quinta-feira, 20 de abril de 2017

Depoimento Histórico Completo a Moro

Ex-presidente da OAS envolve diretamente ex-presidente Lula em Triplex e Sítio de Atibaia


Assista ao depoimento completo de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS

Os seis trechos do depoimento do ex-executivo da OAS a Sérgio Moro.

Parte 1:



Parte 2:



Parte 3:



Parte 4:



Parte 5:



Parte 6:



Jornal Nacional

Edição do dia 20/04/2017
20/04/2017 22h15 - Atualizado em 20/04/2017 22h15
Ex-presidente da OAS afirma que Lula sabia de caixa dois para o PT
Léo Pinheiro disse que foi orientado a destruir provas dos pagamentos.
Ele prestou depoimento a Moro no processo sobre o tríplex do Guarujá.

O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro prestou depoimento nesta quinta-feira (20) ao juiz Sérgio Moro. Ele disse que o ex-presidente Lula sabia de pagamentos por meio de caixa dois para o PT.
Declarou que, numa conversa com Lula em 2014, quando a Operação Lava Jato já havia começado, foi orientado pelo ex-presidente a destruir provas desses pagamentos.
Léo Pinheiro: Eu tive um encontro com o presidente, está anotado na minha agenda, são vários encontros, onde o presidente textualmente me fez a seguinte pergunta: “Léo - ele estava até um pouco irritado - Léo, você fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?” “Não, nunca fiz pagamentos a essas contas com Vaccari no exterior”. “Como você está procedendo os pagamentos para o PT?” “Através de Vaccari, de orientação do Vaccari, de caixa dois, doações diversas a diretórios”. “Você tem algum registro de alguma coisa feita com Vaccari? Se tiver destrua”. Ponto. Acho que quanto a isso não tem dúvidas.  
O juiz Sérgio Moro perguntou sobre o triplex no Guarujá. O Ministério Público afirma que o apartamento pertence à família do ex-presidente Lula, que sempre negou. Mas Léo Pinheiro disse que desde 2009 sabia que o apartamento seria do ex-presidente.
Moro: O MP afirma que esse triplex não teria sido colocado à venda jamais pela OAS.
Léo: Nunca foi colocado à venda pela OAS.
Moro: Desde 2009?
Léo: Desde 2009. Eu tinha a orientação para não colocar à venda porque pertenceria à família do presidente.
Na sequência, o juiz Sérgio Moro perguntou sobre a titularidade do apartamento e Léo Pinheiro disse que foi orientado a tratar do assunto diretamente com Lula.

Léo: O Vaccari me orientou o seguinte: “Quanto ao problema do triplex, é melhor você procurar o presidente, ele já está atuando no instituto, você pedir um encontro com ele, saber dele exatamente o que deveria ser feito”.  Eu procurei o presidente, acredito que em novembro ou dezembro de 2013, expus a ele o estágio que já estava o prédio de Guarujá, já estava num estágio muito avançado e queria saber dele como deveríamos proceder, se havia pretensão da família em fazer alguma modificação na questão da titularidade e tal. O presidente disse: “Olha, eu vou ver com a família e lhe retorno”.

Ao juiz, Léo Pinheiro disse que as reformas no triplex do Guarujá foram pedidas por Lula e dona Marisa.
Moro: Modificações feitas pela empresa Talento - cozinha, sala de estar, sauna, terraço, piscina, sala intima, elevador - alguma das modificações foram solicitadas por Lula, o ex-presidente Lula ou Marisa?
Léo: Todas essas modificações ocorreram. A solicitação no dia da visita que eu fui com presidente e ex-primeira-dama no triplex. Isso foi fruto da visita. Foi determinado que fossem feitas essas modificações e foi feito projeto para ver se era aquilo mesmo. A única coisa que teve modificação depois parece que foi a sauna, que dona Marisa pediu para no lugar da sauna fazer um depósito.
Moro: O projeto foi sob medida a partir de pedido de Lula e Marisa?
Léo: Exatamente
Em outro momento do depoimento em Curitiba, Léo Pinheiro falou da nova cozinha no apartamento do Guarujá e também na cozinha do sítio de Atibaia. Ele disse que a OAS também ajudou na reforma do sítio e não só a Odebrecht.
Moro: O sr. falou: “O projeto da cozinha do chefe está pronto, se quiser falar com madame pode ser hora que quiser”. O sr. disse que era do sitio. O sr. também falou: “O Guarujá também está pronto, em princípio amanhã 19 horas”. Houve encontro para a aprovação do projeto?
Léo: Houve sim. Na verdade, o presidente e a dona Marisa estiveram no triplex em fevereiro de 2014. Pouco tempo depois eu fui ao sítio, encontrei com eles no sítio. A aprovação deve ser posterior. Então teve sim e me parece que foi no apartamento do presidente em São Bernardo do Campo. 
Moro: Essa aprovação que o sr. fala é do projeto das cozinhas do sítio e do triplex?
Léo: Exatamente. Por isso que eu pergunto na mensagem se o Guarujá estaria pronto também.
O ex-executivo também disse que as despesas nas melhorias do apartamento no Guarujá, pedidas por Lula e dona Marisa, entraram numa contabilidade paralela da OAS para pagamento de propina.
Moro: O sr. fez referência no seu depoimento a uma contabilidade informal da empresa. Como é que funcionava isso?
Léo: Eu me referi a contabilidade informal referente a despesas efetuadas no triplex que eram lançadas no empreendimento Solaris e, na verdade, essas despesas eram para encontro de conta de pagamento de propina da Petrobras. Foi isso que eu me referi.
Respostas
A defesa do ex-presidente Lula se manifestou sobre as declarações de Léo Pinheiro. Sobre a orientação para a destruição de provas, o advogado Cristiano Zanin Martins declarou em nota que Léo Pinheiro contou uma versão fabricada, fantasiosa e absurda, e que esse diálogo não foi presenciado por ninguém.

