quarta-feira, 31 de março de 2021

Privilegiados sem-vergonha

Na modernidade , os privilegiados não são príncipes nem condes. *** CONTARDO CALLIGARIS ***
*** "Eu nasci numa cidade cujas pedras e cujos escombros, antes mesmo que os pudesse ler, falavam a linguagem da modernidade: não fique parado em bombas-relógio, siga em frente. Eu tenho sido um estrangeiro desde então." *** *** https://www.fronteiras.com/artigos/a-estrada-da-memoria *** *** Na modernidade , os privilegiados não são príncipes nem condes. Eles devem seu status à sua riqueza e, fato crucial, ao olhar dos outros: "Pertenço à classe A ou B pela minha renda, mas essa não significaria nada se as classes C, D e E não me reconhecessem como privilegiado". A exigência de reconhecimento torna nossa vida um pouco fútil, mas, em compensação, todos podemos melhorar nossa condição: é só dar duro (ou ter sorte) e exibir nosso sucesso aos outros. De fato, essa melhor modernidade possível é, com freqüência, um mundo prepotente e vulgar. Os privilegiados modernos "devem" esbanjar para que os outros reconheçam que eles pertencem ao andar de cima. Além disso, a promessa de que sempre haverá novos privilegiados (ou seja, a mobilidade social) é uma parte imprescindível do pacote. Ora, acontece que uma "elite" econômica recente é sempre insegura de seu direito de ser elite. Conseqüência: empurrada pelo anseio de mostrar seu novo status ao mundo, a "elite" econômica emergente usa e abusa de seu poder. Por conceber a vida como uma feira de vaidades, ela só conhece uma vergonha: a vergonha de não conseguir impressionar os menos favorecidos. É difícil que a crítica desse hábito da mente transforme os costumes dos neoprivilegiados. Ao serem criticados, eles entendem as vozes que os reprovam apenas como manifestações de inveja reprimida, ou seja, indiretamente, de reconhecimento de seu status. Na Folha de quinta passada, Walter Salles escreveu sobre "os idiotas", que sobrevoam de helicóptero em vôo rasante as praias de Ilha Grande. Aposto que, nos olhares indignados de quem acha intolerável sua vulgaridade, eles enxergam a prova de uma inveja que confirmaria sua superioridade. Para eles, a verdadeira vergonha é a de não ter um helicóptero. Será que a sem-vergonhice dos privilegiados é uma fatalidade moderna? De fato, não é obrigatório que os privilegiados comprovem seu status pelo esbanjo e pela ostentação. Afinal, por que não desejariam ser reconhecidos por sua generosidade e por sua responsabilidade social? Não é assim que eles se tornariam propriamente uma elite? Sem dúvida; mas, para isso, seria preciso que os neoprivilegiados mudassem sua visão do mundo. Seria preciso que eles constatassem, ou melhor, sentissem que a experiência humana (inclusive a deles próprios) é mais complexa do que a tarefa de melhorar, comprovar e ostentar status. Fazer valer a complexidade da experiência humana e nos interessar por ela, essa é uma das funções básicas da cultura, em todas as suas formas. A cultura é, para nós, modernos, o equivalente dos códigos que, nas sociedades tradicionais, ditavam as condutas certas e os motivos de vergonha. À diferença desses códigos, a cultura não é normativa: ela nos dá acesso a um repertório infinito de destinos e nos convida a medir livremente a qualidade de nossos atos num labirinto de histórias complexas como é, de fato, a vida. O problema é que, em geral, a cultura não está entre as prioridades dos neoprivilegiados. Claro, o tempo ajuda. Nas melhores condições, em duas ou três gerações, os neoprivilegiados podem deixar de se preocupar tanto com a ostentação que comprovaria seu status e descobrir a complexidade do mundo. Eles podem, em suma, produzir uma elite que mereça esse nome. Também há casos excepcionais, em que os neoprivilegiados não se perdem na tarefa de ostentar suas conquistas. Às vezes, eles carregam consigo uma sólida referência à cultura ancestral de sua origem humilde. Mas a regra geral continua a mesma: quanto mais rápido o acesso a um status superior e quanto menor o apego à cultura, tanto mais a necessidade de ganhar legitimidade produz privilegiados sem pudor no uso e abuso de seu poder. O Brasil é um país de alta mobilidade social (veja-se o livro de José Pastore e Nelson do Valle Silva, "Mobilidade Social no Brasil"). E não se pode dizer que o apego à cultura garanta, entre nós, uma rápida transformação dos privilegiados em verdadeira elite. Essas duas condições prometem ondas inesgotáveis de privilegiados sem-vergonha. A essas condições, acrescente-se o caráter conservador da modernização brasileira. "Elites" inseguras, na procura de uma maneira definitiva de confirmar o privilégio que elas acabam de conquistar, perguntam-se, inquietas: "Se qualquer um pode estar amanhã no meu lugar, que privilégio é o meu?". A solução que elas encontram é um paradoxo: elas se afirmam pela ostentação (como as "elites" modernas), mas procuram meios de garantir a exclusão dos menos favorecidos (como as elites tradicionais). Querem subir na vida fechando a porta atrás de si. Seu estratagema é duplo. Econômico: consiste em fazer o necessário para que os menos favorecidos permaneçam longe da escada que permitiria sua ascensão social. Psicológico: trata-se de envergonhar o povo, de transformar sua pobreza em motivo de vergonha. Para isso, basta que a ostentação e o abuso se tornem costumes da comunidade inteira, de forma que, para todos, a única vergonha que importa seja a de não conseguir impressionar os outros. Nasce assim a vergonha de ser pobre. @ - ccalligari@uol.com.br *** *** https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1602200621.htm *** ***
*** o conto do amor contado calligaris Contardo Calligaris 1 – Desbravando os sertões da moral Fãs da extinta Primeira Leitura e muitos dos outros milhares de leitores que passaram a freqüentar este blog depois de hospedado por VEJA me cobram a publicação da entrevista que fiz com Contardo Calligaris em abril do ano passado, publicada na edição de maio, penúltimo número da revista. De fato, gosto muito do resultado — […] Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h14 - Publicado em 5 nov 2007, 05h33 *** Fãs da extinta Primeira Leitura e muitos dos outros milhares de leitores que passaram a freqüentar este blog depois de hospedado por VEJA me cobram a publicação da entrevista que fiz com Contardo Calligaris em abril do ano passado, publicada na edição de maio, penúltimo número da revista. De fato, gosto muito do resultado — e Contardo também. Dado o ambiente de vulgaridade e mistificação que tomava e toma conta do país, eu a considero, ainda hoje, um presente aos leitores. É uma conversa longa — 16 páginas. Optei, vocês verão, por uma edição um tanto complicada, mas bem-sucedida, com rubricas laterais que servem de guia ao leitor, já que, num bate-papo de mais de quatro horas, passeamos por muitos autores e fatos históricos. Havia marcado de encontrá-lo em seu consultório no dia 18 de abril do ano passado. Tive uma crise de tontura. Cancelei. Remarcamos para o dia 21, feriado nacional. Eu continuava doente. Liguei, constragido, afirmando que não conseguia andar. Ele se dispôs a vir à minha casa. Embora eu mal pudesse mexer a cabeça sem que arrastasse comigo o mundo à volta, a conversa fluiu boa e generosa. O resto vocês já sabem. Em maio, fiz as cirurgias. Em junho, Primeira Leitura fechava as portas — de fato, em abril, já sabíamos que estava condenada. Foi-se. Sem estrondo nem suspiro. A íntegra em PDF está neste endereço: http://tinyurl.com/36r3nb (é preciso copiá-lo). Na seqüência, a abertura da entrevista. No post abaixo deste, um trecho do diálogo. * Gosto da palavra “alastrante”. Como qualquer outra, pode ser boa ou ser má. Ruim é o mal que se alastra; bom é quando a generosidade contamina. A primeira vez que me lembro de a ter lido em literatura foi num poeminha de Mário Quintana – “pois que tem que a gente inclua no mesmo alastrante amor (…)?” –, e a palavra me pegou para sempre. Se gosto de coisas, de gente, eu as digo, então, “alastrantes”. Os versos do gaúcho eram uma citação de Proust, No Caminho de Swann, o primeiro dos sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido. Swann estava em frente à casa de Odette e descobriu que até mesmo a macieira pertencia à sua ordem de afetos, a seu “alastrante amor”. Tempo, memória, experiência individual, vivência subjetiva. Foro íntimo. O psicanalista Contardo Calligaris, italiano de nascimento, andarilho por escolha, é de uma inteligência “alastrante”. Seguem a esta abertura 14 páginas de uma entrevista encantadora por conta do rigor intelectual do entrevistado e, vá lá, da disposição deste interlocutor de se deixar contaminar pelo “Bem”, por aquele que falava e se expressava com toda a singularidade que faz cada um de nós ser o que é. “O Mal”, ele nos diz, “está no coletivo, na renúncia ao foro íntimo.” O indivíduo ainda é a mais eficaz defesa contra a barbárie, o totalitarismo, o vulgaridade. Certa feita, um jovem que se queria marxista, de 14 ou 15 anos, apostrofou o pai, que houvera sido militante antifascista sem ser, no entanto, comunista: “Como podia?”