Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 6 de abril de 2025
TUDO RESSOAVA EM UNÍSSONO
Aos Acordes da Conveniência: Quando Não Bate Mais a Saudade
Quando bate uma saudade — diz Paulinho da Viola — ela vem carregada de emoção.
Mas e quando não bate? Quando nem a saudade tem mais serventia porque os sentimentos foram esterilizados pela razão estratégica? Quando a política já não arde, nem no reverso inevitável da paixão?
🎧 Ouça aqui: “Quando Bate uma Saudade” – Paulinho da Viola (Letras.mus.br)
Aperte o play. Sinta o clima. Este texto começa aí.
É nesse vazio emocional que se instala a lógica do poder em sua versão mais cínica.
“Quem não tem Marx no coração, corta o coração e vai de razão.”
A frase, aguda, revela mais do que uma provocação ideológica: escancara uma época onde os ideais foram relegados à retórica, e o coração, abandonado na soleira do cálculo. O que resta, então, senão o descompasso entre a memória do que fomos e a conveniência do que aceitamos ser?
Às favas, senhor presidente, neste momento, toda a ética da convicção e os escrúpulos de consciência. E que se vá também, como já se foi antes, toda coerência revolucionária, todo projeto de transformação que ousava querer mudar o mundo sem perder a ternura. Todos os marxismos de conveniência, ignoramo-los, senhor presidente.
Paulinho canta:
“Quase sempre um coração amargurado
Pelo desprezo de alguém
É tocado pelas cordas de uma viola
É assim que um samba vem.”
Mas não há samba no Planalto. Não há viola que toque o coração de quem fez da política um exercício de sobrevivência fria. A paixão, aquela que movia multidões, deu lugar à blindagem de alianças, à distribuição de emendas, à matemática eleitoral. E assim, quem tem um ideal e o abandona, ou não tinha o ideal, ou age por oportunismo, como dizia Saramago.
Quem não tem cão, caça com gato.
Entrega os anéis para salvar os dedos.
Acende uma vela para Deus e outra para o Diabo.
Tudo isso se faz sorrindo, disfarçado de estratégia.
“Lágrimas são as pedras preciosas da ilusão”, diz o poeta. Mas hoje, nem lágrimas restam — só a ilusão crua, útil e reciclável nas próximas eleições.
No plano internacional, como alerta Sergio Fausto, a maré montante da autocracia avança. A democracia americana, longe de ideal, agora desaba também simbólica e institucionalmente. A erosão interna da ordem liberal, somada ao abandono da política externa multilateral, deixa o mundo à deriva — dividido entre potências autocráticas que jogam o xadrez global com o cinismo das cartas marcadas.
E agora, para arrematar, a política comercial virou o novo teatro da força bruta. Como mostra Lourival Sant’Anna, Trump transformou tarifas em instrumentos de dominação política. São alíquotas arbitrárias, aleatórias, extorsivas — uma diplomacia da chantagem disfarçada de “reciprocidade”. Um jogo de soma zero, no qual a sobrevivência de empresas e países passa a depender do humor do novo imperador. E o mundo, em resposta, começa a se reorganizar — não mais com base em valores comuns ou contratos, mas por pura necessidade de sobrevivência.
A guerra comercial, diz Sant’Anna, reforçará os instintos autoritários. Os políticos competirão entre si para ver quem protege melhor “seu povo” de um mundo hostil. Nacionalismo, populismo, protecionismo. A saudade da política com paixão vira luxo, artigo fora de mercado.
E então, voltamos ao começo:
“Quando, surge a luz da criação no pensamento / Ele trata com ternura o sofrimento / E afasta a solidão.”
Talvez ainda haja espaço, mesmo que pequeno, para tratar com ternura o que resta do nosso ideal democrático. Talvez ainda caibam um verso, um samba, uma memória — antes que tudo vire silêncio. E que o coração, ainda que esquecido, volte a bater. Porque sem ele, o que resta... é só cálculo.
