Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
A leveza e o peso
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Revista Pazes
Fragmentos do livro "A Insustentável Leveza do Ser" - de Milan Kundera
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"Quanto mais pesado é o fardo, mais proxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é."
TRADUÇÃO DE TERESA BULHÕES CARVALHO DA FONSECA
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Ao vivo: Assembleia Geral da ONU realiza reunião de emergência sobre guerra entre Rússia e Ucrânia
O encontro é realizado pelos 193 países-membros da sessão emergencial da Assembleia Geral e pretende votar resolução condenando a ofensiva militar russa na Ucrânia
13:41 | Fev. 28, 2022
Autor Filipe Pereira
Filipe Pereira
Repórter de Política
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Tipo
Notícia
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Edifício do Secretariado, com as bandeiras dos Estados-Membros hasteadas em primeiro plano, na sede das Nações Unidas em Nova York(foto: UN Photo/Rick Bajornas)
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A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, iniciou, nesta segunda-feira, 28, às 12h de Brasília, a reunião emergencial com o objetivo de votar resolução condenando a ofensiva militar russa na Ucrânia. O encontro é realizado pelos 193 países-membros da sessão emergencial da Assembleia Geral.
Assista:
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O presidente da Assembleia, Abdullah Shahid, abriu a reunião com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da guerra e em um discurso de defesa da paz destacou que armas são melhores quando não são utilizadas. A convocação da sessão de emergência foi aprovada neste domingo, 27, pelo Conselho de Segurança, quando 11 países votaram a favor, entre eles, o Brasil, os Estados Unidos e a França.
A Rússia foi contra a decisão, mas não pôde usar o poder de veto, por não ser permitido esse tipo de procedimento. Três nações se abstiveram na votação: a China, Índia e os Emirados Árabes Unidos.
Esta é a primeira vez desde 1982 que o Conselho de Segurança pede sessão de emergência da Assembleia Geral. O pedido de uma sessão sobre a Ucrânia ocorre depois que a Rússia vetou na sexta-feira um rascunho da ONU, a Resolução do Conselho de Segurança que teria deplorado a invasão de Moscou.
Tags
Rússia
Ucrânia
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Assembleia Geral
guerra
Fonte: O POVO
https://www.opovo.com.br/noticias/politica/2022/02/28/ao-vivo-assembleia-geral-da-onu-realiza-reuniao-de-emergencia-sobre-guerra-entre-russia-e-ucrania.html
domingo, 27 de fevereiro de 2022
"TRAGA-ME ESPANHÓIS"
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Nas entrelinhas: Ocidente e Oriente estão em luta pela hegemonia na Ucrânia
Publicado em 27/02/2022 - 08:26 Luiz Carlos AzedoAlemanha, China, EUA, Governo, Memória, Militares, Política, Política, Putin, Rússia, Trump, Violência, Xi Jinping
O Estado de bem-estar social, que fora fundamental para suplantar o chamado “socialismo real”, entrou em crise e a democracia tem dificuldades de acompanhar as mudanças de uma economia globalizada
Quando Alexander Hamilton exortou os norte-americanos a decidirem se “as sociedades humanas são mesmo capazes de constituir um bom governo, com base na reflexão e na escolha, ou se estão condenados para sempre a ter organizações políticas que são fruto do acidente e da força” (O Federalista, nº 1), em 1787, no debate que levou à consolidação a Constituição dos Estados Unidos, traçou o curso da linha divisória que separa o Ocidente democrático do resto do mundo. Os países que foram capazes de seguir esse caminho constituíram bons governos e foram adiante, ampliando consideravelmente a sua influência mundial; os que tomaram outro rumo, como a Alemanha nazista e, mais recentemente, a antiga União Soviética, amargaram o declínio, a disfunção e/ou o colapso.
Entretanto, depois da débâcle dos regimes comunistas do leste europeu, as democracias do Ocidente começaram a enfrentar uma crise de representação sem precedentes, provocada pela revolução tecnológica que elas próprias protagonizaram e as dificuldades de sustentar um modelo de Estado que se baseava muito mais no fabianismo, uma doutrina liberal-socialista, do que no Leviatã de Thomas Hobbes, o Estado liberal clássico. O Estado de bem-estar social, que fora fundamental para suplantar o chamado “socialismo real”, entrou em crise. Com isso, a democracia representativa passou a ter dificuldades para acompanhar as mudanças de uma economia globalizada.
É aí que entram em cena um pequeno país asiático e um gigante de dimensões continentais. A pequena Cingapura, que fora governada por Lee Kuan Yew por 30 anos e hoje é comandada por seu filho mais velho, Lee Hsien Loong, e a China de Deng Hisiao Ping, hoje liderada por Xi Jinping, operam um processo de modernização com resultados surpreendentes, a partir de governos autoritários, que passou a ser referência para diversos países no mundo. Inicia-se, assim, uma corrida para reinventar o Estado, na qual muitas vezes a democracia e o Estado de bem-estar social estão de mãos dadas numa rota suicida, por causa do populismo e do inchaço dos governos; em outras, em confronto aberto, no Estado mínimo, igualmente perigoso, devido às desigualdades.
Na China, os gestores buscam inspiração no Ocidente, miram o Vale do Silício, nos Estados Unidos, para reinventar o capitalismo; porém, olham para Cingapura na hora do “aggiornamento” do seu governo. A cidade-estado adota o sistema Westminster de governo unicameral, ou seja, é uma república parlamentar. O Partido de Ação Popular (PAP) ganhou todas as eleições desde a concessão britânica de autonomia interna em 1959. O país tem o terceiro maior poder de compra per capita do mundo, é um dos mais ricos do planeta.
Fim da História
Liderada pelos Estados Unidos, desde o colapso do comunismo europeu, a ideia hegemônica no Ocidente é de que a democracia é um credo universal, basta extirpar a tirania para que se enraíze; e que democracia e capitalismo são siameses, a livre escolha de uma parte não existe sem a da outra. Essas são as premissas básicas do famoso ensaio O fim da História, de Francis Fukuyama, o filósofo e economista norte-americano.
Democracia liberal e capitalismo, porém, não têm uma relação automática, e a equação capitalismo, autodeterminação e globalização não é de fácil solução. Mesmo nos Estados Unidos e na Europa, a democracia está sendo posta à prova por forças autoritárias e “iliberais”, que buscam a modernização conservadora. Não à toa o fantasma republicano de Donald Trump ronda o governo do democrata Joe Biden.
Na corrida entre governos democráticos e autoritários para reinventar o Estado e modernizar a economia, entre os quais algumas monarquias sanguinárias aliadas aos Estados Unidos, destacam-se a emergência da China, como segunda maior potência econômica do planeta, e a ascensão da Alemanha e da França como líderes de uma Europa Ocidental economicamente unificada. A resposta de Donald Trump nos Estados Unidos fora iniciar uma guerra comercial com o gigante asiático, ao mesmo tempo em que buscava e estimulava a adoção de um modelo político “iliberal” para acelerar o processo de modernização no Ocidente. Esse curso foi interrompido pela vitória de Joe Biden, que trouxe a maior potência econômica e militar do planeta para o eixo da reafirmação de sua hegemonia mundial, aliada à Inglaterra no Atlântico, e à Austrália, ao Japão e à Índia no Pacífico, num pacto militar para isolar a China.
O resultado foi a reaproximação entre a Rússia, que recrudesceu sua doutrina geopolítica ao invadir a Ucrânia, e a China, empenhada em levar a Nova Rota da Seda ao coração da Europa. O confronto entre Ocidente e Oriente está novamente instalado. No lugar do mundo globalizado e multipolar, que se desenhava a partir das disputas comerciais, estabeleceu-se uma nova bipolaridade, que se sustenta no equilíbrio estratégico-militar dessas potências nucleares e tem como divisor de águas a narrativa da democracia como modelo de vocação universal, como exortou Hamilton.
https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-ocidente-e-oriente-estao-em-luta-pela-hegemonia-na-ucrania/?fbclid=IwAR1hvg3EKdkXKQ2g3HgnSiBDfiQE1uugu_uOToIVooJtXUW9a_h2jBhviEI
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Gilberto Gil - "Oriente" (Ao Vivo) - Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo
176.537 visualizações3 de jul. de 2014
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Biscoito Fino
805 mil inscritos
Vídeo oficial da faixa "Oriente" (Ao Vivo), do álbum "Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo"
Gravado no Teatro Municipal no Rio de Janeiro, em maio de 2012, lançamento do DVD “Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo”, de Gilberto Gil. O repertório contém 21 obras, como 'Eu Vim da Bahia', 'Futurível', 'Domingo no Parque', 'Expresso 2222' e a inédita 'Eu Descobri'. O espetáculo vem sendo apresentado no mundo todo, formado por Jaques Morelembaum, violoncelo, Bem Gil no Violão, Nicolá Krassik no violino e Gustavo Didalva na percussão, que trouxe para o som do conjunto um conceito rítmico de máquinas eletrônicas, um encontro entre o moderno e o antigo, entre o pop e o regional, uma subversão original e irresistível, que é marca do trabalho de Gilberto Gil. Nesta gravação o quinteto foi acompanhado pela Orquestra Petrobrás Sinfônica no concerto do Theatro Municipal do Rio (dentro da série MPB&JAZZ da Orquestra).
