ao ministro G. Dias pelo diretor da ABIN, Saulo Moura, teríamos impedido a invasão do Palácio do Planalto”, concluiu. Os distritais questionaram Penteado sobre a ineficácia do “plano escudo” frente à invasão. Penteado explicou que o plano, que serve para a defesa do Palácio Presidencial, é uma ação preventiva e que não foi dimensionado à quantidade de manifestantes, novamente, pela falta de informações repassadas. “A partir do momento que eles rompem [as barreiras da polícia], não se fala mais em plano escudo, não há mais prevenção, tivemos que começar uma retomada do prédio”, afirmou. Penteado se negou a comentar a fala do General G. Dias, em depoimento à CPI em junho, afirmando que não o nomearia novamente a fazer parte da equipe do GSI. Acampamentos Sobre os acampamentos de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro instalados na frente do quartel-general do exército em Brasília, o general declarou que não era atribuição do GSI realizar o monitoramento e nem a análise sobre o risco potencial do que ocorria lá. Além disso, Penteado respondeu ao presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), que “não tinha informações de que os acampados estariam planejando um golpe”. Convicções políticas Questionado por Vigilante, o depoente negou que tenha agido sob influência de qualquer convicção política e contou que já trabalhou para 11 presidentes. “Sirvo ao Estado, não a presidente”, declarou. Ele negou também que tenha havido qualquer facilitação para a entrada dos invasores por qualquer membro do GSI. Fábio Félix (PSOL), no entanto, relembrou postagens de cunho político que Penteado fez em suas redes sociais. Num post, Penteado compartilha uma fala supostamente atribuída ao ex-presidente João Figueiredo criticando o Partido dos Trabalhadores (PT). Ele compartilhou ainda uma publicação do General Villas Bôas com críticas à esquerda. Ainda assim, Penteado reafirmou que jamais misturou suas convicções políticas com sua atuação no GSI. “Essas publicações são de 2018. Não tínhamos uma portaria que regulava as redes sociais. Tudo que foi feito no GSI enquanto eu estava lá foi em defesa do Estado”, defendeu-se. Distritais dizem que General Gonçalves Dias “mentiu” O deputado Joaquim Roriz Neto (PL) criticou duramente a postura do general Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI, com relação às ações do 08/01. O distrital leu manchetes de notícias relacionadas a depoimentos de G. Dias afirmando que ele “mentiu por diversas vezes”. Thiago Manzoni (PL) também criticou o depoimento de G. Dias à CLDF em 22/06, afirmando que o que ele havia dito contraria tudo o que foi verificado em outras oitivas, inclusive a do General Penteado. “Ele [G. Dias] mentiu para nós de forma descarada”, afirmou Manzoni. Os distritais alegaram que General G. Dias teria sido omisso no combate às invasões pois ele tinha conhecimento dos relatórios da ABIN e não agiu para impedir os ataques. Os deputados criticaram também o fato de G. Dias, no depoimento prestado em junho, não ter assumido a culpa pelos erros que desencadearam a invasão do Palácio do Planalto. A CPI se reúne novamente na próxima semana. Acompanhe o calendário das oitivas para setembro e outubro: - 14/09: Walter Delgatti Neto; - 21/09: Coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra; - 28/09: Ana Priscila Azevedo; - 05/10: Major Cláudio Mendes dos Santos; - 09/10: Major José Eduardo Natale de Paula Pereira; - 19/10: Saulo Moura da Cunha e - 26/10: Coronel Reginaldo Leitão. Christopher Gama - Agência CLDF ___________________________________________________________________________________ ----------- ___________________________________________________________________________________ 11 de setembro de 1973. __________________________________________________________________________________ ----------
