sábado, 31 de julho de 2021

Os superiores e os inferiores

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*** Segure o bom humor. O seu bom humor é a sua proteção. ***
*** Não se sabe o quem tem causado maior dano à Humanidade: se as obsessões espetaculares, individuais e coletivas, que todos percebem e ajudam a desfazer ou isolar, ou se essas meio-obsessões de quase-obsidiados, despercebidas, contudo bem mais frequentes, que minam as energias de uma só criatura incauta, mas influenciando o roteiro de legiões de outras. *** Influenciações espirituais sutis ESTUDE E VIVA ***
*** Me vesti de palhaço, me fiz de palhaço, alegando a vida e recordando um tempo com imagens nunca esquecidas. *** o sorriso de um Pailhaço nem sempre espelha o que se passa em seu coração naquele momento de suas vidas. *** André Luiz Gama MINHA HISTÓRIA Uma filosofia para a vida. ***
*** 9. A autoridade, tanto quanto a riqueza, é uma delegação de que terá de prestar contas aquele que se ache dela investido. Não julgueis que lhe seja ela conferida para lhe proporcionar o vão prazer de mandar; nem, conforme o supõe a maioria dos potentados da Terra, como um direito, uma propriedade. Deus, aliás, lhes prova constantemente que não é nem uma nem outra coisa, pois que deles a retira quando lhe apraz. Se fosse um privilégio inerente às suas personalidades, seria inalienável. A ninguém cabe dizer que uma coisa lhe pertence, quando lhe pode ser tirada sem seu consentimento. Deus confere a autoridade a título de missão, ou de prova, quando o entende, e a retira quando julga conveniente. Quem quer que seja depositário de autoridade, seja qual for a sua extensão, desde a do senhor sobre o seu servo, até a do soberano sobre o seu povo, não deve olvidar que tem almas a seu cargo; que responderá pela boa ou má diretriz que dê aos seus subordinados e que sobre ele recairão as faltas que estes cometam, os vícios a que sejam arrastados em conseqüência dessa diretriz ou dos maus exemplos, do mesmo modo que colherá os frutos da solicitude que empregar para os conduzir ao bem. Todo homem tem na Terra uma missão, grande ou pequena; qualquer que ela seja, sempre lhe é dada para o bem; falseá-la em seu princípio é, pois, falir ao seu desempenho. Assim como pergunta ao rico: “Que fizeste da riqueza que nas tuas mãos devera ser um manancial a espalhar a fecundidade ao teu derredor”, também Deus inquirirá daquele que disponha de alguma autoridade: “Que uso fizeste dessa autoridade? Que males evitaste? Que progresso facultaste? Se te dei subordinados, não foi para que os fizesses escravos da tua vontade, nem instrumentos dóceis aos teus caprichos ou à tua cupidez; fiz-te forte e confiei-te os que eram fracos, para que os amparasses e ajudasses a subir ao meu seio.” O superior, que se ache compenetrado das palavras do Cristo, a nenhum despreza dos que lhe estejam submetidos, porque sabe que as distinções sociais não prevalecem às vistas de Deus. Ensina-lhe o Espiritismo que, se eles hoje lhe obedecem, talvez já lhe tenham dado ordens, ou poderão dar-lhas mais tarde, e que ele então será tratado conforme os haja tratado, quando sobre eles exercia autoridade. Mas, se o superior tem deveres a cumprir, o inferior, de seu lado, também os tem e não menos sagrados. Se for espírita, sua consciência ainda mais imperiosamente lhe dirá que não pode considerar-se dispensado de cumpri-los, nem mesmo quando o seu chefe deixe de dar cumprimento aos que lhe correm, porquanto sabe muito bem não ser lícito retribuir o mal com o mal e que as faltas de uns não justificam as de outrem. Se a sua posição lhe acarreta sofrimentos, reconhecerá que sem dúvida os mereceu, porque, provavelmente, abusou outrora da autoridade que tinha, cabendo-lhe, portanto, experimentar a seu turno o que fizera sofressem os outros. Se se vê forçado a suportar essa posição, por não encontrar outra melhor, o Espiritismo lhe ensina a resignar-se, como constituindo isso uma prova para a sua humildade, necessária ao seu adiantamento. Sua crença lhe orienta a conduta e o induz a proceder como quereria que seus subordinados procedessem para com ele, caso fosse o chefe. Por isso mesmo, mais escrupuloso se mostra no cumprimento de suas obrigações, pois compreende que toda negligência no trabalho que lhe está determinado redunda em prejuízo para aquele que o remunera e a quem deve ele o seu tempo e os seus esforços. Numa palavra: solicita-o o sentimento do dever, oriundo da sua fé, e a certeza