Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Recado
O dia em que Drummond descobriu Cora Coralina
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A verdadeira coragem é ir atrás de seu sonho mesmo quando todos dizem que ele é impossível.Cora Coralina
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Cora Coralina.
Não tenho o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu verso é água corrente, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudades de Minas, tão irmã do teu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no coração do Brasil um ser chamado Cora Coralina.
Todo o carinho, toda a admiração do seu.”
- Carlos Drummond de Andrade, Rio de Janeiro, 14 de julho de 1979. [publicado "Villa Boa de Goyaz", de Cora Coralina. São Paulo: Global editora, 2001].
Aninha respondeu:
“Carlos Drummond de Andrade. Meu amigo, meu Mestre.
Com alguma demora no recebimento de sua mensagem e maior da minha parte, vai aqui na pobreza deste papel de que só vale o branco, meu agradecimento àquele que de longe e do alto atentou para a pequena escriba, sem lauréis e sem louros, sem referências a mencionar. Sua palavra, espontânea e amiga, fraterna veio como uma vertente de água cristalina e azul para a sede
de quem fez longa e dura caminhada ao longo da vida. Abençoado seja o homem culto que entrega ao vento palavras novas que tão bem ressoam no coração de quem tão pouco as tem ouvido. Despojada de prêmios e de láureas caminha na vida como o trabalhador que bem fez rude tarefa, sozinho, sem estímulos e no fim contempla tranqüilo e ainda confiante a tulha vazia.
Meu Mestre. Meu Irmão. Que mais acrescentar? Eu sou aquela menina despenteada e descalça da Ponte da Lapa. Eu sou Aninha.”
- Cora Coralina. cidade de Goiás, 02 de setembro de 1979.
A correspondência entre eles continuou a partir de então e o poeta não cansou de divulgar a obra de Cora Coralina.
Um dia, em 1979, Cora Coralina recebeu uma carta de Carlos Drummond de Andrade. O poeta não a conhecia, mas havia tomado contato com sua obra. A carta é reproduzida na orelha de seus livros, editados pela Global Editora. Drummond tomou para si a tarefa de apresentar a poetisa ao Brasil.
20120423bCora tinha então 90 anos – nasceu em 20 de agosto de 1889 – e tinha vivido a maior parte de sua vida como doceira na Cidade de Goiás, também conhecida como Goiás Velho. A cidade foi declarada pela Unesco em 2001 Patrimônio Cultural da Humanidade por seu centro histórico preservado, com casarões e igrejas de arquitetura barroca.
Apesar de Cora Coralina escrever versos desde a adolescência, seu primeiro livro, Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, só foi publicado em 1965, às vésperas de ela completar 75 anos. O aval de Carlos Drummond de Andrade trouxe a Cora o reconhecimento literário. Ele continuou a se corresponder com ela. Após lerVintém de cobre, de 1983, escreveu-lhe:
“Minha querida amiga Cora Coralina: Seu Vintém de Cobre é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia (…).”
Cora morreu em 10 de abriu de 1985. A casa em que vivia hoje é uma das atrações mais visitadas. Fica à beira do rio Vermelho e dá título ao único livro de contos de Cora: Histórias da Casa Velha da Ponte. Desde 1989, ali funciona um museu que preserva as memórias e objetos da poetisa. Estão lá seu fogão à lenha e os tachos de doces. Também se pode ver o quarto onde ela escrevia, que Cora chamava de “sobradinho”.
Autoria: Luís Roberto Amabile
Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
Logotipo Faculdade de Letras da PUCRS Faculdade de Letras / PUCRS
https://www.facebook.com/105301281164190/posts/um-dia-em-1979-cora-coralina-recebeu-uma-carta-de-carlos-drummond-de-andrade-o-p/118457229848595/
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Casquinha da Portela
Leva um recado
A quem me deu tanto dissabor:
Diz que eu vivo bem melhor assim
E que no passado fui um sofredor
E agora já não sou
O que passou passou... bis
Vai dizer à minha ex-amada
Que é feliz meu coração
Mas que nas minhas madrugadas
Eu não esqueço dela não
Leva um recado!
https://www.letras.com.br/casquinha-da-portela/recado
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quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Opinião do dia – Simone Tebet*
"Foi um recado claro ao presidente da República [a presença de diversas autoridades, como ex-presidentes]. O maior recado que demos foi com os aplausos. Se o ministro Alexandre de Moraes não começasse a falar, nós não iríamos parar de aplaudir"
*Senadora (MDB) e candidata a presidência da República. Folha de S. Paulo, 18.8.22.
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Dr. Fantástico (Dr. Strangelove) trailer legendado pt br
50.901 visualizações 24 de mar. de 2012 Filme Dr. Fantástico (Dr. Strangelove):
Filme sobre guerra, política, humor negro, sátira, loucura, paranóia, obsessão...