. E o pai, então, lhe deu uma resposta iluminada: “Eu era antifascista porque, no fundo, achava os fascistas tão vulgares!”. O menino também é pai do homem, como nos ensinou Machado de Assis, ou seu Brás Cubas. Aquelas palavras foram repercutir mais tarde, quando Contardo conheceu Roland Barthes, de quem foi aluno, e percebeu que a estética também pode ser uma ética: “Uma ética do não-dogmatismo, da curiosidade, da capacidade de amar a própria coisa, desde uma história em quadrinhos até Chateaubriand”. E então desandamos a falar da necessidade da arte, de sua função, que não pode ser outra senão “a harmonia interna que produz”. Mas ainda faltava ser mais explícito: “A produção de um objeto cuja finalidade é externa, por exemplo, que é ideológica e declarativa, não é mais uma produção artística. Isso vale tanto para a arte conceitual como para o realismo socialista”. E, assim, passamos a tarde, numa conversa que propus, e ele topou, fosse dividida em três partes, como em Os Sertões, de Euclides da Cunha: O Homem, A Terra, A Luta. Queria chegar a outros sertões, a outras lutas, menos sangrentas talvez, mas não menos duras. Na primeira parte, falamos desse homem todo-mundo-e-ninguém, gênero neutro, que designa a espécie, e de um outro, ele próprio, o escrutinado da tarde. Na segunda, o ambiente de nossas pelejas, o mundo, este Brasil onde a fraqueza da cultura republicana faz com que um escândalo de grandes proporções ainda seja percebido como coisa quase corriqueira. Passeamos por autores da urbe e da orbe, tentando contar e recontar histórias, em busca de tempos e oportunidades perdidos. Para poder ver mais adiante. Ou, ao menos, ter instrumentos para tanto. É nessa parte que estão as lutas mundanas, o conflito de culturas, a marcha da civilização, os instrumentos com que entender e reinventar o mundo, as utopias que matam, os amores que são de salvação. Pensador da cultura, ele jamais se nega ou refuga. Lembro-me de São Paulo na Primeira Epistola aos Coríntios: posso tudo, mas nem tudo me convém. Eis um dos fundamentos, a liberdade, plasmado na civilização ocidental e que é, sim, seu mais precioso valor, pelo qual vale a pena lutar. Falei de Paulo? Contardo considera que as bases do bom individualismo moderno estão dadas pelo cristianismo. A conversão nasce da escolha. Ali se fundava uma idéia de humanidade, que antes não existia. A terceira parte, A Luta, ficou reservada ao homem no espelho – vamos falar um pouco do narcisismo –, aquele que chega ao divã do analista, “doente por falta de significado e de significação”, como qualquer um de nós, e procura, então, uma narrativa para sua vida, uma história. Que, contada e recontada, vai concorrendo para redefini-lo e levá-lo, então, até a margem do rio. Ao fim da entrevista, talvez estivéssemos ambos felizes – eu estava: um pouco tonto e feliz. Explico o meu estado. Havia marcado a entrevista para o dia 18 de abril. Fui acometido de uma crise de labirintite. No dia 21, ainda não estava bem, e era o meu prazo-limite. Mas não tinha como sair. O andarilho Calligaris, aceitando, desta feita, um percurso mais curto, dispôs-se a ir até a minha casa, uma doação ao paciente daquela tarde. Mas ele mesmo diz que uma das coisas boas da psicanálise é não “dar presentes”. Fizemos algumas trocas simbólicas – eu saí ganhando, é claro – e tentamos pôr alguma ordem entre o “cosmos sangrento e a alma pura” (ave, Mário Faustino!). Tentamos entender os “hábitos do corpo e da mente” de que fala Tocqueville, que ambos apreciamos tanto. E eu indaguei, com Hannah Arendt, outro afeto intelectual e moral compartilhado, como é que podemos, então, resistir ao “mal” e manter o “foro íntimo”, a inviolabilidade do indivíduo, morada suprema da liberdade. A resposta se lê páginas adiante. Mesmo longa, muita coisa deixa de ser publicada nesta entrevista. O dia caiu menos “doente de falta de significado e de significação”. Eu o acompanhei, trôpego, até a garagem, voltei, fechei a porta e comentei com a minha mulher: “Ele é de uma inteligência alastrante”. *** *** https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/contardo-calligaris-1-8211-desbravando-os-sertoes-da-moral/ *** ***
*** Foto por Robina Weermeijer no Unsplash Como o cérebro funciona? Conceitos básicos *** *** https://vitallogy.com/feed/Como+o+cerebro+funciona%3F+Conceitos+basicos/270 *** *** Brasil Contardo Calligaris 2 – “O difícil é ser moral. Ser imoral é que é para principiantes” (…)É possível falar do caráter de um povo?Eu fiz isso, todo mundo faz. É uma herança do século 19. É muito... Leia mais em: https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/contardo-calligaris-2-o-dificil-e-ser-moral-ser-imoral-e-que-e-para-principiantes-8221/ *** *** Psicanalista mais conhecido do país, Contardo Calligaris morre aos 72 anos Autor de uma das colunas mais lidas da "Folha de S.Paulo", Contardo perdeu a luta contra um câncer. “Espero estar à altura”, teria dito pouco antes de morrer Por Daniel Salles Publicado em: 30/03/2021 às 14h34 Alterado em: 30/03/2021 às 20h21 access_time Tempo de leitura: 3 min ***
*** Contardo Calligaris Autor de uma das colunas mais lidas da "Folha de S. Paulo", Contardo nasceu em milão e vive no Brasil há mais de vinte anos; causa da morte não foi divulgada (Instagran/Divulgação) *** Ora, para Nise Yamagushi, um câncer, mesmo ameaçador, pode e deveria ser uma ocasião para redescobrir a vida: 'Prepare-se para viver'. ***
*** Oncologista Nise Yamaguchi reflete sobre busca pela cura do câncer de forma humanista *** Não foram poucos os brasileiros que se aproximaram dos complexos conceitos freudianos por meio da prosa clara e envolvente de Contardo Calligaris. Nascido em Milão, na Itália, há 72 anos (e radicado no Brasil há vinte), o psicanalista morreu nesta terça-feira (30) em decorrência de um câncer – para tratá-lo, estava internado no Hospital Albert Einstein desde fevereiro. A morte foi confirmada pelo filho, o diretor de cinema Max Calligaris, por meio de uma postagem no Instagram. "'Espero estar à altura'. Diante da proximidade da morte, essa foi a frase do meu pai. Ele se foi agora", escreveu o filho. Muitos o conheceram graças à coluna que assinava na Folha de S. Paulo, uma das mais lidas do jornal, desde 1999. Nela aproximava a psicanálise do cotidiano, mostrando que não se trata de um bicho de sete cabeças. Ele lapidou os conceitos elaborados por Freud na Escola Freudiana de Paris. Nos anos 1970, chegou a ter aulas com Jacques Lacan. Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de Provença (França), Contardo foi Professor de Antropologia na Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos) e de Estudos culturais na The New School em Nova York. A aproximação com o Brasil, onde aprendeu a falar um inconfundível português italianado, deve-se a seu primeiro livro, Hipótese sobre o fantasma. Foi para divulga-lo que veio ao país em 1986. Também publicou livros de ensaios, a exemplo de Crônicas do individualismo cotidiano, de 1996, sobre o mal-estar contemporâneo, e relatos de viagem, como Hello Brasil, de 2000. Cartas a um jovem terapeuta, de 2007, voltado a estudantes, profissionais ou pessoas interessadas em estudos da mente, virou uma de suas obras mais conhecidas. Quinta coluna reúne mais de 100 textos publicados na imprensa entre 2004 e 2007. Marcou presença na televisão com inúmeras participações em programas de entrevista e com a série ficcional PSI, da qual foi o criador. Levada ao ar pela HBO em 2014, gira em torno de Carlos Antonini (Emílio de Mello), um psicanalista. É o mesmo protagonista do romance A mulher de vermelho e branco, publicado por Calligaris em 2011. "Outras doenças matam tanto quanto o câncer, se não mais, mas o câncer, também pelo lugar que ainda ocupa no imaginário popular, parece avivar o espantalho da nossa finitude como nenhuma outra enfermidade", Contardo escreveu numa coluna publicada na Folha em outubro de 2019. "Talvez, durante muito tempo, um diagnóstico de câncer tenha sido só isto: 'Lembre-se que vai morrer e prepare-se para isso'. Ora, para Nise Yamagushi, um câncer, mesmo ameaçador, pode e deveria ser uma ocasião para redescobrir a vida: 'Prepare-se para viver'. *** *** https://exame.com/casual/contardo-calligaris-morre-aos-72-anos/ *** ***