de que todo afastamento do caminho reto implica uma dívida que, cedo ou tarde, terá de pagar. – François-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot. (Paris, 1863.) *** O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Allan Kardec *** *** https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/887/o-evangelho-segundooespiritismo/2517/capitulo-xvii-sede-perfeitos/instrucoes-dos-espiritos/os-superiores-e-os-inferiores *** *** ***
*** No futuro “Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros.” 9. O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. É fato, que já haveis podido comprovar muitas vezes, este: o homem, por mais abjeto, vil e criminoso que seja, vota a um ente ou a um objeto qualquer viva e ardente afeição à prova de tudo quanto tendesse a diminuí-la e que alcança, não raro, sublimes proporções. A um ente ou um objeto qualquer, disse eu, porque há entre vós indivíduos que, com o coração a transbordar de amor, despendem tesouros desse sentimento com animais, plantas e, até, com coisas materiais: espécies de misantropos que, a se queixarem da Humanidade em geral e a resistirem ao pendor natural de suas almas, que buscam em torno de si a afeição e a simpatia, rebaixam a lei de amor à condição de instinto. Entretanto, por mais que façam, não logram sufocar o gérmen vivaz que Deus lhes depositou nos corações ao criá-los. Esse gérmen se desenvolve e cresce com a moralidade e a inteligência e, embora comprimido amiúde pelo egoísmo, torna-se a fonte das santas e doces virtudes que geram as afeições sinceras e duráveis e ajudam a criatura a transpor o caminho escarpado e árido da existência humana. Há pessoas a quem repugna a reencarnação, com a ideia de que outros venham a partilhar das afetuosas simpatias de que são ciosas. Pobres irmãos! o vosso afeto vos torna egoístas; o vosso amor se restringe a um círculo íntimo de parentes e de amigos, sendo-vos indiferentes os demais. Pois bem! para praticardes a lei de amor, tal como Deus o entende, preciso se faz chegueis passo a passo a amar a todos os vossos irmãos indistintamente. A tarefa é longa e difícil, mas cumprir-se-á: Deus o quer e a lei de amor constitui o primeiro e o mais importante preceito da vossa nova doutrina, porque é ela que um dia matará o egoísmo, qualquer que seja a forma sob que se apresente, dado que, além do egoísmo pessoal, há também o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade. Disse Jesus: “Amai o vosso próximo como a vós mesmos.” Ora, qual o limite com relação ao próximo? Será a família, a seita, a nação? Não; é a Humanidade inteira. Nos mundos superiores, o amor recíproco é que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam, e o vosso planeta, destinado a realizar em breve sensível progresso, verá seus habitantes, em virtude da transformação social por que passará, a praticar essa lei sublime, reflexo da Divindade. Os efeitos da lei de amor são o melhoramento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais viciosos se reformarão, quando observarem os benefícios resultantes da prática deste preceito: Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam; fazei-lhes, ao contrário, todo o bem que vos esteja ao alcance fazer-lhes. Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do coração humano; ao amor verdadeiro, ele, a seu mau grado, cede. É um ímã a que não lhe é possível resistir. O contato desse amor vivifica e fecunda os germens que dele existem, em estado latente, nos vossos corações. A Terra, orbe de provação e de exílio, será então purificada por esse fogo sagrado e verá praticados na sua superfície a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação e o sacrifício, virtudes todas filhas do amor. Não vos canseis, pois, de escutar as palavras de João, o Evangelista. Como sabeis, quando a enfermidade e a velhice o obrigaram a suspender o curso de suas prédicas, limitava-se a repetir estas suavíssimas palavras: “Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros.” Amados irmãos, aproveitai dessas lições; é difícil o praticá-las, porém, a alma colhe delas imenso bem. Crede-me, fazei o sublime esforço que vos peço: “Amai-vos” e vereis a Terra em breve transformada num Paraíso onde as almas dos justos virão repousar. – Fénelon. (Bordeaux, 1861.) A lei de amor Amar o próximo como a si mesmo Segundo o Espiritismo ALLAN KARDEC FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Rio - Brasil 1944 Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª edição francesa revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866 No futuro
*** “E não mais ensinará cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: – Conhece o Senhor! Porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.” Paulo (Hebreus, 8:11) Quando o homem gravar na própria alma Os parágrafos luminosos da Divina Lei, O companheiro não repreenderá o companheiro, O irmão não denunciará outro irmão. O cárcere cerrará suas portas, Os tribunais quedarão em silêncio. Canhões serão convertidos em arados, Homens de armas volverão à sementeira do solo. O ódio será expulso do mundo, As baionetas repousarão, As máquinas não vomitarão chamas para o incêndio e para a morte, Mas cuidarão pacificamente do progresso planetário. A justiça será ultrapassada pelo amor. Os filhos da fé não somente serão justos, Mas bons, profundamente bons. A prece constituir-­se-­á de alegria e louvor E as casas de oração estarão consagradas ao trabalho sublime da fraternidade suprema. A pregação da Lei Viverá nos atos e pensamentos de todos, Porque o Cordeiro de Deus Terá transformado o coração de cada homem Em tabernáculo de luz eterna, Em que o seu Reino Divino Resplandecerá para sempre. 41 No futuro Emmanuel Pão Nosso FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017 ***
*** Plante boas sementes. A semente do bem que se planta rende bons frutos permanentemente. ***
*** Não tenha medo. Nem do futuro, nem do presente. Nada há a temer. A vida sorri para as pessoas corajosas. ***
*** Entrevista//Adauto Novaes: Um mundo mutante Por José Carlos Vieira 06/09/2009 10:00 Quem chega próximo aos locais onde são realizados os cursos livres organizados por Adauto Novaes tem a impressão de que se trata de um evento estrelado por algum astro pop. O estacionamento fica lotado, as filas para entrar se desdobram, os melhores lugares são disputados no auditório. A situação está se repetindo com A experiência do pensamento ; mutações, realizado no auditório da Caixa Cultural, às segundas-feiras, no Setor Bancário Sul. Com a sua inteligência, capacidade de articulação e carisma, Adauto consegue a façanha de transformar a filosofia em algo tão fascinante quanto qualquer outro evento do mundo da cultura. ***
*** *** Ele é mineiro de Belo Horizonte, mas está radicado no Rio há mais de 40 anos. Começou no jornalismo com Fernando Gabeira e Sérgio Augusto (aquele mesmo que se tornaria um dos editores do Pasquim), no departamento de pesquisa do Jornal do Brasil. É professor e dirigiu durante 20 anos o Núcleo de Estudos e Pesquisas da Funarte, concebendo alguns cursos memoráveis, que se transformaram em livros: O olhar, Os sentidos da paixão e Ética. Talvez o segredo da receptividade dos cursos organizados por Adauto esteja no fato de que não se limitam a ser encontros de reprodução do conhecimento erudito. Pelo contrário: realizam um corajoso corpo a corpo com as grandes questões contemporâneas: a ética, a barbárie, a rede imaginária da tevê, a espetaculização do mundo. O tema do ciclo atual não poderia ser mais polêmico e provocador: o impacto das revoluções científicas em nossas vidas. Celulares, computadores, televisores, notebooks, cirurgias plásticas, células tronco. As mutações vertiginosas deste admirável velho mundo novo reviram tudo de cabeça para baixo: "Nós estamos vivendo em um mundo cego", comenta Adauto. Nesta entrevista, ele fala sobre a destruição da experiência pela velocidade, o impacto na educação das crianças, a humanização das máquinas e a maquinização dos homens. Como você se relaciona com o mundo das máquinas e em que medida esta interação contribuiu para que organizasse um curso livre sobre o impacto da revolução científica em nossas vidas? Logo que houve aquele atentado dos terroristas às torres do World Trade Center, em Nova York, eu pensei: o que está acontecendo não é nem o começo e nem o fim da história, mas o símbolo de uma grande transformação. Os caras que atacaram as torres não têm a ciência para fazer isso. Com um programa de computador tiveram acesso à técnica para destruir as torres. Então eu organizei três ciclos que têm a ver com as mutações: Civilização e barbárie, onde levantei a questão de quem é civilizado e bárbaro ; apenas no século passado 200 milhões de pessoas foram mortas em guerras e massacres. O segundo foi sobre O silêncio dos intelectuais e o terceiro foi obra o esquecimento da política no meio de tudo isso. O intelectual público como era o