Mundo em Mutação
Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
15 DE JANEIRO DE 1985
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Uma data que Lula não deveria esquecer
Publicado em 16/01/2025 - 08:27 Luiz Carlos Azedo
Brasília, Congresso, Eleições, Governo, Memória, Militares, Partidos, Política, Política, Violência
O colégio eleitoral deu 480 votos a Tancredo e 180 a Maluf, apesar do boicote da bancada do PT — apenas três deputados participaram e votaram no político mineiro. A eleição representou o fim do regime militar
Após o golpe militar de 1964, que destituiu o presidente João Goulart, a esquerda brasileira se dividiu: uma cobrara mais radicalidade do governo Jango, outra recomendara moderação. A primeira avaliava que o golpe poderia ser evitado se houvesse uma reação armada; a outra, que isso seria inútil e provocaria um banho de sangue.
Na mesma linha de raciocínio, a primeira partiu para a luta armada, acreditava que derrubaria a ditadura com uma revolução. A segunda, considerava essa opção uma aventura fadada ao fracasso. A melhor alternativa seria unir as forças democráticas contra o regime, em defesa das eleições diretas e da convocação de uma Constituinte. Havia liberais que se opuseram ao golpe, entre eles os pessedistas Tancredo Neves (MG) e Amaral Peixoto (RJ).
Foi um longo caminho, que somente se concretizaria em 15 de janeiro de 1985, por uma via que ninguém tinha previsto: a eleição indireta de Tancredo Neves, no colégio eleitoral criado pelo próprio regime para institucionalizar a ditadura.
Leia também: Eleição de Tancredo Neves completa 40 anos
O velho político mineiro, liberal e conciliador, surfou a onda da campanha das Diretas Já, que mobilizou a opinião pública e promoveu grandes manifestações de protesto. O ponto de partida foi a apresentação de um projeto de emenda constitucional restabelecendo as eleições diretas para presidente da República, em fins de 1983, pelo deputado Dante de Oliveira (MDB-MT).
A emenda mobilizou a opinião pública e as lideranças de oposição, produzindo, também, grande impacto no Partido Democrático Social (PDS), governista, porque havia uma ala que não concordava com a candidatura de Paulo Maluf e desejava o fim do regime. No Congresso, ganhava corpo uma proposta de pacto entre a oposição e os descontentes do PDS, com vistas a lançar um candidato único à Presidência, em pleito direto a ser realizado em novembro de 1984. Tancredo seria esse candidato, mas não tinha apoio do MDB.
De janeiro a abril de 1984, os comícios em favor das eleições diretas reuniram multidões nas capitais e principais cidades do país, sob a liderança de Ulysses Guimarães (MDB), que pretendia disputar a Presidência da República. Todos os líderes da oposição se engajaram na campanha, entre os quais os governadores Franco Montoro, de São Paulo, e Leonel Brizola, do Rio de Janeiro.
O movimento sindical, cuja estrela maior era o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a União Nacional dos Estudantes (UNE) foram responsáveis pela mobilização popular. Tancredo participou com destaque de todas as manifestações, porém, não afastava a possibilidade de disputar o pleito presidencial indireto, caso a emenda Dante de Oliveira não fosse aprovada por maioria absoluta, como aconteceu, na sessão da Câmara dos Deputados de 25 de abril de 1984.
Eleição de Tancredo
No final de junho, o MDB lançou o nome de Tancredo, que renunciaria ao governo de Minas, para disputar o pleito no colégio eleitoral com apoio de Ulysses. Quatro dias depois, a Frente Liberal, dissidência do PDS, rompeu com o governo, dando início às negociações com a oposição para apoiar Tancredo, indicando o senador José Sarney para vice.
Em 15 de janeiro, ou seja, há 40 anos, o colégio eleitoral deu 480 votos a Tancredo e 180 a Maluf, candidato governista. A eleição no terreno escolhido pelo próprio regime pôs um ponto final na sua existência.
Entretanto, ontem, essa data histórica foi solenemente ignorada pelo presidente Lula. O motivo é político: o PT não votou em Tancredo no colégio eleitoral. Três deputados do partido discordaram dessa orientação: Bete Mendes (SP), José Eudes (RJ) e Aírton Soares (SP), que deixaram a legenda para não serem expulsos.
“Decidi votar no Tancredo porque seu adversário, o deputado Paulo Maluf, representava a linha dura do regime militar. Sua vitória significaria o recrudescimento do regime, a argentinização do processo brasileiro”, disse Aírton Soares.
Os demais membros da bancada não compareceram à votação: Eduardo Suplicy (SP), Luiz Dulci (MG), Irma Passoni (SP), José Genoino (SP) e Djalma Bom (SP). Ecos da velha divisão da esquerda na crise de 1964.
Entre fins de janeiro e princípios de fevereiro de 1985, Tancredo visitou os Estados Unidos e vários países da Europa. Com o seu regresso ao Brasil, articulou a formação de seu ministério. Um dia antes da posse, marcada para 15 de março de 1985, porém, foi submetido a uma cirurgia de emergência. Sarney tomou posse como presidente em seu lugar, em meio à comoção e à perplexidade.
Leia mais: 40 anos de democracia
Tancredo viria a falecer na noite de 21 de abril, depois de ter sido submetido a sete cirurgias. Na manhã de 22, Sarney foi confirmado na Presidência. No dia 23, o corpo de Tancredo chegou ao aeroporto de Belo Horizonte para receber as homenagens de cerca de 1,8 milhão de pessoas. No dia 24, na presença de 50 mil pessoas, foi enterrado no cemitério de São João del Rey, sua terra natal.
Leia ainda: Tancredo Neves, em 75 anos, cumpriu um destino de homem público, conciliador e defensor da liberdade
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CABOCLA Neco Derrota Boanerges na ELEIÇÕES, Coronel tem ATITUDE CHOCANTE.Boanerges perde as eleições
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6 de out. de 2024
CABOCLA Neco Derrota Boanerges na ELEIÇÕES, Coronel tem ATITUDE CHOCANTE.Boanerges perde as eleições
Boanerges treina seu último discurso antes da eleição. Neco incita os caboclos a invadirem o comício de Boanerges e ele não consegue terminar seu discurso. Luís descansa em Petrópolis, aos cuidados de Pequetita. Boanerges perde a eleição para Neco. Belinha dá as costas a Neco, que fica chateado com o desprezo dela apesar de sua vitória. Bina percebe que Zuca está estranha e acha que ela está ficando doente. Boanerges diz a Emerenciana que não quer encontrar Justino, pois não ia aguentar a cara de felicidade dele.
CABOCLA Neco Derrota Boanerges na ELEIÇÕES, Coronel tem ATITUDE CHOCANTE.Boanerges perde as eleições
A novela Cabocla conta a história do amor entre Zuca, uma cabocla, e Luís Jerônimo, um advogado carioca, que se passa em Vila da Mata, no Brasil República de 1918. A trama é entremeada por disputas políticas entre coronéis e pelo ciúme de Tobias, noivo de Zuca.
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=fB-xpinNV9w
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Neco convida seus aliados para ir cumprimentar Boanerges por ele ter perdido a eleição com dignidade.
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O gesto de Neco ao convidar seus aliados para cumprimentar Boanerges reflete um exemplo claro de liderança com valores éticos e morais, ressaltando a importância de respeitar o adversário, mesmo em um contexto de vitória política. Esse ato simboliza a busca pela reconciliação e pelo fortalecimento de laços dentro de uma comunidade que, embora dividida, pode encontrar na civilidade e no respeito mútuo um caminho para a convivência harmoniosa.
Na dramaturgia de Cabocla, essa atitude reforça um tema central da obra: a possibilidade de superação de conflitos por meio da generosidade e do diálogo. Boanerges, que perdeu com dignidade, também demonstra que, em uma disputa justa, a derrota não deve ser vista como um fim, mas como parte de um processo democrático e comunitário. Ao cumprimentá-lo, Neco demonstra:
Grandeza na Vitória: Um líder genuíno não se envaidece com o triunfo; ele busca fortalecer os laços sociais.
Reconhecimento do Valor do Adversário: A dignidade de Boanerges é reconhecida, mesmo na derrota, o que reafirma o valor da competição honrada.
Construção de Pontes: O gesto de Neco simboliza a intenção de transformar a vitória em um momento de união, e não de divisão.
Essa cena se conecta com temas universais de respeito, diálogo e busca pelo bem coletivo, oferecendo uma lição que transcende a ficção e se aplica a situações reais de liderança e convivência política ou social.
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Harmonia e independência entre os Poderes</b>
A teoria da separação de Poderes.
Direito Constitucional
Harmonia e independência entre os Poderes
Publicado por Alexis Gabriel Madrigal
há 6 anos
Resultado de imagem para executivo legislativo e judicirio
A separação de poderes é um princípio cujo objetivo é evitar arbitrariedades e o desrespeito aos direitos fundamentais; ele se baseia na premissa de que quando o poder político está concentrado nas mãos de uma só pessoa, há uma tendência ao abuso do poder. Sob essa perspectiva, a separação de poderes é verdadeira técnica de limitação do poder.
As origens da separação de poderes remontam a Aristóteles, com a obra "A Política". Posteriormente, o tema também foi trabalhado por João Locke e, finalmente, por Montesquieu, em sua célebre obra "O espírito das leis".
Modernamente, a separação de poderes não é vista como algo rígido. Com efeito, o poder político é uno, indivisível; assim, o que pode ser objeto de separação são as funções estatais (e não o poder político). Assim, apesar de a Constituição falar em três Pode res, na verdade ela está se referindo a funções distintas de um mesmo Poder: a legislativa, a executiva e a judiciária.
A Constituição Federal de 1988 adotou, assim, uma separação de Poderes flexível. Isso significa que eles não exercem exclusivamente suas funções típicas, mas também outras, denominadas atípicas. Um exemplo disso é o exercício da função administrativa (típica do Executivo) pelo Judiciário e pelo Legislativo, quando dispõem sobre sua organização interna e sobre seus servidores, nomeando-os ou exonerando-os.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 2º, trata da separação de poderes, dispondo que "são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário."
Conclusão:
Chama-nos a atenção o fato de que a Constituição explicita que os três Poderes são "independentes e harmônicos" . Independência é a ausência de subordinação, de hierarquia entre os Poderes; cada um deles é livre para se organizar e não pode intervir indevidamente (fora dos limites constitucionais) na atuação do outro. Harmonia, por sua vez, significa colaboração, cooperação; visa garantir que os Poderes expressem uniformemente a vontade da União.
A independência entre os Poderes não é absoluta, é limitada pelo sistema de freios e contrapesos, de origem norte-americana. Esse sistema prevê a interferência legítima de um Poder sobre o outro, nos limites estabelecidos constitucionalmente. É o que acontece, por exemplo, quando o Congresso Nacional (Poder Legislativo) fiscaliza os atos do Poder Executivo (art. 49, X, CF/88). Ou, então, quando o Poder Judiciário controla a constitucionalidade de leis elaboradas pelo Poder Legislativo.
Referências:
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, p. 1091 92.
CAETANO, Marcelo. Direito Constitucional, 2a edição. Rio de Janeiro, Forense, 1987, volume 1, pag. 169.
CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Constitucional, 6a edição, p. 543.
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"Sua observação faz um paralelo interessante entre dois momentos distintos da história política brasileira. Durante a ditadura militar (1964-1985), o "almanaque de promoções" do generalato era crucial para compreender os rumos do poder, já que os presidentes da República eram escolhidos entre os altos oficiais das Forças Armadas e eleitos de forma indireta pelo Congresso Nacional. Esse contexto refletia uma concentração de poder em estruturas militares e a ausência de participação popular direta nas decisões políticas mais importantes.
Com o retorno das eleições diretas, especialmente a partir da Constituição de 1988, o cenário mudou radicalmente. Agora, a atenção da sociedade se volta para outras instituições fundamentais, como o Supremo Tribunal Federal (STF). Isso se deve a diversos fatores:
Judicialização da Política: O STF assumiu um papel cada vez mais central, decidindo questões de grande impacto social, político e econômico, tornando-se alvo de atenção constante por parte da sociedade, da mídia e das lideranças políticas.