---------- Sylvia Colombo* - Polarizado, Chile relembra o golpe Folha de S. Paulo 50 anos do golpe no Chile coincidem com ascensão da ultradireita Em recente entrevista à rede CNN, uma das filhas de Salvador Allende (1908-1973), a senadora Isabel Allende —não confundir com a escritora homônima, que tem outro grau de parentesco com o líder socialista— afirmou que, no aniversário de 40 anos do golpe de Estado, o então presidente Sebastián Piñera, de direita, pôde dar uma mensagem muito mais clara de reforço à democracia e rejeição da ditadura militar do que o atual líder, o centro-esquerdista Gabriel Boric, tem conseguido. "Boric está pedindo uma revisão crítica do governo da Unidade Popular [coalizão de Allende], puramente por conta da pressão da oposição", disse a senadora, cujo último abraço em seu pai ocorreu poucas horas antes do bombardeio do La Moneda, em 11 de setembro de 1973. A proximidade dos 50 anos dos atos que recordam o ataque ao icônico edifício em Santiago, o suicídio de Allende, o fim do projeto de chegar ao socialismo pela via democrática e o início de uma cruel ditadura militar que se estendeu até 1990 acentuou a polarização chilena. Boric enfrenta problemas em várias frentes, como as reformas que não tem conseguido aprovar por conta de um Congresso opositor, a tentativa de reescrever a Constituição que está tomando rumo diferente do desejado, além de conflitos no sul, com os mapuche, e no norte, com o aumento do fluxo de imigrantes da Venezuela. O cinquentenário de uma das maiores tragédias da história do país ocorre justo no momento de maior influência da direita e da ultradireita chilenas desde o fim da ditadura. Boric buscou emitir mensagem muito clara de reforço à democracia e rejeição às violações de direitos humanos cometidas no período. Mas os primeiros entraves foram colocados pela própria esquerda do Partido Comunista, crítico ao giro ao centro que o governo deu buscando uma conciliação nacional. A histórica sigla fez enorme pressão para que o presidente retirasse a nomeação do jornalista Patrício Fernández, de centro-esquerda, do comando das atividades sobre os 50 anos do golpe. Fernández, um progressista que lançou um jornal, o The Clinic, justamente de crítica ao pinochetismo, pareceu ao PC um nome demasiado brando. Boric, então, entregou as celebrações a distintos ministérios. Espera-se um ato simbolicamente grandioso, com programação intensa. Entre as atividades estão um abraço ao La Moneda, uma marcha de mulheres e um evento no Estádio Nacional com velas para recordar os que estiveram presos ou morreram no local. Para o evento principal devem estar presentes os presidentes AMLO (México), Alberto Fernández (Argentina) e Gustavo Petro (Colômbia), entre outros. O presidente Lula (PT) foi convidado, mas sua viagem à Índia por conta do G20 deve impedi-lo de estar presente. Ainda com a grande festa encomendada e as recentes medidas tomadas pelo governo pelo esclarecimento da verdade e pela busca de pessoas desaparecidas, a crise política amarrou as mãos de Boric nessa comemoração. Com o partido do ultradireitista José Antonio Kast dominando a Assembleia Constituinte e a direita em geral com a maioria no Congresso, Boric busca não melindrar demasiado o setor. O presidente chileno havia pedido a todas as forças políticas que assinassem a declaração conjunta "Pela Democracia, Hoje e Sempre". Nem o PC nem a direita o farão. Nos últimos meses, congressistas de direita relativizaram as crueldades cometidas por Pinochet. É uma pena que não seja possível separar a memória de uma data trágica e seus mais de 3.000 desaparecidos da turbulenta política atual. *Historiadora e jornalista especializada em América Latina, foi correspondente da Folha em Buenos Aires. É autora de 'O Ano da Cólera' ___________________________________________________________________________________ ----------- ___________________________________________________________________________________ Em 25 de outubro de 1975 ___________________________________________________________________________________ ------
