segunda-feira, 5 de setembro de 2022

TEMPO INDOMÁVEL

*** Imagem de arquivo mostra Carlos Bracher fazendo pintura de Belchior — Foto: Ateliê Bracher/Divulgação https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2022/09/01/carlos-bracher-pinta-quadros-no-cine-theatro-central-em-juiz-de-fora.ghtml ********************************* " - Acho fascinante a física de Bohr, mesmo com suas dificuldades. (...) Bohr usa a mecânica clássica e a teoria quântica como um pintor usa os pincéis e as cores. Os pincéis não determinam o quadro, e a cor nunca é a realidade completa; mas, se conservar o quadro na mente, o artista pode usar o pincel para transmitir aos outros, não importa de quão inadequada forma, sua imagem mental. (...) O fato de ele não conseguir expressá-la por meios linguísticos e ou técnicas matemáticas adequados não é um desastre. Ao contrário, aponta para uma tarefa extremamente sedutora." * Shakespeare, Hamlet, ato II, cena II. (N. da T.) CONTRAPONTO A PARTE E O TODO HEISENBERG https://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2022/09/estacoes-necessarias.html ****************************************************************************** *** Coração Selvagem Belchior Ouça Coração Selvagem Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão Eu quero um gole de cerveja No seu copo, no seu colo e nesse bar Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja Não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que a alma deseja Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo Tenho pressa de viver Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar Tempo para ouvir o rádio no carro Tempo para a turma do outro bairro ver e saber que eu te amo Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente Sim, já é outra viagem E o meu coração selvagem tem essa pressa de viver Meu bem, mas quando a vida nos violentar Pediremos ao bom Deus que nos ajude Falaremos para a vida Vida, pisa devagar, meu coração, cuidado, é frágil Meu coração é como vidro, como um beijo de novela Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão O meu som e a minha fúria, e essa pressa de viver E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza E arriscar tudo de novo com paixão Andar caminho errado pela simples alegria de ser Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo, vem morrer comigo Meu bem, meu bem, meu bem Talvez eu morra jovem, alguma curva do caminho Algum punhal de amor traído completará o meu destino Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo, vem morrer comigo Meu bem, meu bem, meu bem Meu bem, meu bem, meu bem Que outros cantores chamam baby Que outros chamam baby Que outros chamam baby, meu bem Ouça Coração Selvagem Composição: Belchior. É como fala Shakespeare: ele tem uma frase tão bonita, o Shakespeare, "O que comanda o corpo é o espírito." CARLOS BRACHER ***
*** Carlos Bracher abre no Cine-Theatro Central, ao som da Orquestra Sinfônica Pró-Música, a “Série Juiz de Fora: um Tributo à Terra Natal” Publicado em 29 de agosto de 2022 Divulgação Em performance histórica, o artista Carlos Bracher pinta, ao vivo, um quadro do Cine-Theatro Central, acompanhado pela Orquestra Sinfônica Pró-Música, que executa um repertório especialmente selecionado para a ocasião. O evento, que acontece na próxima sexta-feira, dia 02 de setembro, marca o início da “Série Juiz de Fora: um Tributo à Terra Natal”, em que o pintor se propõe a produzir 25 obras em homenagem à cidade. No mesmo dia, das 13 às 16 horas, Bracher retrata a fachada do teatro, realizando uma criação conjunta e interativa com alunos da rede pública de ensino e de instituições sociais. Ele conta que há cerca de dois meses fez um comovente trabalho, em Brasília, com pessoas cegas e surdas. “Eram 80, e me senti diante de outro instante precípuo em minha vida: o de atuar com esses seres com questões gravíssimas”. A partir dessa experiência inicial e dos resultados enriquecedores, o artista se sentiu compelido a fazer algo similar em Juiz de Fora. “A ideia foi evoluindo, no sentido de trabalhar com 50 crianças de escolas municipais, além de cegos e instituições congêneres de amparo social”, observa, destacando que a atual proposta envolve não apenas a pintura coletiva a partir da Praça João Pessoa, mas a de fazer a arte tocar profundamente todos os participantes. Um encontro sublime ***
*** Divulgação *** Bracher destaca que a união entre música e pintura prenuncia algo realmente belo, conduzida em um ato de sublimidade. Neste primeiro momento, os dois quadros a serem criados têm uma proporção grandiosa, ambos medindo 200x150cm. “Trata-se de um enlevo, uma forma encantada de permear a criação através da música. Cores e sons envolvendo-se em um tributo poético de nossas almas coletivas, as crianças e eu nesse universo pungente de se doar. Que as forças astrais nos conduzam”, diz. Ele ressalta que sempre teve o desejo de realizar uma série de pinturas específicas sobre Juiz de Fora, exatamente como fez, em 2007, tendo Brasília como referência. “Escolhemos o Central como sendo o início dessa sequência criativa que representa uma homenagem à cidade onde nasci”, assinala, referendando o teatro como um ícone que representa toda a grandiosidade de sua terra natal. ***
*** Foto: Fernando Itaborahy *** Para acompanhar as pinceladas do artista, o maestro da Orquestra Sinfônica Pró-Música, Victor Cassemiro, prepara, juntamente com o idealizador do projeto, um repertório marcado por clássicos, em composições de Mozart, Bach, Haendel, Puccini, Morricone e Carlos Gardel, entre outros, com interpretação de 25 instrumentistas. “O programa em si