O que ocorre hoje no País é continuidade do que se fez
nos anos petistas, nos quais foi instalada e promovida a lógica antidemocrática
do 'nós' contra 'eles'
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
21 de julho de 2019 | 03h00
São cada vez mais frequentes as análises apontando os
efeitos daninhos que o governo do presidente Jair Bolsonaro causa sobre a
sociedade. Seus discursos, seus posts nas redes sociais, seus silêncios diante
de determinadas situações sociais, suas intromissões em searas que não lhe
competem – tudo isso estaria produzindo um perigoso esgarçamento do tecido social
e político.
O comportamento de Jair Bolsonaro – essa é uma das
principais críticas que lhe são feitas – estaria, de alguma forma, autorizando
a disseminação de fake news, a polarização, a intolerância, a discriminação
contra grupos minoritários, a diminuição das liberdades e tantos outros
retrocessos civilizatórios. Muito além de eventuais erros em áreas específicas,
estaria havendo um exercício do poder frontalmente contrário ao primeiro
objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, tal como expressa a
Constituição Federal de 1988: “Construir uma sociedade livre, justa e
solidária” (art. 3.º, I).
Não resta dúvida de que várias das ações do presidente
Jair Bolsonaro e de membros do governo têm um nítido caráter desagregador,
fomentando explicitamente a polarização e a divisão do País. Não deixa de ser
estranho, no entanto, que muitos dos atuais críticos desse desmoronamento do
tecido social e político operado pelo governo Bolsonaro tratem tal fenômeno
como algo novo. Quem inaugurou, na história recente do País, esse modo perverso
de governar foi o sr. Luiz Inácio Lula da Silva.
Não foi Jair Bolsonaro quem inventou o governo do “nós”
contra “eles”. Ele simplesmente copiou o modelo petista, trocando o sinal. O
que antes era dedicado aos “neoliberais” – tratados como se fossem a antítese
de toda e qualquer preocupação com o interesse público, fomentadores da
ganância privada e cúmplices de todas as injustiças sociais – foi agora
dirigido aos “comunistas”, quando muito aos “socialistas” – que passaram a ser
os grandes destruidores da moral, da economia e dos bons costumes do País.
O desrespeito com o lado oposto e a intolerância com a
divergência política não nasceram com as recentes passeatas que pedem
intervenção militar e fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal
(STF). A rejeição da convivência pacífica diante do pluralismo ideológico e
político vem sendo pregada e alimentada pelo sr. Luiz Inácio Lula da Silva, o
PT e os ditos movimentos sociais, pelegos do partido, há muito tempo.
Alerta-se agora para o risco – real, deve-se reconhecer –
da “normalização da violência” contra grupos minoritários. Mas a tolerância com
a violência, como se ela fosse consequência inexorável do atuar político,
também não é coisa criada por bolsonaristas. O PT e os movimentos sociais
aliados que o digam. Por exemplo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), tratado e alimentado cordialmente pelos governos petistas, nunca
se dispôs a abandonar a violência, assumindo exclusivamente a negociação pacífica.
Tão incorporada essa obsessão pelo recurso à violência, que os movimentos
sociais sempre combateram toda e qualquer mudança legislativa tendente a
consolidar a paz social e a ordem pública, alegando que o objetivo de fundo
era, ao contrário, criminalizar a militância social e política. Ou seja, eles
mesmos reconheciam que não estavam do lado da tolerância, do diálogo e da não
violência.
O que o PT fez não justifica, de forma alguma, os
equívocos do atual governo. O presidente Jair Bolsonaro é única e integralmente
responsável pelos seus atos. Se o sr. Lula da Silva não cumpriu sua promessa de
respeitar a Constituição – de promover uma sociedade livre, justa e solidária
–, isso não é pretexto para que o sr. Jair Bolsonaro se sinta menos obrigado a
cumprir o solene compromisso assumido no dia 1º. de janeiro deste ano.
De toda forma, o que ocorre hoje no País é continuidade
do que se fez nos anos petistas, nos quais deliberadamente foi instalada e
promovida a lógica antidemocrática do “nós” contra “eles”. Talvez seja essa a
grande decepção do atual governo. Eleito para que a lógica petista não mais
estivesse presente no Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro a reproduz com sinal
trocado.
Coppolla
esmiúça entrevista de Dilma Rousseff ao UOL: “Chapa-branca”
EXCLUSIVO
- DILMA ROUSSEFF: "BOLSONARO É INCONTROLÁVEL" | UOL
Assista agora à entrevista exclusiva da ex-presidenta
Dilma Rousseff para Leonardo Sakamoto, blogueiro do UOL.
Jovem
Pan Morning Show
Referências
https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,o-esgarcamento-do-tecido-social,70002930340
https://youtu.be/VqfbGlVwZ6Y
https://www.youtube.com/watch?v=VqfbGlVwZ6Y
https://youtu.be/h-eW7SS2twQ
https://www.youtube.com/watch?v=h-eW7SS2twQ
https://youtu.be/aZjxj4fG7Nk
https://www.youtube.com/watch?v=aZjxj4fG7Nk
https://youtu.be/aZjxj4fG7Nk
Jovem Pan Morning Show
https://www.youtube.com/watch?v=aZjxj4fG7Nk
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