Ficha técnica, sinopse, crítica e como assistir acesse: http://www.jardinsdesofia.com.br
https://www.youtube.com/watch?v=LwLswRLg_qA
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quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Bruno Boghossian - O sonho da elite própria
Folha de S. Paulo
Presidente insiste em personagem antissistema, mas grupo de endinheirados faz torcida organizada por ruptura
Em menos de uma semana, Jair Bolsonaro conseguiu preencher uma cartela com o repúdio de quatro grupos influentes da vida nacional. Na quinta passada (11), um manifesto encabeçado por intelectuais e pela elite econômica denunciou as ameaças golpistas do presidente. Cinco dias depois, cardeais da política e dos tribunais se opuseram aos ataques do capitão e aplaudiram as urnas eletrônicas em cerimônia no TSE.
Bolsonaro disputou a última eleição com o figurino de um candidato que desafiava os interesses dos ricos e poderosos. O presidente tenta renovar a imagem sempre que se vê isolado por esses grupos: andou dizendo que os bancos só defendem a democracia porque perderam dinheiro com a criação do Pix e alega que o establishment trabalha contra ele porque seu governo não cedeu a velhos conchavos.
A ideia é a mesma desde a campanha passada: assumir o rótulo de um movimento antielitista e reivindicar uma suposta legitimidade popular a favor de seus interesses políticos. Essa linha vale tanto para o discurso eleitoral clássico como para suas incansáveis propostas de ruptura ("eu faço o que o povo quiser").
Apesar de aproveitar o personagem, Bolsonaro está muito bem servido por uma elite que parece disposta a ficar a seu lado para o que der e vier. Não são poucos os endinheirados que apostam numa vitória do capitão, enquanto outros querem que ele permaneça no poder mesmo que seja derrotado nas urnas.
Há meses, um grupo de empresários lidera uma torcida organizada do golpismo pelo WhatsApp. Segundo uma reportagem do site Metrópoles, estão lá o notório Luciano Hang e os donos das marcas Multiplan e Coco Bambu, entre outros. Um deles disse abertamente preferir um "golpe do que a volta do PT".
Com empresários amigos, políticos poderosos alimentados com verba pública e aliados em postos-chave, Bolsonaro realizou o sonho da elite própria. Resta saber se essa turma está disposta a pagar a conta dos delírios autoritários do capitão.
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quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Ruy Castro - Bolsonaro embalsamado
Folha de S. Paulo
Foram discursos antigolpe que não precisaram falar em golpe
Enquanto Bolsonaro tinha de engolir sem água o discurso de posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do TSE, sua tropa nas redes sociais disparava milhares de mensagens convocando para ataques ao mesmo TSE nas arruaças de 7 de Setembro. Esses disparos eram como o braço mecânico do "Dr. Fantástico", personagem de Peter Sellers no filme de Stanley Kubrick, automático, incontrolável, programado para fazer sem parar a saudação nazista, e seriam as senhas para um possível golpe contra as eleições. Mas, como Bolsonaro percebeu, a fala de Moraes foi um direto de muay thai contra seu projeto.
O significativo é que a mensagem do discurso —a garantia de que qualquer ameaça às instituições será rechaçada por elas— foi feita na presença dos representantes dessas instituições. Ali estavam os três Poderes da República, a sociedade civil e as missões estrangeiras, o que cobre praticamente o leque. Todos aplaudindo de pé, para constrangimento de Bolsonaro, rígido como uma múmia recém-embalsamada. E houve o que me calou mais fundo: Moraes e demais oradores fizeram uma incisiva pregação antigolpe sem usar a palavra golpe.
Não foi preciso. A ideia de golpe já está no ar há muito tempo, o que anula certas condições indispensáveis para torná-lo possível: a conspiração, o segredo, a surpresa. Todo mundo, inclusive lá fora, sabe hoje que Bolsonaro é golpista.
Quando falei em golpe pela primeira vez neste espaço, na coluna "Remédio para azia", de 13 de dezembro de 2019, leitores me acusaram de estar vendo fantasmas. Ainda se achava que Bolsonaro era só um destrambelhado. Mas ali já se via que, por trás do destrambelho, havia um projeto. Um projeto de golpe.
Desde então, perdi a conta de quantas vezes usei aqui essa palavra. Sempre achei que, quanto mais se falasse de golpe, mais difícil seria tentá-lo. E talvez ainda não se tenha falado o suficiente.
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NAS ENTRELINHAS
Análise: Ciro carrega pedra como Sísifo
Candidato à Presidência da República pela quarta vez, Ciro Gomes nos lembra O Mito de Sísifo de Albert Camus: um eterno subir de montanha carregando uma pedra que sempre rola antes de chegar ao topo.