EM CHEFE, SEM COMANDANTES E COMANDO

"Hierarquia e disciplina, na vida militar e civil, são princípios nobres. Não significam subserviência e nem podem ser resumidos a uma coisa 'simples assim, como um manda e o outro obedece'... Como mandar varrer a entrada do quartel." SANTOS CRUZ *** No primeiro dia de despacho, eu nunca havia trabalhado com ele, levei um ofício para ele: “Está aqui, chefe, para o senhor assinar”. Ele leu, leu. Ele lia muito rapidamente. Olhou para mim: “Não está bom, faça novamente”. Fiz outra vez. No dia seguinte levei: “Está aqui, chefe. Veja se está bom”. Ele leu. “Ainda não está bom. Melhore”. Na terceira vez que eu levei, eu me senti desmoralizado. Não sabia redigir, não sabia fazer coisa nenhuma. Virei-me para ele e disse: “Chefe, não dá mais para servir contigo, porque eu não tenho condições de fazer o que o senhor quer”. Ele disse: “Não. Aprenda uma coisa. Você me trouxe o documento para assinar, botou em cima da mesa, não disse nada. Você não defendeu o que escreveu. Se você tivesse certeza do que escreveu, você me mostrava o que escreveu, me convencia de que você estava certo”. Aprendi esse detalhe com ele. Ele sempre fazia isso. A primeira tendência era não aceitar, para ver se a gente tinha convicção no que levava. REYNALDO MELLO DE ALMEIDA *** Bolsonaro descobre que nem só de Pazuellos são feitas as Forças Armadas ***
*** Imagem: UOL Confere *** Josias de Souza Colunista do UOL 30/03/2021 19h25 A má notícia é que Bolsonaro fabricou uma crise fardada. A boa notícia é que a cúpula dos militares, de olho na Constituição, informa ao presidente da República que nem só de Pazuellos são feitas as Forças Armadas. Há na tropa oficiais como o general Edson Leal Pujol e seus congêneres. São anti-Pazuellos. Gente capaz de dizer a Bolsonaro que, quando a ordem ultrapassa as fronteiras da Constituição, "um manda e outro desobedece." Em abril de 2019, o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, declarou o seguinte: "Se nosso governo falhar, errar demais, não entregar o que está prometendo, essa conta irá para as Forças Armadas, daí a nossa extrema preocupação". Em março de 2020, quando a pandemia chegou ao Brasil, Bolsonaro revelou o receio de não entregar o que prometera. "Se acabar a economia, acaba qualquer governo. Acaba o meu governo". A escassez de vacinas, a inclemência do vírus e a inépcia dos gestores da crise elevam os riscos de confirmação do temor de Bolsonaro. Mas o comportamento dos chefes militares indica que, ao contrário do que previra Mourão, eventuais infortúnios não poderão ser debitados na conta das Forças Armadas. Bolsonaro chama de "meu Exército" a corporação da qual foi expulso. E namora a ideia de descolar as Forças Armadas do Estado para grudá-las à sua imagem e aos interesses do seu governo. Cobrava mais engajamento político dos militares. Queria o apoio deles à sua pregação contra medidas restritivas adotadas por governadores no enfrentamento da pandemia. O presidente não obteve o que queria, eis a novidade essencial. Ao entregar seus cargos em solidariedade ao general Fernando Azevedo e Silva, demitido por Bolsonaro do Ministério da Defesa, os comandantes do Exército, Edson Pujol; da Marinha, Ilques Barbosa; e da Aeronáutica, Antônio Carlos Bermudez mostraram que estão sintonizados com as suas obrigações constitucionais. *** ***
*** Comandantes da Aeronáutica, Antônio Carlos Moretti Bermudez, do Exército, Edson Pujol, e da Marinha, Ilques Barbosa — Foto: Acervo/TV Globo *** *** COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS DEIXAM OS CARGOS *** Pivô da dinamite que Bolsonaro acendeu às vésperas de mais um aniversário do golpe militar de 64, Pujol revelou-se um general de mostruário. Em novembro do ano passado, ele havia traçado um risco imaginário no chão. Foi como se desejasse demarcar os limites da sua atuação como comandante do Exército: "Não queremos fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis." Pujol deixa o comando do Exército por resistir às investidas de Bolsonaro. Azevedo e Silva é expurgado da pasta da Defesa por ter erigido uma barreira de proteção ao subordinado. Os chefes da Marinha e da Aeronáutica batem em retirada por discordar do presidente. Esse tipo de debandada coletiva é coisa inédita. Bolsonaro faz pose de fortão. Mas sofre um contragolpe sem precedentes. Amarrou ao próprio tornozelo uma bola de ferro muito parecida com uma humilhação. Gente que conhece as Forças Armadas por dentro, como o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, não imaginava que os colegas pudessem produzir uma resposta coletiva à investida de Bolsonaro. Algo que reforça o ineditismo do gesto. Ex-amigo de Bolsonaro, Santos Cruz deixou a pasta da Secretaria de Governo da Presidência seis meses depois do início do governo. Foi dissolvido num caldeirão em que se misturavam palavrões do astrólogo Olavo de Carvalho e ataques do filho aloprado do presidente, Carlos Bolsonaro. Ao bater a porta, Santos Cruz produziu o melhor resumo da administração Bolsonaro: "Um show de besteiras", que "tira o foco daquilo que é importante." No momento, o importante é combater a pandemia. E Bolsonaro quer arrastar as Forças Armadas para o centro de suas polêmicas antissanitárias. Quando o general Eduardo Pazuello, ainda na pele de ministro da Saúde, foi desautorizado em sua decisão de comprar 46 milhões de doses da CoronaVac, reagiu à humilhação com o subserviente "um manda e outro obedece." Santos Cruz lecionou: "Hierarquia e disciplina, na vida militar e civil, são princípios nobres. Não significam subserviência e nem podem ser resumidos a uma coisa 'simples assim, como um manda e o outro obedece'... Como mandar varrer a entrada do quartel." O que Azevedo e Silva, Pujol, Ilques Barbosa; e Antônio Bermudez informaram a Bolsonaro é que não se dispõem a realizar varrições não previstas na Constituição. O vice Mourão agora declara que Bolsonaro pode colocar quem quiser no lugar dos comandantes que os militares não se desviarão da legalidade. Num instante em que o Brasil precisa de vacinas e sobriedade, é muito bom saber que as Forças Armadas não estão à disposição de Bolsonaro para participar de aventuras antidemocráticas nem aceitam pagar contas alheias. *** *** General Fernando Azevedo e Silva deixa o Ministério da Defesa Por Rodolfo Costa Brasília 29/03/2021 16:07 Atualizado em 29/03/2021 às 17:47 ***
*** General Fernando Azevedo e Silva era ministro da Defesa desde o primeiro dia do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019| Foto: Alexandre Manfrim/Ministério da Defesa *** Ouça este conteúdo *** O general Fernando Azevedo e Silva não é mais ministro da Defesa. O militar anunciou na tarde desta segunda-feira (29) sua demissão do governo em nota oficial divulgada à imprensa. "Saio na certeza da missão cumprida", afirma. Na nota, o ministro agradeceu o convite ao presidente Jair Bolsonaro, a quem diz ter dedicado "total lealdade ao longo desses mais de dois anos" pela "oportunidade de ter servido ao país, como ministro da Defesa". Não ficou claro no comunicado se ele pediu demissão ou se foi demitido pelo presidente da República. Na agenda oficial de Bolsonaro consta que os dois se reuniram no início da tarde desta segunda-feira. Segundo o blog de Lauro Jardim, de O Globo, Bolsonaro disse ao ministro da Defesa que "precisava" do cargo. "Bolsonaro também costumava reclamar com o general Azevedo e Silva que precisava de demonstrações públicas de apoio das Forças Armadas. E culpava Azevedo e Silva por não tê-las", escreveu Jardim. De perfil moderado, Azevedo e Silva era ministro da Defesa desde o primeiro dia do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. Durante esse período, ele atuou para ampliar o orçamento das Forças Armadas e benefícios ao oficialato na reforma da Previdência dos militares, aprovada em 2019. Na nota, o general destaca ter preservado as Forças Armadas "como instituições de Estado". "O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira", declarou. Segundo a CNN Brasil, a expectativa é de que Bolsonaro anuncie para o lugar de Azevedo e Silva outro militar, mais próximo do presidente da República. Ele já teria alguns nomes na mesa. O ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, é o favorito para ocupar o posto. *** Bolsonaro demite ministros e muda o comando de seis pastas. Quem saiu ganhando nessa reforma ministerial? Forças Armadas Ala ideológica Centrão Congresso *** Antes de assumir o ministério, Fernando Azevedo e Silva foi chefe do Estado Maior do Exército, assessor especial do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e assessor parlamentar do Alto-Comando do Exército, no Congresso. Está na reserva do Exército desde julho de 2018. Ao longo da sua vida militar, recebeu 17 condecorações nacionais e quatro estrangeiras. Natural da cidade do Rio de Janeiro, Azevedo e Silva é um general quatro estrelas. Ocupou vários cargos e funções nas Forças Armadas. Comandou o 2º Batalhão de Infantaria Leve, em São Vicente (SP), a Brigada de Infantaria Paraquedista e o Centro de Capacitação Física do Exército. Foi ainda diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa. *** Leia na íntegra a nota de Fernando Azevedo e Silva "Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado. O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida." Fernando Azevedo e Silva *** *** https://www.gazetadopovo.com.br/republica/fernando-azevedo-e-silva-general-deixa-o-ministerio-da-defesa/ *** *** https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/03/30/bolsonaro-descobre-que-nem-so-de-pazuellos-sao-feitas-as-forcas-armadas.htm *** ***
*** Trajetória histórica do Brasil, fato. Acontecimentos assim compreendidos, teoria. Celebrados, fabulação. *** Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964 Publicado em 30/03/2021 18h29 Atualizado em 30/03/2021 18h36 MINISTÉRIO DA DEFESA Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964 Brasília, DF, 31 de março de 2021 Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época. O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência. A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia. Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964. As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos. Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura. O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população. A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País. O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março. WALTER SOUZA BRAGA NETTO Ministro de Estado da Defesa *** *** https://www.gov.br/defesa/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/ordem-do-dia-alusiva-ao-31-de-marco-de-1964-2021 *** ***

terça-feira, 30 de março de 2021

“LUMINA SPARGERE" - disseminar a luz

*** *** NOTA UFJF *** Toda a sociedade brasileira passa por momentos trágicos. Estamos no pior momento da pandemia COVID-19, com necessidade urgente de cuidados, de distanciamento, de solidariedade e de defesa da ciência. A Universidade é a casa da ciência, e o brasão da Universidade Federal de Fora o expressa no que é sua convicção mais firme: “lumina spargere” - disseminar a luz. Não obstante tal objetivo, expresso na formação de gerações, sua atuação em pesquisa e sua associação com a comunidade de toda a região, a UFJF eventualmente é atacada, gratuita e levianamente, por alguns personagens que parecem odiar a universidade pública, seu papel de inclusão e atuação científica, caluniando, desrespeitando e frequentemente distorcendo o papel público de uma Universidade Federal. Desde a sexta-feira, dia 26 de março, circula na rede mundial de computadores um vídeo, gravado a partir de uma “live” proposta e conduzida pelo sr. Vereador desta Casa, Carlos Alberto de Mello, conhecido como Sargento Mello Casal. Em companhia do ex-deputado e condenado pela Ação Penal 470 do STF por corrupção passiva, o sr. Roberto Jefferson, foram manifestas opiniões claramente ofensivas e desrespeitosas, por palavras e gestos de concordância de uma à outra parte, com a clara intenção de estímulo ao preconceito, o peculiar negacionismo e a disseminação de informações imprecisas ou simplesmente falsas. Agrega-se a isto ameaças de violência física à Guarda Municipal, a defesa de formação de uma milícia e evidente incitação à violência, ao lado das ofensas gratuitas à Chefe do Executivo Municipal, ataques generalizados ao funcionalismo público e ao próprio Ministério Público. Não bastasse, como já é recorrente em segmentos autoritários e anti-ciência, foram realizados ataques às Universidades Públicas e, em particular, à UFJF. Para os cidadãos Sargento Mello e Jefferson, a UFJF seria responsável por uma “indústria de gay, de maconheiro, de cocaineiro, de comunista”, dita pelo segundo com risada do primeiro. Não suficiente, seria povoada por servidores “malandros” e alunos sob influência da “esquerda”. As manifestações do ex-deputado são aprovadas pelo vereador, o qual não o contesta sob nenhuma forma. E este devolve a gentileza com projetos como o de cortar salários do funcionalismo municipal se este estiver “em casa” ou ainda a formação oficial (como se tal fosse possível) de uma milícia. Seria o caso, em primeiro lugar, de perguntar aos demais vereadores formados pela UFJF em qual dos estereótipos preconceituosos se enquadram, uma vez serem egressos da instituição. Em seguida, seria necessária uma pequena preleção aos dois cidadãos sobre como funciona uma Universidade Federal: as pessoas ingressam por concurso público, passam por avaliação em toda a sua carreira, seus procedimentos administrativos são todos transparentes e auditáveis, fiscalizados por órgãos de controle como o TCU e a CGU. A formação científica tem protocolos, regras e operações públicas, os professores gozam de liberdade de cátedra e realizam seu trabalho de acordo com a formação rigorosa que possuem (a UFJF tem mais de 90% de seus professores com doutorado). Somente uma mente distorcida e dominada por teorias conspiratórias pode imaginar que todo um sistema de conhecimento de tal magnitude, reconhecido internacionalmente e, na UFJF, com a tradição de 60 anos, esteja formando os estereótipos defendidos pelo Vereador e o presidente do PTB, partido criado por Getúlio Vargas e que, já há algum tempo, parece estar povoado por insanidades autoritárias e negando sua própria tradição. A UFJF atua em todas as áreas de conhecimento, tem 45 cursos de pós-graduação, mais de 90 cursos de graduação; além do trabalho incansável do HU a qualquer tempo, nosso hospital tem se reinventado para responder às necessidades de saúde da população. Durante a pandemia, a UFJF já realizou mais de 22.000 exames de COVID, mais de 100 pesquisas estão sendo conduzidas no combate à doença, a universidade tem contribuído decisivamente com o processo de vacinação em Juiz de Fora e vem realizando ainda 100 ações de extensão no combate a pandemia. A instituição tem 3.000 servidores (professores e técnicos), emprega trabalhadores terceirizados em grande volume e contribui muito significativamente com a economia local, em comércio e serviços, movimentando próximo de 1 bilhão na economia local e regional. Não conhecemos um único município, por todo o país, que repudie a presença de uma universidade federal. Justamente porque sabem o quanto importa uma universidade na formação, na pesquisa, nas ações e na economia de toda uma cidade, fora sua presença como polo dinâmico de pesquisa e inovação. Agora teremos a inauguração, por um Vereador e um ex-deputado do Rio de Janeiro, da defesa do desmonte de uma Universidade Federal no município de Juiz de Fora? Realizar manifestações caluniosas, agressivas ou imprecisas, não mantém qualquer relação com o exercício da liberdade de expressão. Esta é um elemento fundamental da democracia, serve à garantia da diversidade e do respeito à diferença. Mas também sua defesa as instituições e os atores sociais não podem tolerar que triunfem aqueles que operam contra a própria democracia, proponham a violência ou desrespeitem a diversidade, inerente a toda sociedade complexa porque isso seria a própria destruição da democracia. Assim, a Universidade Federal de Juiz Fora REPUDIA veementemente a atitude do Vereador Sargento Mello Casal, que deveria representar o povo de Juiz Fora com seriedade e sem faltar com o decoro inerente ao exercício do cargo. Quanto ao sr. Roberto Jefferson, que ele se entenda com a justiça.