Letra:
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
https://www.youtube.com/watch?v=Q4UFG-XL3iU
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La palabra - Pablo Neruda - Confieso que he vivido
2.186 visualizações7 de nov. de 2019
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Grupo Cultural Macondo
62 mil inscritos
La palabra
Pablo Neruda
de Confieso que he vivido
…Todo lo que usted quiera, sí señor, pero son las palabras las que cantan, las que suben y bajan… Me prosterno ante ellas… Las amo, las adhiero, las persigo, las muerdo, las derrito… Amo tanto las palabras… Las inesperadas… Las que glotonamente se esperan, se acechan, hasta que de pronto caen… Vocablos amados… Brillan como perlas de colores, saltan como platinados peces, son espuma, hilo, metal, rocío… Persigo algunas palabras… Son tan hermosas que las quiero poner todas en mi poema… Las agarro al vuelo, cuando van zumbando, y las atrapo, las limpio, las pelo, me preparo frente al plato, las siento cristalinas, vibrantes ebúrneas, vegetales, aceitosas, como frutas, como algas, como ágatas, como aceitunas… Y entonces las revuelvo, las agito, me las bebo, me las zampo, las trituro, las emperejilo, las liberto… Las dejo como estalactitas en mi poema, como pedacitos de madera bruñida, como carbón, como restos de naufragio, regalos de la ola… Todo está en la palabra… Una idea entera se cambia porque una palabra se trasladó de sitio, o porque otra se sentó como una reinita adentro de una frase que no la esperaba y que le obedeció. Tienen sombra, transparencia, peso, plumas, pelos, tienen de todo lo que se les fue agregando de tanto rodar por el río, de tanto transmigrar de patria, de tanto ser raíces… Son antiquísimas y recientísimas… Viven en el féretro escondido y en la flor apenas comenzada… Qué buen idioma el mío, qué buena lengua heredamos de los conquistadores torvos… Estos andaban a zancadas por las tremendas cordilleras, por las Américas encrespadas, buscando patatas, butifarras, frijolitos, tabaco negro, oro, maíz, huevos fritos, con aquel apetito voraz que nunca más se ha visto en el mundo… Todo se lo tragaban, con religiones, pirámides, tribus, idolatrías iguales a las que ellos traían en sus grandes bolsas… Por donde pasaban quedaba arrasada la tierra… Pero a los bárbaros se les caían de la tierra de las barbas, de las herraduras, como piedrecitas, las palabras luminosas que se quedaron aquí resplandecientes… el idioma. Salimos perdiendo… Salimos ganando… Se llevaron el oro y nos dejaron el oro… Se lo llevaron todo y nos dejaron todo… Nos dejaron las palabras.
https://www.youtube.com/watch?v=dvs132sI5AU
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Notas Bibliográficas
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À Inglaterra, principalmente, e não aos Estados Unidos deve a
América Latina a força moral que lhe permitiu fazer a sua independência.
Foi William Burke a primeira voz que na Europa se declarou em seu favor
escrevendo um vibrante panfleto, advogando a independência da América
do Sul,3 o Abbé de Pradt e posteriormente Canning, que foi quem praticamente tornou possível, isto é, tornou efetiva e certa esta independência, já
oficialmente aconselhada por Lord Wellington no congresso de Verona.4
A independência das nações latinas da América em nada foi
protegida pelos Estados Unidos.
À Inglaterra deveram então serviços consideráveis as nações
que lutavam pela sua emancipação política.
A Ilusão Americana 15
3 William Burke, South American independence, or the emancipation of South America, the
glory and interest of England, London, 1807.
4 Chateaubriand. Le congrés de Vérone, chap. XVI.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1095/000661687_Ilusao_americana.pdf
A Ilusão Americana
EDUARDO PRADO
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Há nas minhas recordações estranhos hiatos. Fixaram-se coisas
insignificantes. Depois um esquecimento quase completo. As minhas açõés
surgem baralhadas e esmorecidas, como se fossem de outra pessoa. Penso nelas
com indiferença. Certos atos aparecem inexplicáveis. Até as feições das pessoas e
os lugares por onde transitei perdem a nitidez. Tudo aquilo era uma confusão, em
que avultava a idéia de reaver Marina. Mais de um mês, quase dois meses em
intimidade com o outro. Procurei por todos os meios uma nova aproximacão. O
despeito, a raiva que senti naqueles dias compridos, uns restos de amor próprio,
tudo se sumiu.
A tarde voltava a sentar-me na espreguiçadeira, abria um livro. Marina
ausente. Deitava-me, fingia dormir, ficava uma hora espiando o quintal vizinho
através das pestanas meio cerradas. As galinhas ciscavam, d. Adélia cantava no
banheiro, a sombra da mangueira crescia, além do muro a mulher que lava
garrafas trabalhava sacolejando-se num ritmo de batuque e o homem triste enchia
dornas. As vezes passos apressados revelavam-me a presença de Marina. Eu
tinha vergonha de abrir os olhos, e quando me decidia a acordar, já ela estava
longe. Erguia-me irritado. Perdendo ali, como um rapazinho, momentos preciosos!
Esforçava-me por acreditar que os meus momentos eram preciosos.
* * *
A noite sentava-me à calçada e olhava a rua. Seu Ramalho fazia o mesmo.
Palavra de cá, palavra de lá - como falávamos baixo, era necessário aproximarmos
as cadeiras. Depois do namoro da filha com Julião Tavares, d. Adélia mostrava-me
antipatia. A princípio era aquela subserviência, tremura, cumplicidade; mas agora nem me via; enrugava a testa e grunhia "Hum! hum!" com um modo insuportável.
Seu Ramalho, que meses atrás me olhava desconfiado, tornara-se um ex- celente
amigo e dava-me conselhos.
- Não se case, seu Luís. Casamento é buraco.
O mundo está perdido.
- Isso é por causa do cinema, seu Ramalho. O senhor nunca vai lá. E feliz.
Nem calcula as sem-vergonhezas que há na tela.
Seu Ramalho baixava a cabeça, pensativo:
- Deve ser também por falta de religião.
- E. Deve ser também por isso.
Realmente a minha vizinha desconhecia as igrejas, e isto não me
preocupava.
- O cinema é o diabo, seu Ramalho. O senhor não imagina. São uns beijos
safados, lingua com língua, nem lhe conto. Provavelmente as moças saem de lá
esquentadas.
- Devem sair, concordava seu Ramalho. Por isso há tanta gente de rédea no
pescoço.
- Que rédea! Hoje não há rédea. Um sujeito corre atrás de uma saia, pega a
mulher, larga, pega outra, e é aquela garapa.
- Safadeza.
- E. Tudo é safadeza. Antigamente essa história de honra era coisa séria.
Mulher falada não tinha valia.
- Nenhuma, exclamava seu Ramalho, cansado, tossindo. E eram vinganças
medonhas.
- Vinganças horrorosas, bradava eu excitado.
Nesse ponto da conversa contávamos sempre uma série de casos que
ilustravam as nossas afirmações. Animado, o cachimbo apertado entre os dentes, seu Ramalho assobiava as mesmas anedotas, empregando o mesmo vocabulário.
Às vezes eu o interrompia:
- O senhor já contou essa.
Mas seu Ramalho continuava sem se perturbar: falava para dar prazer a si
mesmo, não me escutava. Talvez quisesse enganar-se e convencer-se de que
seria também capaz de praticar façanhas. As palavras saíam-lhe sem variações.
Era amigo da verdade e tinha imaginação fraca. As minhas narrativas não se
comparavam às dele: sendo muito numerosas, eu esquecia freqüentemente certas
passagens, ficavam brechas, soluções de continuidade. Além disso eram
transmitidas em linguagem artificial, que o vizinho achava falsa e retocava.
https://docs.google.com/viewer?
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnx2aXZhbGl2cm9zYnJhc2lsfGd4OjExODU0NWQzMzhiNzkzYWE
ANGÚSTIA
GRACILIANO RAMOS
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Notas Bibliográficas
1. Gramsci não publicou nem um livro durante a sua vida.
(***)
O historiador Paolo Sampaio selecionou e prefaciou uma utilíssima antologia dos escritos juvenis de Gramsci (incluindo em apêndice em algumas notas dos Cadernos): Scrittti Politici (Riuniti, Roma, 1967, 878 pp.; edição de bolso, em três volumes, Riuniti, Roma, 1974).
Finalmente, no primeiro semestre de 1980, a editora Einauldi iniciou a publicação, aos cuidados de Sergio Caprioglio, da edição crítica de todos os ensaios e artigos do período pré-carcerário. Até agora, foi publicado apenas o primeiro volume: Cronache Torinesi 1913-1917 (898 pp.) Mais dois, porém, já estão anunciados: La Cittá Futura (fevereiro de 1917 - abril de 1918) e Il Nostro Marx (maio de 1918 - abril de 1919).
Fonte: Fontes do Pensamento Político
Gramsci
L & PM
Carlos Nelson Coutinho
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“Traga-me espanhóis”
Mas a vida me tirou logo dali.
As notícias aterradoras da emigração espanhola chegavam ao Chile. Mais de quinhentos
mil homens e mulheres, combatentes e civis, tinham cruzado a fronteira francesa. Na França o
governo de León Blum, pressionado pelas forças reacionárias, acumulou-os em campos de
concentração, espalhou-os em fortalezas e prisões, manteve-os amontoados nas regiões
africanas junto ao Saara.
O governo do Chile tinha mudado. Os mesmos avatares do povo espanhol tinham
fortalecido as forças populares chilenas e agora tínhamos um governo progressista.
Esse governo da frente popular do Chile decidiu me enviar à França para cumprir a mais
nobre missão que exerci em minha vida: a de tirar espanhóis de suas prisões e enviá-los à
minha pátria. Assim podia minha poesia espalhar-se como uma luz radiante, vinda da
América, entre esses montões de homens carregados como ninguém de sofrimento e heroísmo.
Assim minha poesia chegaria a se confundir com a ajuda material da América que, ao receber
os espanhóis, pagava uma dívida imemorial.
Quase inválido, recém-operado, com uma perna engessada – tais eram minhas condições
físicas naquele momento -, saí de meu retiro e me apresentei ao presidente da república. Dom
Pédro Aguirre Cerda recebeu-me com afeto.
- Sim, traga-me milhares de espanhóis. Temos trabalho para todos. Traga-me pescadores.
Traga-me bascos, castelhanos, estremenhos.
E poucos dias depois, ainda engessado, fui à França para buscar espanhóis para o Chile.
Tinha um cargo concreto. Era cônsul encarregado da emigração espanhola - assim dizia a
nomeação. Apresentei exultante minhas credenciais à embaixada do Chile em Paris.
Governo e situação política não eram os mesmos em minha pátria mas a embaixada em
Paris não tinha mudado. A possibilidade de enviar espanhóis ao Chile enfurecia os
empertigados diplomatas. Instalaram-me numa sala perto da cozinha, hostilizaram-me de todas
as maneiras até negar-me papel de escrever. Já começava a chegar às portas do edifício da
embaixada a onda dos indesejáveis: combatentes feridos, juristas e escritores, profissionais
que tinham perdido suas clínicas, operários de todas as especialidades.