---------- Atestado de óbito de Vladimir Herzog dirá que morte foi por maus tratos Viúva do jornalista receberá na próxima sexta-feira o documento corrigido. Da Redação segunda-feira, 11 de março de 2013 "Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados". Vladimir Herzog https://www.migalhas.com.br/quentes/174000/atestado-de-obito-de-vladimir-herzog-dira-que-morte-foi-por-maus-tratos ___________________________________________________________________________________ -----------
----------- G1 - Miriam Leitão relata torturas sofridas durante a ditadura militar - notícias em Rio de Janeiro --------- Míriam Leitão - País preso entre tempos O Globo Da busca pela justiça por crimes cometidos na ditadura ao caminho correto do orçamento, o Brasil tem novos embates e velhas dores não resolvidas Ele agora tem cabelos brancos, mas a primeira vez que eu o vi, numa foto de jornal, era um menino, de nove anos, abraçado à mãe na Catedral da Sé. Agarrava-se para não naufragar na dor e sustentar a mãe e o irmão menor, ao mesmo tempo. Na semana passada, com seus cabelos brancos, Ivo Herzog foi visitar autoridades em Brasília e, na foto divulgada, está ao lado do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, mas esteve com outros integrantes do governo. Conversou nesses encontros sobre questões jurídicas que o Brasil jamais enfrentou. Uma ação movida pelo Instituto Vladimir Herzog na Corte Interamericana de Direitos Humanos levou à condenação do Estado brasileiro pela morte do seu pai, o jornalista Vladimir Herzog. O Brasil é um país intenso. Não me culpem se eu navego no tempo nesta coluna de jornal. Na semana passada, enquanto Ivo seguia na sua peregrinação em busca de justiça para o pai assassinado no II Exército há 47 anos, o terceiro governo Lula vivia suas ambiguidades diante do Orçamento de 2024. A peça que foi para o Congresso desagradou a esquerda e a direita. A esquerda do governo acha que o ministro Fernando Haddad não deveria perseguir o déficit zero em 2024, mas ele acha que isso é a garantia da estabilidade econômica, monetária e política do governo. A direita sustenta que ele deveria anunciar corte de gastos, em vez de apostar em R$ 168 bilhões de receita nova e incerta. O ambientalismo estranha que o governo corte 16% do Ministério do Meio Ambiente e eleve em 133% o orçamento do Ministério dos Transportes. A oposição acha que o governo deveria fazer a reforma administrativa, que foi formulada no governo da extrema direita. O funcionalismo teme não conseguir um reajuste maior do que 1% em 2024. Isso é o presente com suas refregas. O passado tem dores insepultas. Há cinco anos, o governo brasileiro foi condenado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos por não ter punido os responsáveis pela morte de Vladimir Herzog. A ação fora movida pelo IVH e o Cejil, Centro pela Justiça e o Direito Internacional. O julgamento ocorreu durante o governo Temer. A Advocacia-Geral da União sustentou a tese de que a Lei de Anistia perdoara também os crimes cometidos pelos agentes do Estado. Nada havendo, portanto, a fazer. A CIDH entendeu diferente e condenou o Estado brasileiro, por unanimidade, em 15 de março de 2018, a reparar o crime, reiniciar as investigações da morte, punir os responsáveis e considerou que aquele era um “crime contra a Humanidade”, portanto, imprescritível. Ivo, em Brasília, tentou sensibilizar o novo governo para, cinco anos após a decisão da Corte, retomar o diálogo sobre essa sentença. Na mesma semana — porque o passado assombra quem não o enfrenta — o país discutia uma emenda constitucional para que sejam barrados nos quartéis os militares que entrarem na política. Ao mesmo tempo, um tenente-coronel da ativa e um general da reserva, pai e filho, Mauro Cid e Mauro Lourena Cid, depunham na Polícia Federal, revelando informações que talvez esclareçam uma trama golpista em pleno século XXI. Nesse tempo presente, o PIB cresceu no segundo trimestre mais do que todo o mercado financeiro previa. Deu 0,9%, quando as projeções estavam em 0,3%. Um ano que cresceria menos de 1%, pelas previsões iniciais, pode terminar com 3%. Isso é bom, mas não elimina as críticas feitas ao Ministério da Fazenda pela esquerda do partido do governo. Ela ainda