Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 27 de outubro de 2024
la como ca
"La como Ca: Quando o Que Ecoa Lá Vibra Cá"
------------
--------------
Ary Barroso - CAMISA AMARELA - samba de Ary Barroso - ano de 1956
-----------
luciano hortencio
69.453 visualizações 4 de out. de 2011
Ary Barroso - CAMISA AMARELA - samba de Ary Barroso.
Album: Encontro com Ary - Um Bate Papo Musical
Ano de 1956.
-------------
Ary Barroso - CAMISA AMARELA - samba de Ary Barroso.
Album: Encontro com Ary - Um Bate Papo Musical
Ano de 1956.
Encontrei o meu pedaço na Avenida de camisa amarela
Cantando a Florisbela, oi
A Florisbela
Convideio-o a voltar pra casa em minha companhia
Exibiu-me um sorriso de ironia
E desapareceu no turbilhão da Galeria
Não estava nada bom
O meu pedaço, na verdade, estava bem mamado
Bem chumbado, atravessado
Foi por aí cambaleando
Se acabando num cordão
Com o reco-reco na mão
Mais tarde, o encontrei num café
Zurrapa do Largo da Lapa
Folião de raça
Bebendo o quinto copo de cachaça
Voltou às sete horas da manhã
Mas só na quarta-feira
Cantando a Jardineira, oi
A Jardineira
Me pediu, ainda zonzo, um copo d'água com bicarbonato
O meu pedaço estava ruim de fato
Pois caiu na cama e não tirou nem o sapato
Roncou uma semana
Despertou mal-humorado
Quis brigar comigo
Que perigo!
Mas não ligo
O meu pedaço me domina, me fascina, ele é o tal
Por isso não levo a mal
Pegou a camisa
A camisa amarela
Botou fogo nela
Gosto dele assim
Passada a brincadeira
Ele é pra mim
(Meu Senhor do Bonfim!)
Camisa Amarela (Remastered 2017)
Ary Barroso
The Music of Brazil / Songs of Ary Barroso, Volume 1 / Recordings 1953 - 1955
_________________________________________________________________________________________________________
jus solis
-----------
-------------
Provocações (451) - Maguila
-----------
Provocações Por Antônio Abujamra
9 de fevereiro de 2010
_________________________________________________________________________________________________________
-------------
"Quando eu vejo a câmera assim, eu tenho ‘sodade’."
— Adilson de Oliveira (Maguila)
-------
-----------
Sodade
Cesária Évora
Composição: Amandio Cabral / Luis Morais
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé
Sodade, sodade
Sodade d'es nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade d'es nha térra Saniklau
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé
Sodade, sodade
Sodade d'es nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade d'es nha térra Saniklau
Si bo skrevê-me, N ta skrevê-be
Si bo skesê-me, N ta skesê-be atê dia ki bo voltá
Si bo skrevê-me, N ta skrevê-be
Si bo skesê-me, N ta skesê-be atê dia ki bo voltá
Sodade, sodade
Sodade d'es nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade d'es nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade d'es nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade d'es nha térra Saniklau
Esse formato deixa a letra clara, mantendo a autenticidade do crioulo cabo-verdiano usado por Cesária Évora na música.
_________________________________________________________________________________________________________
la é também um símbolo para uma nota musical
ca é também a nomenclatura de corrente alternada e símbolo químico que calcifica
-----------
--------------
Nelson Cavaquinho - Notícia
Nelson Cavaquinho - Candeia - Guilherme de Brito - Elton Medeiros - Quatro Grandes do Samba
_________________________________________________________________________________________________________
------------
"Um lance de dados jamais abolirá o acaso, segundo o verso famoso, e tudo indica que o desfecho da eleição presidencial norte-americana seguirá o vaticínio nele implícito."