Como conseguiam chegar apesar dos pesares até minha sala e como meu escritório era no
quarto andar, inventaram algo diabólico: suspenderam o funciona-mento do elevador. Muitos
dos espanhóis eram feridos de guerra e sobreviventes do campo africano de concentração e
cortava o coração vê-los subir penosamente ao quarto andar, enquanto os ferozes funcionários
se compraziam com minhas dificuldades.
https://www.blogger.com/blog/stats/week/8761611736633123803
PABLO NERUDA
memórias
confesso que vivi
BB
BERTRAND BRASIL
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Opera Mundi Literatura #9 - Canto Geral, de Pablo Neruda, o poeta da URSAL
1.963 visualizaçõesTransmitido ao vivo em 16 de ago. de 2018
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Opera Mundi
160 mil inscritos
Esta edição do Opera Mundi Literatura homenageia o poeta e militante chileno Pablo Neruda, que em seu livro Canto Geral canta a América e suas lutas contra a colonização, com seus sonhos, com derrotas e vitórias, de unificação frente à colonização europeia.
Leitura dos textos "Os Libertadores", "Tupac Amaru (1781)", “Toussaint L’Ouverture”, “Sandino (1926)”, “Dito no Pacaembu (Brasil, 1945)” e “Prestes do Brasil
(1949)”.
https://www.youtube.com/watch?v=Hn-Ib15IS24
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ANTONIO CICERO declama "Guardar"
https://www.youtube.com/watch?v=1B-skA5-Ad0
a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnx2aXZhbGl2cm9zYnJhc2lsfGd4OjExODU0NWQzMzhiNzkzYWE
sábado, 26 de fevereiro de 2022
Do caminho da forca
Romance LX ou do caminho da forca, de Cecília Meireles.
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Os militares, o clero,
os meirinhos, os fidalgos
que o conheciam das ruas,
das igrejas e do teatro,
das lojas dos mercadores
e até da sala do Paço;
e as donas mais as donzelas
que nunca o tinham mirado,
os meninos e os ciganos,
as mulatas e os escravos,
os cirurgiões e algebristas,
leprosos e encarangados,
e aqueles que foram doentes
e que ele havia curado
- agora estão vendo ao longe,
de longe escutando o passo
do Alferes que vai à forca,
levando ao peito o baraço,
levando no pensamento
caras, palavras e fatos:
as promessas, as mentiras,
línguas vis, amigos falsos,
coronéis, contrabandistas,
ermitões e potentados,
estalagens, vozes, sombras,
adeuses, rios, cavalos...
Ao longo dos campos verdes,
tropeiros tocando o gado..
O vento e as nuvens correndo
por cima dos montes claros.
Onde estão os poderosos?
Eram todos eles fracos?
Onde estão os protetores?
Seriam todos ingratos?
Mesquinhas almas, mesquinhas,
dos chamados leais vassalos!
Tudo leva nos seus olhos,
nos seus olhos espantados,
o Alferes que vai passando
para o imenso cadafalso,
onde morrerá, sozinho
por todos os condenados.
Ah, solidão do destino!
Ah, solidão do Calvário...
Tocam sinos: Santo Antônio?
Nossa Senhora do Parto?
Nossa Senhora da Ajuda?
Nossa Senhora do Carmo?
Frades e monjas rezando.
Todos os santos calados.
(Caminha a Bandeira
da Misericórdia.
Caminha, piedosa.
Caísse o réu vivo;
rebentasse a corda,
que o protegeria
a santa Bandeira
da Misericórdia!)
Dona Maria Primeira,
aqueles que foram salvos
não vos livram do remorso
deste que não foi perdoado..
(Pobre Rainha colhida
pelas intrigas do Paço,
pobre Rainha demente,
com os olhos em sobressalto,
a gemer: “Inferno... Inferno...“
com seus lábios sem pecado.)
Tudo leva na memória
o Alferes, que sabe o amargo
fim do seu precário corpo
diante do povo assombrado.
(Aguas, montanhas, florestas,
negros nas minas exaustos...
- Bem podíeis ser, caminhos,
de diamante ladrilhados...)
Tudo leva na memória:
em campos longos e vagos,
tristes mulheres que ocultam
seus filhos desamparados.
Longe, longe, longe, longe,
no mais profundo passado...
- pois agora é quase um morto,
que caminha sem cansaço,
que por seu pé sobe à forca,
diante daquele aparato...
Pois agora é quase um morto,
partindo em quatro pedaços,
e - para que Deus o aviste -
levantado em postes altos.
(Caminha a Bandeira
da Misericórdia.
Caminha, piedosa,
nos ares erguida,
mais alta que a tropa.
Da forca se avista
a Santa Bandeira
da Misericórdia.)
***
***
Retirado da Obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles.
Biografia de Cecília Meireles, filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides.
Fonte: Biografia de Cecília Meireles
Trecho retirado da Obra Romanceiros da Inconfidência.
Fotos do Google.
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A Carta
Renato Russo
Ouça A Carta
Escrevo-te estas mal traçadas linhas meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpe os meus erros, por favor
Nas frases desta carta que é uma prova de afeição
Talvez tu não a leias, mas quem sabe até dará
Resposta imediata me chamando de meu bem
Porém o que me importa é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém
Tanto tempo faz que li no teu olhar
A vida cor de rosa que eu sonhava
E guardo a impressão de que já vi passar
Um ano sem te ver, um ano sem te amar
Ao me apaixonar por ti não reparei
Que tu tivesse só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu
Tanto tempo faz que vi no teu olhar
A vida cor de rosa que eu sonhava
E guardo a impressão de que já vi passar
Um ano sem te ver um ano sem te amar
Ao me apaixonar por ti não reparei
Que tu tivesse só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu
Escrevo-te estas mal traçadas linhas
Porque veio a saudade visitar meu coração
Escrevo-te estas mal traçadas linhas
Porque veio a saudade visitar meu coração
Escrevo-te estas mal traçadas linhas
Espero que desculpe os meus erros, por favor, oh oh oh oh
Meu amor, meu amor oh oh oh oh
Ouça A Carta
Composição: Benil Santos / Raúl Sampaio.
https://www.letras.mus.br/renato-russo/1199100/#radio:renato-russo
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O FUTURO ROUBADO DA RÚSSIA
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Joschka Fischer
O presidente russo, Vladimir Putin, fez sua escolha. Trouxe a guerra à Ucrânia. Este é um momento decisivo para a Europa. Pela primeira vez desde as guerras dos Bálcãs da década de 1990, que se limitaram à área da desintegrada Iugoslávia, o continente encara mais bombardeios de cidades e divisões de tanques em movimento. Mas desta vez foi uma superpotência nuclear que começou a luta.
Ao ordenar uma invasão, Putin está mostrando um descarado desprezo pelos tratados internacionais e pelo direito das nações. Não houve nenhum acontecimento comparável na Europa desde a era de Hitler. Segundo as últimas declarações de Putin, a Ucrânia não tem o direito de existir como estado soberano, apesar de ser membro das Nações Unidas, da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa e do Conselho da Europa. E apesar de a própria Rússia (sob Boris Yeltsin) ter reconhecido a independência do país.
Putin agora afirma que a Ucrânia é uma parte inseparável da Rússia. O que a maioria dos ucranianos pensa é irrelevante para ele. A grandeza e a posição internacional da Rússia são o que importa. Mas não se equivoquem: Putin quer mais do que a Ucrânia. Sua guerra é contra todo o sistema europeu, que repousa sobretudo na inviolabilidade das fronteiras. Ao querer redesenhar o mapa pela força, espera reverter o projeto europeu e restabelecer a Rússia como potência predominante, pelo menos no Leste europeu. As humilhações da década de 1990 devem ser canceladas, com a Rússia uma vez mais convertendo-se em potência global, ao lado dos Estados Unidos e da China.
Segundo Putin, a Ucrânia não tem tradição estatal e se converteu num mero instrumento do expansionismo estadunidense e da Otan, o que representa uma ameaça para a segurança da Rússia. Num estranho discurso um dia antes que suas tropas cruzassem a fronteira, Putin até chegou a afirmar que a Ucrânia estava tentando adquirir armas nucleares. Na realidade, quando a União Soviética entrou em colapso em princípios da década de 1990, a Ucrânia, sede do terceiro maior arsenal do mundo naquele momento, entregou suas armas nucleares à Rússia com apoio diplomático ativo dos “malvados” Estados Unidos.
A Ucrânia assim o fez porque recebera “garantias” sobre sua integridade territorial, como se indica no Memorando de Budapeste sobre Garantias de Segurança, de 5 de dezembro de 1994. Este documento foi assinado pelas potências garantidoras: Estados Unidos, Reino Unido e Rússia, junto com Ucrânia, Belarus e Cazaquistão (estes dois últimos renunciaram aos arsenais nucleares menores que herdaram da URSS).
Frente aos fatos históricos, as declarações de Putin não têm sentido. Seu propósito principal, claramente, é dar à sua própria população uma justificativa para invadir a Ucrânia. Putin sabe que, se aos russos comuns fosse dado escolher entre uma guerra para dominar o Leste da Europa ou uma vida melhor e mais próspera em casa, prefeririam a segunda opção. Como tantas vezes na História russa, os governantes do país estão roubando seu futuro às pessoas comuns.
A ascensão da Rússia ao poder global nos séculos XIX e XX resultou em inúmeras tragédias não só para os vizinhos que subjugou e absorveu gradualmente, mas também para seu próprio povo. Os líderes atuais da China, em particular, deveriam ter em conta esta história, considerando que a Rússia imperial se apoderou de mais territórios da China do que de qualquer outro país.
O que Putin não parece perceber é que a antiga política da Rússia de dominar povos estrangeiros na sua esfera de influência faz com que outros países se concentrem em como escapar da prisão geopolítica do Kremlin na primeira oportunidade, assegurando a proteção da Otan. A extensão da aliança para o leste depois de 1989 confirma esta dinâmica. A Ucrânia quis unir-se à Otan não porque a Otan tivesse a intenção de atacar a Rússia, mas porque a Rússia demonstrou cada vez mais sua intenção de atacar a Ucrânia. E agora o fez.
Vale a pena recordar que, na década de 1990, a propaganda russa acusou o Ocidente de abrigar todo tipo de planos mal-intencionados. Nenhuma destas tramas se realizou naquele momento, quando a Rússia estava deprimida, porque nunca existiu tal esquema ocidental. As acusações eram bobagens alarmistas.