"Non, je ne regrette rien" - “Não me arrependo de nada”

Moro: "Não me arrependo de nada" ***
*** Moro: “Não me arrependo de nada” Foto: Adriano Machado/Crusoé *** Fonte: O Antagonista *** ***
*** Bibi Ferreira: a artista de mil e uma facetas *** *** Bibi Ferreira - Non, Je Ne Regrette Rien - Show Histórias e Canções - Teatro Frei Caneca - 01/06/14 *** *** https://www.youtube.com/watch?v=2eWX2NXxYic *** *** “Não me arrependo de nada”, disse Sergio Moro. “Pelo contrário. Tenho muito orgulho do que foi feito na Lava Jato”. Em live organizada pelo Parlatório, neste domingo, que reuniu FHC, Michel Temer, o general Santos Cruz e Luiz Henrique Mandetta, além de uma série de empresários, Sergio Moro disse também, a respeito da Lava Jato: “Pode ter tido algum erro aqui ou ali. Mas algum abuso, algo intencional? Nada (…). Quando se fala em criminalização da política pela Lava Jato, isso é uma grande bobagem. O que havia são pessoas que receberam ou que pagaram suborno”. Ele concluiu: “Dá para tocar Piaf ao fundo. Non, je ne regrette rien. Não me arrependo de nada. Foi um trabalho importante, reconhecido pela população brasileira”. *** *** https://www.oantagonista.com/brasil/moro-nao-me-arrependo-de-nada/ *** ***
*** Édith Piaf Cantora *** Non, Je Ne Regrette Rien (tradução) Edith Piaf L'Immortelle *** *** Não! Eu não lamento nada Instrumental Não! Absolutamente nada Não! Não lamento nada Nem o bem que me fizeram Nem o mal, isso tudo me é bem indiferente! Não! Absolutamente nada Não! Não lamento nada Está pago, varrido, esquecido Que se dane o passado! (2) Com minhas lembranças Acendi o fogo (3) Minhas mágoas, meus prazeres Não preciso mais deles! Varridos os amores E todos os seus tremores (4) Varridos para sempre Recomeço do zero Não! Absolutamente nada Não! Não lamento nada Nem o bem que me fizeram Nem o mal, isso tudo me é bem indiferente! Não! Absolutamente nada Não! Não lamento nada Pois, minha vida, pois, minhas alegrias Hoje, começam com você! Non, Je Ne Regrette Rien Instrumental Non! Rien de rien, Non! Je ne regrette rien. Ni le bien, qu'on m'a fait, Ni le mal, tout ça m'est bien égal! Non! Rien de rien, Non! Je ne regrette rien. C'est payé, balayé, oublié, Je m'en fous du passé. Avec me souvenirs, J'ai allumé le feu, Mes chagrins, mes plaisirs, Je n'ai plus besoin d'eux. Balayés les amours, Avec leurs trémolos, Balayés pour toujours, Je repars à zéro. Non! Rien de rien, Non! Je ne regrette rien. Ni le bien, qu'on m'a fait, Ni le mal, tout ça m'est bien égal! Non! Rien de rien, Non! Je ne regrette rien. Car ma vie, car mes joies, Aujourd'hui, ça commence avec toi! Compositor: Michel Vaucaire, Charles Dumont *** *** https://www.vagalume.com.br/edith-piaf/non-je-ne-regrette-rien-traducao.html *** *** Ex-ministro Moro vê retrocessos no combate à corrupção e não se arrepende de atos na Lava Jato Por Olavo Soares Brasília 28/03/2021 22:32 ***
*** O ex-ministro Sergio Moro| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil *** O ex-ministro Sergio Moro| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Ouça este conteúdo O ex-ministro Sergio Moro afirmou que o Brasil passa por retrocessos no combate à corrupção e que a "janela de oportunidades" no setor que foi aberta com a operação Lava Jato está sendo desperdiçada. Ele também declarou não se arrepender das atitudes que tomou enquanto atuou como juiz nos casos relacionados à operação, quando conduziu a 13ª Vara de Curitiba. Moro disse que o Brasil passava por um momento de transformação, "com reconhecimento internacional". Ele fez um comparativo com o combate à inflação: segundo ele, a virada que o país deu no campo econômico, com o Plano Real, durante a década de 1990, poderia também ser promovida no segmento da redução da corrupção, na esteira das ações da Lava Jato. "Infelizmente, não vejo essa agenda em Brasília hoje", declarou o ministro. Como exemplo de uma dessas bandeiras que foi deixada de lado, ele mencionou a prisão dos condenados em segunda instância. As declarações foram dadas em uma live que o ex-ministro participou neste domingo (28). O encontro foi promovido pelo grupo Parlatório, que reúne economistas, operadores do mercado financeiro e CEOs de grandes empresas. Participaram da reunião outros expoentes do meio político, como os ex-presidentes Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Moro disse que as críticas que a Lava Jato recebe por supostos "excessos" são feitas de forma abstrata. Segundo o ex-ministro, a operação pode ter cometido erros, "mas de forma mal-intencionada? Jamais". Como exemplo, o ex-juiz citou o caso da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida em 2016. O episódio foi determinante para que Moro fosse considerado, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), suspeito no caso do petista. Segundo Moro, o procedimento seguiu o padrão da época. Ele disse, ainda, que tomou medidas que considerou favoráveis a Lula, como evitar que a então esposa do presidente, Marisa Letícia, fosse também submetida à condução coercitiva, e que o procedimento fosse realizado em uma delegacia de polícia convencional. Lula foi ouvido pela polícia no Aeroporto de Congonhas. O ex-ministro disse também considerar "uma grande bobagem" as acusações que a Lava Jato promoveria uma "criminalização da política". Para ele, a "criminalização" foi feita sobre quem pagou ou recebeu suborno, e uma das evidências que é falha a ideia de "criminalização da política" seria o fato de que a Lava Jato condenou representantes de diferentes partidos. Moro falou também que o Brasil precisa de "exemplos" para estimular o combate à corrupção. Ao responder uma pergunta formulada pelo também ex-ministro Mandetta, lembrou que ambos se desligaram do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em um intervalo próximo. Moro evitou ataques a Bolsonaro, mas disse que Mandetta era um "bom exemplo" por ter deixado o cargo público "motivado por princípios". O ex-juiz afirmou ainda que aceitou o convite de Bolsonaro para ser ministro por entender que poderia desenvolver um projeto de combate à corrupção e ao crime organizado e que saiu quando entendeu que isso não seria possível. Moro pediu para sair do governo em abril do ano passado, acusando Bolsonaro de interferência no trabalho da Polícia Federal. Setor privado Na conversa com o grupo, Moro falou também que seu foco atual está na atividade que desempenha no setor privado. Desde novembro, o ex-ministro integra a equipe da consultoria americana Alvarez & Marsal. Ele disse que vê no setor privado a oportunidade não apenas de "ganhar a vida", mas também de instituir políticas de combate à corrupção no segmento. O ex-juiz falou sobre o tema após ser questionado sobre um eventual retorno à vida pública. Outro participante sugeriu a Moro uma candidatura presidencial na disputa eleitoral do próximo ano. Moro não é filiado a partido político e costuma negar o interesse em concorrer a cargos públicos, mas seu nome é habitualmente analisado em pesquisas de intenção de voto, e com desempenho satisfatório. Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/moro-ve-retrocessos-no-combate-a-corrupcao-e-nao-se-arrepende-de-atos-na-lava-jato/ Fonte: Gazeta do Povo. *** *** https://www.gazetadopovo.com.br/republica/moro-ve-retrocessos-no-combate-a-corrupcao-e-nao-se-arrepende-de-atos-na-lava-jato/ *** ***