Indicações Presidenciais: O poder do presidente da República de indicar ministros para o STF, combinado com as aposentadorias compulsórias, cria uma dinâmica em que as eleições diretas têm impacto significativo na composição do tribunal, que é vitalício até o limite de idade.
Acompanhamento Público e Transparência: A modernização tecnológica permite maior vigilância sobre as decisões e movimentações do STF, além de facilitar o acesso às informações sobre os mandatos e as indicações futuras.
Hoje, a sociedade vive um cenário de "dupla vigilância":
Um "olho nas eleições", acompanhando a escolha dos representantes no Executivo e Legislativo, tanto em nível federal quanto estadual e municipal. Essas escolhas moldam a governança e os rumos do país em curto e médio prazo.
Um "olho no STF", dada sua importância em preservar a Constituição, moderar conflitos entre os Poderes e decidir questões cruciais que afetam o dia a dia da população.
Essa nova dinâmica reflete uma democracia que, apesar de imperfeita, possibilita maior engajamento da sociedade nas questões centrais do poder, agora mais diluído entre os diferentes ramos do Estado e acompanhado mais de perto pelos cidadãos."
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Política
Ditadura
“Lamentável”, diz Alckmin sobre posse de Maduro na Venezuela
Ministros do governo brasileiro, como Renan Filho (MDB) e Silvio Costa Filho (Republicanos), também se manifestaram contra a posse de Nicolás Maduro na Venezuela. Brasil mandou embaixadora
Equipe InfoMoney
10/01/2025 17h29 • Atualizado 6 dias atrás
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O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) classificou como “lamentável” a posse do ditador Nicolás Maduro para seu terceiro mandato na presidência da Venezuela.
Em entrevista à CNN Brasil, nesta sexta-feira (10), Alckmin reiterou a posição brasileira de não reconhecer as eleições que reconduziram o chavista ao poder.
Segundo ele, “a democracia é civilizatória e precisa ser fortalecida, as ditaduras suprimem a liberdade”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não se manifestou sobre a posse.
Ministros também criticam
Ministros do governo brasileiro também se manifestaram contra a posse de Maduro. O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), classificou o líder venezuelano como um “ditador incansável” e disse que a tomada do governo “pela força bruta e sem legitimidade precisa ser condenada”.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), afirmou que o evento foi “um ataque aos princípios democráticos” e defendeu liberdade e prosperidade para o povo venezuelano.
Leia também
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Fronteira colombiana com o Estado venezuelano de Táchira é a principal entrada por terra no país; fronteira com o Brasil permanece aberta
Governo Lula mandou embaixadora
Apesar da manutenção de um relacionamento diplomático básico com o país vizinho, o Brasil segue pressionando pela divulgação das atas eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano. A embaixadora Glivânia Oliveira foi enviada a Caracas em um gesto de protocolo, enquanto o governo evitou enviar líderes de alto escalão.
A posse de Maduro, marcada por protestos e críticas, contou apenas com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, como chefe de Estado presente.
Nos últimos anos, o governo brasileiro tem evitado aproximações de alto escalão com a Venezuela. A tensão entre os dois países se intensificou após a exclusão da Venezuela do Brics, durante a reunião do bloco em 2024, decisão tomada pelo Brasil em resposta à falta de transparência no processo eleitoral venezuelano.
(Com Estadão Conteúdo)
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
"INTERPRETAÇÃO ÚLTIMA"
"No lar não há leis escritas; mas, na rua, vale a impessoalidade que, em regimes autocráticos e salvacionistas, conduz aos totalitarismos. Vale lembrar que um regime totalitário se caracteriza pelo controle de todas as esferas da vida social."
Com corda ou sem corda
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Eles continuam aqui
Militares ainda têm sintonia com aqueles que sequestraram Rubens Paiva. Mais ameaçador que isso, a maioria dos parlamentares não parece ter sintonia com os líderes que lutaram contra a ditadura
Cristovam Buarque — Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB)
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Êxito – Roberto DaMatta
O Globo
Em ‘Ainda estou aqui’, agentes da ditadura absurdamente promovem insegurança e desarmonia um lar
Numa aldeia, todo mundo é famoso
(Erving Goffman)
É um desfecho venturoso de um ato ou obra. O êxito assegura a existência da felicidade e produz momento de gratidão pela existência.
— A vida presta — ponderou sabiamente uma exitosa Fernanda Torres.
As lágrimas do êxito vão para o céu e são o avesso dos pranto amargo das injustiças e dos infortúnios que obrigam a engoli-las.
Uma explosão de êxito foi o que vi no agradecimento de Fernanda Torres ao receber o Globo de Ouro de melhor atriz no filme “Ainda estou aqui” — um drama revelador de eventos morais e políticos marcados pela coragem e determinação de Eunice Paiva, uma mulher que teve a vida contada num livro comovente do filho, Marcelo Rubens Paiva, cujo talento como autor eu admiro.
A explosão exprime uma vitória patente e — como diria Nélson Rodrigues — insofismável da cinematografia do Brasil como uma arte fundamental de universalização de fábulas e estórias que constituem o coração e a alma da cultura do país. São essas articulações — com início, meio e fim — da ficção que traduzem para o outro, e para cada um de nós, a sociedade com seus dilemas e singularidades.
A importância de “Ainda estou aqui” reside sobremaneira na serenidade do estilo de Walter Salles, que orquestra num filme o terror dos regimes autocráticos salvacionistas, cruelmente polarizadores — tipo “nós ou eles” — ,como infelizmente conhecemos na ditadura militar, que, por sinal, não foi a primeira ditadura que vivemos. O filme exibe um trecho da tragédia brasileira que se repete como expressão funesta das hipocrisias que são parte do nosso dilema — lei ou privilégios, igualdade ou elitismo. Eis o cerne da nossa perene ambiguidade político-institucional.
Mas, cabe perguntar, por que o filme comove? A resposta me conduz a um livro escrito em 1985, “A casa e a rua”, no qual mostro como o regime social da casa é de intimidade, afeto, comensalidade e confiança. No lar não há leis escritas; mas, na rua, vale a impessoalidade que, em regimes autocráticos e salvacionistas, conduz aos totalitarismos. Vale lembrar que um regime totalitário se caracteriza pelo controle de todas as esferas da vida social.
No caso, assistimos a uma brutal intromissão no mundo da casa dos Paiva por anônimos agentes da ditadura, que chegam da rua e, sem explicações plausíveis, absurdamente promovem insegurança e desarmonia num lar tangido pelo afeto e pela alegria.
O autoritarismo das ditaduras se vale do silêncio — silêncio que é expressão da autoridade absoluta. Foi assim que o pai e marido — o chefe da família — foi raptado numa demonstração de arrogante arbítrio; que, logo em seguida, chega à prisão da dona de casa e da filha. Detenções que reiteram um controle absoluto por precisamente violentador do universo da casa e da família.
No filme, a passagem da invasão da casa pelo arbítrio vai das cenas ensolaradas ao sombrio angustiante da prisão, para terminar numa grata apoteose familiar com Dona Eunice Paiva (Fernanda Torres e Fernanda Montenegro irmanadas no mesmo papel) — num encontro que reafirma o triunfo da casa e da família sobre uma brutal ditadura militar vinda dos espaços sombrios do mundo da rua.
Vale notar um simbolismo final: a presença da heroína desmemoriada. A memória como uma dimensão crítica da condição humana é um tema do livro no qual o filme foi baseado e, naturalmente, da nossa vida pública feita de memórias esquecidas, distorcidas ou anistiadas. Uma delas, talvez a mais cruel e significativa, é a da escravidão negra como um sistema cultural. Vai sem dizer que “Ainda estou aqui” reafirma com força esse viés autoritário, irmão do esquecimento que jaz no nosso sistema de poder.
P.S.: É preciso dizer a Lula III que democracia não tem amante. Ela é difícil até onde foi consolidada — como explicar Trump e puritanismo? Ademais, ela exige uma fidelidade que Lula da Silva mostrou não ter.
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Primeira mulher a fazer parte do STF
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Em 5 de fevereiro de 2007, a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) era exercida pela ministra Ellen Gracie, que ocupou o cargo de 2006 a 2008.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Ela foi a primeira mulher a presidir a mais alta corte do Brasil. Durante sua gestão, Ellen Gracie destacou a importância de medidas para tornar o Judiciário mais ágil e eficiente, como a edição de súmulas vinculantes e a implementação do processo eletrônico.
TRT 5ª REGIÃO
Fontes
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A interpretação última é a interpretação que dá vida ao Direito e é materializada pelo juiz ao aplicar a lei a um caso concreto.
A interpretação última é importante porque pacifica a discussão nos juízos inferiores, evitando o surgimento de novas ações.
Existem vários tipos de interpretação, entre eles:
Interpretação gramatical
Interpretação lógica
Interpretação histórica
Interpretação sistemática
Interpretação comparativa
Interpretação pública autêntica
Interpretação pública judicial
Interpretação privada doutrinária
Presidente do STF ressalta importância da súmula vinculante ...
5 de fev. de 2007 — ... interpretação última". Segundo ela, ao aplicar o efeito vinculante por meio de súmula, o STF pacifica a discu...
Migalhas
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Presidente do STF ressalta importância da súmula vinculante para o Judiciário
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Interpretação Última
Chapas e Cidadãos
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Do Brasil à Brasil:
"Passando pela Sayonara, atravessando a Brasil, contornando a ponte da Benjamim, cruzando a ponte da Halfeld, topando com o CHAPA pendurado nos galhos da árvore na outra margem da Brasil."
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Trote e Trotoir
"Ele me fez três filhos", disse a uniformizada servidora da EMPAV, escorando-se em um ancinho.
Vídeo relacionado:
Música referenciada:
Último Romance
Los Hermanos
Abertura:
"Everardo Maciel, pela primeira vez em Segunda Chamada."
Fechamento:
"Agora deixa de ser MyNews e passa a ser AllNews."
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A legião estrangeira</b> Capa comum – 1 março 1999
Edição Português por Clarice Lispector (Autor)
Os 13 contos de A legião estrangeira abordam o cotidiano familiar, a perversidade infantil e a solidão. Como apontou o escritor Affonso Romano de Sant’Anna na introdução de uma antiga edição do livro, para Clarice Lispector importa mais a geografia interior. "Em vez de tipos épicos e dramáticos, temos figuras situadas numa aura de mistério, vivendo relações profundas dentro do mais ordinário cotidiano", escreveu. "Mais do que as aventuras, interessa-se por descrever a solidão dos homens diante dos animais e objetos." Entre os contos destaca-se "Viagem a Petrópolis", escrito quando Clarice tinha apenas 14 anos. Neste, a precoce escritora narra a absurda solidão de uma velhinha que, sem lugar para morar, é empurrada de uma casa para outra. E o leitor perceberá em "Os desastres de Sofia" uma história de transparente sensibilidade, em que a autora aborda a perversidade infantil por meio do relacionamento de uma aluna com seu professor. A vulnerabilidade dos animais diante dos homens, e vice-versa, está presente em "A quinta história", "Macacos" e ainda em "A legião estrangeira". Como também apontou Affonso Romano de Sant’Anna, a tensão nos contos de Clarice surge da oposição Eu x Outro, que pode ser um animal, uma criança ou uma coisa. "Dessa tensão é que surge a epifania, a revelação de uma certa verdade." A legião estrangeira, como os demais títulos de Clarice Lispector relançados pela Rocco, recebeu novo tratamento gráfico e passou por rigorosa revisão de texto, feita pela especialista em crítica textual Marlene Gomes Mendes, baseada em sua primeira edição.