O projeto imperial russo sempre se caracterizou por uma mistura de pobreza doméstica, opressão brutal, paranoia explícita e aspirações de poder global. E, no entanto, demonstrou ser excepcionalmente resistente à modernização, não só sob os czares e depois sob Lenin e Stalin, mas também sob Putin.
Basta comparar a economia da Rússia com a da China. Ambas constituem sistemas autoritários; contudo, a renda per capita chinesa cresceu solidamente, enquanto os níveis de vida russos diminuíram. Em termos históricos, Putin está levando a Rússia para o século XIX, em busca da grandeza do passado, ao passo que a China está avançando para se converter na superpotência definidora do século XXI. Enquanto a China conseguiu uma modernização econômica e tecnológica sem precedentes, Putin canalizou os recursos da exportação de energia da Rússia para o exército, uma vez mais defraudando o povo russo do seu futuro.
A Ucrânia tratou de escapar deste ciclo interminável de pobreza, opressão e ambição imperial com sua orientação cada vez mais acentuada para a Europa. Uma democracia liberal de estilo europeu que funcionasse bem na Ucrânia poria em perigo o governo autoritário de Putin. O povo russo se perguntaria a si mesmo e aos seus líderes: “Por que não nós?”.
Putin não teria uma boa resposta a dar, e ele o sabe. É por isso que a Rússia está na Ucrânia hoje.
* Líder histórico dos Verdes, ex-ministro de Relações Exteriores e vice-chanceler da Alemanha de 1998 a 2005. Publicado no Project Syndicate, 24.02.2022
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CECILIA MEIRELES – CANÇÃO DA MENINA ANTIGA
Esta é a dos cabelos louros
e da roupinha encarnada,
que eu via alimentar pombos,
sentadinha numa escada.
Seus cabelos foram negros,
seus vestidos de outras cores,
e alimentou, noutros tempos,
a corvos devoradores.
Seu crânio está vazio,
seus ossos sem vestimenta,
– e a terra haverá sabido
o que ela ainda alimenta.
Talvez Deus veja em seus sonhos
– ou talvez não veja nada –
que essa é a dos cabelos louros
e da roupinha encarnada.
Que do alto degrau do dia
às covas da noite, escuras,
desperdiçou sua vida
pelas outras criaturas…
Cecilia Meireles, Vaga música
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25 Fevereiro 2022
Sem justificativa moral, invasão russa tem explicação política
A invasão da Ucrânia deve ser vista de dois ângulos distintos. Do ângulo moral, não há dúvida. A atitude da Rússia é indesculpável. A invasão e ocupação militar de país soberano é moralmente inaceitável sob qualquer ponto de vista. Putin nunca demonstrou qualquer respeito pela vida humana e não respeitará qualquer barreira moral na sua agressão contra a Ucrânia.
Do ângulo político, é preciso ser realista. A atitude russa tem explicação e cria controvérsias, dependendo da posição política de cada um. Do meu ponto de vista político, a conclusão é bem desagradável e cruel: a Rússia deu um xeque-mate nas potências ocidentais. Putin é um autocrata e tem uma posição política interna muito mais sólida do que todos os governantes ocidentais relevantes que se opõem ao movimento russo. Putin tem popularidade, mantém a oposição sob controle à base de forte repressão, complementada por mentiras digitais, prisões abusivas e assassinatos. Putin tem mais experiência e treino estratégico.
Os governantes ocidentais estão todos em situação política delicada. Olaf Scholz, acaba de chegar ao poder, apoiado em uma coalizão de equilíbrio delicado. Joe Biden enfrenta eleição intermediária que pode deixá-lo em minoria no Congresso e tem baixa popularidade. Boris Johnson está cai-não-cai. Macron disputa uma eleição em busca da reeleição que complicada para ele. É o único que tenta manter uma linha de comunicação com o russo, numa tentativa de alavancar sua posição na eleição francesa e o papel da França na Europa. É improvável que tenha sucesso. Volodymyr Zelensky é um governante por acidente, despreparado e fraco. Pode se transformar em vítima involuntária e herói inesperado.
Infelizmente, a Ucrânia está só. Nem a OTAN, nem os Estados Unidos isoladamente vão intervir militarmente. Os ucranianos sofrerão as piores consequências da invasão. O governo Zelensky está condenado. Ele não tem como sobreviver a esta invasão. Putin, além de um hábil estrategista, é frio, cruel e insensível. Ele não mede consequências para conseguir seus objetivos: mata seus adversários na Rússia, invade vizinhos, como fez na Georgia, na anexação da Crimea e agora na Ucrânia. Este episódio só tem final razoável se for negociado. Mas, já não há como ter um bom final.
Ainda do ponto de vista político, é preciso levar em consideração os erros diplomáticos e estratégicos dos Estados Unidos e da Europa. Há mais de uma década, analistas de estratégia, diplomatas americanos e europeus, especialistas em relações internacionais, especialistas em Rússia vinham alertando que a OTAN precisava respeitar a área de influência russa. Os governos — não importa se republicanos ou democratas, nos EUA; social democratas ou conservadores na Europa — não ouviram esses alertas e sancionaram os avanços da OTAN sobre países na fronteira da Rússia.
Putin vem reclamando do avanço da OTAN sobre sua região geopolítica de interesse, desde que tomou o poder, em 1999. Em 2007, em Munique, no encontro anual sobre política de segurança, ele disse que a OTAN nunca aceitou a realidade geopolítica após o fim do bloco criado pelo Pacto de Varsóvia, que era a contrapartida do bloco soviético à OTAN. Para Putin o Ocidente traiu os compromissos assumidos no fim do Pacto de Varsóvia que garantiam que a OTAN não avançaria sobre as regiões de fronteira da Rússia. Ele disse que a expansão da OTAN representa uma séria provocação que reduzia a confiança nas relações multilaterais. Basta ver o mapa para entender o ponto de Putin. Ele queria manter um cordão de neutralidade entre a Rússia e as potências europeias. A OTAN avançou sobre um de seus flancos, admitindo como membros Letônia, Estônia e Lituânia. Países que, hoje, pedem a intervenção da aliança militar contra a Rússia. O autocrata do Kremlin nunca se conformou com este avanço sobre suas fronteiras. Belarus tem um governo sob influência russa. A Ucrânia é o último território sensível nesta adversariedade entre a Rússia e a OTAN. A Crimea, posição estratégica no Mar Negro foi anexada pela Rússia em 2014. A Georgia, desde a invasão está sob a influência geopolítica russa.
No mundo multipolar cada potência defende sua área de influência e deveria respeitar a área de influência das outras potências. Desde a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, no auge da Guerra Fria, a zona de influência dos Estados Unidos não é seriamente contestada por outra potência. A China não apoia a invasão da Ucrânia, mas concorda com a tese de Putin de respeito às respectivas zonas de influência. O governo chinês tem mostrado irritação ao que vê como desrespeito à sua área de influência no Mar da China pelo Japão, aliado dos Estados Unidos. A China quer uma solução negociada, porque ela implicaria um pacto de não interferência nas respectivas zonas de influência geopolítica.
No quadro multipolar, no qual não há espaço para uma nação hegemônica, o conflito assume duas formas. No plano da região de influência de cada potência, houve o ressurgimento do uso de armas convencionais e ações de guerra regionalizadas e localizadas. No plano global, como não é imaginável o recurso às armas nucleares, o recurso é a ciberguerra, a guerra cibernética, que está sendo usada. Biden se referiu explicitamente a ela em seu pronunciamento. O recurso às guerras convencionais é cruel e perigoso, por isso precisamos de uma séria revisão das instituições multilaterais para que assegurem a multipolaridade, respeitem as zonas de influência e reduzam a frequência de ações de guerra. A ONU e o Conselho de Segurança já mostraram que são inócuos. Um redesenho nesta direção, com salvaguardas mais efetivas comtra ações de agresão unilaterais, poderia talvez gerar um novo equilíbrio da ordem global.
No quadro institucional vigente, em conflito envolvendo potências nucleares, os únicos recursos são a diplomacia, sanções econômicas e retaliações cibernéticas. A diplomacia está emperrada. Sanções econômicas nunca funcionaram e a Rússia tem capacidade de retaliação, no campo da energia e da produção de grãos. A única coisa que se pode esperar é que as nações ocidentais se disponham a negociar e convençam Putin a um cessar-fogo. Mas, é difícil ver como provável uma saída negociada que não contemple uma nova ordem para a Europa que garanta à Rússia a neutralidade dos países da OTAN em sua fronteira e que a Ucrânia não seja incorporada. A situação no momento é de muita incerteza, cheia de “se isso, então aquilo” e de “talvez isso ou aquilo”. De certo, há apenas o domínio político de Putin no plano doméstico, o xeque-mate na Ucrânia e o fato de que os governantes ocidentais decidirão suas ações com um olho em suas aflições internas e outro no tabuleiro europeu.
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Fonte: Sérgio Abranches
https://sergioabranches.com.br/politica/565-sem-justificativa-moral
INVASÃO, RESISTÊNCIA E ACOLHIMENTO
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Gabriel Boric Font
@gabrielboric
Rusia ha optado por la guerra como medio para resolver conflictos. Desde Chile condenamos la invasión a Ucrania, la violación de su soberanía y el uso ilegitimo de la fuerza. Nuestra solidaridad estará con las víctimas y nuestros humildes esfuerzos con la paz.
12:58 PM · 24 de fev de 2022·Twitter Web App
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há 1 dia
Correio Braziliense
Mais de 900 pessoas são detidas em protestos anti-guerra na Rússia
TODOS OS CAMINHOS DÃO EM KIEV.
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há 19 horas
G1
Pessoas assustadas buscam abrigo enquanto o sinal de ataque soa no centro de Kiev
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ABERTURA POLONESA
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#abertura polonesa
576 visualizações6 de jan. de 2021
Leandro jogo de damas
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TweetVer Luiza Guimarães@luliguimaraesMuito emocionada com o povo da Polônia, nação do meu avô, abrindo as fronteiras e o coração para receber os refugiados da Ucrânia. Que coisa linda é o sentimento de solidariedade. 🇺🇦♥️8:51 PM · 25 de fev de 2022·Twitter for iPhone
há 2 horas
CNN Brasil
Ucranianos que fogem das tropas russas deixam maridos, filhos e irmãos para trás | CNN Brasil
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/ucranianos-que-fogem-das-tropas-russas-deixam-maridos-filhos-e-irmaos-para-tras/
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Mãe reencontra filhos entregues a desconhecidos durante fuga da Ucrânia
O pai das crianças foi barrado enquanto tentava atravessar a fronteira com seus filhos
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Fernanda Pinottida CNN
Em São Paulo
26/02/2022 às 13:44 | Atualizado 26/02/2022 às 14:00
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Imagens mostram o momento que uma mãe reencontra seus filhos, que foram entregues a desconhecidos para conseguir fugir da guerra na Ucrânia.