segunda-feira, 29 de março de 2021

CUITELINHO

Ernesto desconvidado ***
*** Ernesto Araújo cai Por Claudio Dantas e Wilson Lima 29.03.21 12:20 Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados *** Ernesto Araújo anunciou sua saída há pouco em reunião com o secretariado no Itamaraty. A demissão foi uma exigência de Jair Bolsonaro, depois da crise aberta com o Senado no fim de semana. O ministro das Relações Exteriores já estava com a corda no pescoço desde a semana passada, mas o presidente da República tentava negociar sua permanência ou uma saída honrosa. A situação de Ernesto, porém, tornou-se insustentável depois que o próprio ministro usou o Twitter para insinuar que a senadora Kátia Abreu faria lobby pelo 5G da China. Em destaque: Ernesto Araújo A reação do Senado foi imediata, com ameaças ao Palácio do Planalto, pedido de impeachment do antichanceler e dezenas de críticas públicas, inclusive por parte de Rodrigo Pacheco, que tem buscado uma relação cordial com Bolsonaro. FONTE: O antagonista *** *** https://www.oantagonista.com/brasil/ernesto-araujo-cai/ *** ***
*** O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira ***
*** Ai quando eu vim da minha terra Despedi da parentáia Eu entrei no Mato Grosso Dei em terras paraguaia Lá tinha revolução Enfrentei fortes batáia, ai, ai ***
*** *** *** https://www.letras.mus.br/pena-branca-e-xavantinho/48101/ *** *** Guerra do Paraguai: 150 anos do seu término - Rubens Ricupero A tradição diplomática brasileira de não intervenção nos assuntos internos de outros países— interrompida agora pela canhestra diplomacia ideológica olavo-bolsonarista — começou com o final da desgraçada guerra que o Paraguai do ditador Solano Lopez deslanchou contra o Brasil, isso por intervenções nossas na política interna do Uruguai e outros problemas de fronteiras. A regra da não-intervenção foi seguida escrupulosamente na longa trajetória da diplomacia brasileira desde então – embora parcialmente desrespeitada sob o regime lulo-petista, se envolveu em diversos episódios eleitorais na região –, até que o inepto presidente atual e seu chanceler acidental deslanchassem ataques inacreditáveis ao então candidato argentino, depois eleito presidente. Poucas vezes em nossa história, tivemos exemplos tão baixos de incompetência diplomática. Paulo Roberto de Almeida 15/03/2020 https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/03/trauma-da-guerra-do-paraguai-iniciou-aversao-brasileira-a-conflitos.shtml *** *** https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/guerra-do-paraguai-150-anos-do-seu.html *** ***
*** DIANA PEQUENO CUITELINHO AO VIVO I *** CUITELINHO com DIANA PEQUENO, edição MOACIR SILVEIRA *** *** https://www.youtube.com/watch?v=x5rC8LXr2Ww *** *** https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/03/trauma-da-guerra-do-paraguai-iniciou-aversao-brasileira-a-conflitos.shtml Trauma da Guerra do Paraguai iniciou aversão brasileira a conflitos Episódio encerrado há 150 anos inspirou tradição diplomática de paz e não intervenção, diz Rubens Ricupero Rubens Ricupero Folha de S. Paulo, 13 de março de 2020 [resumo] Último conflito armado do Brasil com países da América Latina, a Guerra do Paraguai chegava ao fim há 150 anos. Episódio ainda controverso, a batalha encerrou o período de choques na bacia da Prata, iniciou a derrocada da monarquia e inspirou uma tradição diplomática de paz e não intervenção. No dia 1º de março, o Brasil completou 150 anos ininterruptos de paz com seus dez vizinhos. Nenhum outro país com tão vasta vizinhança ostenta essa tradição pacífica. *
*** CUITELINHO (letra e vídeo) com MILTON NASCIMENTO, vídeo MOACIR SILVEIRA *** *** CUITELINHO (letra e vídeo) com MILTON NASCIMENTO, vídeo MOACIR SILVEIRA *** *** https://www.youtube.com/watch?v=WxK57NaYOlk *** *** Em 1º de março de 1870, terminava, com a morte do ditador paraguaio Francisco Solano López, a Guerra do Paraguai contra a Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai. Em Assunção, manifestações oficiais relembraram a efeméride; no Brasil, passou em brancas nuvens. A Batalha do Avaí (1877)
*** Detalhe da pintura "A Batalha do Avaí" (1877), de Pedro Américo Repetiu-se o que ocorrera no centenário do fim do conflito (1970). Nos cinco anos anteriores à data, os jornais guaranis recordaram dia a dia o que acontecera um século antes. O Brasil guardou silêncio, fiel à lição do barão do Rio Branco de que há vitórias que não se devem comemorar. Somente no aniversário do fim do conflito, o ministro do Exército emitiu nota exemplar, afirmando que o Brasil tinha preferido esperar para comemorar cem anos de paz a um século de guerra. Era, e é, a melhor maneira de celebrar a maior tragédia da história sul-americana. Passado tanto tempo, a Guerra do Paraguai continua a suscitar acusações e dúvidas que merecem esforço de elucidação. A quem cabe, por exemplo, a culpa pelo conflito? As hostilidades começaram em 11 de novembro de 1864, quando, sem declaração de guerra, os paraguaios capturaram o vapor brasileiro que conduzia o presidente (espécie de governador) designado para Mato Grosso. Em fins de dezembro, duas colunas invadiram o território mato-grossense. López protestara em agosto de 1864 contra a intenção brasileira de intervir na guerra civil uruguaia e advertira o Brasil das consequências de um ataque a seus aliados do Partido Blanco. Não houve, no entanto, nenhuma ameaça ou agressão direta contra o Paraguai da parte da Corte do Rio de Janeiro. Não existia, assim, justificativa para o Paraguai invadir o Mato Grosso, em seguida o Rio Grande do Sul e ocupar Uruguaiana. Aliás, a fim de atacar o território gaúcho, López violou o território argentino, possibilitando a aliança com o Brasil que não teria ocorrido sem essa provocação. Como se explica que um país cuja população em 1860 se estimava em cerca de 400 mil habitantes desafiasse a Argentina, com 1,7 milhão, o Brasil, com 9 milhões, e o Uruguai, com 250 mil, num total de menos de meio milhão contra 11 milhões? A explicação emerge da comparação dos efetivos dos exércitos prontos a entrar em combate, em que o Paraguai levava vantagem de quase três contra um (77 mil homens contra 18.300 do Brasil, 6 mil da Argentina e 3.100 do Uruguai, totalizando 27.400 aliados). Daí a estratégia de López de tentar, por meio do efeito surpresa de uma ofensiva fulminante, vitória que lhe permitisse resolver em favor de seu país as questões fronteiriças e de liberdade de navegação pendentes com o Brasil. Fracassada a guerra-relâmpago com a derrota guarani na batalha naval do Riachuelo e a capitulação das forças de ocupação de Uruguaiana (setembro de 1865), só então a luta se deslocou para o território paraguaio, invadido pelo Passo da Pátria (abril de 1866). ***
*** Reprodução de foto de Francisco Solano López *** Reprodução de foto de Francisco Solano López - Ministerio de Defensa/AFP *** Seguiu-se vagaroso avanço aliado até que, já sob o comando do Duque de Caxias, a guerra entrou na decisiva fase das batalhas da dezembrada (dezembro de 1868), culminando na ocupação de Assunção (1/1/1869). Doente, Caxias retornou ao Rio, convencido de que o conflito acabara. Temendo que o perigo só cessaria com o fim de López, dom Pedro 2º resolveu continuar a luta, numa decisão controvertida, análoga à tomada pelos Aliados contra Hitler. A guerra se prolongaria ainda por 15 meses, durante os quais se concentrou boa parte do pior em matéria de devastação, atrocidades, morte em combate de crianças e da maioria da população masculina paraguaia. Os números dessa época são incertos, mas o Paraguai pode ter perdido 250 mil vidas, mais da metade de seus habitantes. Dos 140 mil brasileiros que participaram da guerra, morreram cerca de 50 mil, mais de um terço, aos quais se somam 18 mil dos 30 mil argentinos e 5 mil dos 5.500 uruguaios. Mais de dois terços pereceram não em combate, mas em consequência de doenças, fome, exaustão e migrações forçadas da população civil obrigada a seguir o ditador. O esforço de guerra custou ao Brasil o equivalente a 11 anos do Orçamento anual, gerando déficit contínuo nas duas décadas seguintes. Foi o que inspirou o célebre desabafo do barão de Cotegipe: “Maldita guerra, atrasa-nos meio século”. Iniciada quando findava a Guerra de Secessão americana, a do Paraguai se assemelha a ela na duração e ferocidade da luta, antecipando o estilo de conflito total do futuro. Guardadas as proporções, os danos em vidas e destruição foram também devastadores. Para o Império brasileiro, ela encerra o ciclo de choques militares com os vizinhos da bacia do Prata, iniciado logo depois da Independência com a Guerra da Cisplatina (1825 a 1828) e prosseguido com as intervenções no Uruguai e na Argentina após 1850. Sequência dos atritos coloniais entre Espanha e Portugal, essa fase instável termina com a consolidação dos Estados nacionais e de suas fronteiras nas décadas finais do século 19. Joaquim Nabuco julgou que a Guerra do Paraguai teve importância tão decisiva para os destinos dos países do Cone Sul que pode ser considerada o “divisor de águas” da história dessas nações. Ela teria marcado o “apogeu do Império, mas dela também procedem as causas principais da decadência e da queda da dinastia”. O triunfo da monarquia representou o brilho final de uma estrela que se apagava. Por volta de 1880, a política exterior do Brasil atingira todos seus objetivos: afastara do poder seus inimigos em Assunção, Montevidéu, Buenos Aires; evitara a eventual reconstituição de uma união dos demais contra o Império; obtivera a livre navegação dos rios e as fronteiras que desejava com uruguaios e paraguaios. Depois de 30 anos de variados conflitos, era como se a monarquia, exausta, tivesse perdido a energia para reformar-se a si própria, modernizando a estrutura social do país, debilitada pela escravidão. Nessa mesma época, a Argentina e, em menor grau, o Uruguai logravam pôr fim à longa instabilidade da fase formativa, atraíam capitais ingleses e imigrantes europeus que as transformariam em nações mais modernas e prósperas que o Brasil. A Guerra do Paraguai é tema histórico que se presta a controvérsias e geração de mitos a serviço de interesses ideológicos e políticos. O revisionismo argentino inventou a tese fantástica de que a causa de tudo seria a influência da Inglaterra imperialista. Entre os absurdos da fábula, omite-se que, no começo do conflito, o Brasil estava de relações rompidas com Londres desde a Questão Christie (1862 a 1865). A tese deu origem no Brasil a panfletos como o que denunciou o suposto genocídio que teria provocado 1 milhão de vítimas num país cuja população não atingia nem a metade desse número. A pior distorção, obra tardia de partido político paraguaio, consistiu na metamorfose do tirano sanguinário que foi Solano López num estadista sacrificado no altar da pátria. Quem desejar pisar em terreno firme nessas questões, dispõe de reconstituição primorosa da terrível tragédia, “Maldita Guerra”, de Francisco Doratioto, maior conhecedor brasileiro de história paraguaia. Livro até agora definitivo pela solidez da análise dos documentos, dele extraí dados e análises deste artigo. A Guerra do Paraguai e as intervenções no Prata nos legaram herança amarga de perdas humanas e atraso econômico e social. Data da guerra encerrada um século e meio atrás a “questão militar”, a tendência do Exército de intervir na política, um dos fatores da queda da monarquia e fenômeno perturbador da democracia que se prolonga até nossos dias. Os brasileiros como Rio Branco e Nabuco, que viveram na juventude as angústias da luta contra o Paraguai, adquiriram horror à guerra e às intervenções em países estrangeiros. Passaram a cultivar diplomacia avessa a julgar publicamente os demais, escrupulosa na observância do princípio de não se imiscuir na política interna dos vizinhos. O esquecimento dessas lições de nossa história abriu caminho à volta da prática lamentável de condicionar a amizade com os vizinhos a distorções ideológicas. Não surpreende que isso tenha provocado perigosa deterioração do relacionamento com a Venezuela, a ponto de gerar tensão militar na fronteira e grave retrocesso na relação com a Argentina, nosso principal vizinho. *** 2 6 Este é Ernesto Araújo VOLTARFacebookWhatsappTwitterMessengerLinkedinE-mailCopiar link Loading *** A República inseriu em sua Constituição a proibição da guerra de conquista. Posto à prova na crise do Acre, quando o país chegou perto do conflito, o compromisso com a paz foi mantido graças ao gênio diplomático de Rio Branco, que não se cansava de repetir que “o recurso à guerra é sempre desgraçado”. Mais tarde, nos anos 1970, o Tratado de Itaipu deu impulso ao projeto bilateral para ajudar o Paraguai no seu desenvolvimento econômico-social. Finalmente, o ex-presidente José Sarney inaugurou com o ex-presidente argentino Raul Alfonsín processo de edificação de confiança mútua que culminaria em duas das maiores conquistas da política externa: o Mercosul e o abandono dos projetos secretos para construir a bomba atômica. Superando dois séculos de confrontos, essas duas realizações complementares transformaram a bacia do Prata de antigo cenário de guerras em espaço de integração entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Nosso dever é não permitir que desvarios ideológicos ponham em risco a tradição de paz com os vizinhos, maior título de glória do povo brasileiro. Rubens Ricupero, foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, ministro do Meio Ambiente e da Fazenda (Governo Itamar Franco) e embaixador em Genebra, Washington e Roma. *** *** https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/guerra-do-paraguai-150-anos-do-seu.html *** *** que hermosa melodia del alma....