----------
----------
domingo, 27 de outubro de 2024
O voto americano entre ‘virtù’ e fortuna - Luiz Sérgio Henriques*
O Estado de S. Paulo
O mais certo é apontar as dificuldades da política diante da velocidade das mudanças
Um lance de dados jamais abolirá o acaso, segundo o verso famoso, e tudo indica que o desfecho da eleição presidencial norte-americana seguirá o vaticínio nele implícito. Por força de dispositivo imaginado numa era anterior à plena afirmação da democracia de massas, de nada adiantará a soma total de votos de cada um dos candidatos, valendo antes a vitória nos colégios estaduais por margens provavelmente mais estreitas do que nunca. Nos tais Estados-pêndulo, alguns milhares de votos, que podem ser o fruto de circunstâncias fortuitas, acabarão por ter consequências que irão muito além dos Estados Unidos.
Fisicamente frágil e politicamente impopular, Joe Biden reviveu nestes anos a sina de que não basta ser, é preciso também parecer. Ele, bom presidente, não parece ser o que foi, ou tem sido, e sempre se paga caro por isso. Simbolicamente, seus atos inaugurais refletiram a ambição de recriar o reformismo forte de Franklin Roosevelt. A sede do governo, por sua vontade, logo de saída acolheu os bustos de gente como Luther King e Rosa Parks, ícones da luta pelos direitos civis, e de César Chávez, lendário sindicalista dos trabalhadores agrícolas. Nada mais significativo para alguém, como Biden, disposto a iniciar uma mudança de época nas relações entre política e economia, Estado e mercado, no rumo sugerido pelo governo Obama.
Muito alta, a ambição de Biden. Para concretizá-la, o roteiro consiste em tentar restabelecer sobre novas bases a grande coalizão democrata, em cuja dissolução se empenharam os republicanos a partir de Richard Nixon e, especialmente, Ronald Reagan, para não falar do recente populismo grosseiro de Donald Trump. Para tanto, uma ação de fôlego implica agora e nos próximos anos reatar os laços entre “intelectuais” e “simples”, cosmopolitas e nacionalistas, fechando uma das vias pelas quais ocorre uma sangria dos votos de trabalhadores de baixa qualificação em benefício dos republicanos da era Trump.
O ressentimento dos “perdedores” é o que tem permitido a expansão da extrema direita americana para além do terreno original constituído majoritariamente de cristãos brancos e conservadores. Uma fração considerável de negros e latinos torna-se suscetível à pregação extremista, uma vez perdida a identidade de classe garantida pelo trabalho e pelo sindicato.
Não por acidente, a maioria dos Estados em que o equilíbrio de forças se mostra instável, dando espaço para vitórias por margem exígua, compõe o núcleo do “cinturão da ferrugem”. Neles, o velho industrialismo vegeta, desapareceu ou está em vias de desaparecimento. E os investimentos próprios da bidenomics, incentivadores de novas tecnologias, ainda não tiveram o tempo de mudar a paisagem desolada.
O tema da imigração tem sido o palco das afirmações mais desatinadas por parte de Donald Trump – o que, diga-se de passagem, também ocorre na Europa entre seus confrades da direita autoritária. Num lugar e no outro fala-se da hipótese paranoica de substituição da população por gente de etnia ou religião alheia à pretensa pureza dos locais. Numa nação do novo mundo, em que o jus solis naturalmente se afirmou e sucessivas ondas migratórias constituíram a massa da população, pode-se até apregoar – mentirosamente! – que os imigrantes são os responsáveis por todos os males, inclusive o sumiço de gatos, mas temos de convir que soa especialmente bizarro proclamar que “envenenam o sangue” nativo.