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Ilustrações
Everaldo Marques da Silva – O Lateral do Tri
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Fotógrafo:
Francisco Carlos S. da Silva
Everaldo Marques da Silva, o Everaldo, foi um lateral esquerdo brasileiro, campeão do Mundo em 1970. Nascido em 11 de setembro de 1944, iniciou sua carreira no Grêmio de Foot-Ball Porto-Alegrense onde jogou de 1964 a 1974, vencendo por três oportunidades o Campeonato Gaúcho. Foi convocado para a seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1970, se tornando o primeiro atleta de um time gaúcho Campeão do Mundo pela seleção brasileira. O Grêmio concedeu a estrela dourada em seu símbolo em sua homenagem. Everaldo faleceu em 27 de outubro de 1974, com apenas 30 anos, após um acidente de carro que o vitimou e a sua família.
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"Artigo/Opinião: Alguns presságios para 2025 e anos seguintes - por Everardo Maciel (*) - "...As
notícias do Brasil não têm essa dramaticidade, mas não são nada boas: pressões no câmbio, inflação mostrando suas garras, relação dívida pública/PIB em trajetória crescente, elevada taxa de juros..."
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Alguns presságios para 2025 e anos seguintes
Como a história não é linear, nem homogênea, creio que sempre teremos a coexistência de bons e maus momentos, submetidos, por sua vez, a juízos de valor que variam em razão da percepção e das convicções do analista.
Creio, também, que para a superação de maus momentos é indispensável, ao menos, entender a realidade – “respeito aos fatos”, como disse o pensador Raymond Aron – e formular adequadamente o problema.
Quando da queda da França, Winston Churchill iniciou seu discurso à Nação com sete palavras sinceras, comoventes e firmes: “As notícias da França são muito ruins”.
As notícias do Brasil não têm essa dramaticidade, mas não são nada boas: pressões no câmbio, inflação mostrando suas garras, relação dívida pública/PIB em trajetória crescente, elevada taxa de juros, muitas incertezas e tensões no contexto internacional.
Mais grave é que não há clareza quanto à compreensão dos fatos, nem disposição para formular adequadamente os problemas.
Como disse em artigo anterior, há pouca convicção quanto à relevância do equilíbrio fiscal. Ao contrário, em um quadro adverso há uma insaciável propensão para aumento do despesismo, desde o “auxílio natalino” concedido em um tribunal de justiça à voracidade no “pagamento” de emendas parlamentares.
Surpreendi-me quando li na PEC nº 45/2024 dispositivo para dar um freio nas “indenizações” que ultrapassam o teto constitucional de remuneração. A tramitação da matéria no Congresso, todavia, frustrou minha surpresa.
Leia a íntegra no Blog Oabelhudo"
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O texto em questão, de autoria de Everardo Maciel, aborda presságios econômicos e sociais para o Brasil em 2025 e nos anos seguintes. Ele reflete uma visão crítica sobre a condução da política econômica e o cenário fiscal do país, destacando desafios como:
Pressões no câmbio: A volatilidade do real frente a moedas estrangeiras pode impactar a competitividade das exportações e encarecer as importações, pressionando a inflação.
Inflação em alta: A "mostrando suas garras" sugere uma preocupação com a possibilidade de descontrole inflacionário, o que afeta o poder de compra e gera instabilidade.
Dívida pública crescente: A trajetória de alta na relação dívida/PIB aponta para problemas estruturais na sustentabilidade das contas públicas.
Juros elevados: Altas taxas de juros têm efeitos diretos no custo do crédito, desestimulando o consumo e os investimentos, além de onerar o serviço da dívida pública.
Everardo ressalta que esses problemas são agravados pela falta de entendimento adequado da realidade e pela formulação imprecisa de soluções. Ele cita o pensamento de Raymond Aron, que destaca o "respeito aos fatos" como base para superar adversidades, e recorda o discurso sincero de Winston Churchill na Segunda Guerra Mundial, ao reconhecer a gravidade da situação francesa.
O autor também critica a ausência de convicção em torno do equilíbrio fiscal. Ele menciona exemplos de gastos considerados excessivos, como "auxílios natalinos" e a proliferação de emendas parlamentares. Ao abordar a PEC nº 45/2024, que propunha limitar indenizações que ultrapassam o teto constitucional, Everardo mostra seu descontentamento com a falta de avanço significativo no Congresso.
Reflexão central: A ideia principal do artigo é que o Brasil enfrenta um cenário desafiador que demanda uma análise clara e decisões firmes, baseadas em diagnósticos precisos e na responsabilidade fiscal, para evitar a deterioração das condições econômicas e sociais nos próximos anos.
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VEJA O QUE É VERDADE E O QUE É MENTIRA SOBRE O PIX
MyNews
Transmissão ao vivo realizada há 20 horas #MyNews
No episódio de hoje do Segunda Chamada, vamos falar sobre as novas medidas da Receita Federal que começaram a valer no dia 1º de janeiro e como elas afetam diretamente o Pix. Segundo o ex-secretário da Receita, Everardo Maciel, o Pix é o único atingido por essa regra, que determina o envio semestral de dados.
O que muda na prática? Isso pode impactar a sua privacidade financeira? E por que o Pix está no centro dessa nova medida? Vamos discutir os impactos, esclarecer as dúvidas e trazer diferentes pontos de vista sobre esse tema tão atual e relevante.
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O conteúdo aborda as novas regras da Receita Federal que começaram a valer em 1º de janeiro e como essas mudanças impactam o Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Brasil. A transmissão ao vivo do canal MyNews, no programa "Segunda Chamada", levanta questões sobre a privacidade financeira e os possíveis impactos dessas alterações.
O que está em discussão?
Nova regra da Receita Federal: Determina que instituições financeiras e de pagamento enviem dados semestrais à Receita Federal, incluindo informações de transações realizadas via Pix.
Foco no Pix: Segundo Everardo Maciel, ex-secretário da Receita Federal, o Pix é o único sistema explicitamente citado na regra, levantando preocupações sobre por que ele está sendo destacado em relação a outros métodos de pagamento.
Privacidade financeira: O envio de dados pode gerar preocupações entre os usuários sobre o nível de monitoramento de suas movimentações financeiras e se isso representaria uma possível invasão de privacidade.
O que muda na prática?
As instituições financeiras terão de informar detalhes sobre transações feitas no Pix, como volume e frequência, em relatórios periódicos à Receita Federal. A medida pode ser interpretada como uma tentativa de monitorar fluxos financeiros de maneira mais rigorosa, mas isso também gera dúvidas sobre:
Implicações para o sigilo bancário.
Se haverá foco em pequenas movimentações financeiras ou apenas em transações de grande volume.
Pontos a serem debatidos:
Privacidade x Monitoramento:
Como equilibrar a necessidade de combater crimes financeiros e assegurar que as informações financeiras dos cidadãos não sejam indevidamente expostas?
Especificidade do Pix:
Por que o Pix foi destacado, considerando que outros meios de pagamento, como TEDs, DOCs e cartões, também são usados para transações financeiras?
Impacto na confiança no sistema:
O Pix tem sido amplamente adotado pela sua praticidade e gratuidade. Mudanças que tragam a percepção de vigilância excessiva podem desestimular o uso.
O debate é relevante, pois envolve questões de governança financeira, direitos dos cidadãos e os limites do poder do Estado na supervisão econômica. O programa propõe esclarecer dúvidas e trazer perspectivas para ajudar os usuários a entenderem o impacto dessas novas regras.
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O Caso Eu Conto Como O Caso Foi - V. 01 Capa comum – 1 janeiro 2008
Edição Português por PAULO CAVALCANTI (Autor), CEPE (Editor)
O primeiro volume da tetralogia O caso eu conto como o caso foi mostra a infância do autor e seus primeiros envolvimentos políticos; retrata a passagem da Coluna Prestes por Pernambuco; “a amarga experiência do Integralismo”; a chegada do Estado Novo; a atuação do autor como promotor, em Goiana; a eleição de Miguel Arraes, primeiro para prefeito do Recife e depois para o governo; até o Golpe de 1964.
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Palavras colhidas no ar e espalhadas ao vento.
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"Toda interpretação está sujeita a interpretação, e se reproduz - ou pode fazê-lo - como se diz."
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A frase “Toda interpretação está sujeita a interpretação, e se reproduz - ou pode fazê-lo - como se diz” sugere um ciclo contínuo e reflexivo no ato de interpretar. Ela enfatiza o caráter subjetivo e dinâmico da interpretação, ao mesmo tempo que reconhece sua capacidade de gerar novas camadas de significado. Vamos explorar essa ideia em profundidade:
Aspectos principais da frase:
A interpretação é inerentemente aberta:
A frase reconhece que qualquer interpretação não é um ponto final, mas um ponto de partida para novas interpretações.
Isso destaca o caráter infinito e não conclusivo do ato interpretativo.
Reprodução interpretativa:
Ao dizer que a interpretação “se reproduz”, há o reconhecimento de que interpretações geram outras interpretações, criando um ciclo.
Cada interpretação carrega os traços da anterior, mas também se transforma, dependendo de quem a realiza, do contexto e das circunstâncias.
A linguagem como mediadora:
O termo “como se diz” remete à linguagem como instrumento central na construção e transmissão de interpretações.
A forma como algo é dito influencia diretamente a forma como será interpretado.
Aplicações e exemplos:
Na literatura:
Um romance clássico, como Dom Quixote de Cervantes, já recebeu incontáveis interpretações ao longo dos séculos. Cada leitura depende do leitor, da época e dos paradigmas culturais vigentes.
Na comunicação cotidiana:
Uma mensagem de texto pode ser interpretada de diferentes maneiras dependendo do contexto emocional, do relacionamento entre as partes ou até mesmo da pontuação usada.
Na filosofia:
Pensadores como Derrida e Nietzsche exploram o conceito de que toda tentativa de encontrar um "significado último" é vã, pois a interpretação nunca é fixa.
Reflexão filosófica:
Essa frase dialoga com o campo da hermenêutica e da desconstrução, especialmente com a ideia de que o significado nunca é estático. A interpretação é uma construção ativa, que se molda continuamente. Assim, a frase nos convida a refletir sobre a complexidade dos processos de entendimento e comunicação e a aceitar a multiplicidade de perspectivas como algo inerente à condição humana.
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OPERAÇÃO NACIONAL DE COMBATE À SONEGAÇÃO
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"Sonegação existe em todo o mundo."
"Sonegação é de gente miúda."
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Carlinhos de Jesus dançando miudinho com Bira Presidente
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"Planejamento tributário não é para quem... para quem dança miudinho."
"Sanha tributária."
"Quem faz carga tributária é quem faz despesa."
"Há ilisão e sonegação."
"Questão central: Por que nenhuma despesa é órfã? Toda tem pai e mãe.", segundo Malan, segundo Everardo.
"Indenização é qualquer coisa que chamo indenização."
"Originalmente, indenização é direito à perda de patrimônio."
"E por aí vai..."
"Há vinte anos: Emenda parlamentar é um perigo. Tudo virou erro e omissão."
"Cada um por si e Deus contra nós." teria afirmado Herzog, segundo Maciel.
"Lei 4320, 15 de março de 1964: Muita bem posta por João Goulart, (nos extertores), após 10 anos de tratativas."
"Cunha fiscal não conheço."
"Carga tributária responde à única despesa que não tem controle. Dívida pública paga o meu neto; agora eu não pago."
"Informalidade é para país pobre de renda baixa."
"Pessoa beficiária de bolsa família não vai querer carteira assinada para perder o bolsa família."
"Manobras: Ilisão tributária; Sonegação fiscal."
"Enorme fantasia querer acabar com a informalidade."
"O Erro não é neutro. Pode ser intencional, como manobra diversionista, ou não. Não nasce, no entanto, por geraçãO espontânea."
"Sua Excelência, o fato, não mudou o PIX."
"Inútil:
Fato 1: Comunicação inoportuna:
Fato 2: Desvio:
Fato 3: Má repercussão
Fato 4: Política é com Jamildo. Eu não vou comentar isso."
Revista:
"Quando a política se mete em tudo, se converte em monstrosidade." Bobio no Expresso, em Roma, segundo Everardo Maciel.
A frase “Toda interpretação está sujeita a interpretação, e se reproduz - ou pode fazê-lo - como se diz” sugere um ciclo contínuo e reflexivo no ato de interpretar. Ela enfatiza o caráter subjetivo e dinâmico da interpretação, ao mesmo tempo que reconhece sua capacidade de gerar novas camadas de significado. Vamos explorar essa ideia em profundidade:
Aspectos principais da frase:
A interpretação é inerentemente aberta:
A frase reconhece que qualquer interpretação não é um ponto final, mas um ponto de partida para novas interpretações.