Sobre o triplex no Guarujá, o advogado declarou que Léo Pinheiro contou uma versão acordada com o Ministério Público Federal, com o objetivo de o empreiteiro fechar uma delação premiada que possa tirá-lo da cadeia.

“O que nós vimos hoje aqui foi uma encenação, uma mentira contada pelo sr. Léo Pinheiro, que está negociando uma delação premiada. Mas a declaração dele jamais vai se sobrepor ao depoimento prestado por 73 testemunhas e diversos documentos que estão no processo e que demonstram de uma forma cabal que o apartamento não é do ex-presidente Lula e que ele não teve qualquer participação em ilícitos da Petrobras. Até porque a própria OAS deu este imóvel em garantia em diversas operações financeiras e declarou no processo de recuperação judicial que este imóvel pertence a ela, OAS, e não ao ex-presidente Lula.
João Vaccari Neto disse que as declarações de Léo Pinheiro não são verdadeiras; que são a manifestação de alguém suspeito que está negociando uma delação; e que só teria relevância se houvesse prova. Segundo Vaccari, a prova não existe porque os fatos jamais ocorreram.
O PT não quis se manifestar.

Assista ao vídeo da reportagem



Relatório de engenheiro da Odebrecht também compromete ex-presidente Lula

Sítio de Atibaia

Leia a reportagem do Jornal Nacional

Edição do dia 19/04/2017
19/04/2017 22h23 - Atualizado em 19/04/2017 22h36
Setor de propina pagou reforma de sítio em Atibaia, diz delator
Segundo engenheiro, empreiteira tentou esconder que beneficiário era Lula.
Obras começaram em dezembro de 2010, quando Lula era presidente.