A ultradireita europeia criou o feio neologismo “remigração” para indicar o sonho desesperado de erguer uma fortaleza protegida dos bárbaros. A norte-americana propõe a deportação de um contingente imenso de pessoas sem documentos, não sem antes passar por confinamentos e campos de concentração. Tomado ao pé da letra, esse projeto daria inequívocos traços policialescos a toda a sociedade. Mesmo entre conservadores fiéis ao império da lei, há quem fale de fascismo ou fascistização, não hesitando em exumar a palavra terrível de um século atrás. Debates conceituais à parte, convém levar Trump a sério e verificar todas as possibilidades de involução civil – e crise civilizatória – implícitas na caça e expulsão de milhões de pessoas.
Processos dramáticos como os citados, a saber, a reestruturação produtiva e a imigração de massas, são marcas da transformação que nos atinge em cheio. Há um elemento de verdade na constatação da falta de líderes à altura. A própria fragilidade de um político experiente, como Biden, pode servir como sinal dos tempos, em particular quando em contraste com a audácia de tiranos e tiranetes até no coração do Ocidente democrático. O mais certo, porém, é apontar as dificuldades da política, em geral, diante da velocidade das mudanças, empobrecendo a esfera pública e facilitando a manipulação massiva de indivíduos sem maiores referências culturais, econômicas ou de qualquer outro tipo. As soluções, então, ficam mais ou menos ao acaso, escapando à virtù humana e brotando caoticamente da fortuna que não controlamos.
*Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das obras de Gramsci no Brasil
_________________________________________________________________________________________________________
-----------
------------
Hoje é dia de eleição, não de guerra
O Estado de S. Paulo
Lula e Bolsonaro bem que tentaram, mas a polarização entre ambos perdeu espaço para os temas mais afeitos à vida em São Paulo nesta eleição. Ganham a cidade e, sobretudo, os paulistanos
A bem de São Paulo e de todos os paulistanos, fracassou a tentativa do presidente Lula da Silva e de seu antecessor, Jair Bolsonaro, de transformar a eleição para a Prefeitura da capital paulista em um descabido tira-teima da eleição presidencial de 2022. Salvo em alguns momentos nos quais temas nacionais, lamentavelmente, poluíram o debate local, as questões mais afeitas à vida na metrópole se impuseram ao longo da campanha. É tendo estas em vista que os eleitores devem comparecer às urnas neste domingo.
Foi debatendo sobre as condições do transporte público em São Paulo, a qualidade dos serviços de saúde e educação prestados pela Prefeitura, as ações de zeladoria urbana e, no que compete ao Município, sobre segurança pública que Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) chegaram neste dia decisivo. E caminharam até aqui com os próprios pés, ora tropeçando em seus erros, ora avançando com seus acertos. A poucas horas da definição do nome do futuro prefeito de São Paulo, está claro que a unção de Bolsonaro e Lula a Nunes e Boulos, respectivamente, não alterou fundamentalmente a trajetória de ambas as campanhas.
Se a renhida polarização entre os dois principais líderes de massa da história recente do País teve pouca ou nenhuma influência no resultado eleitoral na maioria dos municípios brasileiros, em São Paulo, particularmente, a presença de Lula e Bolsonaro chegou a ser tóxica em não poucas ocasiões. Sobretudo a de Bolsonaro, que, mesmo ausente na maior parte do tempo, quando resolveu aparecer foi para constranger Nunes com sua egolatria e seu irrefreável apego aos próprios interesses político-eleitorais, como se viu há poucos dias.
No caso de Boulos, deve-se registrar que o psolista também chegou até aqui a despeito da ausência de Lula em sua campanha – voluntária ou forçada – e, principalmente, do desdém do diretório municipal do PT. Basta dizer que o partido de Lula, que sempre se mostrou reticente em abraçar de corpo e alma a campanha de Boulos, chegou a fazer um mea culpa por não ter lançado uma candidatura própria na capital paulista, tratando Boulos, na prática, já como um derrotado no momento em que o candidato, a rigor, ainda tem chance de ser eleito.