Isso destaca o caráter infinito e não conclusivo do ato interpretativo.
Reprodução interpretativa:
Ao dizer que a interpretação “se reproduz”, há o reconhecimento de que interpretações geram outras interpretações, criando um ciclo.
Cada interpretação carrega os traços da anterior, mas também se transforma, dependendo de quem a realiza, do contexto e das circunstâncias.
A linguagem como mediadora:
O termo “como se diz” remete à linguagem como instrumento central na construção e transmissão de interpretações.
A forma como algo é dito influencia diretamente a forma como será interpretado.
Aplicações e exemplos:
Na literatura:
Um romance clássico, como Dom Quixote de Cervantes, já recebeu incontáveis interpretações ao longo dos séculos. Cada leitura depende do leitor, da época e dos paradigmas culturais vigentes.
Na comunicação cotidiana:
Uma mensagem de texto pode ser interpretada de diferentes maneiras dependendo do contexto emocional, do relacionamento entre as partes ou até mesmo da pontuação usada.
Na filosofia:
Pensadores como Derrida e Nietzsche exploram o conceito de que toda tentativa de encontrar um "significado último" é vã, pois a interpretação nunca é fixa.
Reflexão filosófica:
Essa frase dialoga com o campo da hermenêutica e da desconstrução, especialmente com a ideia de que o significado nunca é estático. A interpretação é uma construção ativa, que se molda continuamente. Assim, a frase nos convida a refletir sobre a complexidade dos processos de entendimento e comunicação e a aceitar a multiplicidade de perspectivas como algo inerente à condição humana.
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Falso Patriota
Geraldo Pereira
Você diz que é patriota,
Mas seu charuto preferido é o cubano,
Se esquece que na Bahia,
Que hipocrisia,
Há o charuto baiano,
Você diz que é patriota,
Sua bebida é de marca escocesa,
Não bebe nossa cachaça,
E ergue a taça,
Com a champanhe francesa.
Seu carro é americano,
Seu queijo é holandês,
Seu azeite vem da Espanha,
O seu vinho é português,
Dentro do seu palacete só se fala inglês,
Dentro do seu palacete só se fala inglês.
Não canta nosso samba,
Não gosta de pandeiro,
Veste um tecido nosso,
Diz que é do estrangeiro,
Fala mal do que é nosso, diz que é brasileiro,
Fala mal do que é nosso, diz que é brasileiro....
Composição: Geraldo Pereira.
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Eles continuam aqui - Cristovam Buarque*
Correio Braziliense
Militares ainda têm sintonia com aqueles que sequestraram Rubens Paiva. Mais ameaçador que isso, a maioria dos parlamentares não parece ter sintonia com os líderes que lutaram contra a ditadura
No evento para lembrar o 8 de janeiro, o presidente Lula disse "nós, democratas, ainda estamos aqui", mas depois de 40 anos de democracia, eles, os golpistas, também estão aqui: tanto militares que ameaçam de fora, quanto civis que enfraquecem a democracia por dentro. Apesar de nada ter a ver com os crimes do passado, a atual geração de militares ainda tem sintonia com aqueles que sequestraram Rubens Paiva. Mais ameaçador que isso, a maioria dos parlamentares não parece ter sintonia com os líderes que lutaram contra a ditadura desejando construir um futuro democrático para o país, os parlamentares de hoje apodrecem a democracia.
Ao assistir a Fernanda Torres recebendo o prêmio de melhor atriz do ano no Golden Globe, vi Eunice e milhares de outras mulheres que passaram pelo que ela sofreu: maridos, filhos, irmãos e amigos desaparecidos. Lembrei de Dilma Rousseff e Miriam Leitão e de centenas de mulheres que sofreram elas próprias prisão e tortura. Vi milhares de homens e mulheres que sofreram durante a brutalidade ditatorial. Lembrei também dos milhões que não perderam a vida, nem foram presos, mas atravessaram 21 anos da história sem participação democrática, sem ver o país caminhar na direção do desenvolvimento rico, justo, sustentável, distribuído, livre. Mas também lembrei que já temos duas vezes mais tempo de democracia do que tivemos de ditadura e ainda não enfrentamos as questões fundamentais para a construção do Brasil que queremos e nosso potencial permite.
Não enfrentamos a questão militar: nossos soldados ainda aprendem que nada daquilo ocorreu, ou o que ocorreu teria sido necessário para salvar o país e que é sua obrigação patriótica, se necessário, recusar resultados das urnas de eleitores equivocados ao escolherem líderes políticos incompatíveis ou corruptos. Foi esse aprendizado que fez com que, por pouco, não tivéssemos tido em 2023 outro golpe, repetindo 1964. Mas a questão militar não é a única nem a mais forte ameaça à democracia: nossos políticos civis e partidos não estão sendo instrumento de consolidação da democracia.
Imaginei o que Rubens Paiva e todos os outros milhares de lutadores que deram a vida pensariam se assistissem como funciona hoje o democrático Congresso Nacional, sem tutela militar, mas usando dezenas de bilhões de reais do dinheiro público para atender a volúpia por voto ou mesmo por aumento da fortuna pessoal. O que pensariam ao ter dado a vida por uma democracia que, no lugar de eliminar, ampliou privilégios, mordomias, vantagens; aumentou a extensão, o tamanho e a tolerância com a corrupção, ao ponto de a honestidade passar a ser motivo de galhofa.
Foi importante acabar com a censura que impedia escrever e publicar livremente, mas, depois de quase meio século, a democracia não eliminou a mais absoluta forma de censura que pesa sobre os 10 milhões de brasileiros adultos analfabetos, incapazes até de reconhecer a própria bandeira; aumentamos o número de universitários, mas pouco fizemos para universalizar a educação de base, não construímos um sistema nacional de educação de base com a qualidade e equidade necessárias ao progresso econômico e à justiça social. Foi fundamental abrir as cadeias, mas, para justificar a democracia, é preciso também derrubar os muros dos condomínios. A partir de 1990, reduzimos a penúria com transferências de renda mínima e com o SUS, mas até hoje não definimos uma estratégia para quebrar a obscena concentração de renda e abolir a vergonha do quadro de pobreza. Em 1994, conseguimos construir uma moeda estável, mas até hoje não conseguimos equilibrar nossas contas públicas devido ao corporativismo, ao imediatismo, à demagogia, à irresponsabilidade e à falta de espírito patriótico.
Fernanda Torres e Walter Salles nos despertam para o que sofremos simbolizado no Rubens, o quanto lutamos simbolizado na Eunice e o quanto ainda estamos devendo a eles e a todos os outros que lutaram pela democracia. Eles nos fazem gritar que "ainda estamos aqui", mas não estamos dizendo "para que estamos aqui": porque, para consolidar a democracia política, é preciso consolidar a democracia social. Fernanda nos deslumbra e orgulha, mas também nos alerta e provoca. O presidente Lula deveria convidar os comandantes e cadetes das Forças Armadas para assistirem ao filme Ainda estou aqui no cinema do Palácio do Planalto para superarmos os traumas do passado, mas também convidar aos parlamentares para assistirem a filmes que mostram o Brasil que estamos construindo: sugiro Grande Sertão, de Guel Arraes.
*Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB)
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terça-feira, 14 de janeiro de 2025
A Correlação entre Economia Política e Política Econômica: A Influência dos Clássicos na Formulação das Políticas que Ditam o Curso da Humanidade
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Economia Política
A Economia Política é tradicionalmente conhecida como uma ciência que se dedica ao estudo de todo o processo econômico e de sua relação com a dinâmica da sociedade.
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Título: A Correlação entre Economia Política e Política Econômica: A Influência dos Clássicos na Formulação das Políticas que Ditam o Curso da Humanidade
A relação entre economia política e política econômica é profunda e interligada, uma vez que ambas tratam da organização e do direcionamento das atividades econômicas dentro de uma sociedade. No entanto, elas se diferenciam na forma e no foco de análise.
Economia Política é o estudo das leis que regem a produção e a distribuição da riqueza em uma sociedade, considerando o papel do Estado, das classes sociais e das relações de poder. Tradicionalmente, ela busca entender como os fatores econômicos, como a produção e o consumo, interagem com as estruturas sociais, políticas e ideológicas. Assim, a economia política investiga as interações entre os agentes econômicos (governo, empresas, trabalhadores) e os sistemas econômicos (capitalismo, socialismo, etc.).
Política Econômica, por sua vez, refere-se à prática concreta de implementação das decisões governamentais com base nas análises da economia política. Ela envolve a adoção de políticas públicas para influenciar a economia, como políticas fiscais, monetárias, comerciais e de bem-estar social. Em essência, a política econômica é a aplicação prática das teorias que emergem da economia política.
A correlação entre as duas ocorre porque as ideias da economia política influenciam diretamente as escolhas de políticas econômicas. As concepções teóricas sobre como as economias funcionam e como elas devem ser estruturadas afetam as estratégias adotadas pelos governos. Vamos ver isso mais claramente à luz de alguns dos quatro livros de economia que ainda ditam o curso da humanidade:
"A Riqueza das Nações" (1776) – Adam Smith A análise de Smith sobre os mercados livres, a divisão do trabalho e a competição continua a moldar as políticas econômicas liberais. A ideia de que os mercados devem ser livres e autorregulados orienta políticas que priorizam a redução de intervenções governamentais e o fortalecimento do capitalismo.
"O Capital" (1867) – Karl Marx Marx desafiou as bases da economia política capitalista e suas implicações, sugerindo que o capitalismo leva à exploração dos trabalhadores e à concentração de riqueza. Suas ideias influenciaram políticas econômicas socialistas e comunistas, como as implementadas em países como a União Soviética. Ele argumentou pela necessidade de uma transformação estrutural, o que originou políticas econômicas que buscam a coletivização e o controle estatal sobre os meios de produção.
"Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda" (1936) – John Maynard Keynes Keynes, com sua ênfase na intervenção do governo para mitigar as flutuações econômicas, tornou-se uma base teórica para a política econômica no pós-Depressão. Ele justificou o aumento do gasto público e a regulação do mercado para estimular o crescimento e combater o desemprego, uma abordagem que moldou políticas keynesianas em várias democracias ocidentais.
"A Economia das Nações" (1990) – David Ricardo Ricardo contribuiu com a teoria das vantagens comparativas, que sustenta que os países devem se especializar na produção de bens nos quais são relativamente mais eficientes. Essa teoria fundamenta políticas econômicas que promovem o livre comércio global, influenciando decisões políticas como acordos comerciais, liberalização do comércio e integração econômica internacional.
Conclusão:
A economia política fornece as bases teóricas que, ao longo do tempo, evoluem para formar a política econômica de um país. As obras fundamentais de Adam Smith, Karl Marx, John Maynard Keynes e David Ricardo ainda moldam as decisões e práticas econômicas, sejam elas voltadas para a liberdade de mercado, para a crítica ao capitalismo, para a intervenção governamental ou para o comércio global. O entendimento de como essas teorias se correlacionam com a política econômica é essencial para compreender as estratégias econômicas que ainda orientam o curso das sociedades contemporâneas.
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Bobbio e a teoria política na lição dos clássicos
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Para Bobbio, clássico é um autor intérprete de seu tempo. O que interessa é identificar temas para reflexão
Um dos ensinamentos mais preciosos de Norberto Bobbio (1909-2004) no campo da teoria política é saber ouvir as lições dos clássicos(1). Essas lições permitem estudar os temas recorrentes que se colocam em relação aos grandes problemas, igualmente recorrentes, da reflexão política. O estudo desses temas, que atravessam toda a história do pensamento político, tem como função, segundo Bobbio, “individuar certas categorias que permitem fixar em conceitos gerais os fenômenos que passam a fazer parte do universo político”. A primeira função, portanto, é a de determinar os conceitos políticos fundamentais, enquanto a segunda consiste em estabelecer entre as diversas teorias políticas, de diferentes épocas, as possíveis afinidades e diferenças.