acha que equilíbrio fiscal é um projeto neoliberal. Em 25 de outubro de 1975, Ivo e André Herzog, de 9 e 5 anos, ficaram órfãos, e Clarice, viúva. Trinta anos antes, Vladimir Herzog era um menino e chegava ao Brasil fugindo da perseguição aos judeus. Aos 38 anos, foi preso, torturado e morto por militares brasileiros. Seus assassinos nunca foram punidos. Por isso, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil. Agora Ivo acalenta um sonho. O de que o dia 25 de outubro seja considerado o dia da democracia. É justo. A morte de seu pai foi um ponto de inflexão na luta contra a ditadura militar. O Brasil vai vivendo assim. Tem novos embates e velhas dores não resolvidas. Um país prisioneiro do tempo, incapaz de olhar nos olhos do passado, remoto ou recente, corrigir os erros, punir os crimes e definir o caminho que deve tomar em busca do seu futuro. ___________________________________________________________________________________ --------- Nassim Taleb: criador de conceitos como Cisne Negro e Antifrágil lida com riscos, probabilidades e incertezas
---------- (David Levenson/Getty Images) ----------- Nome: Nassim Nicholas Taleb Ocupação: Economista e professor emérito na Universidade de Nova York Local de nascimento: Amioun, no Líbano Ano de nascimento: 1960 Quem é Nassim Taleb “Essa é a maior ilusão da vida: a aleatoriedade é um risco, que é uma coisa ruim.” A frase é uma das muitas que pode sintetizar a obra de Nassim Nicholas Taleb. Nascido em Amioun, no Líbano, em 1960, ele é um dos maiores especialistas no estudo de probabilidades e incertezas. Filho de um médico oncologista e de uma antropóloga e com origem greco-ortodoxa, Taleb e a família deixaram o país para fugir da Guerra Civil, iniciada em 1975, e foram para a França. Lá, ele se graduou em Economia pela Universidade de Paris, onde mais tarde também obteve o título de PhD. Taleb ainda tem MBA pela Wharton School, ligada à Universidade da Pensilvânia (EUA), e é considerado um dos 25 graduados mais influentes da instituição. O economista é autor da coletânea “Incerto”, traduzida para 41 idiomas, e já escreveu mais de 70 artigos sobre estatística matemática, genética, finanças, filosofia e economia em torno da noção de risco e probabilidade. Com amplo conhecimento em línguas, incluindo aramaico e árabe clássico, Taleb tem entre seus hobbies o interesse por filologia, que é o estudo de documentos antigos, línguas antigas e matemática recreativa. Carreira Atualmente, Nassim Taleb é professor emérito de engenharia de risco da Universidade de Nova York e assessora o Universa Investments. Ele se dedica, principalmente, aos estudos das incertezas e ao gerenciamento de riscos, em especial os não lineares. Depois da graduação na França, Taleb se mudou para os Estados Unidos, onde construiu sua fortuna atuando no mercado financeiro por 21 anos. Começou atuando na área de derivativos e foi logo no início da carreira, aos 27 anos, que conquistou sua independência financeira, após a crise financeira de 1987. Mas também garantiu ganhos em outros momentos de crise e caos, como o estouro da bolha das empresas de internet, em 2000, e teria sido um dos poucos a prever a crise global intensificada a partir da quebra do Lehman Brothers, em 2008. Ao longo desses anos, passou por instituições como Credit Suisse First Boston, UBS, BNP Paribas, Indosuez (hoje Calyon), Bankers Trust (agora Deutsche Bank). Também atuou como trader independente. Foi em 2006, no entanto, que Taleb começou a transição de carreira para atuar como pesquisador e mergulhar em estudos práticos sobre probabilidade, gerenciamento de risco, matemática e filosofia. Sobre a atual crise, Taleb diz que a nova pandemia de coronavírus era previsível e se mostra irritado quando a classificam de “Cisne Negro”. A previsibilidade está baseada no fato de que, em janeiro, quando a Covid-19 estava mais restrita à China, houve o alerta de que a alta conectividade no mundo levaria a um crescimento não linear do vírus. Esse alerta, que partiu de dois pesquisadores, não foi ouvido pelos