Para a cidade, entretanto, pouco importam os ruídos internos que a presença de Lula e Bolsonaro eventualmente tenha causado nas campanhas de Boulos e Nunes. É auspicioso que a eleição deste domingo tenha sido pautada, em boa medida, pelo futuro da cidade, pelos desejos de seus habitantes e pelos desafios da administração de uma metrópole como São Paulo. O pleito escapou de ser sequestrado pela polarização nacional que não raro interdita qualquer discussão racional acerca de temas concernentes ao melhor interesse público.
Como já sublinhamos neste espaço, o que Lula e Bolsonaro dizem ou deixem de dizer sobre a eleição para a Prefeitura de São Paulo não tapa um buraco sequer nas vias da cidade, não acende um só semáforo apagado ao primeiro pingo de chuva e tampouco abre novas vagas em creches ou escolas administradas pelo poder público.
Em tempos de discussões políticas inflamadas e por vezes estéreis, é digna de nota a maturidade do eleitorado paulistano ao fazer essa dissociação entre o interesse de Lula e Bolsonaro em manter viva a polarização que só beneficia os dois e os interesses dos cerca de 12 milhões de habitantes da maior e mais rica cidade do País. A um só tempo, essa maturidade demonstra o interesse maior dos eleitores por temas que afetam suas vidas diretamente e impõe a Nunes e Boulos o extraordinário desafio de se preparar para lidar com os complexos problemas da cidade que pretendem governar.
De acordo com as pesquisas, nem Nunes nem Boulos inspiram esperança nos eleitores por seus atributos pessoais ou pela exuberância de seus planos para governar São Paulo. Mas agora isso não importa. Afinal, quis a maioria dos paulistanos que a gestão da cidade a partir de 1.º de janeiro de 2025 coubesse a um dos dois candidatos. Que eles estejam à altura dessa escolha.
_________________________________________________________________________________________________________
------------
Reflexão:
Aggio propõe uma análise que transcende a dicotomia clássica entre esquerda e direita, levando em conta as complexidades da política contemporânea. A mensagem central é que a política deve ser repensada e reestruturada para atender às novas realidades e demandas do eleitorado, especialmente em um cenário onde as velhas certezas estão sendo questionadas. A chamada para uma “frente ampla” e um compromisso com as classes subalternas aponta para a necessidade de uma nova abordagem que possa unir diferentes segmentos da sociedade em torno de objetivos comuns.
-----------
----------
domingo, 27 de outubro de 2024
O que se move sob nossos pés? - Alberto Aggio*
Revista Será?
Há algo que se move sob nossos pés e que parece se manifestar nessas eleições municipais de 2024, gerando certo desconcerto. Trata-se de um movimento que não é evidenciado em discursos eleitorais, manifestos políticos ou mesmo em “cartas ao povo”. Ele se expressa, agora, no posicionamento do eleitorado mais pobre sancionando candidatos da extrema-direita, especialmente nas grandes cidades, embora nossa história recente não o desconheça por completo, pois ele havia anteriormente se inclinado para o outro lado do espectro político.
É um movimento que não vem de agora e que ainda não encarnou em nenhum ator político específico, embora seja instrumentalizado a cada contenda eleitoral. Antes inclinado à esquerda, mas não reivindicando nenhuma organicidade, hoje ele sofreu, ao que tudo indica um deslocamento integral, tomando um rumo invertido nas últimas eleições. Não surpreende então que notórios intelectuais de esquerda tenham julgado esse deslocamento como um fenômeno de inconsciência ou simplesmente como uma questão comunicacional, já que implicou na perda de uma massa significativa de eleitores.
Entretanto, seria um erro tratar o problema a partir da clivagem esquerda versus direita, como esse fenômeno parece se expressar eleitoralmente. Uma percepção mais acurada nos leva primeiramente a pensar esse fenômeno como uma mostra do nosso tempo. Não foi só aqui que ele se manifestou. Contudo, seria deselegante com os fatos não indicar que ele sempre foi parte da luta pela democracia e pela construção de uma democracia de massas a incorporação, não somente pelo voto, de amplas camadas populares à vida política.
