Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 21 de maio de 2022
“Alere flammam.”
"Bolsonaro e governistas vadiaram e barbarizaram por quase quatro anos. Agora querem jogar a conta da inflação da energia no colo de alguém a fim de se salvarem na eleição, mesmo que causem baderna ainda mais explosiva na ordem econômica."
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Zeca Pagodinho - Vai Vadiar
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A história química de uma vela
Faraday
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Folha - UOL
Após vadiar três anos, governo tenta estelionato eleitoral na energia - 19/05/2022 - Vinicius Torres Freire - Folha
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Vinicius Torres Freire: O estelionato no preço da energia
Folha de S. Paulo
Bolsonaro quer jogar a conta da inflação da energia no colo de alguém a fim de se salvar na eleição
"Nós já saímos do inferno [da inflação]", disse Paulo Guedes nesta quinta-feira (19). A carestia está feia mesmo é na Holanda e na Inglaterra, afirmou o ministro da Economia.
Parece que Jair Bolsonaro e seus cúmplices no Congresso não pensam assim. Em desespero, a cada dia aparecem com ideias alopradas de meter a mão em preços, empresas ou na receita dos estados a fim de evitar aumentos de eletricidade e combustíveis pelo menos até a eleição.
Não vai dar certo, a baderna da economia vai aumentar, com prejuízos gerais, e os reajustes podem ser ainda maiores depois da eleição. É uma mistura de estelionato eleitoral, burrice e incompetência até na demagogia.
Na quarta-feira, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, disse que o Congresso vai suspender o reajuste da conta de luz se o governo não arrumar uma solução para os aumentos, que na média nacional devem ficar em torno de uns 19%. Nesta quinta-feira, Lira disse que vai colocar em votação na semana que vem um projeto que define telecomunicações, energia, combustíveis e transportes como "essências". Assim, a alíquota de ICMS desses serviços não poderia passar de 17% ou 18%, a depender do estado.
O governo foi ao Supremo para mudar a alíquota que os estados pretendem cobrar sobre o diesel a partir de julho. Nesta quinta, tentou convencer os governadores a cobrar menos ICMS sobre o diesel, seguindo uma regra de transição (que dura até o final do ano) da lei recém-aprovada que unifica esse imposto no país.
Ainda que consiga dobrar os governadores, vai conseguir uma redução de centavos no imposto do diesel, de R$ 0,10 a R$ 0,20 , se tanto, levando em consideração uma média simples dos impostos estaduais (isso se a redução de imposto chegar ao consumidor, o que é incerto, e se não causar aumento de imposto, dada a tolice que levaram ao STF). O litro do diesel custa R$ 6,78, na média nacional.
Baixar o preço do diesel em 10% (67 centavos), por decreto, custaria uns R$ 42 bilhões em um ano. Equivale a 40% do lucro da Petrobras em 2021 ou a 5% da receita de impostos de todos os estados em um ano.
Obviamente nada disso vai prestar.
Gente de governo e mercado diz que os estados ganharam muito dinheiro com a alta dos combustíveis, quase 41% de receita extra (comparado o primeiro trimestre deste ano com o de 2021). Mas, descontada a inflação, o ganho real foi de 27%. De resto, aumentou também o consumo de gasolina (12,5%) e de diesel (3,6%), mesmo com a paulada nos preços. A receita total de ICMS no trimestre cresceu apenas 3%, em termos reais; a receita tributária total, 1,6%. Não é bem uma farra de dinheiro.
Resumo da ópera, querem jogar a conta no colo dos estados com números exagerados, por assim dizer.
Reduzir o ICMS de energia, comunicação etc. pode resultar em alguma queda de preços. No ano passado, o STF decidiu que não se pode cobrar alíquota de ICMS (além da básica) sobre esses serviços. Como os estados reclamaram que perderiam dezenas de bilhões, a decisão passaria a valer apenas em 2024.
Na prática, o Congresso quer antecipar a decisão do STF. Mas vai ter buraco na conta dos estados. Vários deles não merecem piedade, pois estão quebrados por irresponsabilidade e incompetência. Ainda assim, no curto prazo vai ter rombo, coisa de que Bolsonaro e o Congresso não querem saber (têm aprovado aumento de despesa estadual a rodo, como de costume).