"Do ronco da cuíca à voz rouca das ruas, tudo ressoava em uníssono."
Roncou, roncou
Roncou de raiva a cuíca
Roncou de fome
Alguém mandou
Mandou parar a cuíca, é coisa dos home
A raiva dá pra parar, pra interromper
A fome não dá pra interromper
A raiva e a fome é coisas dos home
A fome tem que ter raiva pra interromper
A raiva é a fome de interromper
A fome e a raiva é coisas dos home
É coisa dos home
É coisa dos home
A raiva e a fome
A raiva e a fome
Mexendo a cuíca
Vai tem que roncar
Composição: Aldir Blanc / João Bosco.
O Ronco Da Cuíca | João Bosco • Ivan Lins • Gonzalo Rubalcaba
O saudoso Dr. Ulysses Guimarães dizia: "a única coisa que mete medo em político é a voz rouca das ruas".
MARIA ALCINA - MARIA BOA
Que vantagem que Maria tem
É boa
Como é que Maria vive
À toa
Com quem é que Maria vive
Comigo
Onde é que Maria mora
Não digo
Não digo, não digo
Porque tenho certeza
Certeza porque sou escolado
Mulher é negócio de lado
E amigo é melhor separado
Que vantagem que Maria tem
É boa
Como é que Maria vive
À toa
Com quem é que Maria vive
Comigo
Onde é que Maria mora
Não digo
Não digo, não digo
Porque tenho certeza
Certeza que a minha Maria
Não vai com a cara do homem
Que tem a falinha macia
Composição: Assis Valente.
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"Iniciado em 2005, o Prouni troca isenção fiscal de instituições privadas por bolsas de estudos para alunos de baixa renda. Entre 2005 e 2024, beneficiou 3,4 milhões de estudantes, a maioria (2,5 milhões) com bolsas integrais, os demais com 50%. O que é um bom negócio para as faculdades, porém, pode não ser para os alunos. O Brasil de 2025 não é o mesmo do de 2005. As aspirações dos jovens mudaram, a tecnologia deu um salto, a sociedade se transformou. Um programa desenhado para aquela época precisa ser adaptado aos tempos atuais, diante das novas demandas e da dinâmica do mercado. Há que preservar o aspecto positivo, como a baixa evasão dos participantes, e corrigir o que não tem dado certo. Se há mais vagas que interessados, algo não está funcionando."
Esvaziamento do Prouni revela que modelo do programa está esgotado
O Globo
Em 2024, foram preenchidas apenas 26% das mais de 650 mil vagas abertas pelas universidades
"Charles Ponzi, criador da célebre pirâmide dos anos 1920 nos Estados Unidos, foi apanhado e a Viúva tomou-lhe até a roupa do corpo. Ele passou 12 anos na cadeia, costurando cuecas. Solto, acabou em Pindorama, em 1939.
Ponzi morreu aos 67 anos em 1949 num hospital público do Rio. Ele vivia no Engenho Novo, com uma aposentadoria de 700 dólares mensais do fundo de pensão dos comerciários, cerca de R$ 5 mil em dinheiro de hoje."
Banqueiros audaciosos gostam de Pindorama
domingo, 6 de abril de 2025
O pesadelo do banco Master- Elio Gaspari
O Globo
Astuciosa engenharia da compra pelo BRB tirará a instituição do colo do fundo dos banqueiros, levando-o para o colo da Viúva, já que ele é estatal
Economia
Banco Master contratou mulher de Alexandre de Moraes, diz jornal
São Paulo
Veja mais em https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2025/04/03/banco-master-contratou-mulher-de-alexandre-de-moraes-diz-jornal.htm?cmpid=copiaecola
Ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski fará parte de comitê consultivo estratégico do Banco Master
Comitê contará ainda com o ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Tendências Gustavo Loyola e o ex-funcionário do BC Geraldo Magela, além do presidente do Master, Daniel Vorcaro, e o CEO do banco comercial, Augusto Lima
Por Álvaro Campo
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