A mulher procurava um lugar seguro para a família enquanto o pai tentava atravessar a fronteira com os filhos. No entanto, ele foi barrado ao tentar sair do país por conta da lei marcial, que impede que homens entre 18 e 60 anos deixem o território ucraniano em tempos de guerra.
O homem, de 38 anos, entregou as crianças a uma mulher desconhecida, que cuidou delas até o reencontro com a mãe.
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Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.
Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).
O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.
De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
Tópicos
Guerra na Ucrânia
Invasão à Ucrânia
Refugiados
Rússia
Ucrânia
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/mae-reencontra-filhos-entregues-a-desconhecidos-durante-fuga-da-ucrania/
Nas estradas
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Imagem da Tabula Peutingeriana, o mapa viário do Império Romano. (Fonte: Wikicommons)
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"Todos os caminhos levam a Roma."
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“E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.” J esus (Marcos, 4:15)
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Ariel, anagrama de leirA e palíndromo
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O que é Palíndromo?
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Jesus é o nosso caminho permanente para o Divino Amor. Junto dele seguem, esperançosos, todos os espíritos de boa vontade, aderentes sinceros ao roteiro santificador. Dessa via bendita e eterna procedem as sementes da Luz Celestial para os
homens comuns. Faz-se imprescindível muita observação das criaturas, para que o tesouro
não lhes passe despercebido. A semente santificante virá sempre, entre as mais variadas circunstâncias. Qual ocorre ao vento generoso que espalha, entre as plantas, os princípios
de vida, espontaneamente, a bondade invisível distribui com todos os corações a
oportunidade de acesso à senda do amor.
Quase sempre a centelha divina aparece nos acontecimentos vulgares de
cada dia, num livro, numa particularidade insignificante do trabalho, na prestimosa
observação de um amigo. Se o terreno de teu coração vive ocupado por ervas daninhas e se já
recebeste o princípio celeste, cultiva-o, com devotamento, abrigando-o nas leiras de
tua alma. O verbo humano pode falhar, mas a Palavra do Senhor é imperecível. Aceita-a e cumpre-a, porque, se te furtas ao imperativo da vida eterna, cedo ou tarde
o anjo da angústia te visitará o espírito, indicando-te novos rumos.
25 Nas estradas Emmanuel Pão Nosso FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017 http://grupoama.org.br/books/Chico%20Xavier%20(Emmanuel)%20-%20Pao%20Nosso.pdf *********************************************************************************
Ciências Humanas
As ciências humanas também são ciências factuais, mas não se ocupam dos fenômenos puramente naturais. O interesse dominante nas ciências humanas são os fenômenos e atividades relacionados com o homem, a cultura, a sociedade e os elementos que fazem parte da comunicação, como a linguagem.
O interesse pela atividade própria do homem é tão velho quanto o interesse pela natureza. Os antigos gregos estudaram os planetas, os fenômenos meteorológicos, os corpos físicos, os organismos biológicos e as propriedades da Terra. Mas também se interessaram pela política, a linguagem, a organização social e até a economia.
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*** https://www.academia.edu/8337871/Oque_%C3%A9_ *****************************************************************************
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Não vim trazer a paz, mas a divisão
9. Não penseis que Eu tenha vindo trazer paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a
espada; porquanto vim separar de seu pai o filho, de sua mãe a filha, de sua sogra a
nora; e o homem terá por inimigos os de sua própria casa. (Mateus, 10:34 a 36.)
10. Vim para lançar fogo à Terra; e que é o que desejo senão que ele se acenda? Tenho
de ser batizado com um batismo e quanto me sinto desejoso de que ele se cumpra!
Julgais que Eu tenha vindo trazer paz à Terra? Não, Eu vos afirmo; ao contrário,
vim trazer a divisão; pois, doravante, se se acharem numa casa cinco pessoas, estarão elas divididas umas contra as outras: três contra duas e duas contra três. O pai
estará em divisão com o filho e o filho com o pai, a mãe com a filha e a filha com
a mãe, a sogra com a nora e a nora com a sogra. (Lucas, 12:49 a 53.)
11. Será mesmo possível que Jesus, a personificação da doçura e da
bondade, que não cessou de pregar o amor do próximo, haja dito: “Não
vim trazer a paz, mas a espada; vim separar do pai o filho, do esposo
a esposa; vim lançar fogo à Terra e tenho pressa de que ele se acenda”?
Não estarão essas palavras em contradição flagrante com os seus ensinos?
Não haverá blasfêmia em lhe atribuírem a linguagem de um conquistador sanguinário e devastador? Não, não há blasfêmia, nem contradição nessas
palavras, pois foi mesmo Ele quem as pronunciou, e elas dão testemunho
da sua alta sabedoria. Apenas, um pouco equívoca, a forma não lhe exprime com exatidão o pensamento, o que deu lugar a que se enganassem
relativamente ao verdadeiro sentido delas. Tomadas à letra, tenderiam a
transformar a sua missão, toda de paz, noutra de perturbação e discórdia, consequência absurda, que o bom senso repele, porquanto Jesus não
podia desmentir-se. (Cap. XIV, item 6.)
12. Toda ideia nova forçosamente encontra oposição e nenhuma há
que se implante sem lutas. Ora, nesses casos, a resistência é sempre proporcional à importância dos resultados previstos, porque, quanto maior ela é,
tanto mais numerosos são os interesses que fere. Se for notoriamente falsa,
se a julgam isenta de consequências, ninguém se alarma; deixam-na todos
passar, certos de que lhe falta vitalidade. Se, porém, é verdadeira, se assenta
em sólida base, se lhe preveem futuro, um secreto pressentimento adverte
os seus antagonistas de que constitui um perigo para eles e para a ordem
de coisas em cuja manutenção se empenham. Atiram-se, então, contra ela
e contra os seus adeptos.
Assim, pois, a medida da importância e dos resultados de uma
ideia nova se encontra na emoção que o seu aparecimento causa, na violência da oposição que provoca, bem como no grau e na persistência da
ira de seus adversários.
13. Jesus vinha proclamar uma doutrina que solaparia pela base os
abusos de que viviam os fariseus, os escribas e os sacerdotes do seu tempo.
Imolaram-no, portanto, certos de que, matando o homem, matariam a
ideia. Esta, porém, sobreviveu, porque era verdadeira; engrandeceu-se,
porque correspondia aos desígnios de Deus e, nascida num pequeno e
obscuro burgo da Judeia, foi plantar o seu estandarte na capital mesma
do mundo pagão, em face dos seus mais encarniçados inimigos, daqueles
que mais porfiavam em combatê-la, porque subvertia crenças seculares
a que eles se apegavam muito mais por interesse do que por convicção.
Lutas das mais terríveis esperavam aí pelos seus apóstolos; foram inumeráveis as vítimas; a ideia, no entanto, avolumou-se sempre e triunfou,
porque, como verdade, sobrelevava as que a precederam.
14. É de notar-se que o Cristianismo surgiu quando o Paganismo
já entrara em declínio e se debatia contra as luzes da razão. Ainda era praticado pro forma; a crença, porém, desaparecera; apenas o interesse pessoal o sustentava. Ora, é tenaz o interesse; jamais cede à evidência; irrita-se
tanto mais quanto mais peremptórios e demonstrativos de seu erro são os
argumentos que se lhe opõem. Sabe ele muito bem que está errado, mas
isso não o abala, porquanto a verdadeira fé não lhe está na alma. O que
mais teme é a luz, que dá vista aos cegos. É-lhe proveitoso o erro; ele se lhe
agarra e o defende.
Sócrates, também, não ensinara uma doutrina até certo ponto análoga à do Cristo? Por que não prevaleceu naquela época a sua doutrina, no
seio de um dos povos mais inteligentes da Terra? É que ainda não chegara
o tempo. Ele semeou numa terra não lavrada; o Paganismo ainda se não
achava gasto. O Cristo recebeu em propício tempo a sua missão. Muito faltava, é certo, para que todos os homens da sua época estivessem à altura das
ideias cristãs, mas havia entre eles uma aptidão mais geral para as assimilar,
pois que já se começava a sentir o vazio que as crenças vulgares deixavam
na alma. Sócrates e Platão haviam aberto o caminho e predisposto os espíritos. (Veja-se, na Introdução, o § IV: Sócrates e Platão, precursores da ideia
cristã e do Espiritismo.)
15. Infelizmente, os adeptos da nova doutrina não se entenderam
quanto à interpretação das palavras do Mestre, veladas, as mais das vezes,
pela alegoria e pelas figuras da linguagem. Daí o nascerem, sem demora,
numerosas seitas, pretendendo todas possuir, exclusivamente, a verdade
e o não bastarem dezoito séculos para pô-las de acordo. Olvidando o
mais importante dos preceitos divinos, o que Jesus colocou por pedra
angular do seu edifício e como condição expressa da salvação: a caridade,
a fraternidade e o amor ao próximo, aquelas seitas lançaram anátema
umas sobre as outras, e umas contra as outras se atiraram, as mais fortes
esmagando as mais fracas, afogando-as em sangue, aniquilando-as nas
torturas e nas chamas das fogueiras. Vencedores do Paganismo, os cristãos, de perseguidos que eram, fizeram-se perseguidores. A ferro e fogo
foi que se puseram a plantar a cruz do Cordeiro sem mácula nos dois
mundos. É fato constante que as guerras de religião foram as mais cruéis,
mais vítimas causaram do que as guerras políticas; em nenhumas outras
se praticaram tantos atos de atrocidade e de barbárie.
Cabe a culpa à doutrina do Cristo? Não, decerto que ela formalmente condena toda violência. Disse Ele alguma vez a seus discípulos: Ide, matai, massacrai, queimai os que não crerem como vós? Não; o que, ao
contrário, lhes disse, foi: Todos os homens são irmãos e Deus é soberanamente misericordioso; amai o vosso próximo; amai os vossos inimigos;
fazei o bem aos que vos persigam. Disse-lhes, outrossim: “Quem matar
com a espada pela espada perecerá.” A responsabilidade, portanto, não
pertence à doutrina de Jesus, mas aos que a interpretaram falsamente e a
transformaram em instrumento próprio a lhes satisfazer as paixões; pertence aos que desprezaram estas palavras: “Meu reino não é deste mundo.”