Naquele contexto, o avanço da democratização significou luta e conquista de direitos sistematizados numa chave de matriz híbrida: meio europeia, meio americana. O que quer dizer que a democracia política se solidificava com lideranças e partidos políticos de perfil republicano digladiando-se pelo espaço e pela promoção de politicas públicas. Essa configuração andou de par em par com as expectativas das classes subalternas de terem seus interesses atendidos pelo Estado. Nesse percurso, as forças da democracia se dividiram, com parte buscando avanços institucionais, em nome do “social”, e outra parte procurando expressar diretamente a explosão dos interesses das classes subalternas, rechaçando quaisquer alianças políticas. Como sabemos, foi essa última fração das forças democráticas que prosperou, avançou e se metamorfoseou conforme as posições institucionais que seguiu ocupando.
Entretanto, dela não viria nem o “assalto aos céus”, nem a revolucionária chegada à “Estação Finlândia”, tampouco a hegemonia dos “de baixo”, com a imposição de um “conselhismo” à la década de 1920, ou mesmo a descida dos “barbudos” da “Sierra Maestra”, com suas referências ligeiras e retóricas a um “Gramsci sem Maquiavel” embebido no espírito narodnik da Teologia da Libertação, como escreveu Luiz Werneck Vianna. Nada disso poderia ser adotado com sucesso diante do cenário social que havia se formado, por um lado, com a modernização acelerada do regime autoritário e, por outro, com um processo de democratização que deu vazão a um individuo apenas apaixonado por seu interesse. Reconhecido como foi, era esse tipo de interesse vindo dos “de baixo” que deveria se expressar politicamente e isso foi feito principalmente pelo PT. Juntamente com a reorganização de massas, dos sindicatos, das associações de todo tipo, dos movimentos sociais urbanos e rurais, etc., um ethos passou a se manifestar incisivamente, reivindicando por todos os quadrantes a sua demanda: “eu quero o meu!”. Era a essência do liberalismo dos “de baixo” pedindo passagem.
Esse movimento, visto e sentido como expressão natural, foi se tornando hegemônico, mas sem a direção política de um ator. O PT lhe deu passagem e o controlava minimamente, mas não o dirigia. No interior dessa agremiação se entendeu, de forma instrumental do ponto de vista eleitoral, que o sistema da ordem mais a fabulação retórica da desordem poderiam dar conta dele para todo o sempre.
Contudo, o tempo das fabulações se esgotou. Aportamos definitivamente. Aqui e agora não é mais crível lançar mão de nenhuma miragem do futuro. Nosso liberalismo não pode mais reiterar o espírito pretérito das oligarquias, mas também não pode se contentar em ser “um arremate do longo processo de imposição da hegemonia da ordem privada” (Werneck Vianna), sem conquistar corações e mentes. Tampouco pode seguir como uma expressão travestida de personalismo e identitarismo que nos governou e nos governa politicamente, com pretensões de representação das classes subalternas. Esperando por novas gerações, nosso liberalismo não consegue ainda ser um liberalismo político à la Rawls porque – para ser generoso – tem rarefeitos intelectuais de vocação pública dessa estirpe e não tem, efetivamente, políticos com tal embasamento.
Sem a organicidade que se demanda classicamente, por meio do protagonismo de uma classe que o encarne, nosso liberalismo agora vem “de baixo” via Pablo Marçal e cia. Sem interpelação da política democrática esse liberalismo que, desavergonhadamente desce às profundezas do mundo dos interesses, quer agora se despir de todas as vestes ideológicas ou mesmo retóricas. Para uma esquerda que sempre se recusou a qualquer compromisso ou aliança com os liberais, com vistas à construção de uma civilização democrática, essa descoberta é avassaladora (não à toa só se fala na sempre renegada “frente ampla”). No passado, foi possível vociferar, como reforçava o ex-ministro José Dirceu, que o projeto político do PT era “governar o Brasil”. Agora, tudo indica, que isso não será mais possível, pelo menos na forma como ele pensava. O que se move sob nossos pés parece ir agora em outra direção.
