segunda-feira, 22 de abril de 2024

MAS COMO DÓI!

------------ JUIZ DE FORA, APENAS UM PONTO NO ATLAS DO MUNDO. -----------
---------- Pestana, o juiz-forano, na confidência do desencanto, Nosso sistema político, num triste e incerto pranto. Que cada voz seja ouvida, que cada voto conte, E que a política renasça, da apatia, do monte. -----------
----------- Dinheiro, eleições e poder: As engrenagens do sistema político brasileiro ------------- Dinheiro, eleições e poder: As engrenagens do sistema político brasileiro eBook Kindle por Bruno Carazza (Autor) Formato: eBook Kindle Diante do cenário político e econômico atual, muitos autores têm procurado discutir se nosso presidencialismo de coalizão funciona. Bruno Carazza foi além, avaliando quais são os custos de seu precário funcionamento. Especialista em direito e economia, Bruno Carazza criou uma metodologia original para destrinchar as engrenagens do sistema político brasileiro. Para escrever Dinheiro, eleições e poder, ele compilou e cruzou um volume imenso de dados sobre doações de campanhas eleitorais, tramitação de projetos, votações e atuação parlamentar, que são contextualizados por fragmentos das delações premiadas e dos depoimentos de testemunhas ouvidas nas várias fases da Operação Lava Jato e do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE. O autor mostra como o perfil do financiamento eleitoral no Brasil foi se concentrando em grandes doadores, que seguem uma lógica estritamente empresarial – muito mais que ideológica. Baseado em dados sobre participação em frentes parlamentares, propositura de emendas e posicionamento nas principais votações, Carazza analisa como os eleitos tendem a retribuir as doações recebidas das grandes empresas. Por fim, o autor apresenta alternativas para baratear nossas eleições, combater práticas como o "caixa dois" e diminuir a influência econômica em nossa democracia. "Combinando de modo feliz a análise de dados quantitativos com trechos das delações colhidas pela Lava Jato, Carazza compõe um quadro em que a influência do dinheiro sobre a política é intensa, multiforme e difícil de combater. Trata-se de uma contribuição importante para a discussão de nosso sistema político e de suas possibilidades de aprimoramento." — Celso Rocha de Barros "Bruno Carazza destrincha de maneira soberba a associação predadora entre a elite econômica e uma determinada casta política."— Consuelo Dieguez "Com uma análise precisa, informada e incisiva da intercessão entre dinheiro, corrupção e política, Bruno Carazza apresenta um diagnóstico necessário dos desafios atuais da democracia brasileira." — Marcus Melo _________________________________________________________________________________________________________ ---------- -------------- Confidência do Itabirano Carlos Drummond de Andrade Letra Significado Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! Composição: Carlos Drummond de Andrade. _________________________________________________________________________________________________________ ------------- -------------- DINHEIRO, ELEIÇÕES E PODER - BRUNO CARAZZA - 10 LIVROS SOBRE POLÍTICA Professor Tiago Valenciano Especialista em direito e economia, Bruno Carazza criou uma metodologia original para destrinchar as engrenagens do sistema político brasileiro. Para escrever Dinheiro, eleições e poder, ele compilou e cruzou um volume imenso de dados sobre doações de campanhas eleitorais, tramitação de projetos, votações e atuação parlamentar, que são contextualizados por fragmentos das delações premiadas e dos depoimentos de testemunhas ouvidas nas várias fases da Operação Lava Jato e do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE. O autor mostra como o perfil do financiamento eleitoral no Brasil foi se concentrando em grandes doadores, que seguem uma lógica estritamente empresarial – muito mais que ideológica. Baseado em dados sobre participação em frentes parlamentares, propositura de emendas e posicionamento nas principais votações, Carazza analisa como os eleitos tendem a retribuir as doações recebidas das grandes empresas. Por fim, o autor apresenta alternativas para baratear nossas eleições, combater práticas como o “caixa dois” e diminuir a influência econômica em nossa democracia. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
----------- Bruno Carazza - Propostas para o sistema político Valor Econômico Livro discute problemas e soluções para tornar políticos mais responsivos aos eleitores Nas eleições de 2010, o economista Marcus Pestana foi eleito deputado federal com 161.892 votos, após longa carreira como professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, vereador (1983-1988), deputado estadual (2007-2010) e duas passagens como secretário estadual no governo de Minas Gerais, comandando Planejamento (1995-1998) e Saúde (2003-2010). Transcorrido quase um ano de seu primeiro mandato em Brasília, Pestana resolveu contratar uma pesquisa para analisar seu desempenho parlamentar na cidade natal e principal base eleitoral, Juiz de Fora, onde havia recebido o apoio de 19.937 eleitores. Ao realizar o levantamento, a surpresa veio logo na primeira pergunta. Quando perguntados em quem haviam votado no pleito realizado apenas um ano antes, 74,1% dos entrevistados não conseguiram se recordar da escolha do seu representante para a Câmara dos Deputados. Apesar da pouca memória do eleitor juiz-forano, Marcus Pestana descobriu que não era um total desconhecido do eleitorado local: apenas 17% dos pesquisados