Em sua profunda sabedoria, Ele tinha a previdência do que aconteceria; mas essas coisas eram inevitáveis, porque inerentes à inferioridade da
natureza humana, que não podia transformar-se repentinamente. Cumpria
que o Cristianismo passasse por essa longa e cruel prova de dezoito séculos
para mostrar toda a sua força, visto que, malgrado todo o mal cometido em
seu nome, ele saiu dela puro. Jamais esteve em causa. As invectivas sempre
recaíram sobre os que dele abusaram. A cada ato de intolerância, sempre se
disse: Se o Cristianismo fosse mais bem compreendido e mais bem praticado, isso não se daria.
16. Quando Jesus declara: “Não creais que Eu tenha vindo trazer a
paz, mas sim a divisão”, seu pensamento era este:
“Não creais que a minha doutrina se estabeleça pacificamente; ela
trará lutas sangrentas, tendo por pretexto o meu nome, porque os homens
não me terão compreendido, ou não me terão querido compreender. Os
irmãos, separados pelas suas respectivas crenças, desembainharão a espada
um contra o outro e a divisão reinará no seio de uma mesma família, cujos
membros não partilhem da mesma crença. Vim lançar fogo à Terra para
expungi-la dos erros e dos preconceitos, do mesmo modo que se põe fogo
a um campo para destruir nele as ervas más, e tenho pressa de que o fogo
se acenda para que a depuração seja mais rápida, visto que do conflito
sairá triunfante a verdade. À guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos,
a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida.
Então, quando o campo estiver preparado, Eu vos enviarei o Consolador,
o Espírito de Verdade, que virá restabelecer todas as coisas, isto é, que, dando
a conhecer o sentido verdadeiro das minhas palavras, que os homens mais
esclarecidos poderão enfim compreender, porá termo à luta fratricida que
desune os filhos do mesmo Deus. Cansados, afinal, de um combate sem
resultado, que consigo traz unicamente a desolação e a perturbação até o seio das famílias, reconhecerão os homens onde estão seus verdadeiros
interesses, com relação a este mundo e ao outro. Verão de que lado estão
os amigos e os inimigos da tranquilidade deles. Todos então se porão sob
a mesma bandeira: a da caridade, e as coisas serão restabelecidas na Terra,
de acordo com a verdade e os princípios que vos tenho ensinado.”
17. O Espiritismo vem realizar, na época prevista, as promessas do
Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos. Como Jesus,
ele topa com o orgulho, o egoísmo, a ambição, a cupidez, o fanatismo
cego, os quais, levados às suas últimas trincheiras, tentam barrar-lhe o caminho e lhe suscitam entraves e perseguições. Também ele, portanto, tem
de combater; mas o tempo das lutas e das perseguições sanguinolentas
passou; são todas de ordem moral as que terá de sofrer e próximo lhes está
o termo. As primeiras duraram séculos; estas durarão apenas alguns anos,
porque a luz, em vez de partir de um único foco, irrompe de todos os pontos do globo e abrirá mais de pronto os olhos aos cegos.
18. Essas palavras de Jesus devem, pois, entender-se com referência
às cóleras que a sua doutrina provocaria, aos conflitos momentâneos a que
ia dar causa, às lutas que teria de sustentar antes de se firmar, como aconteceu aos hebreus antes de entrarem na Terra Prometida, e não como decorrentes de um desígnio premeditado de sua parte de semear a desordem e a
confusão. O mal viria dos homens, e não dele, que era como o médico que
se apresenta para curar, mas cujos remédios provocam uma crise salutar,
atacando os maus humores do doente.
https://febnet.org.br/wp-content/themes/portalfeb-grid/obras/evangelho-guillon.pdf **********************************************************************************
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*** *** Crie o ânimo. Tenha ânimo. O ânimo é a fonte de uma vida feliz. ***
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25
E – Cap. XII – Item 9
L – Questão 876
Temas Estudados:
Administração
Atitude e auxílio espiritual
Deveres desagradáveis
Importância da prece
Nas dificuldades da direção
Responsabilidade de orientar
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***
NAS CRISES DA DIREÇÃO
É muito fácil desinteressar-nos dos aspectos menos agradáveis do serviço
necessário à preservação da verdade e do bem.
Isso acontece, principalmente, quando as conseqüências não nos dizem respeito.
Se não temos a obrigação de inspecionar as deficiências da estrada, muito de raro em
raro nos incomodamos com a brecha deixada pelo aguaceiro na base do viaduto. Não
sucede, porém, o mesmo com os responsáveis que desdobrarão esforços para remover o
perigo.
Assim também no cotidiano.
Queremos tranqüilidade; no entanto, surgem riscos à frente.
Somos pais... e acordamos junto de filhos carentes de amparo em forma de
advertência; orientamos empresas... e verificamos omissões, ante as quais o silêncio
seria apoio ao desastre; exercemos funções educativas... e somos defrontados por
ocorrências que comprometem a segurança da escola;administramos instituições de
interesse geral... e encontramos falhas que não será lícito desdenhar com displicência,
sob pena de aprovarmos a influência das trevas...
São esses momentos mais dolorosos para os que receberam encargo de velar por
alguém ou alguma comunidade.
Nesses trechos periclitantes do trabalho a fazer, somos freqüentemente impelidos à
deserção; entretanto, comandante algum é trazido a conduzir um navio a fim de
abandoná-lo ao sabor das ondas, em momentos difíceis.
Que fazer, todavia, nas crises inevitáveis, quando é preciso apontar e retificar,
esclarecer e definir?
Nesses duros problemas, uma solução aparece, luminosa e reconfortante: nós
podemos orar.
Quando te encontre em obstáculos desse matiz, não censures os companheiros que
passam despreocupados, ante as lutas com que arrostas e nem te acomodes com o mal,
sob pretexto de lealdade à harmonia. Ora sempre, fiel ao bem da verdade e à verdade do
bem, ainda mesmo que todas as circunstâncias te contrariem.
Através da prece, dar-te-á o Senhor a força justa com a medida adequada e
apalavra precisa no rumo certo. Assim será sempre, porque, se a criatura dirige, Deus
guia. Manejamos a vida, mas a vida é de Deus.
***
***
SENTENÇAS DA VIDA
Cumpra os deveres desagradáveis.
Buscar apenas o nosso deleite é comodismo crônico.
*
Vitalize os negócios com a fraternidade pura.
O comércio não foge à ação da Providência Divina.
*
Coloque o bem de todos acima do interesse partidário.
A senda cristã nas atividades da vida será sempre “caridade”.
*
Esqueça as narrativas que exaltem indiretamente o erro.
A moral da história mal contada é sempre a invigilância.
*
Liberte-se das frases de efeito.
Apalavra postiça sufoca o pensamento.
*
Evite o divertimento nocivo ou claramente desnecessário.
Os pés incautos encontram a queda imprevista.
*
Resista à desonestidade.
O critério do amor não se modifica.
*
Valorize os empréstimos de Deus.
Dar não significa abandonar.
*
Prestigie a sabedoria da Lei, obedecendo-lhe.
O auxílio espiritual não surge sem preço.
http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/estudeeviva.pdf ****************************
"PAZ É SOSSEGO"
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Música e Trabalho: Sossego (Tim Maia)*
270.573 visualizações19 de set. de 2012
Centro de Memória Sindical Música e Trabalho
27,3 mil inscritos
Por que uns nascem para trabalhar e outros não? Destino? Sina? Ou um sistema explorador que separa as pessoas em classes sociais?
Não! Não! O poeta não entra nessa discussão. Mas o que ele quer é sossego! Não o amole com esse papo de emprego! Mas vamos ser sincero, para chegar num som desse a banda batalhou bem!
Sossego
(Composição: Tim Maia/1978)
Intérprete: Tim Maia
Ora bolas, não me amole
Com esse papo, de emprego
Não está vendo, não estou nessa
O que eu quero?
Sossego, eu quero sossego
O que eu quero?
Sossego
Ora bolas, não me amole
Com esse papo, de emprego
Não está vendo, não estou nessa
O que eu quero?
Sossego
O que eu quero?
Sossego
https://www.youtube.com/watch?v=z70S9dlnJbA
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
"Um vislumbre de consciência"
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"O senhor da guerra
Não gosta de crianças"
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mandatu.
Mandado pode ser um adjetivo, um substantivo comum masculino ou o particípio do verbo mandar. Mandato é um substantivo comum masculino. Exemplos – mandado: A polícia emitiu um mandado de captura do assaltante. – mandato:Está terminando o mandato do presidente da república.
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Autor Jaroslav Hasek
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HISTÓRIA
1921: Publicado em Praga "O bravo soldado Svejk"
Gerhard Haase (ns)
No dia 1º de março de 1921, o escritor tcheco Jaroslav Hasek começou a publicar em fascículos seu livro sobre o soldado Svejk, figura que entrou para a história da literatura por sua picardia.
https://www.dw.com/pt-br/1921-publicado-em-praga-o-bravo-soldado-svejk/a-451579
"As águas do rio Moldava correm tranquilas por Praga, três anos após o fim da Primeira Guerra Mundial. Na distante Viena, o imperador abdicou e com ele foi-se a monarquia por água abaixo. Os tchecoslovacos estão felizes com sua recém-proclamada República. Os anarquistas sentem-se confirmados, e os cafés da Boêmia voltam a ser palco de discussões. As viúvas dos oficiais não querem ficar sozinhas e, com isso, os comerciantes de cachorros têm muito o que fazer."
Quem descreve desse jeito a vida na Tchecoslováquia no início da década de 1920 do século passado é Jaroslav Hasek, um escritor então com 35 anos e então praticamente desconhecido. A figura literária que ele criou tem fortes traços autobiográficos: o soldado Svejk, um anti-herói que descreve os acontecimentos da época com a ingenuidade de um gaiato, lembrando os anti-heróis dos romances picarescos.