Jean-Paul Sartre desapareceu porque a esfera pública é outra, não há mais espaço para ele na universidade, no partido político ou nos jornais. E, a partir daí, fizemos mutações. Por que você diz que o que está ocorrendo não é mais uma situação de crise e sim de mutação? A ideia de crise não explica mais o que estamos vivendo. Estamos mergulhados em mutações vertiginosas que provocam um descompasso entre o tempo da vida e o tempo da ciência. Como definiria o conflito ou a contradição entre o tempo da vida e o tempo da ciência, o tempo da vida e o tempo do celular, do computador, do twitter e da robótica? Acho que hoje existe uma contradição entre a existência e a subsistência. O poeta francês Paul Valéry tem uma frase genial que ilumina a nossa situação: "Às vezes penso e às vezes existo". Acho que estamos existindo apenas. Há uma separação entre uma vida pensada e uma vida existida. É uma revolução vivida na ausência do pensamento. E o mesmo Valéry escreveu que a era dos fatos é a era da barbárie. São apenas os fatos técnicos que nos dirigem. Mas são as coisas vagas ; a imaginação, a teoria, as artes ; que dão sentido às nossas vidas. Estamos vivendo um momento privilegiado, mas de grande incerteza. A gente precisa reinventar a civilização. As velhas teorias não dão conta mais do mundo. Há um desconforto de nosso espírito, que se recusa a habitar a sua obra, que não se identifica mais com o mundo que ele mesmo criou. ***
*** Poderia dar um exemplo? Na década de 1960 e 1970, nós tínhamos a utopia e uma série de conceitos que explicavam a realidade. Mas a gente pensava em termos de revolução operária. O próprio conceito de povo mudou. Como pensar isso hoje, quando a informação circula velozmente e os operários são substituídos por robôs nas fábricas? A primeira coisa a reconhecer é que houve a revolução científica que mudou todas as relações. A velocidade da vida destrói a experiência, quer dizer, faz a vida ficar sem sentido? O Ludwig Wittgenstein diz que na corrida do pensamento ganha quem chega por último. Segundo ele, o mundo contemporâneo destruiu as duas maiores invenções da humanidade: o passado e o futuro. Vivemos na velocidade de um eterno presente. A velocidade destrói a experiência, mas o nosso desafio é pensar o novo que desponta neste mundo criado pela tecnociência. E qual o impacto dessas transformações sobre os valores? O valor do espírito está em baixa e não cessa de baixar. Falo do espírito como potência de transformação. O pensamento tem que mergulhar nestas experiências para tentar entender o mundo. A quantidade de experiência significa necessariamente qualidade? Por exemplo, as pessoas colecionam também experiências amorosas e sexuais e as divulgam na internet como se fosse um balanço contábil de uma empresa; Não acho que a quantidade de experiências signifique necessariamente qualidade. Se por um lado é liberador, não quer dizer que seja um avanço na própria existência. Mas não podemos ver o que está ocorrendo hoje com os olhos da moral e do pensamento antigos. Não podemos ver as transformações que estão ocorrendo de uma maneira maniqueísta. A própria ideia de valor tende a desaparecer e ser recriada por outros valores. Mas a gente está tentando pensar no calor da coisa acontecendo. O que seria maniqueísmo, por exemplo? Nem tudo é péssimo e nem tudo é maravilhoso. A célula-tronco, por exemplo, pode beneficiar muitas pessoas. Mas o mesmo princípio permite a seleção natural, o que é uma perspectiva terrível. Falta uma política que dirija as invenções técnicas para fins coletivos. Como escreveu o Michel Foucault, é preciso pensar a política não mais do ponto de vista jurídico, mas sim do ponto de vista tecnológico. Os dois candidatos a Presidência da República, por exemplo, a Dilma e o Serra, são dois tecnocratas. A discussão deles é técnica, não é política. Como avalia o impacto da ciência sobre a estética corporal? Por que todos os humanos que buscam a perfeição com as operações de silicone dão a impressão de se tornarem monstros ou alienígenas como foi o caso do Michael Jackson? A ciência permite aos humanos se transformarem em deuses? Vejo a experiência de intervenção estética da ciência nos corpos como um modismo, uma perda de referências, uma busca de identidade com o grupo. É algo que se dá no plano psicológico, existencial e estético. Como você disse, acaba gerando monstros, não sabem mais o que são e onde estão. É algo provocado pelas pressões da sociedade de consumo. É