reserva ainda surpresas para o público”. Segundo o regente, este é um momento especial em sua trajetória e na da própria Orquestra. “É uma honra e uma alegria muito grande participar de um evento articulado por um artista tão renomado e que sempre admiramos. Pela minha amizade com seu irmão, Paulo Bracher, que é presidente de honra do Coral Pró-Música, tive acesso à residência da família, o Castelinho, onde pude conhecer um pouco melhor a história de Carlos e apreciar um pouco de sua obra”, comenta. Radicado em Ouro Preto há mais de 50 anos, Carlos Bracher é natural de Juiz de Fora, cidade em que iniciou suas atividades artísticas, com ênfase em pinturas e esculturas. Aos 27 anos, foi ganhador do “Prêmio de Viagem ao Estrangeiro”, promovido pelo Museu Nacional de Belas Artes. Ao longo de sua carreira, o artista expôs no Brasil e no exterior, produzindo diferentes séries temáticas, tais como “Homenagem a Van Gogh”, “Do ouro ao aço”, “Tributo a Aleijadinho” e “Série Bracher/Brasília”. Agora, aos 81 anos, deflagra, no Cine-Theatro Central, seu novo projeto, com a produção de um total de 25 obras para uma série especialmente dedicada à cidade em que nasceu. O empreendimento, que tem entrada franca mediante convites, é resultado dos esforços da Arts Realizações, BPS, Prefeitura de Juiz de Fora e Cine-Theatro Central/UFJF. Para as performances no palco, os ingressos gratuitos devem ser retirados antecipadamente, na recepção do teatro (Praça João Pessoa, s/n), entre os próximos dias 30/08 e 02/09, das 9 às 12 horas e das 14 às 17h30, havendo o limite de dois ingressos por pessoa. O Cine-Theatro Central abriga até 1232 assentos na plateia. https://www.theatrocentral.com.br/2022/08/29/carlos-bracher-abre-no-cine-theatro-central-ao-som-da-orquestrasinfonica-pro-musica-a-serie-juiz-de-fora-um-tributo-a-terra-natal/ ********************* *** Doença da Alma A história revela que não existe cura para o fanatismo Por Murillo de Aragão Atualizado em 2 set 2022, 19h58 - Publicado em 4 set 2022, 08h00 ***
*** Regimes democráticos devem combater o fanatismo radical que, fatalmente, desemboca em restrições às liberdades e garantias Josemar Goncalves/AGIF/AFP *** A existência de comportamentos religiosos fanáticos, como disse o teólogo francês Adrien Candiard, é um sofrimento e uma interrogação. Já na política, o fanatismo é apenas um sofrimento, uma vez que as suas causas são entendidas, mesmo que injustificáveis. Ainda citando Candiard, o termo fanatismo parece um tanto obsoleto, visto que se utiliza de outros termos como radicalismo ou fundamentalismo. Mas, independentemente da atualidade do termo, o fanatismo está presente e é uma doença do espírito. Voltaire, em seu dicionário filosófico, o define como tal. Fanáticos degolaram aqueles que não iam às missas na Noite de São Bartolomeu, em 1572. Lideraram os cruéis processos da Inquisição iniciados em 1478. A evolução da humanidade nos dois últimos séculos não nos privou do fanatismo que adentrou o século XX com o nazismo, o comunismo e seus milhões de mortes. Ainda no novo século, grupos terroristas trouxeram sofrimento e indignação. Os exemplos citados nos revelam tanto o fanatismo religioso quanto o fanatismo político. O pior é quando os dois se misturam para promover o caos, o medo e o terror. A história nos revela, até agora, que não existe cura para o fanatismo. Que se reinventa e se apresenta sob pretextos religiosos, políticos e até mesmo esportivos para dar vazão aos piores instintos de crueldade que existem no ser humano. “Na democracia, há complacência com o uso da liberdade de expressão para promover ideias radicais” A peste da alma, nas palavras de Voltaire, pode ser temporariamente contida. Porém vai se reinventado para dar vazão à crueldade do homem em uma permanente luta entre o bem e o mal. Mas, afinal, o que é o fanatismo político? O fanatismo é um estado psicológico obsessivo de fervor ou admiração excessiva por ideias, conceitos, temas e pessoas. Onde não se reconhecem valor e virtude no outro e nos seus argumentos. E visa a instilar nos indivíduos e nos grupos sociais motivação para posturas e atitudes extremadas. Ao vivermos em Estados democráticos infelizmente existe uma certa complacência com narrativas fanáticas que usam da liberdade de expressão para promover ideias radicais e antidemocráticas. O que fazer? O caminho parece ser a difusão da informação de forma ampla e plural. Ainda assim, regimes ditatoriais sobrevivem à inundação de informações pelas redes sociais, o que coloca um desafio adicional. Dessa forma, apenas a informação pode não ser suficiente. Regimes democráticos devem combater o fanatismo radical que, fatalmente, desemboca em restrições às liberdades e garantias. Como? Promovendo o desenvolvimento social, combatendo males como a desigualdade, o racismo, a corrupção, o corporativismo, a desinformação, entre outros. E tendo a Constituição como marco maior. Mesmo assim, não há garantia de que a peste da alma não reapareça, com novas formas e narrativas, aproveitando do fato de que o ser humano é insatisfeito por natureza. Vale lembrar Nelson Rodrigues, que disse que não há “nada mais cretino e mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política”. “É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.” Publicado em VEJA de 7 de setembro de 2022, edição nº 2805 Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/murillo-de-aragao/a-doenca-da-alma/ https://veja.abril.com.br/coluna/murillo-de-aragao/a-doenca-da-alma/ **********************************************************************

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