*** Cuitelinho - Monica Salmaso (letra da música) - Palco MP3 palcomp3.com.br *** *** Cuitelinho - Mônica Salmaso (Estúdio) *** Música: Cuitelinho Interprete: Mônica Salmaso Composição: Paulo Vanzolini, Antônio Xandó & Domínio público Álbum: Alma Lírica Letra: Cheguei na beira do porto Onde as onda se espaia As garça dá meia volta E senta na beira da praia E o cuitelinho não gosta Que o botão de rosa caia, ai, ai Ai quando eu vim da minha terra Despedi da parentáia Eu entrei no Mato Grosso Dei em terras paraguaia Lá tinha revolução Enfrentei fortes batáia, ai, ai A tua saudade corta Como aço de naváia O coração fica aflito Bate uma, a outra faia E os óio se enche d'água Que até a vista se atrapáia, ai... Eu vou pegar seu retratinho E colocar numa medáia Com seu vestidinho branco e um laço de cambraia Pendurá-la em meio peito Onde o coração trabaiá *** *** https://www.youtube.com/watch?v=1-8S0vYEMsA *** ***
*** Hoje na História: 1954 - Alfredo Stroessner assume oficialmente o poder no Paraguai *** Ditadura repressora duraria 35 anos; mesmo após sua queda, país sul-americano não atingiu estabilidade política *** JOÃO NOVAES *** *** https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/30608/hoje-na-historia-1954-alfredo-stroessner-assume-oficialmente-o-poder-no-paraguai *** *** HISTÓRICO DA DITADURA CIVIL-MILITAR DO PARAGUAI Os antecedentes ao golpe de 1954 no Paraguai, remetem a um quadro de instabilidade política, social e econômica. Depois da Guerra do Chaco (1932-1935), conflito entre Paraguai e Bolívia, o mais sangrento da história moderna da América Latina (LEWIS, 2018), o país ficou economicamente arrasado. Mesmo que o Paraguai tenha saído vitorioso do embate, os efeitos da guerra e da crise econômica repercutiram diretamente na instabilidade política até culminar no golpe de Estado encabeçado pelo general Stroessner, em 1954. De fato, no ano seguinte à instituição do armistício no Chaco, em 1936, eclodiu no Paraguai a “Revolução Febrerista”, encabeçada pelo coronel Rafael Franco. Durante os 18 meses no poder, os “febreristas” lançaram um projeto de reforma agrária e implementaram o reconhecimento de direitos trabalhistas. Contudo, essa sublevação mal emplacou algumas reformas estruturais e foi derrubada por uma contrarrevolução dos liberais. Ainda assim, o episódio marcou o declínio de um longo período de dominação do Partido Liberal na política paraguaia e desencadeou um processo resultante na ditadura do general Higinio Moríngio (1940-1948) e, posteriormente, na Guerra Civil de 1947. Com o fim do governo de Moríngio, em 1948, iniciou-se um período de dominação do Partido Colorado, que, em tese, persiste até os dias de hoje. Após a renúncia de Moríngio e uma sucessão de presidentes provisórios, tomou posse, em 1949, o presidente eleito Federico Chaves do Partido Colorado. Em meio a uma economia totalmente deteriorada, com o aumento da inflação e da estagnação da produção agrícola e pecuária, seu governo precisou comprar itens básicos de consumo para revender a preços de custo à população, a fim de se evitar uma crise famélica no país. Além disso, a desvalorização cambial, a fuga de trabalhadores especializados e de capitais obstavam a recuperação econômica a curto e longo prazos. Diante desse contexto, Chaves passou a perseguir os opositores e a reprimir as agitações políticas, ao mesmo tempo que procurou mostrar um governo firme o suficiente para atrair novos investimentos estrangeiros; também implementou o controle de preços e concedeu aumentos de salários para manter o poder aquisitivo da maior parcela da população. De todo modo, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita diminuiu significativamente no início de 1954, o mercado paralelo cresceu, tanto o cambial quanto o de produtos básicos e o país foi considerado de alto risco para os investidores, depois de ser decretada a moratória sobre os pagamentos da dívida externa em 1952. Sem o empréstimo de cerca de 5 milhões de dólares, provenientes dos Estados Unidos da América (EUA), a importação de produtos essenciais teria sido impossível (LEWIS, 2018). Em face da grave crise econômica, o presidente do Banco Central, Epifanio Méndez Fleitas, com o amplo apoio de setores do governo e das Forças Armadas, defendeu a sujeição do Paraguai ao auxílio financeiro do peronismo argentino e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Porém, o presidente Federico Chaves se opôs veementemente a essa alternativa. Com isso, Méndez Fleitas se exonerou do cargo e passou a almejar a presidência da República. Para tanto, conspirou juntamente com o então comandante supremo das Forças Armadas, o general Alfredo Stroessner, que havia se destacado na Guerra Civil paraguaia (1947) e não via com bons olhos a expansão e o fortalecimento da Polícia Nacional sob o comando de Chaves (LEWIS, 2018). Em 03 de maio de 1954, uma crise envolvendo o comando da base militar de Campo Grande, próxima da capital Assunção, deflagrou a sublevação das Forças Armadas. Partidários de Stroessner tentaram assumir o controle da unidade, mas acabaram presos por ordens do presidente. Stroessner reagiu, considerando a interferência civil uma afronta aos militares. Assim, teve início o golpe, apoiado pelos EUA, que depôs o então presidente constitucionalmente eleito e desencadeou a Ditadura Civil-Militar no Paraguai. Após os embates na capital Assunção, no dia seguinte, em 4 de maio, Chaves foi forçado a renunciar e enviado como embaixador paraguaio na França. O Partido Colorado indicou à presidência interina Tomás Romero Pereira, o qual permaneceu no cargo até a decisão final de quem deveria assumir o cargo, Stroessner ou Méndez Fleitas. Mediante intensas negociações, o general Stroessner tomou posse em 15 de agosto de 1954 e Méndez Fleitas assumiu novamente a presidência do Banco Central. Para consolidar o regime, o ditador precisou controlar duas instituições-chave, as Forças Armadas e o Partido Colorado (LEWIS, 2018). Segundo Paul Lewis (2018, p. 280): “O primeiro dava-lhe a força bruta que os ditadores requerem, enquanto o segundo lhe propiciava a base popular de que poucos governos militares desfrutaram”. De fato, o poder do “stronato” residiu, justamente, na coesão de uma estrutura de poder interdependente, composta pelos militares, governo e o partido. Cada um desses setores desempenhou um papel fundamental na repressão, no controle político e na mobilização de setores populares. A unificação dessa estrutura de poder nas mãos de Stroessner fez com que ele fosse ao mesmo tempo presidente da República, comandante das Forças Armadas e presidente honorário do Partido Colorado. Esse fator garantiu também a longevidade e estabilidade do regime, sob a forma de um Estado corrupto, repressivo e onipresente (LAMBERT, 1997). A fim de construir tal unidade o ditador neutralizou as principais forças dentro do Partido Colorado e o reorganizou completamente. Em pouco tempo, esse partido tornou-se monolítico, típico de regimes totalitários (LEWIS, 2018). Os seguidores de Méndez Fleitas, denominados “epifanistas”, foram expurgados, exilados ou presos. O próprio presidente do Banco Central foi destituído e exilado em 1955. As alas democráticas dos colorados, apoiadores do ex-presidente Chaves e opositores do acordo com o FMI, congregados no “Movimiento Popular Colorado” (MOPOCO), foram igualmente perseguidas, sob a justificativa da “luta contra o comunismo”. A facção paramilitar de extrema-direita do partido, o “Guión Rojo”, liderada pelo então ministro do interior, também foi afastada do poder no início da década de 1960, em meio a um escândalo policial. Entre os militares, apenas os simpatizantes de Stroessner eram mantidos nas fileiras do Exército. O ditador inspecionava pessoalmente as instalações militares, ratificava as aquisições de equipamentos e controlava as promoções, bem como as atribuições de seu corpo de oficiais. Além disso, os militares contavam com inúmeros privilégios, aos quais se somavam os benefícios da corrupção institucionalizada, do contrabando, do tráfico de drogas e do “loteamento de cargos” em todas as esferas do governo, principalmente em empresas estatais. Temendo o risco de um golpe de Estado ou de um atentado contra sua vida, Stroessner criou um regimento de escolta presidencial fortemente armado. Esse organismo foi alvo de recentes investigações por parte da “Dirección General de Verdad, Justicia y Reparación” da “Defensoria del Pueblo” paraguaia, pois, mantinha uma rede de mulheres, adolescentes e crianças como escravas sexuais a serviço do ditador Stroessner. As vítimas eram sequestradas, mantidas em cárcere privado e depois desaparecidas, muitas delas foram brutalmente assassinadas. Stroessner concedeu, ainda, asilo político a diversos criminosos de guerra nazistas, demonstrando as suas simpatias ideológicas pelo nazi-fascismo europeu. Nesse processo de consolidação, com o afastamento dos rivais, a perseguição dos oposicionistas e o controle sobre o Partido Colorado, Stroessner submeteu-se sucessivamente ao escrutínio das urnas, mas sem candidatos de oposição. Essas eleições tinham resultados no mínimo questionáveis. A partir da queda dos regimes ditatoriais personalíssimos de Fulgêncio Batista em Cuba (1959) e de Marcos Pérez Jiménez na Venezuela (1958), bem como em razão da pressão estadunidense, o regime de Stroessner viu-se obrigado a permitir alguma oposição moderada ao governo ditatorial, como forma de evitar uma nova Revolução Cubana no continente (LEWIS, 2018). Na passagem da década de 1950 para 1960, o estado de sítio foi suspenso e concedeu-se anistia a alguns exilados políticos, com exceção dos opositores e partidos de esquerda. O Partido Liberal e algumas dissidências, que se encontravam exilados, foram permitidos e legalizados. No entanto, o período de “pseudo-abertura” do regime durou pouco tempo. A greve geral de trabalhadores em 27 de agosto de 1958 foi duramente reprimida e o estado de sítio novamente instaurado. A chegada clandestina de jovens opositores ao Alto Paraná, através da fronteira com a Argentina, com o objetivo de formar grupos de resistência armada contra o regime, foi decisiva para justificar o recrudescimento da repressão implementada por Stroessner. A resistência mais decidida contra o “stronato” partiu dos trabalhadores urbanos e rurais, dos grupos de guerrilha armada, do movimento estudantil e da Igreja católica, mas, sob a égide da “guerra contra o comunismo” e com o emprego de uma força notoriamente desproporcional, Stroessner conseguiu rapidamente dizimar todo e qualquer foco de instabilidade. O movimento sindical sofreu interferência direta, com a imposição de uma liderança fantoche na “Central Paraguaya de Trabajadores” (CPT), tendo por objetivo afastar a influência dos comunistas sobre os sindicalizados. Antes da greve geral de 1958, os principais líderes do “Partido Comunista Paraguayo” (PCP) foram presos arbitrariamente e mantidos sequestrados na sede da “Comisaría Tercera” no centro de Assunção. Das organizações de guerrilha, que consideravam a luta armada como a única possível para a derrocada da ditadura, destacaram-se