Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 14 de abril de 2025
FEITIO DE ORAÇÃO
"Perdido se achou."
Com este esboço da evolução dos meus estudos no terreno da economia política, quis apenas mostrar que as minhas opiniões, seja qual for o julgamento que mereçam, e por muito pouco que concordem com os preconceitos interessados das classes dirigentes, são o resultado de longas e conscienciosas pesquisas. Mas no limiar da ciência, como à entrada do inferno, esta obrigação se impõe:
Qui se convien lasciare ogni sospetto
Ogni viltà convien che Qui sia morta (*)
Londres, Janeiro de 1859
Karl Marx
*Que aqui se afasta toda a suspeita. Que neste lugar se despreze todo o medo. (DANTE: Divina Comédia.
Prefácio à crítica da economia política de 1859 - Karl Marx
✍️ Versão Reescrita e Corrigida do Enunciado:
"Perdido se achou."
A frase acima, composta por três palavras da língua portuguesa, inicia-se com a palavra "Perdido", grafada com letra maiúscula, indicando o início de uma oração. As duas palavras seguintes, "se" e "achou", estão em minúsculas, e o ponto final marca o encerramento da construção.
Essa estrutura simples permite diversas leituras e interpretações, tanto por sua concisão quanto pela polissemia dos termos envolvidos, além da possibilidade de um sujeito oculto.
Com base nessas observações, propõe-se a criação de novas frases compostas exclusivamente pelas mesmas três palavras ("Perdido", "se", "achou"), com variações apenas na ordem e na pontuação. A primeira palavra deve sempre iniciar com letra maiúscula. O sinal de pontuação (ponto, vírgula, exclamação, interrogação etc.) pode ser posicionado de forma livre entre os termos ou ao final, desde que preserve o caráter criativo e interpretativo do exercício.
EPÍGRAFE: SER NÃO SER SER
EPITÁFIO:
Sem eira
Nem beira
Sem lenço
Nem terço
Na sua
Assua
Sumiu
ILUSTRAÇÃO MELÓDICA LÍTERO-MÚSICA-FILOSÓFICA:
Feitio de Oração
Maria Bethânia
Quem acha vive se perdendo
Por isso agora eu vou me defendendo
Da dor tão cruel de uma saudade
Que por infelicidade
Meu pobre peito invade
Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia
Por isso agora lá na penha
Eu vou mandar minha morena pra cantar
Com satisfação e com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração
O samba na realidade
Não vem do morro, nem lá da cidade
E quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce no coração
Composição: Noel Rosa / Vadico.
Publicação Digital Poético-Visual: Entre a Dor e o Silêncio
✨ SER | NÃO | SER
SER
NÃO
SER
SER
Ser é dobra. O não é pausa. A vida ecoa entre afirmação e silêncio.
💀 EPITÁFIO DE UMA SOMBRA
Sem eira
Nem beira
Sem lenço
Nem terço
Na sua
Assua
Sumiu
Um epitáfio de ausências. O vento leva o que não se fixou. O nome, o lar, a luz: tudo apagado.
🔄 JOGO: "PERDIDO SE ACHOU"
Perdido
se
achou.
Da queda ao centro. Do fundo, a redenção.
Achou,
se
Perdido?
Interrogar-se é encontrar-se e perder-se no mesmo gesto.
Se
achou –
Perdido.
O "se" é flutuante: eco entre sujeito e destino.
Achou.
Perdido,
Se?
Uma vírgula no lugar do espelho muda tudo.
📻 A DOR QUE NÃO SAI NO JORNAL (Em diálogo com Chico Buarque e Wilson Batista)
"A dor da gente não sai no jornal." — Wilson Batista / Haroldo Barbosa
Errou na dose.
Errou no amor.
Errou de João.
Ninguém notou.
Ninguém morou na dor.
Joana não volta:
não há volta
para o que acabou.
Joana é Equador, é mulher anônima na beira do nada. Sua dor é coletiva e silenciada.
🌍 ATERISSANDO NO REAL — 14 DE ABRIL
Equador, abril de 2025:
1.300 mortes.
14 horas sem luz.
26% na pobreza.
Cartéis nos bairros.
Noboa vence.
Luisa recusa.
População assiste,
sob toque de recolher.
Burocratas observam.
A dor da gente?
Não sai no jornal.
"O lar não mais existe. Ninguém volta ao que acabou." — Chico Buarque
Joana é o povo.
O barracão é o país.
A notícia carece de exatidão.
🎺 INTERLÚDIO: "FEITIO DE ORAÇÃO" (Noel Rosa / Vadico, por Maria Bethânia)
"Quem acha vive se perdendo"
Achar
é
perder-se
com precisão.
"Sambar é chorar de alegria"
Sambar
é
chorar
de alegria.
"Nasce no coração"
O samba
não mora
em lugar.
Ele pulsa
onde arde o peito.
Samba: ritual íntimo da coletividade. É lágrima disfarçada de tambor.
📜 POESIA-FRAGMENTO FINAL
Perdido?
Se achou.
Achou-se?
Perdido.