Bolsonaro e governistas vadiaram e barbarizaram por quase quatro anos. Agora querem jogar a conta da inflação da energia no colo de alguém a fim de se salvarem na eleição, mesmo que causem baderna ainda mais explosiva na ordem econômica.
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PATRIMÔNIO CULTURAL
Bens Tombados - Usina de Marmelos
Primeira Usina hidrelétrica da América do Sul inaugurada em 1889, foi construída por iniciativa de Bernardo Mascarenhas que desejava utilizar energia hidrelétrica em sua fábrica (Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas) e na iluminação da cidade.
Edificação singela está implantada em nível abaixo da Estrada União e Industria. Suas paredes foram edificadas com alvenaria de tijolos maciços aparentes, sobre embasamento de pedra, sendo vazadas por vãos com vergas em arcos abatidos em sequência ritmada. A cobertura de duas águas é recoberta por telhas francesas e tem os beirais ornamentados por lambrequim. Uma pequena torre de seção quadrada e telhado de quatro águas marca a construção.
O prédio transformou-se no Museu da Usina de Marmelos e tem os bens e o acervo cuidado pela Universidade Federal de Juiz de Fora através de um convênio assinado entre esta instituição e a Cemig.
https://www.pjf.mg.gov.br/administracao_indireta/funalfa/patrimonio/historico/usina_marmelos.php
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Iniciativa da construção da pioneira geradora de energia do continente foi do industrial mineiro do setor têxtil Bernardo Mascarenhas
(foto: Vaneska Dias/Arquivo EM - 22/9/00)
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Estado de Minas
Primeira hidrelétrica do país foi construída em Minas há mais de 100 anos - Gerais - Estado de Minas
Primeira hidrelétrica do país foi construída em Minas há mais de 100 anos
Há 124 anos as águas do Rio Paraibuna, na Zona da Mata, moviam as turbinas da primeira usina hidrelétrica do país, ponto de partida para o Brasil se tornar um gigante no setor
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/05/18/interna_gerais,389704/primeira-hidreletrica-do-pais-foi-construida-em-minas-ha-mais-de-100-anos.shtml
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Marcus Pestana*: Estado e privatizações
Esta semana o TCU autorizou a privatização da Eletrobras. A empresa é responsável por 30% da geração de energia, possuí 40% das linhas de transmissão e é a maior empresa de energia da América Latina. É uma empresa de capital aberto, sendo o governo federal o controlador, com 72% das ações.
Privatização sempre foi assunto polêmico. Há muitos preconceitos ideológicos envolvidos no tema. Na verdade, o usuário de energia, sejam famílias ou empresas, ao acender o interruptor de luz ou ligar uma tomada na parede não se pergunta se a geração, transmissão e distribuição é feita por uma estatal ou por uma empresa privada. Oque querem é segurança no fornecimento, qualidade, tarifa justa e acesso.
Os obstáculos ideológicos à privatização não resistem ao teste da história. A primeira hidrelétrica da América Latina foi fruto do empreendedorismo do empresário schumpeteriano Bernardo Mascarenhas, que, em 1889, ergueu o Complexo Hidrelétrico de Marmelos, em Juiz de Fora, para gerar energia para sua indústria têxtil e para a cidade. Portanto, a energia elétrica no Brasil nasceu de um investimento privado.
No presente, existem diversas operações privadas na área. Um exemplo, também da Zona da Mata mineira, é o Grupo Energisa S.A., fundado em 1905, com sede em Cataguases, que atende a 16 milhões de brasileiros, com excelente nível de satisfação de seus clientes. Isto demonstra que a questão central não é a energia ser estatal ou privada. O que importa é ter boa contratação e regulação.