efeito de uma miséria simbólica. ***
*** O que você chama de miséria simbólica? O simbólico e o pensamento é o que nos diferencia dos animais. Você cai na miséria do simbólico quando não tem pensamento, valores, perspectiva. Você transfere todo o desejo para os objetos. O consumismo é a expressão mais acabada da miséria simbólica. É a miséria do espírito. Você não consegue mais apreciar uma obra de arte, uma catedral, uma canção, uma peça musical. A propaganda reduz o mundo a isso. Nelson Rodrigues disse que o desenvolvimento humaniza as máquinas e maquiniza os humanos. Você concorda? Já estamos vivendo um processo em que as máquinas passaram a rivalizar com os humanos em tudo. Que o homem já se robotizou ou maquinizou já é visível. É muito difícil encontrar hoje jovens se relacionando diretamente. As pesquisas revelam que os jovens passam em média mais de cinco horas por dia na frente dos computadores. A nossa vida já é mediada pela máquina. As pessoas não veem mais o rosto, não sentem o cheiro e não percebem os gestos. Tudo isso são símbolos humanos. É a robotização da vida. Não é coisa de futurismo, os robôs quase que pensam por nós, reduzem a capacidade cognitiva dos humanos. Um dos palestrantes do ciclo citou os cientistas canadenses que planejam criar a vida, não mais a partir das células, mas a partir do nada, rivalizando com Deus. É algo assustador. A internet surgiu como a promessa de uma revolução afirmadora, democratizando a informação e a possibilidade de interação e intervenção social, cultural e política. Mas o que salta aos olhos é que ela se transformou em espaço para o culto de bobagens, os trambiques e a pedofilia. Você concorda? Não pegaria só este aspecto negativo. Talvez seja o que fica mais explícito. Mas há também muitas coisas positivas. Por exemplo: em razão do acesso imediato à informação, um golpe de Estado hoje seria muito mais difícil do que antes da internet. Não dá para ser maniqueísta. É tudo porcaria. Ela está mexendo com a linguagem, com os comportamentos, com as mentalidades, com tudo. Não sabemos ainda qual o sentido dessas experiências. O que está fora da ordem nos tempos de hoje? Está tudo fora da ordem, se estamos submetidos à técnica. É a era dos acontecimentos apenas. As coisas perdem a origem e o sentido. E como ficam a arte e a educação nesse cenário? É mais difícil falar da arte do que da educação.. É preciso reeducar os educadores. A criança hoje está lidando com os objetos técnicos com uma facilidade muito maior do que os educadores. Eles têm de entender quais são as novas formas de pensamento que estão gestadas com as novas tecnologias da comunicação e do lazer. As crianças pensam diferente e falam diferente. Há uma grande defasagem entre a vida dos educadores e dos alunos. Vimos nos jornais muitas matérias sobre a violência nas escolas. Talvez as crianças que ficam mais de cinco horas por dia em frente aos computadores tenham dificuldade em lidar com coisas coletivas. Cinco horas em frente ao computador é algo de um individualismo absoluto. É uma sociedade que não tem cidadãos, só tem indivíduos. Então para onde vamos? Para onde caminha a humanidade? Esta é a pergunta mais difícil. A gente não sabe onde está e nem para onde vai. No ciclo de debates anterior, alguns pensadores levantaram a hipótese de que estamos chegando ao pós-humano. São novas formas de pensar e de agir. Temos de levar muito a sério essa revolução, pois está alterando a próprio homem. Altera a constituição do corpo e do espírito. Nem um adivinho arriscaria dizer hoje para onde caminhamos. Um mundo sem pensamento é um mundo chato? É pior do que isso. É um mundo sem sentido. Sem pensamento, você tem uma prática cega, as coisas são feitas à deriva. Nós estamos vivendo em um mundo cego. Sem ética, ficamos submetidos ao que acontece. Não podemos abrir mão dos valores fundamentais: liberdade, justiça e sabedoria. Sem as coisas vagas, de que falava Valéry, somos escravos dos acontecimentos. E que perspectivas este admirável mundo novo abre? Perspectiva e soluções só o movimento da história e da sociedade dão. O Marx dizia que mais do que entender era preciso transformar o mundo. Acho que temos de inverter a frase de Marx: nós precisamos entender para transformar este mundo. Fonte: CORREIO BRAZILIENSE *** *** https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2009/09/06/interna_diversao_arte,140287/amp.html *** ***

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