Um livro escrito e declamado nos botequins
"Às suas ordens, sr. tenente, eu sou o Svejk!" Assim se apresentava o soldado Josef Svejk, que antes de servir o exército era vendedor de cães. A partir de 1º de março de 1921, essa frase arrancava gargalhadas nos bares de Praga. Acontece que seu autor, o escritor Jaroslav Hasek, resolveu imprimir a sátira As aventuras do bravo soldado Svejk em fascículos e lê-los nos locais populares de Praga. Hasek escrevia à mão, no início, mas após sua mudança para Lipnice, passou a ditar o texto no botequim que costumava frequentar.
Jaroslav Hasek estava convencido de que seus conterrâneos deviam a felicidade de ter uma república independente ao separatista sérvio que matara o herdeiro do trono austríaco em Sarajevo, em 1914, no episódio que foi o estopim da Primeira Guerra Mundial. Por isso, o soldado Svejk não lamenta o atentado, relatando o sucesso com grande ironia. "Veja só, sra. Müller, aconteceu num automóvel! Um senhor fino como ele pode se dar ao luxo, e nem imagina como pode acabar mal um passeio de automóvel.... Agora o senhor arquiduque descansa no céu. Será que ele sofreu muito?"
...e os imperadores que se danem!
Hasek transformou seu personagem em um especialista em atentados: "E eu aposto, sra. Müller, que esse Fulano que o matou se vestia com elegância. Acontece que matar um arquiduque é um trabalho difícil... É preciso pôr uma cartola, pois sem chapéu ele seria preso antes disso por um policial".
Como Jaroslav Hasek sabia o que essa catástrofe representou para as dinastias de sangue azul na Europa, ele conferiu ao seu herói, naquele ano de 1914, dons de profecia: "Muita gente terá o mesmo destino! A sra. Müller verá, ainda vai chegar a vez do czar e da czarina. E virão tempos em que um imperador atrás do outro irá se escafeder. E nem a Promotoria irá se preocupar com isso".
O que o povo amou, a crítica ignorou
A crítica literária, inicialmente, nem tomou conhecimento de Svejk, já que o burlesco não era considerado "boa literatura". Hasek não se importou, afinal seus leitores – quase exclusivamente gente do povo e veteranos de guerra – adoravam os comentários do soldado e seriam capazes de defender a obra a socos, se preciso.
Em que se baseia o seu sucesso? Será porque Svejk é o retrato do Zé Ninguém? Ou será a força da vontade de viver dos oprimidos, a gargalhada com efeito de catarse? O humor satírico de Hasek, porém, vai muito além. Seu personagem é a própria ambiguidade, tragédia e comédia em uma só pessoa, tragicômica. Ele entrou para a história da literatura por sua picardia, era o espírito da nova república tcheca que emergia das cinzas da Primeira Guerra Mundial.
De louco e de escritor...
"Eu realmente não sei por que os loucos ficam furiosos quando levados para o hospício. Lá eles podem rastejar nus pela terra, uivar como um chacal, bagunçar e morder. Quem fizer essas coisas na rua vai causar sensação! Mas no manicômio é tudo natural. Nem os socialistas conseguiram sonhar com tanta liberdade!"
Hasek nunca duvidou da importância de seu herói, tanto é que elogiou o próprio livro num cartaz como sendo "uma das obras mais significativas da literatura mundial". Sem terminar sua obra, porém, Jaroslav Hasek morreu em 3 de janeiro de 1923, pouco antes de As aventuras do bravo soldado Svejk conquistarem o mundo.
https://www.dw.com/pt-br/1921-publicado-em-praga-o-bravo-soldado-svejk/a-451579
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Nas entrelinhas: Crise da Ucrânia é uma mudança na política mundial
Publicado em 25/02/2022 - 07:32 Luiz Carlos AzedoAlemanha, China, Comunicação, Economia, EUA, França, Guerra, Inglaterra, Memória, Militares, Política, Política, Putin, Rússia, Segurança, Trump, Ucrânia, Violência
Até agora, os Estados Unidos não recorreram à ação militar direta. A razão é óbvia: A Rússia herdou a paridade estratégico-militar da antiga União Soviética, em razão do seu poderio nuclear
Estava escrito nas estrelas o que acontece na Ucrânia, invadida por tropas do Exército russo por ordem do presidente Vladimir Putin. A dura retaliação econômica dos Estados Unidos e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aos dirigentes, magnatas e instituições financeiras russas também. Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, desde o primeiro momento da crise, ao lado do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, havia advertido que o Ocidente não toleraria uma agressão à Ucrânia. Os dois pagaram para ver e, agora, estamos diante de um novo conflito envolvendo as fronteiras da Europa, descongeladas pela queda do Muro de Berlim e o fim da antiga União Soviética, no final do século passado.
É bom lembrar que os Estados Unidos atuam como uma espécie de xerife do mundo, nem sempre sob a bandeira da Organização das Nações Unidas (ONU), desde a dissolução da antiga Iugoslávia, em 1991. Ironicamente, com apoio da Rússia, os EUA contiveram os planos expansionistas da Sérvia, duramente bombardeada por três meses. A política de limpeza étnica do então presidente sérvio, Slobodan Milosevic, foi punida exemplarmente. Depois de perder as eleições em 2000, o líder nacionalista acabou preso por crimes de guerra no cerco à Sarajevo e pelo massacre de Srebrenica, ocorrido em julho de 1995, quando tropas sérvias executaram cerca de oito mil bósnios. Os Estados Unidos também exerceram o papel de xerife no Iraque, na Líbia, na Síria e no Afeganistão, entre outros países.
Na Ucrânia, porém, os Estados Unidos não recorreram à ação militar direta. A razão é óbvia: a Rússia herdou a paridade estratégico-militar da antiga União Soviética, em razão de seu poderio nuclear. Esse era o ponto de equilíbrio da antiga “guerra fria”. A derrota dos regimes comunistas do Leste Europeu ocorreu devido à estagnação econômica e à grande insatisfação popular com a falta de liberdade. Essa é a mesma aposta de Biden para derrotar Putin. Ou seja, os EUA pretendem isolar politicamente o líder russo e provocar o colapso de seu governo, com sanções duríssimas por parte de todos os países da Otan.
A situação é muito diferente de 20 anos atrás para os Estados Unidos exercerem seu papel. Nesse período, a Rússia conseguiu se reestruturar, e a China emergiu como a segunda potência econômica do planeta, disputando a hegemonia do comércio mundial, cujo eixo se deslocou do Atlântico para Pacífico. A aliança entre os Estados Unidos e a China, inaugurada no governo Nixon, que fora fundamental para a derrota do regime soviético, resultou num novo cenário internacional: o mundo deixou de ser unipolar.
Diante do declínio de sua hegemonia absoluta, no governo de Donald Trump, os Estados Unidos iniciaram uma guerra comercial com a China, mas mantiveram boas relações com a Rússia, apesar do conflito da Ucrânia. Putin era acusado pelos democratas de ter interferido nas eleições norte-americanas em favor de Trump. Após a eleição de Joe Biden, não à toa, a política externa dos Estados Unidos tornou-se mais dura militarmente, tanto no Índico como na Europa Central.
Mundo bipolar
O acordo militar com a Austrália, a Índia e o Japão, recentemente assinado, tensionou as relações com a China, que nunca desistiu de recuperar sua soberania sobre Taiwan. A invasão da Ucrânia, para impedir sua entrada na Otan, aproximou a Rússia ainda mais da China. É nesse cenário que a nova “guerra fria” virou uma guerra quente, ainda localizada na Ucrânia, mas que ninguém sabe como vai acabar.
Há outros atores em cena. No século passado, a disputa pelo controle do comércio do Atlântico pela Inglaterra, uma potência marítima, e a Alemanha, uma potência continental, resultou em duas guerras mundiais. Com a União Europeia, sem gastar muito dinheiro com a Defesa, graças à expansão da Otan, a Alemanha tornou-se a principal potência econômica da Europa, aliando-se à França, para ocupar os mercados das repúblicas do Leste Europeu. Os ingleses, com o Brexit, porém, decidiram sair da União Europeia e apostar no seu protagonismo junto à Otan para manter sua hegemonia no Atlântico Norte.
Como subproduto da crise da Ucrânia, o principal projeto da Alemanha para eliminar sua dependência à energia nuclear subiu no telhado: o grande gasoduto construído pela Rússia, que estava em vias de entrar em operação e, agora, virou um mico econômico gigante. A Alemanha e a França vinham sendo protagonistas da construção de um mundo multipolar estável. Agora, esse objetivo ficou mais distante, ao ser completamente ofuscado pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, de um lado, e por Rússia e China, de outro. Quem ganha com essa agressiva bipolaridade? O que interessa aos demais países é a paz e um mundo multipolar.
https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-crise-da-ucrania-e-uma-mudanca-na-politica-mundial/?fbclid=IwAR3DAjYBIvuTNyDSA9KIOqOmyZ9NOKK7ujZ7NO2R0dodgGIwlX6d2kOdZu4
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2:57há 17 horas
Terra
Forças russas invadem Ucrânia atacando grandes cidades
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Vaticano espera "vislumbre de consciência" de líderes sobre situação na Ucrânia
Philip Pullella
24 fev
2022
12h52
| atualizado em 25/2/2022 às 04h51
ver comentários
O Vaticano, em seu primeiro comentário sobre a invasão russa da Ucrânia que começou nesta quinta-feira, disse que espera que aqueles que têm nas mãos o destino do mundo tenham um "vislumbre de consciência".
Líderes mundiais acusaram o presidente russo, Vladimir Putin, de uma flagrante violação do direito internacional ao lançar o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
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Uma declaração do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, não mencionou o líder russo pelo nome.
"Os cenários trágicos que todos temiam estão infelizmente se tornando realidade", disse Parolin, que ocupa o segundo lugar na hierarquia do Vaticano, abaixo apenas do papa Francisco.
"Mas ainda há tempo para a boa vontade, ainda há espaço para negociação, ainda há espaço para se exercer uma sabedoria que impede a prevalência de interesses sectários, que protege as legítimas aspirações de todos e poupa o mundo da loucura e dos horrores da guerra", disse.
"Nós, fiéis, não perdemos a esperança de um vislumbre de consciência daqueles que têm nas mãos os destinos do mundo."
Parolin reiterou parte de um apelo feito na quarta-feira pelo papa, que advertiu contra "desacreditar o direito internacional".
Francisco proclamou a Quarta-feira de Cinzas, que marca o início do período cristão da Quaresma e cai no dia 2 de março neste ano, como um dia internacional de jejum e oração pela paz.