O Estado Nacional nasceu com funções mínimas: garantir o cumprimento da Constituição e das leis; assegurar a credibilidade da moeda; cuidar da defesa nacional e das relações internacionais. Durante o século XX, diversas políticas públicas de educação, saúde e previdência foram incorporadas à órbita de ação do Estado. Também nasceu o Estado empresário, adentrando a esfera de produção de bens e serviços através de empresas estatais. A eficiência e a competência não são monopólio de ninguém. Mas não há dúvidas que a gestão privada é mais ágil e flexível para gerar soluções. Se em determinado momento se justificou criar a CSN, a Petrobrás, a Eletrobrás, não quer dizer que avanços não possam ocorrer diante das mudanças da vida. As privatizações do complexo siderúrgico, da Vale do Rio Doce, da EMBRAER e das telecomunicações foram corretas e geraram bons frutos.
Mas existem diversos problemas no presente processo de privatização da Eletrobras. Primeiro, a pressa em vender até junho em um momento turbulento pós-pandemia e marcado pela guerra da Ucrânia e às vésperas de eleições presidenciais. Como diziam os mais velhos: “A pressa é inimiga da perfeição”.
Em segundo lugar, não se partiu de uma reflexão profunda sobre o modelo de energia que queremos para o Brasil no Século XXI, apontando para uma matriz de energia limpa e carbono zero, num país rico em alternativas energéticas como a solar, a eólica e a de biomassas.
Em terceiro lugar, os “jabutis” introduzidos na lei que autorizou a privatização com a previsão de pesados subsídios ao setor de gás e termoelétricas vão, como disse a jornalista Miriam Leitão, “custar caro ao consumidor e à competividade da economia brasileira”.
Privatizar sim, pode ser uma boa opção para a sociedade, mas não de qualquer jeito e com modelos equivocados e caros.
*Marcus Pestana, economista, Presidente do Conselho Curador ITV – Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
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Goodreads
La historia química de una vela by Michael Faraday
https://www.goodreads.com/es/book/show/18043921-la-historia-qu-mica-de-una-vela
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Prefácio da edição original
Desde a primitiva tocha de pinho até à vela de parafina, que enorme
intervalo entre elas e que contraste tão profundo! Os meios adoptados pelo
homem para iluminarem as suas casas à noite definem a sua posição na escala da civilização. O betume fluido do Extremo-Oriente brilhando em rudes
vasos de barro cozido, a sofisticada lâmpada etrusca pouco adaptada à sua
função; a gordura de baleia, de foca ou de urso enchendo as cabanas dos
esquimós e lapões, com mais cheiro do que luz; a grossa vela de cera no
resplandecente altar; toda a gama de lâmpadas de gás das nossa ruas – todas
têm uma história para contar. Todas, se pudessem falar (e a seu modo até
podem), aqueceriam os nossos corações contando-nos como estiveram ao
serviço do conforto do homem, do seu amor ao lar, ao trabalho e à devoção.
Certamente que, de entre os milhões de adoradores do fogo e seus utilizadores que viveram em épocas passadas, alguns se devem ter interrogado
sobre os mistérios do fogo, e talvez que os mais argutos tenham estado
muito perto da verdade.
Pensem nos tempos em que os homens viveram na mais completa ignorância: pensem que só durante um período de tempo comparável à duração
da vida de um homem a verdade se tornou conhecida.
Átomo a átomo, ligação a ligação, assim se foi construindo a cadeia do
raciocínio. Alguns dos elos, construídos demasiado rapidamente e por isso
frágeis, desapareceram e foram substituídos por trabalho mais bem feito;
mas agora o grande fenómeno é conhecido – o seu contorno foi desenhado
de uma forma correcta e firme –, artistas astutos preenchem o interior, e
os jovens que assistem a estas conferências sabem mais sobre o fogo do
que sabia Aristóteles.
A vela é agora produzida para iluminar os locais escuros da natureza;
o maçarico e o prisma levam-nos a conhecer a crosta terrestre, mas a tocha chegou primeiro. Entre os leitores deste livro, alguns, poucos, hão-de
devotar-se a aumentar os armazéns do conhecimento: a Lâmpada da Ciência
deve continuar a arder. “Alere flammam.”
W. C. [sic]
A história química de uma vela: curso de seis lições
Autor(es): Faraday, Michael
Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra
Accessed : 21-May-2022 23:49:00
https://digitalis-dsp.uc.pt/jspui/bitstream/10316.2/2907/7/HistoriaQuimicaVela.pdf
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