Samba:
oração do corpo
quando o peito
não cabe mais no silêncio.
Lenço.
Terço.
Verso.
Silêncio.
Equador:
notícia de jornal,
sem legenda
para a dor.
Uma publicação visual-poética inspirada no cruzamento entre palavra, música, política e o mistério do ser em territórios feridos.
Noticia de Jornal
Chico Buarque
Atentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de tal, por causa de um tal João
Depois de medicada
Retirou-se pro seu lar
Aí a notícia carece de exatidão
O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal
WW Especial - Trump e o peso do indivíduo na história - 13/04/2025
CNN Brasil
Transmissão ao vivo realizada há 12 horas #cnnbrasil
CONFIRA O BLOCO EXTRA DO PROGRAMA: • WW Especial - Trump e o peso do indiv...
Assista ao conteúdo extra do programa WW Especial deste domingo, 13 de abril de 2025.
O tema do programa é: Trump e o peso do indivíduo na história?
Participam deste programa Michel Gherman, historiador e professor de Sociologia da UFRJ, Marco Antonio Villa, historiador e comentarista político, e Sergio Fausto, cientista político. #cnnbrasil
WW Especial - Trump e o peso do indivíduo na história - EXTRA
CNN Brasil
Estreou há 11 horas #cnnbrasil
Assista ao conteúdo extra do programa WW Especial deste domingo, 13 de abril de 2025.
O tema do programa é: Trump e o peso do indivíduo na história.
Participam deste programa - Michel Gherman, historiador e professor de Sociologia da UFRJ, Marco Antonio Villa, historiador e comentarista político, e Sergio Fausto, cientista político. #cnnbrasil
SINOPSE — Fortuna Machado-Shakespeariana
Entre o rigor acadêmico e o abismo do imponderável, um professor — outrora devoto das tramas de Shakespeare e dos silêncios de Machado — vê-se arrancado de seu ofício na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Abandona a cátedra, os tratados, os séculos, e adentra um espelho partido: fragmentos de si mesmo, imagens distorcidas, vozes que não cessam.
Nas ruínas do palco interior, dois espectros o aguardam: "VV – Vampiro de Virgínia", criatura noturna feita de ausência e desejo, e "VDQA – Volta do Que Assombra", sombra que retorna sempre que a razão adormece.
Entre o verbo e o vazio, entre a pena e o pavor, ele já não sabe se interpreta ou é interpretado.
Talvez, como Hamlet ou Brás Cubas, ele tenha se tornado apenas mais um fantasma à procura de autoria.
João Cezar de Castro Rocha explica qual é o futuro de Bolsonaro e o bolsonarismo
TV Fórum
Estreou em 12 de abr. de 2025
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00:00:00 - Bolsonarismo está definhando; quem ganha com isso?
segunda-feira, 14 de abril de 2025
O declínio político no Brasil - Fernando Gabeira
O Globo
A sensação é que muitos esperam apenas a confirmação das próprias ideias e rejeitam tudo o que for contrário
Algumas vezes escrevo sobre temas antes de estar seguro sobre eles. Nesse caso, a escrita é apenas um esforço para começar a entender coisas que me intrigam no Brasil de hoje. Tenho pensado muito na atividade de comentarista político. A sensação é que muitas pessoas esperam apenas a confirmação de suas ideias e rejeitam tudo o que não for isso.
O método de analisar um fato político, como a anistia no Brasil de hoje, usando ferramentas clássicas como correlação de forças, táticas, acumulação, noção de tempo histórico... esse método parece muito frio para quem espera uma defesa da anistia ou uma condenação sumária. Todas as nuances são perigosas.
Na semana passada, deparei com o anúncio de um livro de uma neurocientista chamado “The ideological brain: the radical science of flexible thinking”. A autora, Leor Zmigrod, de certa maneira menciona isso na entrevista de lançamento. Há uma tendência humana a desprezar o que não confirma as próprias ideias.
Pesquisas com crianças com formações diferentes mostram que as mais abertas são capazes de reproduzir melhor uma história porque se lembram de mais detalhes. Nesse quadro mental, o caminho para uma troca mais produtiva fica muito estreito. Mas não totalmente fechado. As pesquisas no Brasil mostram que há um grande contingente de pessoas que não se localizam em extremos, um grupo pejorativamente chamado de isentão.
O problema é se comunicar com esse grupo. Significa passar por um tremendo corredor polonês de quem vê a política como guerra e pede a todo instante tomadas de posição apaixonadas. Na anistia, a direita procura avançar às cotoveladas sem noção de timing, nem cuidados com sensibilidade política. É uma tática truculenta, inadequada para quem está em desvantagem. Ao fazer campanha contra a anistia, a esquerda, por seu lado, acaba contribuindo para popularizar um tema ainda pouco falado nas ruas. Em síntese, o nível político no Brasil poderia ser mais alto, parece que não há mais reflexão.
Outro tema que me intriga é a resposta ao declínio de popularidade do governo. O núcleo palaciano prepara campanhas, define novas prioridades, como a segurança, desenha aproximações com os evangélicos — enfim, faz tudo o que pode para reverter o quadro.