E, no entanto, que confere a um autor a qualidade de clássico? Para Bobbio, clássico é o autor que ao mesmo tempo é “intérprete autêntico de seu próprio tempo”, “sempre atual, de modo que cada época, ou mesmo cada geração, sinta a necessidade de relê-lo e, relendo-o, de reinterpretá-lo” e que tenha construído “teorias-modelo das quais nos servimos continuamente para compreender a realidade”. Como aponta Michelangelo Bovero, essa definição levanta problemas ao intérprete, pois como é possível que a obra de um intérprete autêntico de seu próprio tempo possa ser reinterpretada continuamente? A resposta parece estar na seguinte afirmação de Bobbio: “No estudo dos autores do passado, jamais fui particularmente atraído pela miragem do chamado enquadramento histórico, que eleva fontes a precedentes, as ocasiões e condições, detém-se por vezes nos detalhes até perder o ponto de vista do todo: dediquei-me, ao contrário, com particular interesse, ao delineamento de temas fundamentais, ao esclarecimento dos conceitos, à análise dos argumentos, à reconstrução do sistema”. O que interessa identificar nos clássicos não é tanto seu significado histórico, mas sim, nas palavras de Bobbio, “hipóteses de pesquisa, temas para reflexão, idéias gerais”.
Os autores clássicos para Bobbio, em sua análise da teoria política, são, principalmente, Emanuel Kant (1724-1804), Karl Marx (1818-1883) e Max Weber (1864-1920). Kant é um autor freqüente na obra de Bobbio, tanto assim que lhe dedicou um de seus livros, Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. Para esse autor, o tema recorrente do pensamento político é o da liberdade, ou melhor, das duas liberdades, como diria Bobbio: “O primeiro significado é aquele recorrente na doutrina liberal clássica, segundo a qual ‘ser livre’ significa gozar de uma esfera de ação, mais ou menos ampla, não controlada pelos órgãos do poder estatal; o segundo significado é aquele utilizado pela doutrina democrática, segundo a qual ‘ser livre’ não significa não haver leis, mas criar leis para si mesmo”. No que se refere a Marx, confrontando sua teoria política com a dos autores que são considerados unanimemente como clássicos do pensamento político, de Platão a Hegel, e procedendo por meio de comparações por afinidades e diferenças, Bobbio demonstra a “reviravolta radical que Marx operou sobre a tradição apologética do Estado” na medida em que, para ele, o Estado deixa de ser o reino da razão e do bem-comum para ser considerado o reino da força e do interesse daqueles que detêm o poder. O terceiro autor, tido por Bobbio como “o último dos clássicos”, é Max Weber, cujas expressões “passaram a fazer parte definitivamente do patrimônio conceitual das ciências sociais”. No campo da teoria política, Bobbio considera que nenhum estudioso do século 20 contribuiu de forma tão significativa como Weber para o enriquecimento do léxico técnico da linguagem pertinente a esse campo. Dentre as expressões herdadas deste autor, Bobbio lembra algumas que, pela sua reconhecida importância, dispensam maiores comentários: poder tradicional e carisma, poder legal e poder racional, direito formal e direito material, monopólio da força, ética da convicção e ética da responsabilidade.
A pergunta fundamental que se coloca relativamente ao trabalho que Bobbio elabora, a partir dos temas recorrentes e das lições dos clássicos, diz respeito a saber qual seria o tipo de filosofia política desenvolvida por ele. Inserida nessa indagação está a questão de sua visão acerca da relação existente entre fato e valor e da adoção de uma teoria descritiva ou prescritiva. Segundo Bobbio, existem quatro significados possíveis para a noção de filosofia política, que correspondem a quatro tipos de investigação. O primeiro consistiria na idéia da filosofia política como busca da melhor forma de governo ou da ótima República; o segundo, da investigação do fundamento do Estado, com a conseqüente justificação ou injustificação da obrigação política, ou seja, da legitimidade do poder político; o terceiro tipo é aquele que visa à determinação do conceito geral de política, ou da essência da categoria do político, seja por meio da “autonomia da política” em relação à moral, seja por meio da delimitação de seu campo em relação à economia ou ao direito; finalmente, a quarta concepção parte da idéia da filosofia como metaciência, de modo que a filosofia política teria como tarefa a investigação dos pressupostos e das condições da validade da ciência e a análise da linguagem política.
Para Bobbio, a terceira definição seria a mais apropriada para sua teoria política. No entanto, se partirmos dessa hipótese, o problema que teremos de enfrentar diz respeito à inexistência, em uma teoria assim considerada, de uma dimensão valorativa presente nos dois primeiros tipos. Como bem ponderou Bobbio, porém, “não há teoria tão asséptica que não permita entrever elementos ideológicos que nenhuma pureza metodológica pode eliminar totalmente”. Bobbio parece então oscilar entre uma filosofia política puramente cognoscitiva e uma filosofia propositiva, mas, na verdade, apresenta em sua obra as duas dimensões.
Apontando os temas reincidentes nas lições dos clássicos e suas teorias, Bobbio nos faz perceber certa continuidade na história, continuidade essa que diz respeito também aos problemas enfrentados por essas diversas teorias. A recorrência de problemas, de enfoques e de soluções parece marcar toda a história do pensamento político. Isso não quer dizer que em alguns momentos Bobbio desconheça haver certas “guinadas” na História, como a “revolução copernicana” decorrente da afirmação do primado dos direitos sobre os deveres, que a temática dos direitos humanos propiciou. Assumindo, portanto, a idéia dessa continuidade, podemos pensar nas questões referentes ao chamado “fim da história” e à possibilidade de encontrar-lhe um sentido. Como apontado por Bobbio em sua autobiografia Diário de um século, “a história humana não apenas não acabou, como anunciou há alguns anos um historiador americano, mas, talvez, a julgar pelo progresso técnico-científico que está transformando radicalmente as possibilidades de comunicação entre todos os homens vivos, esteja apenas começando. É difícil afirmar, contudo, que direção esteja destinada a seguir”. Ainda a respeito do sentido da História, afirma: “Não tiro conclusão alguma acerca do sentido da História, que, não tenho vergonha de declarar, ignoro qual seja. Tenho apenas a sombria impressão de que ninguém ainda a captou”. De toda forma, fica evidente que, para Bobbio, a História não acabou e que, se ela tem um sentido, ninguém ainda foi capaz de dizer qual é. Visão realista, sim, mas não pessimista ou ingenuamente otimista.
NOTA
1 Este ensaio tem como base a obra de Norberto Bobbio Teoria Geral da Política (organização de Michelangelo Bovero, tradução de Daniela Beccaccia Versiani: Rio de Janeiro, Ed. Campus, 2000).
Cláudia Perrone-Moisés
é professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência/USP
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terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Quatro livros de economia que ainda ditam o curso da humanidade - Pedro Cafardo
Valor Econômico
Reflexão sobre esses livros, feita por britânico Seymour-Smith no fim do século passado, parece atual por causa de sua capacidade de influenciar a economia e proporcionar bem-estar às pessoas
Quais livros de economia mais influenciaram a humanidade? Se a pergunta for feita a economistas, certamente teremos uma extensa lista, com obras à esquerda ou à direita, ortodoxas ou heterodoxas, marxistas ou capitalistas, conservadoras ou progressistas.
Martin Seymour-Smith, intelectual britânico que morreu em 1998, aos 70 anos, deixou um livro audacioso em que, indiretamente, responde a essa pergunta.
A obra de Seymour-Smith - “Os 100 Livros que mais Influenciaram a Humanidade”, publicada originalmente em 1998 e no Brasil em 2002 - é reconhecida pela coragem intelectual do autor para escolher e analisar os livros que mais alteraram o curso da civilização. Com rara habilidade e vasto conhecimento, Seymour-Smith discorre sobre cada um dos cem que considera mais importantes, desde a Bíblia, o Corão, A Ilíada e a Odisseia, a Teoria da Relatividade, “O Príncipe” etc.
Em vez de perguntar a um site de inteligência artificial, o colunista foi ver quais livros de economia o intelectual colocou em sua lista, imaginando que, eventualmente, podem ser uma leitura qualificada para este período de férias. Ele incluiu quatro: “Uma Pesquisa sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”, de Adam Smith (1776); O Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friederich Engels (1848); Teoria Geral do Emprego, Lucro e Dinheiro, de John Maynard Keynes (1936); e “O Caminho para a Servidão”, de Friedrich von Hayek (1944).
A Riqueza das Nações
Escocês, Adam Smith (1723-1790) é conhecido como pai da economia moderna e do liberalismo econômico, defensor da “mão invisível” do mercado como condutora da economia.
Seymour-Smith, obviamente, não contesta essas definições. Chama Adam de apóstolo da liberdade, mas lembra que o economista Joseph Schumpeter (1883-1950) escreveu que a obra-prima de Adam “não contém uma única ideia, princípio ou método que já não fosse inteiramente conhecido em 1776”. Também observa que Adam influenciou o mundo com seu raciocínio de que o comportamento egoísta traz benéficas consequências.
Adam jamais conduziu nenhuma política econômica, mas influenciou essa condução durante pelo menos um século após sua morte. Mostrou-se, porém, demasiadamente otimista em relação ao livre mercado, que jamais foi livre do jeito generoso que pretendia, escreve Seymour-Smith.
O Manifesto Comunista
Karl Marx, segundo Seymour-Smith, foi tão influenciado por Adam quanto qualquer pensador de direita, mas considerou que a batalha da humanidade seria a da produção industrial. Quando essa batalha fosse vencida, a sociedade estaria livre das distinções de classe, segundo Marx. O trabalho de um homem produzia um valor superior a suas necessidades e esse excesso (a mais-valia) se transformava em capital para os burgueses proprietários da produção.
Por que Seymour-Smith escolheu “O Manifesto”, e não “O Capital”? Ele mesmo responde: porque ao morrer, em 1883, Marx tinha publicado só o primeiro volume de “O Capital”. Engels editou os outros dois e os publicou. Marx e Engels, na verdade, não facilitam a vida dos leitores, já que não alcançam a simplicidade, escreve Seymour-Smith. E cita uma velha piada: “O Capital é impossível de ser lido na sua totalidade.”
A profecia de Marx foi a de que a acumulação de valor excedente (mais-valia) acabaria por derrubar o capitalismo. Mas isso não aconteceu, observa Seymour-Smith, o que não impede que a obra tenha alterado o curso da civilização.
Teoria Geral
Nada modesto, quando escrevia sua “Teoria Geral”, em 1936, Keynes disse ao escritor e dramaturgo Bernard Shaw (1856-1950) que sua obra iria revolucionar o modo de o mundo pensar os problemas econômicos. Ele estava certo, afirma Seymour-Smith. Keynes propôs ser dever do governo intervir na economia e manter a população empregada, o que, para os defensores das teorias clássicas, levaria a inflações catastróficas. Defendeu o aumento de impostos e diminuição de despesas públicas em tempos de prosperidade e o contrário em períodos de recessão.
Seymour-Smith faz um breve relato sobre a vida privada de Keynes. Conta que, embora tenha se casado com a então famosa bailarina russa Lydia Lopokova e houvesse vivido feliz ao lado dela, foi homossexual durante toda a vida, especialmente dedicado ao pintor escocês Dunkan Grant. Por vezes, pareceu ridículo, como ao dizer que os terremotos eram benéficos por causarem crescimento na reconstrução.
Nada impediu, porém, que o pensamento e as propostas de Keynes fossem dominantes de 1940 a 1975, período de grande prosperidade mundial no pós-Guerra.
O Caminho para a Servidão
Mas os ventos mudaram a partir de meados dos anos 1970. A crise do petróleo e uma onda inflacionária permitiram a ascensão dos monetaristas nos EUA, na Inglaterra e em vários países industrializados, coincidindo com uma guinada política para a direita.