Luiz Carlos Azedo
postado em 18/08/2022 06:00
Ciro novamente foi emparedado por Lula. As pesquisas mostram que, dificilmente, manterá o patamar de dois dígitos de votação das campanhas anteriores.
Candidato à Presidência da República pela quarta vez, Ciro Gomes nos lembra O Mito de Sísifo, o mais esperto dos mortais segundo a mitologia grega. Ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará, ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e da Integração Nacional do governo Lula, ex-deputado estadual e federal, é um dos políticos mais experientes do país, com reconhecida capacidade administrativa. Concorreu à Presidência em 1998 e 2002 pelo antigo PPS; e, em 2018, pelo PDT, mesma legenda que o abriga neste ano.
"Os deuses condenaram Sísifo a rolar incessantemente uma rocha até o alto de uma montanha, de onde tornava a cair por seu próprio peso. Pensaram (os deuses), com certa razão, que não há castigo mais terrível que o trabalho inútil e sem esperança", escreveu o filósofo existencialista franco-argelino Albert Camus (1913-1960), ao explicar a condição humana no livro O Mito de Sísifo, publicado em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial.
Enfurecido com os golpes que Sísifo aplicava contra os deuses, Zeus mandou Tânato, a deusa da morte, levá-lo ao mundo subterrâneo. Sísifo a presenteou com um colar e elogiou sua beleza. Na verdade, o ornamento era uma coleira, com a qual aprisionou Tânato. Deus dos mortos, Hades libertou Tânato e mandou-a novamente atrás de Sísifo. Antes de ser levado até Hades, Sísifo pediu à sua esposa, Mérope, que não enterrasse seu corpo. Quando encontrou o deus dos mortos, disse que precisava voltar pra casa, para ordenar à esposa que o enterrasse. Assim, enganou a morte pela segunda vez. Zeus e Hades consideraram Sísifo um revoltado e o sentenciaram à punição eterna: levar uma pedra ao alto da montanha e vê-la rolar, para novamente carregá-la até o alto, em um esforço sem fim.
Camus escolheu Sísifo por sua audácia diante da morte. Sua revolta consciente era negar os deuses e aceitar seu destino. Sua liberdade era encarar o absurdo sem nostalgia, salto ou apelo. Sua grandeza foi viver conhecendo todos os riscos. "Esse mito só é trágico porque seu herói é consciente. O que seria sua pena se a esperança de triunfar o sustentasse a cada passo?", indaga Camus.
Emparedado
"O operário de hoje trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que ele se torna consciente. Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão de sua miserável condição: pensa nela durante a descida. A clarividência que deveria ser o seu tormento consuma, ao mesmo tempo, sua vitória. Não há destino que não possa ser superado com o desprezo", ensina Camus.
Em 1998, Ciro rompeu com o então presidente Fernando Henrique Cardoso por causa da emenda da reeleição e deixou o PSDB. Explicitou divergências sobre a venda do patrimônio público, as dívidas interna e externa e valorização artificial do real. Seu programa de governo previa a redução drástica dos juros e a adoção de um câmbio flutuante. FHC foi eleito no primeiro turno, com 53% dos votos, e Ciro ficou em terceiro, com cerca de 10% dos votos.
Com apoio de Leonel Brizola, em 2002 conseguiu formar uma frente com o PPS, PTB e PDT. Seu principal adversário era o tucano José Serra. Suas posições sobre a renegociação da dívida externa assustaram o setor financeiro, mas foi uma declaração infeliz sobre a atriz Patrícia Pillar, sua companheira na época, que pôs sua campanha a perder. No primeiro turno Lula venceu com 46% dos votos, Serra ficou em segundo com 23%, Garotinho em terceiro com 18% e Ciro Gomes em quarto com 12%.
Na campanha de 2018, Ciro disse que "quem estava sangrando o Brasil eram os brasileiros endinheirados". Defendeu a renegociação e o alongamento da dívida interna, e a redução das taxas de juros. Prometeu limpar o nome de devedores no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Com 13,3 milhões de votos(12,47%), foi o terceiro colocado na eleição presidencial. Ciro, novamente, é candidato; de novo, foi emparedado por Lula. Realiza um esforço de Sísifo.
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ciro gomes eleições eleições 2022 lula mitologia grega
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Cornélio (Ney Latorraca) terá sangue nos olhos ao flagrar traição de Dinorá (Maria Padilha)... - Leia mais em https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/novelas/em-o-cravo-e-rosa-cornelio-flagra-dinora-aos-beijos-com-celso-diaba-82705?cpid=txt
https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/novelas/em-o-cravo-e-rosa-cornelio-flagra-dinora-aos-beijos-com-celso-diaba-82705
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Tião Carreiro e Paraíso - O Carteiro
10.625 visualizações 22 de abr. de 2016 Composição: (Carreirinho, Sebastião Victor e Tião Carreiro)
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