Um dos delatores da Odebrecht descreveu como o departamento de propina da empresa pagou pela reforma no sítio de Atibaia. E como se tentou esconder que foi uma obra da empreiteira em benefício do então presidente Lula.
O engenheiro da Odebrecht Emyr Costa contou que foi convocado pelo colega Carlos Armando Paschoal para coordenar a reforma do sítio em Atibaia.
Emyr Costa:  O meu superior hierárquico Carlos Armando Paschoal me chamou no seu escritório e me disse que era para eu destacar um engenheiro de confiança para mandar até o apartamento de cobertura que era utilizado pelo então presidente da República, o Lula, e que depois fosse ao sítio em Atibaia para realizar algumas reformas.
As obras começaram em dezembro de 2010, quando Lula ainda era presidente. Segundo Emyr, a ordem era para que tudo estivesse pronto em, no máximo, um mês, porque o sítio seria usado por Lula assim que ele deixasse a Presidência.
Emyr Costa: O sítio seria utilizado pelo presidente Lula também, palavras dele.
Emyr contou o que deveria ser feito.
Emyr Costa: As obras que foram solicitadas serem feitas eram: a construção de uma pequena casa para alojamento dos seguranças da Presidência da República, a construção uma edícula de quatro suítes, próxima à casa principal do sítio, a construção de duas áreas de depósitos, uma que seria usada para quarto de empregada e outra para adega do então presidente. A construção de uma sauna perto da piscina e o conserto do vazamento da piscina. E teve também conclusão de um campo de futebol.
Emyr afirmou que o seu contato na obra era Rogério Aurélio Pimentel, mas no início Emyr disse que não sabia quem era Aurélio.
Emyr Costa: Na época, a gente não sabia efetivamente quem era. Foi-me dito que ele era o responsável pela obra. Posteriormente, com toda a repercussão desse caso, nós ficamos sabendo que ele era um assessor da Presidência da República. 
Aurélio aparece em uma imagem com o ex-presidente Lula, como o Jornal Nacional mostrou em março de 2016. Ele era assessor da presidência e deixou o governo quando Dilma Rousseff assumiu o cargo.
Outro delator apontou Aurélio como "funcionário para assuntos pessoais da família de Lula". Ele aparece em um organograma anexado ás delações da Odebrecht.
O delator disse que fez um orçamento da obra.
Emyr Costa: Disse que eram necessários R$ 500 mil. O Carlos Armando, então, me autorizou a iniciar o trabalho e disse que ia mandar entregar o dinheiro lá, através dessa equipe de operações estruturadas.
Emyr deu detalhes sobre como recebia o dinheiro para comprar material e pagar os funcionários.
Emyr Costa: Nunca tinha manejado na obra somas dessa natureza. Comprei um cofre, desses que você compra nesses caminhões que ficam em alguns lugares, comprei um cofre especificamente e coloquei lá dentro de um armário na minha sala.
O dinheiro passava por um outro funcionário da Odebrecht, o engenheiro Frederico Barbosa.
Emyr Costa: Semanalmente, separava mais ou menos R$ 100 mil e colocava num envelope fechado, entregava para o Frederico, que por sua vez entregava para o senhor Aurélio, para que o senhor Aurélio fizesse os pagamentos. Era dinheiro de caixa dois que eu recebi efetivo e tinha autorização para gastar.
O Jornal Nacional mostrou, também em 2016, esses documentos apreendidos pela Lava Jato no apartamento do ex-presidente Lula. Entre eles, um orçamento para a construção de piscina em nome de Rogério Aurélio Pimentel. Durante seu depoimento, Emyr Costa mencionou os recibos.
Emyr Costa: Uma coisa também que eu vi na TV, e é interessante pra vocês, é que numa dessas investigações que a Policia Federal fez no apartamento do Lula, em São Bernardo, vocês encontraram vários recibos de material de construção. Eram recibos que eram pagos com esse dinheiro, e esse Aurélio deve ter entregue ao Lula pra dizer "guarde aí".
O engenheiro disse que nunca teve contato com Lula. Mas contou que todos os detalhes das obras passavam pela aprovação de dona Marisa Letícia.
Emyr Costa: Durante a obra ninguém teve contado com o Lula nem família. Única coisa que a gente sabia que Frederico ia perguntar algum detalhe técnica da obra, de acabamento e o senhor Aurélio dizia que ia perguntar para dona Marisa e depois ele repassava as informações.
O delator disse que, quando a obra estava chegando ao fim, o dinheiro acabou. Foram necessários mais R$ 200 mil. O delator contou que a obra terminou em meados de janeiro de 2011.
Emyr Costa: Sumimos com a equipe de lá pra não deixar rastro, como se fala.

Mas meses depois, ele disse que foi procurado novamente, desta vez por um diretor da Odebrecht, que o levou ao encontro do advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira.
Emyr Costa: Pensei que tivesse me livrado desse problema, quando foi março e abril de 2011 me procura outro diretor da empresa chamado Alexandrino Alencar, era diretor da área institucional da empresa, e me pede pra acompanhar ele ao escritório de um advogado, chamado Roberto Teixeira. Ele me disse que era pra eu ir lá contar pro seu Roberto Teixeira como é que a obra tinha sido feita de forma que ele pudesse bolar alguma forma de regularizar essa construção, de forma que não parecesse que essa obra tinha sido feita pra o benefício do então presidente Lula nem tampouco pela construtora Odebrecht.
Segundo Emyr Costa, o advogado fez uma sugestão para fraudar uma nota fiscal em nome de Fernando Bittar, que consta na escritura como proprietário do sitio, no valor R$ 170 mil. Esse valor seria compatível com o nível de renda de Bittar.
Em São Paulo, o advogado de Lula disse não há acusação formal em relação ao sítio.
“Não há nenhuma acusação em relação ao presidente Lula em relação a esse sítio de Atibaia. O que houve foi um espetáculo feito na mídia pelas autoridades que, vazando documentos e informações, só que nós sempre mostramos que este sítio não é do ex-presidente Lula. E não há, não existe nenhuma acusação formal contra ele, em relação a esse sítio”, disse Cristiano Zanin Martins.
O Jornal Nacional apurou que os investigadores da Lava Jato em Curitiba ainda não receberam a delação da Odebrecht. O inquérito sobre o sítio em Atibaia foi aberto há mais de um ano. A força tarefa aguarda a chegada desse material para concluir as investigações.
O advogado Roberto Teixeira declarou que jamais propôs, orientou ou executou qualquer ato ilegal durante o exercício dele na advocacia.
O advogado de Fernando Bittar afirmou que o depoimento do delator não alterou as declarações do cliente à Procuradoria da República de Curitiba sobre as obras no sítio.
O JN não conseguiu contato com a defesa de Rogério Aurélio Pimentel.


Assista o depoimento do engenheiro da Odebrecht no vídeo em:


Referências

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/04/ex-presidente-da-oas-afirma-que-lula-sabia-de-caixa-dois-para-o-pt.html
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/04/setor-de-propina-pagou-reforma-de-sitio-em-atibaia-diz-delator.html
http://g1.globo.com/jornal-nacional/edicoes/2017/04/19.html#!v/5813678

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