O “Caminho para a Servidão”, de Hayek, jogou luz sobre o mercado, principalmente depois que o economista ganhou o Prêmio Nobel, em 1974. Ele passou a ser guru da primeira-ministra Margareth Thatcher e do presidente Ronald Reagan. O Nobel, escreve Seymour-Smith, reavivou a eminência do livro que Thatcher dizia ser sua leitura de cabeceira.
Hayek, austríaco, que foi professor de Milton Friedman na Escola de Chicago, tornou-se um inspirador dos longos anos de predomínio do neoliberalismo no mundo, tendência que perdeu força depois da grande crise de 2008. A tese principal de sua obra, lembra Seymour-Smith, é que o estado não é um “mal necessário” e sim um “mal desnecessário”.
E daí?
A reflexão sobre esses livros, feita por Seymour-Smith no fim do século passado, parece atual por causa de sua capacidade de influenciar a economia e proporcionar bem-estar às pessoas. No capitalismo desenhado por Adam Smith e condenado à extinção por Marx, o neoliberalismo de Hayek perdeu força e o keynesianismo revigorou-se depois de 2008 e da pandemia, mas persiste um duelo entre as duas tendências. A participação maior ou menor do Estado na economia é o pomo da discórdia, discussão muito acesa no Brasil, que às vezes descamba para profecias quase terroristas sobre um futuro colapso.
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O texto "Bobbio e a teoria política na lição dos clássicos", de autoria de Cláudia Perrone-Moisés, oferece uma análise detalhada sobre a abordagem de Norberto Bobbio à teoria política e sua relação com os clássicos do pensamento político. Eis os principais pontos abordados:
1. Conceito de Clássico para Bobbio
Bobbio define um clássico como um autor que é:
Intérprete de seu tempo: alguém que reflete e traduz as questões fundamentais de sua época.
Atual em todas as gerações: capaz de ser reinterpretado constantemente, adaptando-se às questões contemporâneas.
Criador de teorias-modelo: fornece ferramentas teóricas indispensáveis para compreender fenômenos políticos.
2. Metodologia de Bobbio
Bobbio prioriza a identificação de temas fundamentais, esclarecimento de conceitos e análise de argumentos em vez de um enquadramento histórico detalhado. Ele busca nas obras dos clássicos ideias gerais e hipóteses de pesquisa para explorar temas recorrentes da política.
3. Os Clássicos Fundamentais para Bobbio
Bobbio considera Emanuel Kant, Karl Marx e Max Weber como principais referências:
Kant: Focado no conceito de liberdade, diferenciando as liberdades liberal (esfera de ação independente do controle estatal) e democrática (capacidade de criar leis para si mesmo).
Marx: Radicaliza a tradição ao interpretar o Estado como expressão de força e interesses de quem detém o poder, rompendo com a visão apologética tradicional.
Weber: Contribuiu significativamente para o vocabulário das ciências sociais, com conceitos como ética da convicção e ética da responsabilidade, poder tradicional, carisma e monopólio da força.
4. Filosofia Política de Bobbio
Bobbio propõe quatro concepções de filosofia política:
Forma ótima de governo.
Fundamentação do Estado e da legitimidade política.
Determinação do conceito geral de política (preferida por Bobbio).
Filosofia como metaciência, investigando os pressupostos e validade da ciência política.
Apesar de priorizar uma abordagem cognoscitiva e descritiva, Bobbio reconhece a presença inevitável de elementos ideológicos em qualquer teoria política.
5. Continuidade e Transformações na História
Bobbio observa uma continuidade nos problemas e temas enfrentados pelas teorias políticas ao longo da história. No entanto, ele reconhece guinadas importantes, como a centralidade dos direitos humanos. Sobre o "fim da história", Bobbio mantém uma visão realista e aberta, sem conclusões definitivas.
6. Conclusão
Bobbio combina uma análise rigorosa e crítica da teoria política com uma visão realista da história. Seu trabalho destaca a relevância contínua dos clássicos para a compreensão de questões políticas recorrentes, sem ignorar as transformações e incertezas do futuro.
Esse artigo nos convida a refletir sobre a relevância dos clássicos, não apenas em seu contexto histórico, mas como fontes de aprendizado contínuo para os desafios políticos atuais e futuros.
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O artigo de Pedro Cafardo no Valor Econômico apresenta uma análise instigante sobre quatro livros de economia destacados pelo intelectual britânico Martin Seymour-Smith em sua lista dos “100 Livros que mais Influenciaram a Humanidade”. A escolha dessas obras evidencia a relevância de suas ideias na formação do pensamento econômico e no impacto direto sobre o curso da civilização. Vamos explorar os principais pontos abordados:
1. Os Quatro Livros de Economia
Seymour-Smith escolheu os seguintes livros para figurar em sua lista, destacando a relevância histórica e conceitual de cada um:
1.1. "A Riqueza das Nações" – Adam Smith (1776)
Contexto e Ideias Principais: Fundador da economia moderna e defensor do liberalismo econômico, Smith introduziu o conceito da "mão invisível" do mercado como regulador da economia.
Críticas e Influências: Seymour-Smith ressalta a crítica de Schumpeter, que considerava a obra como uma síntese de ideias já existentes na época, mas reconhece sua influência duradoura. Também aponta o otimismo de Smith em relação ao mercado livre, cuja aplicação prática raramente correspondeu à sua visão ideal.
1.2. "O Manifesto Comunista" – Karl Marx e Friedrich Engels (1848)
Razão da Escolha: Seymour-Smith opta pelo "Manifesto" em vez de "O Capital" por sua simplicidade e acessibilidade. Reconhece o impacto da obra, mesmo que a profecia marxista sobre o colapso do capitalismo não tenha se concretizado.
Contribuição: O manifesto apresentou ao mundo conceitos como luta de classes, mais-valia e a crítica à exploração capitalista, moldando movimentos políticos e ideológicos por mais de um século.
1.3. "Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda" – John Maynard Keynes (1936)
Revolução Keynesiana: Keynes desafiou o pensamento clássico ao propor a intervenção estatal como meio de estabilizar a economia, especialmente em momentos de crise.
Impacto Histórico: Suas ideias dominaram o período de prosperidade pós-Segunda Guerra Mundial até os anos 1970, sendo revitalizadas após a crise financeira de 2008 e durante a pandemia de COVID-19.
1.4. "O Caminho para a Servidão" – Friedrich von Hayek (1944)
Ideias Principais: Hayek condenou a intervenção estatal excessiva, defendendo o mercado como motor da liberdade individual. Sua tese principal é que o Estado não é apenas um "mal necessário", mas frequentemente um "mal desnecessário".
Relevância Política: Inspirou líderes como Margareth Thatcher e Ronald Reagan, marcando o auge do neoliberalismo nos anos 1980 e influenciando políticas econômicas ao redor do mundo.
2. Reflexões Atuais
A análise de Seymour-Smith, feita no final do século XX, permanece relevante por capturar questões fundamentais da economia que continuam a moldar debates contemporâneos:
Divergência entre Mercado e Estado: A disputa entre keynesianismo (intervenção estatal) e neoliberalismo (mercado livre) ainda define o cenário econômico global.
Contexto Brasileiro: No Brasil, o debate sobre o papel do Estado é especialmente acalorado, com posições extremas muitas vezes levando a profecias alarmistas sobre o futuro.
3. Persistência do Duelo Ideológico
Os quatro livros ilustram os extremos de duas visões econômicas:
Smith e Hayek representam a defesa do mercado livre e o ceticismo quanto à intervenção estatal.
Marx e Keynes ilustram perspectivas críticas, propondo maior regulação ou transformações estruturais para garantir justiça social e estabilidade econômica.
4. Considerações Finais
A análise de Seymour-Smith revela que, embora os contextos históricos mudem, as ideias fundamentais desses pensadores continuam influenciando políticas e decisões econômicas. O desafio contemporâneo é equilibrar os benefícios do mercado com a necessidade de um Estado regulador, especialmente em crises que exigem respostas rápidas e eficazes.
O artigo reforça que a economia, assim como a história, é cíclica: enquanto o neoliberalismo perde força, o keynesianismo ressurge, mas a dialética entre essas visões persiste como um motor essencial para a evolução das sociedades.
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terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Na questão fiscal, vale o que está escrito – Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
Lula não precisou adotar uma dura política recessiva no primeiro ano de governo, porém se comprometeu com limites de gastos, arrecadação e endividamento do arcabouço fiscal
No mundo dos negócios, como nas relações pessoais, credibilidade é fundamental. Esse é o xis da questão quando se compara os indicadores positivos da economia, como o crescimento do PIB, a queda do desemprego, os aumentos da renda média e do salário real, com o ambiente de incerteza que tomou conta do mercado. O governo está diante de uma sinuca de bico: cortar os gastos públicos ou ver a inflação comer a renda de milhões de brasileiros, principalmente dos assalariados que saíram da faixa de pobreza e correm o risco de voltar.
Lula foi eleito com uma narrativa de campanha contra o teto de gastos, que foi substituído por novas regras e diretrizes para as finanças públicas. De comum acordo com o Congresso, deu o pulo do gato e evitou um colapso fiscal no final do mandato de Bolsonaro. Com isso, não precisou adotar uma dura política recessiva no primeiro ano de governo. Entretanto, se comprometeu com os limites e as prioridades de gastos, arrecadação e endividamento nos anos subsequentes do arcabouço.
O objetivo principal do arcabouço fiscal negociado em 2023 era assegurar a sustentabilidade das contas públicas a longo prazo e, com isso, manter a confiança dos mercados, controlar a inflação e promover o crescimento econômico. Buscava-se equilibrar a necessidade de investimentos públicos com a responsabilidade de evitar deficits excessivos e crescimento descontrolado da dívida pública.
As novas regras estabeleceram que as despesas poderão crescer abaixo do ritmo das receitas, com limites claros, para evitar descontrole orçamentário. O arcabouço limita o crescimento da dívida pública em 70% da receita no limite de 2,5%. Entretanto, como ocorreu com o teto de gastos no governo Bolsonaro, a nova regra está sendo burlada pelo governo, com a anuência do Congresso, que é avesso a cortar gastos e, simultaneamente, a aumentar impostos. Sempre que preciso, retiram-se gastos do arcabouço fiscal, para "cumprir" a lei da responsabilidade fiscal sem cortar outras despesas como deveria. Precatórios, gastos com o combate às queimadas, socorro aos gaúchos durante as enchentes do Rio Grande do Sul, por exemplo.
Três cenários
Resultado: a inflação fechou 2024 em 4,83%, muito acima do centro da meta, 3%, e até do teto, de 4,5%. Em dezembro, ficou dentro do esperado, nos 0,52%, porém, como a meta é de 3% em 12 meses (com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo), os juros crescentes não foram suficientes para segurar os preços. Com a Selic nos 12,25% ao ano, 2025 começa com a inflação em alta.
A alta do dólar tem um papel relevante em tudo isso, com uma desvalorização do real em torno de 27%, o que deve repercutir na inflação dos próximos meses. A perda de confiança na política fiscal do governo impactou o câmbio e os juros futuros. Pode-se responsabilizar a especulação dos agentes financeiros, mas não foi só isso: a demanda de bens e serviços cresceu, a escassez de mão de obra jogou os salários para cima, a Petrobras segurou o preço dos combustíveis, os juros derrubaram o crédito, a inadimplência cresceu, o capital de giro ficou mais caro, a dívida pública cresce. Essa ciranda, segundo o Banco Central, fará com que a Selic chegue aos 14,25% em março, para conter uma explosão inflacionária.
Diante desse quadro, há três cenários. O otimista aposta numa recuperação acelerada, com crescimento de 2,5% a 3,5% do PIB, inflação controlada, investimentos estrangeiros, mais empregos na construção civil, serviços e tecnologia, ampliação do comércio exterior. O pessimista prevê crescimento abaixo de 1%, com recessão em setores na indústria e no comércio, inflação acima de 6%, instabilidade política, redução do nível de emprego, agravados por desaceleração da China e protecionismo nos Estados Unidos.