O que não consigo entender é como um governo eleito com a maioria esmagadora de votos entre intelectuais, artistas, cientistas, acadêmicos, debate-se tão distante no seu labirinto. Era de esperar que surgissem inúmeros documentos, seminários, mesas-redondas, até uma discussão apaixonada sobre os rumos. Não vejo nada.
A direita sempre aborda as coisas com clareza: é defensora de “retropia”, um mergulho no passado idílico que não volta mais. Bolsonaro cultivava os tempos do governo militar. Trump, num movimento muito mais perigoso, quer fazer voltar aos Estados Unidos as empresas que saíram num processo de racionalização capitalista.
Não seria o momento de uma frente discutir caminhos para evitar uma volta ao passado? Não seria a hora de descortinar o futuro diante de tantos desafios como mudanças climáticas, inteligência artificial, crise alimentar? Não entendo a acomodação diante do abismo. Às vezes, penso que faltam ideias. Mas, durante a campanha, o candidato recebe inúmeras sugestões de programa, às vezes roteiros completos de como se conduzir por uma década.
Por que tudo se transforma depois? O governo vai cuidar da política com os deputados do Centrão, e os intelectuais voltam placidamente para suas atividades. Parece que está tudo bem. O problema é quando as coisas não andam para a frente, andam para trás. O movimento é a realidade.
Equador: Entre a Esperança e o Abismo
Nada mais frágil que uma democracia em fúria. No Equador, essa fratura tornou-se visível como uma ferida exposta: uma eleição polarizada, marcada pelo medo, pelo desencanto e pelo eco das balas. Daniel Noboa, jovem, bilionário, herdeiro de uma fortuna e de um país à deriva, foi reeleito. Derrotou, com margem sólida, Luisa González, advogada e pupila do velho caudilho Rafael Correa — ele mesmo hoje um espectro distante, abrigado na Bélgica, condenado pela justiça e ainda idolatrado por alguns.
Noboa nasceu em Miami, foi educado sob os ventos do liberalismo americano e cultiva, sem pudor, a estética do capital jovem: toca guitarra, veste-se como roqueiro e expõe seus gostos caros como se o Instagram fosse seu gabinete. Não é exatamente um líder popular, mas tornou-se símbolo de ordem num país que tropeça em seu próprio reflexo: economia em retração, apagões, pobreza e uma criminalidade que transformou o Equador no país mais violento da América Latina.
Mas os votos não foram apenas por ele. Foram contra algo — ou alguém. Contra os fantasmas do correísmo, contra o caos institucional, contra o medo de um retrocesso ainda mais doloroso. Com um discurso duro, Noboa defende o toque de recolher, o estado de exceção, e a suspensão de liberdades como antídoto para o narcotráfico que converte presídios em fortalezas e bairros em campos de guerra. Seus vínculos com o trumpismo norte-americano, com a lógica da força sobre a dúvida, o tornaram confiável para setores que preferem o castigo à reforma.
Luisa, por sua vez, tentou em vão afirmar que governaria por si mesma. Mas o passado é uma sombra persistente. Carregava no nome e no discurso os ecos do projeto social de Correa, suas bolsas, seus programas de combate à miséria, sua retórica contra o imperialismo e os banqueiros. Era, no entanto, vítima de uma armadilha antiga: a desconfiança. Não bastava prometer aos pobres. Era preciso convencer os céticos.
E o povo votou. Votou com medo, com raiva, com uma espécie de esperança exausta. Os presídios, cercados por tanques e silêncio, lembravam que a violência não é mais clandestina — é institucional. Os apagões, que deixaram regiões 14 horas sem luz, pareciam metáforas: um país às escuras, tateando por um fio de luz, por uma narrativa que o resgate do abismo.
Mais de 56 mil policiais garantiram a “paz” das urnas. No pano de fundo, denúncias mútuas de corrupção, promessas vagas e a velha disputa entre a ordem dos ricos e a memória dos pobres. Ambos os candidatos acusaram, mentiram e recuaram. Foi uma campanha breve, caótica, envolta por decretos emergenciais e o assassinato brutal de Fernando Villavicencio, político e jornalista, baleado na cabeça à luz do dia — um crime que pairou sobre todo o processo como uma advertência sinistra.
Hoje, o Equador encontra-se no limiar. Tem um presidente jovem, obstinado, digital, que acredita que a repressão resolverá os dilemas de uma nação exausta. E tem um povo que, dividido entre pobreza e ressentimento, pede soluções que não virão apenas da força.
Como Dom Quixote, muitos equatorianos ainda veem gigantes onde há apenas moinhos — mas não por loucura, e sim por necessidade. Porque acreditar no impossível tornou-se o último consolo de quem tudo perdeu. E talvez, como Emma Bovary, estejam apenas se aproximando demais da chama. O tempo dirá se Noboa será o pragmático cavaleiro moderno que domará os dragões do narcotráfico, ou mais um nome na galeria dos que tentaram sem entender o próprio povo.
Entre as cinzas da utopia e o ruído das armas, o Equador segue — não redimido, não salvo, apenas... reeleito.
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