a “Frente Unido de Liberación Nacional” (FULNA), apoiada pelo PCP e por Cuba e o “Movimiento 14 de Mayo” (M-14), formado por setores radicalizados dos partidos Liberal e Febrerista, que pretendia desencadear uma convulsão popular e camponesa e um consequente golpe de Estado contra Stroessner. Todavia, esses grupos de guerrilha, ao invés conseguirem o apoio dos camponeses, acabaram sendo delatados por eles e, consequentemente, reprimidos. Estima-se que cerca de 400 membros das guerrilhas foram mortos nas ações de repressão do Exército paraguaio (NICKSON, 2013). Um outro pólo de resistência foi o da Igreja católica, principalmente, na organização das “Ligas Agrarias Cristianas” (LACs), onde se congregavam setores camponeses, trabalhadores sem terras e alas progressistas católicas, porém, a violência política e a repressão nem sequer poupou a instituição religiosa e as delações acabaram por facilitar a desarticulação desses movimentos. Até mesmo o campus da Universidade Católica do Paraguai foi invadido por forças militares, em 1972, para dissolver uma manifestação contrária ao regime (LEWIS, 2018). Além da Igreja, as manifestações organizadas pelo movimento estudantil chamaram a atenção para a vinculação ideológica do regime com os interesses imperialistas e foram, da mesma forma, reprimidas de forma violenta. Muitos dirigentes estudantis foram presos, torturados e arbitrariamente processados com base em leis de segurança nacional ou por profanação do estado de sítio (SADER; JINKINGS, 2006). Ante a violência e a repressão, com a oposição completamente sufocada, Stroessner procurou legitimar-se pela estabilização econômica (LEWIS, 2018). O ditador sentia-se forte o suficiente para impor ao povo paraguaio, em 1957, um dos primeiros planos de estabilização monetária proposto pelo FMI, apoiado pelos EUA, que consistia em políticas de austeridade em gastos sociais e um auxílio financeiro de 11 milhões de dólares, de modo a controlar a inflação (NICKSON, 2013). Em troca do aporte financeiro internacional, a ditadura restringiu o crédito, eliminou subsídios, efetivou o controle de preços e o congelamento dos salários. Essas medidas eram bastante impopulares, motivo pelo qual a violência política era diuturnamente empregada e legitimada com base em programas de melhorias internas da infraestrutura, basicamente rodoviária, que serviram para atrair investimentos estrangeiros, bem como deram ensejo ao slogan do regime: “Paz y Progreso con Stroessner” (LEWIS, 2018). A política de estabilização do FMI, consequentemente, fez a dívida externa do país subir para mais de 80 milhões de dólares durante a década de 1960 e a inflação voltou a crescer nos anos de 1970. Enquanto os proprietários de terras, empresários e funcionários públicos de alto escalão enriqueciam, a classe trabalhadora assistiu à queda do seu precário padrão de vida, a desigualdade social aumentou e, também, a concentração de renda (LEWIS, 2018). Os níveis de crescimento do país atingiram altos índices principalmente por meio da crescente influência brasileira. A construção da usina binacional de Itaipu, a construção da Ponte da Amizade e a outorga do porto de Paranaguá isento de qualquer imposto, visavam diminuir a influência argentina sobre o Paraguai, bem como estreitaram os laços entre as ditaduras brasileira e paraguaia e promoveram o crescimento econômico favorável aos capitais de ambos os países (NICKSON, 2013). Em 1967, o Partido Colorado convocou a oposição moderada para formar uma Assembleia Constituinte, uma vez que a constituição impedia novas reeleições de Stroessner. Finalmente, a nova Constituição apenas institucionalizava o “stronismo” e modificava o obstáculo que impedia a continuidade da liderança do ditador (SADER; JINKINGS, 2006). Em 1988, aos 75 anos, Stroessner foi “reeleito” para o seu oitavo mandato presidencial. Entretanto, desde 1982, a brusca desaceleração econômica, com a volta da inflação na casa dos 30% e o término da construção da usina de Itaipu, que encerrou um ciclo de investimentos estrangeiros, davam sinais da crise do regime (LEWIS, 2018). A crise econômica que se iniciava e o declínio do governo ditatorial possibilitaram o reagrupamento de movimentos sociais. Os trabalhadores reuniram-se no “Movimiento Intersindical de Trabajadores” (MIT), em resposta às fraudes e intervenções na CPT; os pequenos proprietários rurais, trabalhadores sem terra e populações indígenas organizaram-se no “Movimiento Campesino Paraguayo” (MCP), para se defenderem da “grilagem” de terras, da espoliação pelos latifundiários e da invasão, inclusive dos grandes agropecuaristas brasileiros. Com isso, o núcleo de poder de Stroessner, militares que consideravam a fidelidade ao ditador acima da fidelidade ao Partido Colorado, tornou-se cada vez mais arbitrário. A censura e o controle sobre a mídia intensificou-se, estendendo-se às grandes empresas de comunicação do país que expunham os incontáveis casos de corrupção no governo (LEWIS, 2018). Nesse contexto, em 03 de fevereiro de 1989, Stroessner foi derrubado por um golpe de Estado, encabeçado pelo general Andrés Rodriguez, o segundo na cadeia de comando e sogro do filho mais novo do ditador. Assim como o poder ditatorial foi consolidado com base na articulação entre as Forças Armadas e o Partido Colorado, da mesma forma se deu a sua derrocada. O golpe contra Stroessner foi deflagrado em defesa da “dignidade” dos militares e após a reunificação dos colorados. Obviamente, as bandeiras que foram adotadas, da democratização, proteção aos direitos humanos e defesa da Igreja católica, estavam no final da lista de prioridades do general Rodriguez (NICKSON, 1997). Efetivamente, Rodriguez foi beneficiado pelos proveitos do tráfico de drogas e do enriquecimento ilícito durante toda ditadura, mas, quando Stroessner, em meio à crise econômica nacional e em face do cenário internacional de abertura política democrática, tentou impor que seu filho mais velho, o coronel Gustavo Stroessner, o sucedesse na presidência na eleição de 1993, os militares consideraram tal opção inaceitável. Além de estar implicado em diversos casos de corrupção, especulava-se nos quartéis do país, que o filho do ditador era homossexual e isso foi considerado uma afronta ao “orgulho” e à “honra” dos militares (LEWIS, 2018). Oficialmente, ele não possuía as credenciais necessárias para comandar o país. Assim, com o amplo apoio das Forças Armadas, o general Rodriguez destituiu Stroessner do cargo e convocou nova eleição em um curto período de tempo, de modo que qualquer oposição não teria tempo hábil para se articular. Rodriguez saiu vitorioso no pleito e manteve-se no cargo até 1993, denotando que não houve uma verdadeira ruptura com o período ditatorial (LEWIS, 2018). Após a eleição de 1993, tomou posse o primeiro presidente civil eleito no Paraguay em mais de 35 anos. O empresário Juan Carlos Wasmosy foi eleito também pelo Partido Colorado. Alfredo Stroessner, imediatamente após o golpe de Estado que o destituiu, rumou para o Brasil, onde recebeu asilo político e permaneceu até falecer em 2006, sem nunca ter sido processado ou julgado. Seu filho Gustavo Stroessner também se asilou no Brasil, onde diversos pedidos de extradição foram veementemente negados pela justiça brasileira. Os crimes praticados pelo filho do ditador foram considerados prescritos em 2010. Contudo, a agitação social por memória e justiça no Paraguai ganhou maior ímpeto, em 1992, com a descoberta do “Arquivo do Terror”, os arquivos secretos da polícia “stronista”, encontrados na cidade de Lambaré. Os documentos, comprobatórios de crimes de lesa humanidade e de intensa participação da ditadura paraguaia na Operação Condor, foram transferidos para o Palácio de Justiça da capital e deram origem ao “Centro de Documentación y Archivo para la Defensa de los Derechos Humanos” (CDyA), viabilizando pesquisas sobre a repressão durante o período stronista (SILVA, 2018). Em 2004, em respostas às demandas sociais de vítimas da ditadura e dos organismos de direitos humanos, foi criada a “Comisión de Verdad y Justicia” (CVJ), a qual emitiu o seu informe final em 2008, dando conta de cerca de 20 mil vítimas da ditadura, 4 mil delas assassinadas (PARAGUAI, 2008). Com a chegada de Fernando Lugo ao poder, em 2008, foram implementadas medidas de reparação e justiça às vítimas da ditadura e as funções da CVJ foram orientadas para a investigação das violações de direitos humanos, preservação da memória das vítimas e identificação de responsáveis pela repressão. Para tanto, foi criada, em 2009, a “Dirección General de Verdad, Justicia y Reparación”, um órgão de gestão independente para continuar o trabalho da CVJ e resguardar a integridade dos documentos descobertos. Mesmo com o golpe parlamentar perpetrado contra Fernando Lugo, em 2012, esse órgão continua ativo, realizando investigações com relação aos crimes perpetrados pelo “stronato”. Fonte: MEMÓRIA E RESISTÊNCIA *** *** http://www.usp.br/memoriaeresistencia/?page_id=289 *** ***
*** Sons da Terra 18/03: você sabe o que é um 'cuitelinho', cantado na música caipira? | Terra da Gente | G1 g1.globo.com *** *** https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2021/03/18/sons-da-terra-1803-voce-sabe-o-que-e-um-cuitelinho-cantado-na-musica-caipira.ghtml *** *** *** Cuitelinho - Arranjo - Solo da Introdução *** Pacheco Pro *** *** https://www.youtube.com/watch?v=D6wVumnWSZQ *** *** ENEM 2009 QUESTÃO 111 Cuitelinho Cheguei na bera do porto Onde as onda se espaia. As garça dá meia volta, Senta na bera da praia. E o cuitelinho não gosta Que o botão da rosa caia. Quando eu vim da minha terra, Despedi da parentaia. Eu entrei em Mato Grosso, Dei em terras paraguaia. Lá tinha revolução, Enfrentei fortes bataia. A tua saudade corta Como o aço de navaia. O coração fica aflito, Bate uma e outra faia. E os oio se enche d´água Que até a vista se atrapaia. Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004. Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar, além de registrar um momento histórico. Depreende-se disso que a importância em preservar a produção cultural de uma nação consiste no fato de que produções como a canção Cuitelinho evidenciam a A recriação da realidade brasileira de forma ficcional. B criação neológica na língua portuguesa. C formação da identidade nacional por meio da tradição oral. D incorreção da língua portuguesa que é falada por pessoas do interior do Brasil. E padronização de palavras que variam regionalmente, mas possuem mesmo significado. resolução Segundo o enunciado, “a canção Cuitelinho manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar”. A canção, portanto, representa uma proposta de construção da identidade nacional, à medida que traduz no texto escrito o registro oral da língua portuguesa pelo brasileiro: “Onde as onda se espaia” – se espalha (verso 2), “As garça dá meia volta” – as garças dão (verso 3), “E os oio se enche d’água” – olhos se enchem (verso 17), etc. RESPOSTA CORRETA: C formação da identidade nacional por meio da tradição oral. *** *** http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/111.html *** *** O Arnesto nos convidou pra um samba Ah!... Esse Arnesto não tem jeito, viu!... Kkk *** *** Samba do Arnesto Adoniran Barbosa Samba do Arnesto Adoniran Barbosa O Arnesto nos convidou Prum' samba, ele mora no Brás Nós fumos, não encontremos ninguém Nós vortermos com uma baita de uma reiva Da outra vez, nós não vai mais Nós não semos tatu O Arnesto nos convidou Prum' samba, ele mora no Brás Nós fumos, não encontremos ninguém Nós vortermos com uma baita duma reiva Da outra vez, nós num vai mais No outro dia encontremo com o Arnesto Que pediu desculpas, mas nós não aceitemos Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa Mas você devia ter ponhado um recado na porta O Arnesto nos convidou Prum' samba, ele mora no Brás Nós fumos, não encontremos ninguém Nós vortermos com uma baita duma reiva Da outra vez, nós num vai mais No outro dia encontremo com o Arnesto Que pediu desculpas, mas nós não aceitemos Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa Mas você devia ter ponhado um recado na porta Um recado ansim', ói Ói, turma, num deu pra esperar Ah, duvido que isso num faz mar, num tem importância Assinado em cruz, porque não sei escrever Arnesto Fonte: Musixmatch Compositores: Adoniran Barbosa / Alocin *** *** https://www.youtube.com/watch?v=TH5zxAiq0k8 *** ***