O cenário mais realista, porém, aponta para um crescimento entre 1,5% e 2,5%, impulsionado pelo agronegócio e pelas commodities; inflação entre 4% e 5%; ajustes fiscais e tributários parciais; manutenção dos atuais níveis de desigualdade; e novas oportunidades comerciais em razão da regionalização das cadeias globais de valor. O que poderia erradicar o pessimismo e transformar a avaliação mais realista no cenário positivo? Lula aceitar que as despesas do governo respeitem o arcabouço fiscal para recuperar a confiança no ambiente econômico.
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terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Obstáculos estruturais à mobilidade social - Jorge J. Okubaro
O Estado de S. Paulo
Além de proteger os vulneráveis, políticas públicas e empresariais devem voltar-se para a preparação adequada dos trabalhadores
Há um contraste entre os dados da evolução da economia e o sentimento de boa parte da população. Com vários recordes históricos, o mercado de trabalho teve desempenho particularmente positivo no ano passado. A economia deve ter crescido 3,5%, de acordo com a última projeção do Banco Central. Nesse cenário, um certo pessimismo da população aferido por algumas pesquisas parece inexplicável.
Para entender essa aparente contradição, é preciso observar outras faces da economia. A inflação estourou o limite das metas fixadas para o ano passado e preocupa as famílias. Incertezas em relação à taxa de câmbio, à política fiscal e à capacidade do governo de enfrentar um quadro internacional provavelmente mais conturbado geram desconfianças entre agentes econômicos.
É curioso que nem a boa situação do emprego, fundamental para melhorar as condições de vida, parece suficiente para animar os trabalhadores. No ano passado, os resultados foram exuberantes. A taxa de desocupação, de 6,1% no trimestre encerrado em novembro, recuou 0,5 ponto porcentual em relação ao resultado do trimestre junho-agosto e 1,4 ponto ante o mesmo trimestre móvel de 2023 e foi a menor da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do IBGE, iniciada em 2012. A população ocupada, de 103,9 milhões de trabalhadores, também é recorde. A massa de rendimento real habitual, de R$ 332,7 bilhões, é a maior da série histórica, por causa do aumento da renda média e do número de ocupados. Assim, a relativa estabilidade do mercado de trabalho em 2025, prevista por parte dos especialistas, não será um mau resultado.
Além disso, o agudo agravamento das fragilidades do mercado de trabalho brasileiro provocado pela pandemia da covid-19 já foi superado. Estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) mostra como a crise sanitária global acentuou distorções estruturais do mercado de trabalho, que afetam grupos específicos (negros, mulheres, jovens, trabalhadores informais, profissionais com baixo nível de escolaridade), e como esse impacto foi se diluindo até não ser mais detectado em 2024. O IMDS acompanha políticas públicas com foco em mobilidade social e propõe medidas para aperfeiçoá-las.
Antes da pandemia, a probabilidade de perda de ocupação entre informais variava de 22% a 24%, enquanto para os formais não chegava a 10%. Na pandemia, a dos informais saltou para mais de 30%, “refletindo o impacto severo da crise sobre os trabalhadores mais vulneráveis”; a dos formais subiu para 14%. Após a pandemia, a probabilidade de desligamento dos informais chegou a baixar para 15% e a dos formais, para menos de 10%.
Ainda no mercado informal, antes da pandemia, trabalhadores negros já enfrentavam probabilidade de desemprego de 25%, maior do que a média desse mercado. Na pandemia, o risco subiu até 35,8% para os negros, enquanto para os brancos o pico foi de 29,5%.
O estudo compara também a situação de homens e mulheres, de jovens e adultos, de trabalhadores com curso superior e com no máximo ensino médio, chegando a conclusões semelhantes. Em certos casos, a disparidade chega a ser surpreendentemente ampla. Na pandemia, a probabilidade de perda de ocupação entre as mulheres informais chegou a 41,8%, enquanto para os homens informais ficou em 27,3%.
Outra conclusão da pesquisa do IMDS diz respeito ao nível de escolaridade do trabalhador, fator considerado crucial para a preservação da ocupação. Pessoas com ensino superior completo apresentaram as menores probabilidades de perda de emprego, tanto no mercado formal como no informal.
O impacto da covid-19 foi temporário. Após a pandemia, as taxas de perda de ocupação voltaram aos níveis normais observados antes de 2020.
E isso é bom? Não, não é. “As desigualdades entre os grupos permanecem tão profundas quanto antes”, diz o economista e professor Paulo Tafner, diretor-presidente do IMDS. “Entender por que determinados grupos sociais têm menos da metade das chances de permanecer empregados em comparação a outros é essencial para debater a construção de uma sociedade mais equitativa. Tais disparidades evidenciam problemas estruturais de mobilidade social, cuja manifestação mais visível está nas diferenças de chances de permanência no mercado de trabalho.”
A evolução da economia mundial imporá tarefas ainda mais desafiadoras para os formuladores de políticas públicas. Preservar e criar empregos não serão mais suficientes. Novas habilidades serão cada vez mais exigidas nas ocupações que estão surgindo. Conhecimento de inteligência artificial e de outros recursos tecnológicos inovadores será essencial para a empregabilidade nos próximos anos.
Além de proteger os vulneráveis, as políticas empresariais e públicas, sobretudo estas, devem voltar-se para a preparação adequada dos trabalhadores, para que o desenvolvimento traga consigo a redução das desigualdades.
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JORNAL DA CULTURA | 14/01/2025
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Jornalismo TV Cultura
Transmissão ao vivo realizada há 111 minutos #JornaldaCultura #JC
No Jornal da Cultura desta terça-feira (14), você vai ver: Meta responde AGU 10
minutos antes do prazo final; Programa de renegociação das dívidas com a União
tem 13 vetos presidenciais; Preços da gasolina e do diesel vão subir mês que vem;
Faixa de Gaza tem dia de bombardeio e de avanços nas negociações de um
cessar-fogo; Ventos fortes devem agravar ainda mais situação dos incêndios em
Los Angeles.
Para comentar essas e outras notícias, Karyn Bravo recebe o historiador e youtuber
Marco Antonio Villa e o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco
Central.
Assista à íntegra:
#JornaldaCultura #JC
https://www.youtube.com/watch?v=aRAeLNXbQUo&list=PLdnZUpbQ9PflMr3ea3PR3aOMDXO_fBudm&index=1
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
largar de mão
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[CORREÇÃO DO ENEM] Questão 39 - Enem 2021 - Prova azul ▷ Falso moralista
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Puxa Língua
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'Trump, o Brasil e o mundo pós-2025 - Protagonismo do País é afetado pela percepção do mundo sobre como estamos equacionando nossos inúmeros problemas domésticos' http://estadao.com.br/opiniao/pedro-s-malan/trump-o-brasil-e-o-mundo-pos-2025/
#EspaçoAberto | Pedro Malan
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O artigo de Pedro Malan, "Trump, o Brasil e o mundo pós-2025", discute o futuro incerto e os desafios globais que o Brasil enfrentará sob o contexto da política de Donald Trump e da situação mundial em 2025. O autor destaca vários fatores que tornam o cenário global imprevisível, como os conflitos entre os EUA e a China, a crescente belicosidade da Rússia, o desenvolvimento de tecnologias letais, e os impactos das mudanças climáticas e das migrações. Esses elementos criam um panorama instável, no qual o Brasil deve desempenhar um papel importante, especialmente ao presidir eventos como a COP-30 e a reunião do Brics ampliado, que exigirão diplomacia e negociações complexas.
Malan observa que a posição do Brasil no cenário internacional depende, em grande parte, da forma como o país lida com seus próprios problemas internos, como a economia, a política e a institucionalidade. Ele cita o economista Eduardo Guardia, enfatizando que o Brasil possui enormes oportunidades, mas enfrenta uma série de problemas não resolvidos ou negligenciados, que se tornam cada vez mais difíceis e custosos de resolver com o tempo. O artigo também aponta que as democracias de grandes massas urbanas, como o Brasil, raramente adotam medidas que gerem custos de curto prazo para grupos específicos, mesmo quando essas ações trazem benefícios de longo prazo para a maioria.
Malan propõe que uma liderança corajosa e um eleitorado bem informado são essenciais para enfrentar esses desafios. Ele cita Aldous Huxley, destacando a importância da educação para a liberdade e da capacidade das pessoas de fazer escolhas realistas com base em informações adequadas. O autor conclui com um agradecimento ao Estadão pelos seus 150 anos, desejando sucesso para o futuro.
Esse artigo reflete uma análise crítica da situação política e econômica do Brasil, destacando a necessidade de ações firmes e informadas para garantir o protagonismo do país no cenário global.
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domingo, 12 de janeiro de 2025
Trump, o Brasil e o mundo pós-2025 - Pedro Malan
O Estado de S. Paulo
Protagonismo do País é afetado pela percepção do mundo sobre como estamos equacionando nossos inúmeros problemas domésticos
O futuro, que tem por ofício ser incerto, está a se tornar ainda mais incerto, imprevisível e perigoso. São momentosas as razões para que seja assim. A relação cada vez mais conflituosa entre os EUA e a China nas áreas econômica, tecnológica e militar; o agravamento dos conflitos no Oriente Médio; a belicosidade da Rússia em relação à Europa; o desenvolvimento vertiginoso da inteligência artificial e seu potencial de uso no desenvolvimento de armas mais letais como também em campanhas de propaganda política e desinformação. Tudo sob o dramático pano de fundo da mudança climática, do risco de aumento de endemias e de grandes fluxos migratórios que com grande frequência causam virulentas reações.
A avassaladora vitória eleitoral de Donald Trump deve a seus olhos constituir um claro mandato para intensificar seu peculiar modus operandi e sua visão sobre o que significa fazer a América “great again”. Anos atrás, a revista The Economist sugeriu que as ações de Trump seguiam um roteiro padrão, composto de três atos: fazer ameaças, alcançar acordos (propiciados pelas ameaças) e declarar vitória sempre (“make threats, strike deals, always declare victory”).
A julgar por suas declarações e postagens neste momento que antecede sua posse no próximo dia 20, esse script vem sendo seguido à risca por Trump, em várias frentes. Ameaçou impor tarifas (“a palavra mais bonita do dicionário”) de até 60% sobre produtos chineses, e de 25% sobre seus dois parceiros do acordo Nafta, Canadá e México. E também a produtos importados da Dinamarca, caso esta não concorde com seu “projeto” para a Groenlândia, “questão vital para a segurança nacional norteamericana”. Noticiou o propósito de assumir o controle do Canal do Panamá e de mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América. Exibiu um mapa coberto com a bandeira norte-americana que alcança todo o território do Canadá, ao qual já se referiu como o 51.º Estado norte-americano. E voltou a pressionar os países europeus para que elevem, agora para 5% do Produto Interno Bruto (PIB), seus gastos em defesa.
E o Brasil, nesse complexo contexto? Nosso país terá neste ano de 2025 a dupla e grande responsabilidade, na área internacional, de presidir a COP-30 e a reunião anual do grupo Brics, agora ampliado para dez países integrantes. Ambas a serem realizadas no Brasil, ambas a exigir exaustivas negociações diplomáticas para que possam vir a ser consideradas exitosas. Não será tarefa fácil, dado o conturbado contexto doméstico, o quadro regional de grande instabilidade e uma situação global que inspira grande apreensão dos pontos de vista econômico e geopolítico.
O protagonismo do Brasil, sua voz, seu prestígio, sua influência na cena internacional são em larga medida afetados pela percepção que tenha o resto do mundo sobre nossa influência e gravitas em nossa própria região. E, ainda mais importante, sobre como estamos equacionando nossos inúmeros problemas domésticos nas áreas econômica, social e político-institucional.
A propósito, será proximamente lançado livro, organizado por Ana Carla Abrão Costa, Ana Paula Vescovi e por mim, em homenagem ao extraordinário Eduardo Guardia, que tão cedo nos deixou. O artigo que escrevemos Ana Carla e eu, intitulado Desafios fiscais crescentes para 2026 e muito além, abre com a seguinte epígrafe de Eduardo Guardia: “Estamos num momento muito delicado no Brasil. Somos um país que tem oportunidades enormes. Vejo isso hoje no mercado de capitais: novas tecnologias, novos setores. Mas vamos olhar o País como um todo e enxergar os problemas que ou simplesmente não estamos conseguindo resolver ou estamos empurrando para debaixo do tapete. Essa é a grande obrigação de todos nós. Temos que ter uma compreensão dos desafios, temos de exigir que o País caminhe na direção correta, porque estamos acumulando uma quantidade imensa de problemas que vão tornando as soluções mais custosas, mais difíceis”.