afirmaram não ter ideia de quem era o político, enquanto o restante se dividia entre quem já tinha ouvido falar dele (52%) e quem o conhecia pouco (27%) ou muito (4%). Interessado em ter um feedback do seu trabalho no Congresso, Pestana selecionou as três votações mais importantes e polêmicas daquele ano de 2011 (elevação do salário mínimo, o novo Código Florestal e a criação de um novo imposto para o financiamento da saúde, uma de suas especialidades) para saber como o eleitor de sua cidade avaliou o seu posicionamento. O resultado é impressionante: na média, 96% dos cidadãos consultados não tinha a mais remota ideia sobre como o parlamentar mineiro votou. E entre a minoria que afirmava saber o posicionamento do deputado, a metade simplesmente errou a resposta. Esses dados são surpreendentes porque eles estão longe de ser fruto de um caso isolado, numa localidade qualquer. Com uma população de 540.756 habitantes, Juiz de Fora é uma das maiores cidades mineiras, responsável pelo sétimo maior PIB municipal do Estado, além de ser berço de importantes políticos, como o ex-presidente Itamar Franco e o ex-deputado Fernando Gabeira. Tampouco os resultados podem ser atribuídos a uma possível atuação apagada de Pestana. Apesar de novato no Congresso, Pestana tinha uma bagagem intelectual e política que rapidamente o posicionou no alto clero do parlamento brasileiro, sendo indicado logo no primeiro ano de mandato como titular na importante Comissão de Saúde, além da comissão especial de Reforma Política, entre outros trabalhos. Para tirar a prova, Pestana encomendou que os entrevistadores fizessem as mesmas perguntas sobre o comportamento de outro parlamentar, seu conterrâneo Júlio Delgado. Os resultados foram igualmente desapontadores. A história acima é narrada no livro “Desafios do sistema político brasileiro”, coletânea de artigos organizada por Bernardo Sorj e Sergio Fausto e publicada recentemente pela Fundação FHC, para a qual tive a honra de escrever um capítulo. Essa desconexão entre eleitores e políticos, também captada por outras pesquisas, tem raízes estruturais, segundo a análise dos autores convidados. Eleições disputadas em territórios muito grandes e populosos distanciam os deputados de seu eleitorado. Eleições caras, financiadas pela abundância de recursos dos fundos eleitoral e partidário distribuído de forma concentrada pelos dirigentes partidários, elevam a barreira à entrada de novos candidatos. Partidos fracos, lançando centenas ou milhares de candidatos em cada Estado, dificultam a avaliação dos cidadãos e incentivam o personalismo nas campanhas. Para discutir soluções para diminuir a individualização na atuação política, o enfraquecimento dos partidos e a baixa responsabilização dos políticos perante os eleitores, foi realizado na última sexta debate com alguns dos autores do livro e três políticos: a deputada Adriana Ventura, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e o próprio Pestana. Entre as propostas, três opções para um novo sistema eleitoral poderiam levar a campanhas mais baratas, fortalecendo os partidos ou aproximando os políticos de seu eleitorado. No modelo de lista fechada, em vez de escolher um candidato, o eleitor votaria no partido, que elaboraria uma lista pré-ordenada de candidatos. No sistema distrital, cada Estado seria dividido em pequenos distritos, cada qual responsável por uma cadeira de deputado, com os partidos indicando um único candidato para a disputa. Um modelo intermediário seria manter o sistema eleitoral vigente, porém dividindo os Estados em regiões menores, cada uma delas responsável pela escolha de oito deputados (número equivalente ao dos menores Estados atualmente). Todas as propostas têm suas vantagens e custos, e qualquer mudança exigiria muito debate. Melhorar a qualidade da nossa política, tornando os representantes mais responsáveis, é tarefa quase impossível - porém, nunca foi tão urgente. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
------------ Confidência do Juiz-forano – Pestana Nas ruas de Juiz de Fora eu caminhei, Nas mentes dos cidadãos me perdi. Marcus Pestana, o deputado, uma vez eleito, Na memória do povo, seu nome tão desfeito. Longa foi a carreira, os cargos ocupados, Mas na terra natal, seus feitos olvidados. Oitenta por cento do eleitorado, tão distante, Não recorda mais seu voto, num passado recente. O político experiente, o professor renomado, No Congresso, um lugar de destaque lhe foi dado. Mas para os que o elegeram, na cidade do interior, A ausência de sua presença, uma dor sem amor. Pesquisas revelam a desconexão profunda, Entre o eleito e o eleitor, uma ferida tão fecunda. Na mente dos juiz-foranos, o voto se perdeu, E o político, outrora promissor, na bruma se escondeu. Não é só um caso isolado, uma cidade esquecida, Mas um dilema nacional, uma triste despedida. A política distante, os políticos tão abstratos, E o povo, na solidão, com seus anseios tão exatos. Que caminhos podemos trilhar, que soluções buscar, Para aproximar o eleito do que ele deve cuidar? Lista fechada, distrital, ou algo intermediário, Tantas propostas, tantos desafios, nesse cenário adversário. Pestana, o juiz-forano, na confidência do desencanto, Nosso sistema político, num triste e incerto pranto. Que cada voz seja ouvida, que cada voto conte, E que a política renasça, da apatia, do monte. ________________________________________________________________________________________________________

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