domingo, 28 de março de 2021

"cê" vai cair, meu bem!".

"Eu digo: "Cê" se prepara. Porque "cê" vai cair, meu bem!". ***
*** Consultora de imagem Olga Curado é a nova colunista do UOL ***
*** Olga Curado, nova colunista do UOL Imagem: Zé Amaral Colaboração para o UOL, em São Paulo 18/02/2021 04h00 Com vasta experiência no treinamento de lideranças empresariais e políticas, a jornalista Olga Curado passa a fazer parte do time de colunistas do UOL. Curado, que é faixa preta no aikidô, usa métodos da arte marcial japonesa —conhecida por sua filosofia de não violência— em seus treinamentos sobre comunicação e imagem. Em sua coluna, a consultora vai abordar temas relacionados à imagem e à reputação de personagens públicos. "Vou falar de governo, de políticos: como eles estão se projetando, que reputação eles estão criando. Basicamente, olhando como os discursos e as ações se alinham da maneira como eles se expõem." Olga Curado, colunista do UOL Ela ainda classifica o seu olhar como uma espécie de "tradução": "É uma tentativa de traduzir palavras, ações e gestos em relação àquilo que eles anunciam que são ou anunciam que farão". Experiência em diversas frentes Sua lista de clientes é repleta de políticos famosos: entre eles, figuram nomes como os de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Fernando Haddad (PT) —todos assessorados por Curado quando disputaram as eleições presidenciais no Brasil. Em 2006, quando Lula tentava a reeleição e enfrentou o segundo turno contra Geraldo Alckmin (PSDB), ficou famosa a chave de braço que ela deu no petista como forma de prepará-lo para um debate. Naquele ano, Lula acabou vencendo a eleição. Dez anos depois desse episódio, a consultora também trabalhou com o então deputado federal Jair Bolsonaro, à época filiado ao PSC. No ramo empresarial, já atendeu executivos de empresas como a TAM, em 2007, após o acidente com um avião da linha aérea no aeroporto de Congonhas (SP). Em sua carreira de mais de 20 anos como jornalista, passou pelas redações do jornal O Estado de S. Paulo, do Jornal do Brasil e do grupo Globo. Neste último, onde trabalhou por mais de 14 anos, foi diretora de jornalismo no Rio de Janeiro, gerenciou emissoras afiliadas e chefiou o escritório de correspondentes em Londres. Em suas análises, Curado não deixará de utilizar a bagagem conquistada ao longo dos últimos anos —seja como jornalista, consultora ou assessora. "Vou usar minha experiência para ler o cenário e olhar o que está acontecendo. É muito rico ter ficado de todos os lados. Isso te dá um olhar um pouco maior de como as coisas funcionam." Olga Curado, colunista do UOL Para isso, estará atenta às principais lideranças políticas do Brasil, sejam elas de esquerda ou de direita. "É menos uma análise ideológica e mais uma análise de coerência e consistência", pontua. Neste cenário, portanto, será inevitável abordar temas relacionados às eleições presidenciais de 2022. "Não tem como não falar, porque [os políticos] serão os personagens que vão estar ocupando o palco. Quem estiver no palco, eu vou olhar", diz a consultora. *** *** https://www.bol.uol.com.br/noticias/2021/02/18/consultora-de-imagem-olga-curado-e-a-nova-colunista-do-uol.htm *** *** São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010 FOLHA DE S.PAULO ilustrada Mônica Bergamo bergamo@folhasp.com.br Chama a Olga!!! Ela já treinou ministros como Gilberto Carvalho e Márcio Thomaz Bastos em crises; ajudou Lula em 2006 e foi peça-chave na eleição de Dilma Rousseff. Olga Curado agora vai escrever um livro Fotos Eduardo Knapp/Folhapress ***
*** LULA Olga demonstra como sócio, Ricardo Kauffman, a sequência de empurrão e enforcamento que foi ensinada para o presidente A jornalista Olga Curado dá uma chave de braço em Lula e tenta enforcá-lo. É outubro de 2006: ele tenta se reeleger. Enfrenta Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e teme os debates do segundo turno da campanha eleitoral. Contratada para "tirar a trava" do presidente, Olga usa o aikido, uma arte marcial, para ilustrar os conceitos que quer transmitir ao candidato. No caso: "Não vai ao debate? Não adianta: o debate vai vir atrás "d'ocê". Não dá pra fugir", diz ela, com forte sotaque de Goiás, onde nasceu. * Já naquele tempo, Olga era velha conhecida do PT. Tinha usado seu método, que mistura princípios do aikido, da Gestalt, do budismo, de meditação e do jornalismo, para treinar Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, em depoimentos sobre o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, de Santo André. Orientou Luiz Gushiken quando depôs na CPI do mensalão. Fez "media training" com o então ministro Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, quando ele falou da quebra do sigilo do caseiro Francenildo no Congresso. * "Ela fez perguntas duríssimas. Gravou minhas respostas e me mostrou. Uma lástima! Eu repetia as coisas, não terminava o raciocínio, emendava uma frase com outra", diz Bastos. Olga deu a ele "dicas de postura": colocar as mãos sobre a mesa para mostrar firmeza; não desviar do olhar do interlocutor. "Quem passa pela Olga enfrenta qualquer coisa." * Dilma Rousseff foi apresentada a Olga, que a orientou na crise dos cartões corporativos, quando a Casa Civil, que comandava, foi acusada de fazer dossiê sobre os gastos da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Aprovou o método. Neste ano, a jornalista foi convocada para trabalhar na campanha eleitoral. * Ajoelhada no tatame de seu escritório, na Vila Mariana, Olga conta que vai lançar um livro, em março, para contar suas experiências. Diz que já derrubou muitos clientes com o aikido. Mas poupou Lula e Dilma, pois é preciso "respeitar os limites de cada um". Com eles, usou movimentos mais delicados para transmitir conceitos. * "No caso do Lula, eu precisava mostrar que aquilo [debate com Alckmin] não era um bicho de sete cabeças e que ele não ia se dar mal." * Olga tenta então dar um soco na barriga da colunista. Quase acerta. "Se você tentar se proteger com as mãos, está perdida", ensina. "Mas, se simplesmente desviar [o corpo], o outro não te acerta." E segue, como se falasse com Lula: "O Alckmin chega para te atacar. De que adianta resistir? Deixa ele chegar perto, onde você tem o controle da situação. E, então, desvia." A essência do aikido é jamais atacar, mas sim responder às agressões desarmando os golpes. "Eu me preservo. E sobrevivo", diz Olga. * "O aikido é a estratégia. A Gestalt te dá o aqui, agora: "Estou alerta, eu durmo de olhos abertos". E o budismo te mostra que não existe nada importante em si -nós é que damos importância às coisas." Um debate com Alckmin, portanto, não era "tão importante assim". * Os mesmos ensinamentos serviram para Dilma. Olga participou de todos os treinamentos da petista para os debates com José Serra (PSDB-SP). Mas, ao contrário de Lula, Dilma era até tranquila. "Ela foi presa e torturada. Na hora da dificuldade, busca nela mesma um espaço de tranquilidade." O problema principal era outro. * A candidata não conseguia se expressar com clareza. "A imagem de arrogância surge também quando você fala difícil e as pessoas não compreendem", diz Olga. Dilma respondia a qualquer pergunta com frases longas. "Ela tem que explicar, historiar, fundamentar, construir todas as premissas para apresentar uma solução. Só que o público, a imprensa, não têm tempo de ouvir. Ela teve que inverter a pirâmide." Juntas, as duas liam e reliam textos em voz alta, faziam exercícios respiratórios, simulavam entrevistas. * Olga segura o pulso da colunista e pede que tente se desvencilhar. É impossível. Pede então que, ainda "presa", passe as mãos na cabeça. Sim, é possível. Este é outro ensinamento passado a Dilma: "O ponto de atrito é o menor ponto de contato. Você simplesmente esquece o ponto em que estão te enchendo o saco e vai fazer o que te interessa. Tenho como me movimentar. Por que vou ficar na agenda do outro?" * Ela foi repórter de alguns dos principais jornais do país e também na TV Globo. Cobriu os governos militares (foi Olga quem arrancou do presidente João Figueiredo a declaração de que preferia o cheiro do cavalo ao do povo). Há dez anos, passou a assessorar empresas que atravessavam crises de imagem. Nesta época, começou a fazer aikido. Fascinada pelos conceitos da arte marcial, passou a aplicá-los no aconselhamento de clientes. Acabou criando um método. * Olga já foi solicitada para orientar executivos da TAM na época do acidente de 2007. Treinou executivos da Basf e da SulAmérica Seguros. Já foi procurada até por Gugu Liberato. * O apresentador perdeu o eixo quando seu programa levou ao ar, no SBT, uma entrevista falsa do PCC, em 2003. "Mesmo uma pessoa experiente, sob ataque numa situação adversa, às vezes não sabe o que fazer", diz Olga. Empurrando Gugu com força, ela mostrou a ele que era melhor dar uma cambalhota e se levantar logo para seguir em frente. "Ao invés de resistir, de negar e de fugir, ele deveria assumir sua responsabilidade de uma vez. Cair, sabendo como cair. E como? Protegendo a cabeça. Olhando para o umbigo, que é de onde eu vim, para não me machucar." * No ano passado, Olga foi contratada por uma das empresas envolvidas na confecção das provas do Enem, que vazaram, para treinar o executivo que seria o porta-voz da empresa. Jovem, faixa preta de jiu-jitsu, ele chegou ao escritório dela cheio de confiança. A jornalista o surpreendeu com um golpe que o jogou na parede. "A Olga mostrou de cara que ele seria massacrado se continuasse com aquela postura", diz Ricardo Kauffman, sócio dela. * Olga resume o método em três palavras: base, "onde você põe o pé, as coisas que te conectam", eixo e "foco". Mostra um boneco de João Bobo, com cara de palhaço, e outro, do Super-Homem. O João tem uma base larga. Olga o estapeia. Ele balança, mas não cai. "Ele tem base, flexibilidade e eixo." Já o herói, com ombros largos e pés pequenos, não para em pé. "Ele é tão grande e cheio de si que perde o contato com a realidade." Muitos de seus clientes, diz ela, adoram ser Super-Homem. "Eu digo: "Cê" se prepara. Porque "cê" vai cair, meu bem!". *** *** https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2811201007.htm *** ***
*** JAIR BOLSONARO (FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL) ENTREVISTA *** *** Olga Curado: "Bolsonaro tem problemas cognitivos" *** Marco Antonio Villa *** A construção da imagem e o político. Bolsonaro e a negação do real. Pandemia e sociedade. *** *** https://www.youtube.com/watch?v=0WxpV7VF6Hs *** ***