Essas palavras, proferidas em 2021, retêm relevância e urgência para o debate que deveria ter lugar no caminho que nos levará às eleições de outubro 2026 – e muito além. Democracias de grandes massas urbanas (o Brasil é a terceira maior do mundo) não são propensas a adotar ações que gerem no curto prazo custos para interesses específicos muito vocais, e benefícios difusos e de longo prazo para a maioria. Que por vezes o façam, é consequência de uma liderança incomumente corajosa ou de um eleitorado que compreende os custos de adiar escolhas difíceis. Liderança corajosa e competente é coisa rara, mas também é raro um eleitorado informado e comprometido.
O que exige educação para a liberdade. A qual, segundo Aldous Huxley, “deve começar com a apresentação de fatos e enunciação de valores e deve prosseguir, desenvolvendo técnicas adequadas para realizar esses valores e combater aqueles que, por qualquer razão, optam por ignorar os fatos ou negar os valores”. E no mesmo Admirável Novo Mundo Revisitado: “A sobrevivência da democracia depende da capacidade de um grande número de pessoas de fazer escolhas realistas à luz de informações adequadas”. É preciso que nos empenhemos para que seja esse o nosso caso.
Parabéns ao Estadão pelos 150 anos. Que venham os próximos! •
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Não Me Larga de Mão
Matheus e Kauan
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Faz isso com a gente não
Não me larga de mão
Faz isso com a gente não
Não me larga de mão
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O artigo "Trump e a volta do 'imperialismo yankee'", escrito por Luiz Carlos Azedo, discute as possíveis direções que a política externa dos Estados Unidos tomará sob a presidência de Donald Trump, destacando um retorno a uma postura geopolítica expansionista. O autor faz uma reflexão sobre o conceito de imperialismo, que envolve a expansão territorial, econômica ou cultural de uma nação sobre outra, citando o imperialismo do século XIX e a atual invasão da Ucrânia pela Rússia como exemplos.
A abordagem de Trump, segundo o artigo, vai além de uma simples guerra comercial com a China, refletindo uma visão de soberania nacional que prioriza a redução da dependência dos EUA em termos de comércio e manufatura. A crítica ao multilateralismo, especialmente em relação à OTAN, ONU e OMS, e sua postura em relação a tratados comerciais e alianças regionais como a NAFTA indicam um movimento em direção a políticas mais unilaterais e protecionistas.
O artigo também aborda a rivalidade com a China, que deve gerar uma nova corrida armamentista, e a aproximação de Trump com líderes autocráticos, como Vladimir Putin, Kim Jong-un e Mohammed bin Salman. Além disso, são mencionadas suas intenções de pressionar outros países a aumentarem seus gastos com defesa, apoiar a anexação de territórios palestinos por Israel e tomar atitudes mais rígidas em relação à América Latina, como o fechamento de fronteiras e sanções econômicas.
O artigo conclui com uma análise da política energética de Trump, destacando o uso de fraturação hidráulica para explorar petróleo e gás, uma postura que é vista como uma ameaça ambiental global. Esse movimento é parte de uma estratégia mais ampla que busca consolidar um novo ciclo tecnológico nos campos de infraestrutura, comunicação, militar e espacial, o que marca uma mudança no cenário geopolítico mundial.
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domingo, 12 de janeiro de 2025
Trump e a volta do “imperialismo yankee” - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
Agora, às vésperas de tomar posse, Trump choca o mundo com uma visão geopolítica expansionista que vai muito além da “guerra comercial” com a China
Por definição, o imperialismo ocorre quando uma nação promove uma expansão territorial, econômica e/ou cultural sobre outra nação pela força. A colonização da África, da Ásia e da Oceania, que se iniciou na segunda metade do século XIX, representou o auge do imperialismo. Em termos atuais, pode ser empregada no caso da invasão da Ucrânia pela Rússia, por exemplo. Segundo o historiador Eric Hobsbawm, essa forma de neocolonialismo representou a ocupação de 25% das terras do planeta.
O revolucionário russo Vladimir Lênin, que liderou a Revolução de 1917 e fundou a antiga União Soviética, porém, associava o imperialismo ao estágio monopolista do capitalismo. “Essa definição compreenderia o principal, pois, por um lado, o capital financeiro é o capital bancário de alguns grandes bancos monopolistas fundido com o capital das associações monopolistas de industriais e, por outro, a partilha do mundo é a transição de uma política colonial que se estendeu sem obstáculos às regiões não apropriadas por nenhuma potência capitalista para uma política colonial de posse monopolista dos territórios da Terra, já inteiramente repartida.”
Com o fim da antiga União Soviética, que havia se transformado de uma força anticolonialista, sobretudo na Ásia e na África, numa potência imperialista na Europa Oriental, essa visão perdeu relevância. Com o fim do colonialismo, a integração das diversas regiões do globo por meio do desenvolvimento dos transportes e das comunicações ultrapassou os modelos nacional-desenvolvimentistas que nela se baseavam, sobretudo a partir de a China adotar o capitalismo de estado e emergir como nova potência econômica mundial.
A globalização “liquefez” a sociedade industrial e elevou a modernização a um novo patamar, com impacto direto no modo de vida de todas as pessoas. Forçou os governos a adotarem políticas de integração à economia mundial para não apenas arcar com as suas consequências mais danosas. No Brasil, a globalização intensificou-se a partir da segunda metade do século XX, com a maior inserção do país no mercado econômico global, sobretudo a partir do governo Collor de Mello, em 1990. A tentativa de retomar um projeto nacional-desenvolvimentista, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, resultou no colapso econômico que a levou ao impeachment, em 2016.
Entretanto, a integração das cadeias produtivas globais e o multilateralismo, que pareciam pautar a globalização, sobretudo a partir da formação da União Europeia, passaram a ser fortemente questionados pelos Estados Unidos, a partir da emergência da China como segunda economia mundial. Quem controlará o comércio global, cujo eixo se deslocou do Atlântico para o Pacífico? Esse tipo de disputa entre o Reino Unido e a Alemanha, uma potência marítima e outra continental, foi uma das causas de duas guerras mundiais no século passado.
Era Trump
O velho “imperialismo yankee” parece estar de volta. No seu primeiro mandato, o presidente Donald Trump deu um cavalo de pau na política externa norte-americana em relação á China e ao multilateralismo, estratégia que foi mantida pelo democrata Joe Biden, que deu sequência à reorganização das suas cadeias de produção.
Agora, às vésperas de tomar posse, Trump choca o mundo com uma visão geopolítica expansionista que vai muito além da “guerra comercial” com a China. Seu America First promove políticas que prioriza a soberania dos EUA e a redução de sua dependência em termos de comércio e manufatura. A OTAN, a ONU e a OMS são estorvos econômicos e políticos. Tratados comerciais como antigos aliados, como a NAFTA, também.
A rivalidade com a China tende a desaguar numa nova corrida armamentista. Trump tudo fará para conter o crescimento da influência tecnológica e econômica chinesa, sobretudo na infraestrutura e nas comunicações. Em contrapartida, tende a se aproximar de líderes autocráticos como Vladimir Putin (Rússia), Kim Jong-un (Coreia do Norte) e Mohammed bin Salman (Arábia Saudita).
Antes mesmo de tomar posse, estressou as relações com a OTAN, com declarações sobre a anexação do Canadá e a compra da Groelândia, ao mesmo tempo em que pressiona os demais países a aumentarem seus gastos com defesa. Trump pretende apoiar a anexação dos territórios Palestinos por Benjamin Netanyahu e forçar uma aproximação de seus aliados árabes com Israel. Ao mesmo tempo, tende a largar de mão o Afeganistão e a Síria.
Sua política em relação à América Latina pode provocar nova crise humanitária, sobretudo no México, com o fechamento da fronteira e a expulsão em massa de imigrantes. As sanções econômicas e políticas contra os regimes da Venezuela, Nicaragua e Cuba serão ampliadas e a ameaça de retomada à força do Canal do Panamá se insere no contexto da disputa com a China pelo controle do comércio do Atlântico com o Pacífico.
A política energética de Trump é uma ameaça ambiental ao planeta, com a exploração doméstica de petróleo e gás por meio da fraturação hidráulica. Os EUA vão se retirar novamente do Acordo de Paris sobre o clima. Tudo isso está associado a um novo complexo tecnológico nas áreas de infraestrutura, comunicações, militar e espacial, num novo ciclo histórico, não apenas conjuntural.
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Falso Moralista
Paulinho da Viola
Letra
Marçal, mete lá
Você, Juquinha
Agora você, Elton
E agora você, Dazinho
Tudo isso pra cantar um samba do Nelson Sargento
Você condena o que a moçada anda fazendo
E não aceita o teatro de revista
Arte moderna pra você não vale nada
Até vedete você diz não ser artista
Você se julga muito bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
Mas eu conheço bem os seus defeitos
E não vou fazer segredo, não
Você é visto toda sexta no Joá... Ah, no Joá
E não é só no carnaval que vai pros bailes se acabar
Fim de semana, você deixa a companheira
E, no bar com os amigos, bebe bem a noite inteira
Segunda-feira, chega na repartição
Pede dispensa para ir ao oculista
E vai curar sua ressaca simplesmente, meu amigo
Você não passa de um falso moralista
Você não passa de um falso moralista
Você não passa de um falso moralista
Você não passa de um falso moralista
Composição: Nelson Sargento.
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Falso Moralista
Nelson Sargento
Letra
Você condena o que a moçada anda fazendo
e não aceita o teatro de revista
arte moderna pra você não vale nada
e até vedete você diz não ser artista
Você se julga um tanto bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
Mas eu conheço bem o seu defeito
e não vou fazer segredo não
Você é visto toda sexta no Joá
e não é só no carnaval que vai pros bailes se acabar
Fim de semana você deixa a companheira
e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira
Segunda-feira chega na repartição
pede dispensa para ir ao oculista
e vai curar sua ressaca simplesmente
Você não passa de um falso moralista
Composição: Nelson Sargento.
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Gabarito oficial Enem 2021: como conferir as respostas no portal do Inep
Respostas oficiais do exame foram liberadas pelo Inep nesta quarta-feira (1); veja como baixar prova e gabarito Enem 2021
Por Rodrigo Fernandes, para o TechTudo
01/12/2021 15h50 Atualizado há 3 anos
https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/2021/12/gabarito-oficial-enem-2021-como-conferir-as-respostas-no-portal-do-inep.ghtml
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Questão 39 da prova azul do primeiro dia do Enem 2021
Falso moralista
Você condena o que a moçada anda fazendo
e não aceita o teatro de revista
arte moderna pra você não vale nada
e até vedete você diz não ser artista
Você se julga um tanto bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
Mas eu conheço bem o seu defeito
e não vou fazer segredo não
Você é visto toda sexta no Joá
e não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar
Fim de semana você deixa a companheira
e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira
Segunda-feira chega na repartição
pede dispensa para ir ao oculista
e vai curar sua ressaca simplesmente
Você não passa de um falso moralista
NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo: Eldorado, 1979.
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As letras de samba normalmente se caracterizam por apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa letra de Nelson Sagento, são exemplos dessas marcas
"falação" e "pros bailes".
"você" e "teatro de revista".
"perfeito" e "Carnaval".
'bebe bem" e "oculista"
"curar e "falso moralista".
Gabarito da questão
Opção A
Questões correspondentes
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https://descomplica.com.br/gabarito-enem/questoes/2021/primeiro-dia/letras-de-samba-normalmente-se-caracterizam-por-apresentarem-marcas-informais-uso-da-lingua-n/#:~:text=As%20letras%20de%20samba%20normalmente%20se%20caracterizam%20por%20apresentarem%20marcas,e%20%22teatro%20de%20revista%22.
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