governos, mas esteve no radar de Taleb. Um dos fundos que o tem como principal conselheiro registrou um ganho de mais de 3.000% em março, quando mercados em todo o mundo derretiam. Conceitos e estratégias de investimento A base dos conceitos de Taleb está reunida na coletânea “Incerto”, apresentada na biografia oficial do autor como “um ensaio filosófico sobre a incerteza” para ser lido sem ordem específica. A obra tem cinco volumes: “Iludidos pelo Acaso: A influência da sorte nos mercados e na vida”, “A lógica do Cisne Negro”, “A cama de Procusto: Aforismos filosóficos e práticos”, “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos” e “Arriscando a própria pele: Assimetrias ocultas no cotidiano”. Em “Iludidos pelo Acaso”, o autor destaca a aleatoriedade e defende que a relação de causa e efeito é ultra valorizada. Ele argumenta que, embora possa desagradar alguns, nem sempre é possível explicar acontecimentos por essa relação. Para Taleb, é necessário se preparar para eventos inesperados e aproveitar as oportunidades para se fortalecer. O segundo livro dessa coletânea, e um dos que mais repercutiu, é o que apresenta o conceito de Cisne Negro. O termo se refere a eventos, que podem ser tanto positivos como negativos, com três principais características: imprevisível e raro; compreensível só depois de ocorrido; e com consequências extremas. O ataque às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001 é um dos acontecimentos apontados por Taleb como Cisne Negro. Ao assinalar com cerca de um ano de antecedência a crise de setembro de 2008, considerada por ele outro Cisne Negro, Taleb foi chamado de guru das finanças, termo que rechaça veementemente. Outro conceito bastante importante na obra de Taleb é o de antifragilidade. O autor defende que o oposto de ser frágil não é ser robusto ou resiliente, mas alguém que supera a incerteza, sem ser destruído por ela. Na visão do autor, o ideal é ser antifrágil, ou seja, aproveitar o caos para evoluir. Dessa forma, a incerteza se torna desejável e necessária. Além da evolução, uma pessoa antifrágil estaria imune a erros de previsão e protegida de eventos adversos. Em seu livro mais recente, que em português ganhou o título de “Arriscando a própria pele”, Taleb trata da importância de se expor aos riscos em diferentes áreas da vida, embora muitas pessoas, mesmo em posição de destaque, não tenham esse hábito. Para o autor, para viver em um ambiente de riscos e imprevisibilidade como o mercado financeiro, é preciso se envolver. Nesse caso, o exemplo se daria por gestores que podem investir ou não recursos próprios no produto administrado. Uma das estratégias de investimento desenvolvidas por Taleb foi a de Halter, também conhecida por Barbell. Nela, o profissional defende que o investidor mantenha-se livre da possibilidade de quebrar totalmente, montando uma carteira com 60% a 90% em aplicações de baixo risco e uma parcela de 10% a 30% em investimentos de altíssimo risco, sem perder tempo com aplicações de médio risco. Com essa estratégia, se ocorrerem perdas, elas seriam limitadas a no máximo 30% do capital. Por outro lado, investimentos ultra agressivos teriam potencial de ganho ilimitado, com um retorno exponencial em caso de sucesso. Assista a alguns trechos da entrevista concedida durante a Expert XP 2020: --------- --------- Para saber mais Quer saber mais sobre a vida e obra de Nassim Taleb? Confira abaixo a seleção do InfoMoney com mais referências sobre Taleb: Livros: “Iludidos pelo Acaso: A influência da sorte nos mercados e na vida” “A lógica do Cisne Negro” “A cama de Procusto: Aforismos filosóficos e práticos” “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos” “Arriscando a própria pele: Assimetrias ocultas no cotidiano”. Vídeos: Talks at Google: Nassim Taleb Extreme events and how to live with them by Nassim Nicholas Taleb https://www.infomoney.com.br/perfil/nassim-taleb/ ___________________________________________________________________________________

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