"Este apelo assume uma urgência dramática após o início das operações militares russas em território ucraniano", disse Parolin.
Enquanto Parolin adotou uma linguagem diplomática cautelosa, evitando palavras como "invasão" e "ataque", o jornal do Vaticano, L´Osservatore Romano, foi mais direto
Em sua primeira página, o jornal publicou a manchete "Ucrânia Sob Ataque - A Hora Mais Escura", com uma foto de fumaça escura sobre uma cidade ucraniana que havia sido atingida por um míssil.
https://www.terra.com.br/noticias/mundo/vaticano-espera-vislumbre-de-consciencia-de-lideres-sobre-situacao-na-ucrania,74edd67647dbc62afeb46492e5466fbbr5cp2xod.html
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Enviado especial do Estadão: Sirenes tocam em Kiev e bunker em hotel vira refúgio; veja
1.604 visualizações25 de fev. de 2022
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Estadão
640 mil inscritos
Leia sobre: https://internacional.estadao.com.br/...
Cerco a Kiev se intensifica e autoridades temem tomada da capital nesta sexta
Autoridades ucranianas já trabalham com cenários de uma ocupação da cidade no 2° dia de combates; pelo menos um relato de combate na capital foi confirmado pela imprensa internacional
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Terra
Caetano Veloso
Quando eu me encontrava preso
Na cela de uma cadeia
Foi que eu vi pela primeira vez
As tais fotografias
Em que apareces inteira
Porém lá não estavas nua
E sim, coberta de nuvens
Terra
Terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Ninguém supõe a morena
Dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema
Mando um abraço pra ti
Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta
E fosses à Paraíba
Terra
Terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Eu estou apaixonado
Por uma menina, terra
Signo de elemento terra
Do mar se diz: Terra à vista
Terra para o pé, firmeza
Terra para a mão, carícia
Outros astros lhe são guia
Terra
Terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Eu sou um leão de fogo
Sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente
E de nada valeria
Acontecer de eu ser gente
E gente é outra alegria
Diferente das estrelas
Terra
Terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
De onde nem tempo, nem espaço
Que a força mande coragem
Pra gente te dar carinho
Durante toda a viagem
Que realizas no nada
Através do qual carregas
O nome da tua carne
Terra
Terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra
Terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra
Terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Nas sacadas dos sobrados
Da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito
Terra
Terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Fonte: LyricFind
Compositores: Caetano Emmanuel Viana Teles Veloso
https://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/terra.html
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RUÇO, RUSSO
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A Canção do Senhor da Guerra
Renato Russo
Ouça A Canção do Senhor …
Existe alguém esperando por você
Que vai comprar a sua juventude
E convencê-lo a vencer
Mais uma guerra sem razão
E já são tantas as crianças com armas na mão
Mas explicam novamente que a guerra gera empregos
Aumenta a produção
Uma guerra sempre avança a tecnologia
Mesmo sendo guerra santa
Quente, morna ou fria
Pra que exportar comida?
Se as armas dão mais lucros na exportação
Existe alguém que está contando com você
Pra lutar em seu lugar já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer
E quando longe de casa
Ferido e com frio o inimigo você espera
Ele estará com outros velhos
Inventando novos jogos de guerra
Que belíssimas cenas de destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação
Veja que uniforme lindo fizemos pra você
E lembre-se sempre que Deus está
Do lado de quem vai vencer
O senhor da guerra
Não gosta de crianças
O senhor da guerra
Não gosta de crianças
O senhor da guerra
Não gosta de crianças
O senhor da guerra
Não gosta de crianças
O senhor da guerra
Não gosta de crianças
pararapapaparapararaparara..
Ouça A Canção do Senhor …
Composição: Renato Rocha / Renato Russo
https://www.letras.mus.br/renato-russo/600020/
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"Brim Cáqui"
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Último Segundo - iG
Revolução de 1932 - Pedaço de terra sagrado - o túnel da Mantiqueira | Polícia | iG
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Revolução de 1932 - Pedaço de terra sagrado - o túnel da Mantiqueira
Revolução de 1932 marca a revolta protagonizada pelo estado de SP que buscava a derrubada do governo de Vargas e convocação da Constituinte
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Por Sérgio Marques | 16/08/2018 12:40
O túnel da Mantiqueira, na fronteira entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais, entre as cidades de Cruzeiro - SP e Passa Quatro - MG, no “front” de batalha Setor Norte, ficou conhecido como “grande sorvedouro de vidas” dos valentes Soldados, que ali defenderam e tombaram pela Reconstitucionalização do país, Frente que teve o maior número de baixas de todos os setores de combate na Revolução de 1932.
Leia também: Revolução de 1932 - Os últimos momentos do Cadete Ruytemberg Rocha
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Revolução de 1932 - Em 1932, em imagem histórica, Soldados Constitucionalistas, em guarda, na entrada do túnel, pela passagem mineira
Divulgação
Revolução de 1932 - Em 1932, em imagem histórica, Soldados Constitucionalistas, em guarda, na entrada do túnel, pela passagem mineira
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O túnel, com aproximadamente 1.000 metros de extensão, têm as seguintes características: escuridão total e baixa temperatura. Em suas laterais corre um curso de água, que durante a Revolução de 1932 ficou vermelho do sangue derramado pelos lutadores do setor...
Na 1ª imagem (branco e preto), Soldados Constitucionalistas, em guarda, na entrada do túnel, pela passagem (entrada) mineira, com seus fuzis Mauser, modelo 1908 (F.O.).
Na 2ª imagem, 85 anos após, Cadetes PM (feminino) da Academia de Polícia Militar do Barro Branco - APMBB, portando carabinas Mauser, modelo 1936, com o histórico uniforme de “Brim Cáqui", utilizado em 1932, na mesma posição dos heróis de outrora, durante a Expedição Constitucionalista, ocorrida entre 16 e 17 de fevereiro de 2017.
Defenderam o famoso túnel das Tropas Ditatoriais os bravos componentes da Força Pública Paulista (atual PMESP), do formidável corpo de voluntários constitucionalistas e dos heroicos soldados do Exército, dos seguintes Destacamentos:
1) o 2º Batalhão de Caçadores Paulistas (2º BCP), da Força Pública Paulista (hoje PMESP), atual 2º BPM/M ("DOIS DE OURO"), é atualmente responsável pelo policiamento ostensivo do Bairro da Penha e adjacências, na zona leste da Capital, cuja placa (3ª foto) homenageia a Unidade;
Leia também: Revolução de 1932: a partida da Força Pública ao Front
O 2º BCP deixou a Capital no dia 10 de julho de 1932, no primeiro dia efetivo de operação de guerra, após o estouro da Revolução, em 09 de julho de 1932, rumando para o Setor Norte. Suas companhias ocuparam, entre os dias 12 e 13 do mesmo mês, a difícil posição no Túnel, verdadeiro absorvedouro de vidas.
O 2º BCP foi a unidade que mais contribui para a defesa do local, amontoando gloriosamente os corpos dos homens valentes que a compunham. O batalhão homenageia o Coronel Herculano de Carvalho e Silva, substituto no Comando Geral da Força Pública, após a morte do Coronel Júlio Marcondes Salgado.
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85 anos após, Cadetes PM (feminino) da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, com o histórico uniforme de
Divulgação
85 anos após, Cadetes PM (feminino) da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, com o histórico uniforme de "Brim Cáqui", utilizado na Revolução de 1932
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2) 5º Batalhão de Caçadores Paulistas (5º BCP), atual 5º BPM/I, responsável pelo policiamento ostensivo na cidade de Taubaté, Pindamonhangaba e Campos do Jordão, no Vale do Paraíba. A Unidade recebeu o nome, homenageando o Comandante Geral da Força Pública durante a Revolução, morto em 23 de julho de 1932, decorrente de explosão de um morteiro em teste: Coronel Júlio Marcondes Salgado, promovido "post mortem" ao posto de General;
3) 2º Cia do Corpo de Bombeiros da Força Pública Paulista (atual Corpo de Bombeiros da PMESP). Os integrantes dos Bombeiros, nos tempos de paz, acostumados aos perigos das chamas, pois não temiam jogar a vida na extinção dos incêndios, no Setor do Túnel combateram um fogo diferente daquele contra o qual lutavam diariamente nas cidades. Lá não havia o assovio das sirenes, mas somente o silvo das granadas... Dos 12 Bombeiros tombados durante a Revolução, 6 deles foram somente no Setor do Túnel;
4) o "Batalhão Bahia", composto por Voluntários oriundos da região de Bragança Paulista- SP. Rapidamente formado, seu efetivo partiu para o Setor do Túnel, a "fábrica de heróis", em 16 de julho de 1932, uma semana após o início do epopeico Movimento Constitucionalista;
5) o "Batalhão Sete de Setembro", composto por Voluntários, formado na Capital Paulista, com sede na Avenida Tiradentes. Também rapidamente estruturado, partiu para o campo de luta, especificamente, para o temível Setor do Túnel, em 17 de julho de 1932;
6) o 3º Batalhão ("TRÊS DE OURO"), do 5º Regimento de Infantaria, do Exército Brasileiro. As Companhias do "Três de Ouro" partiram entre 10 e 12 julho de 1932 para o Setor Norte, destacados para uma das difíceis e perigosas posições do Túnel;
Leia também: Conheça a história da Revolução Esquecida de 1924
7) 1° Batalhão do 4° Regimento de Infantaria, do Exército Brasileiro. Unidade aquartelado em Quitaúna, região de Osasco- SP. Dia 11 de julho de 1932 o Regimento partiu para o Setor Norte de combate.
Revoluçãod de 1932 - Eles não morreram em vão...
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Placa no Túnel da Mantiqueira em homenagem aos soldados do 2º Batalhão de Caçadores Paulistas, atual 2º BPM/M, hoje responsável pelo policiamento na zona leste da Capital
Divulgação
Placa no Túnel da Mantiqueira em homenagem aos soldados do 2º Batalhão de Caçadores Paulistas, atual 2º BPM/M, hoje responsável pelo policiamento na zona leste da Capital
Revolução de 1932
mantiqueira
são paulo
minas gerais
ocorrência pm
https://ultimosegundo.ig.com.br/policia/2018-08-16/revolucao-de-1932-pm.html
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