Em suma, trata-se de ilusão imaginar que a derrota da esquerda nessas eleições seja uma questão comunicacional ou de inconsciência das classes subalternas. A esquerda está desafiada a enfrentar o problema em outros termos, revendo e refletindo seriamente sobre sua história mais recente e não simplesmente “atualizando o seu discurso”, como diz a maior parte da mídia. Não é surpresa nenhuma que o candidato Boulos ainda continue trabalhando com o diagnóstico de que a “extrema direita soube passar uma mensagem mais sedutora”.
A esquerda tem diante de si não uma corrida de 100 metros, mas sim uma maratona para se vencer. “Hic Rhodus, hic salta!”, essa é a senha do realismo político na ferina língua de Karl Marx. Subterfúgios não servirão de nada.
*Alberto Aggio é Professor Titular de História da América Latina contemporânea na UNESP, campus de Franca.
_________________________________________________________________________________________________________
-----------
------------
O texto de Alberto Aggio, publicado na revista Será?, explora o fenômeno da mudança no eleitorado nas eleições municipais de 2024, especialmente entre as classes mais pobres. O autor aponta que esse movimento não é um simples deslocamento da esquerda para a direita, mas sim uma manifestação mais complexa de insatisfação e reivindicação por parte dos eleitores.
Principais Temas:
Mudança no Eleitorado: Aggio destaca que há uma transformação no voto das classes mais pobres, que historicamente se inclinavam para a esquerda, mas agora estão se voltando para candidatos de extrema-direita. Essa mudança não é nova, mas se acentuou nas últimas eleições, surpreendendo analistas e intelectuais.
Desafios da Esquerda: O autor critica a visão simplista que atribui essa mudança a problemas de comunicação ou à "inconsciência" do eleitorado. Para ele, a esquerda precisa entender essa transformação como um reflexo de sua própria trajetória e da evolução da democracia no Brasil.
Luta pela Democracia: Aggio ressalta que a luta por uma democracia inclusiva sempre fez parte da história do Brasil, mas que a incorporação das classes subalternas à vida política não se deu de maneira orgânica, resultando em um liberalismo que, embora tenha emergido das classes mais baixas, carece de uma direção política clara.
O Papel do PT: O Partido dos Trabalhadores (PT) foi mencionado como um facilitador dessa demanda popular, mas não como o seu líder. A falta de uma visão política coerente levou a um esgotamento do que poderia ser uma alternativa viável para as classes subalternas.
Desafios Futuros: O autor conclui que a esquerda deve encarar a realidade de forma crítica e não se contentar em atualizar seu discurso. Em vez disso, é necessário um exame profundo de sua história e uma reavaliação das suas estratégias, enfrentando os desafios políticos como uma maratona e não como uma corrida rápida.
_________________________________________________________________________________________________________
------------
------------
domingo, 27 de outubro de 2024
Entrevista | Jairo Nicolau, cientista político: ‘Faltam à esquerda líderes para dialogar com o Brasil atual’
----------
Conclusão
Jairo Nicolau traça um retrato preocupante da esquerda no Brasil, apontando a falta de novas lideranças e a importância do carisma pessoal nas eleições. Ele sugere que a renovação política é essencial para que os partidos de esquerda possam se conectar com o eleitorado atual, que é mais diversificado e exige uma comunicação mais eficaz e relevante. A análise reflete não apenas sobre as eleições de 2024, mas também sobre os desafios que se avizinham para 2026 e além.
----------
Por Hugo Henud / O Estado de S. Paulo
Para Jairo Nicolau, professor da FGV, a ausência de novas lideranças na esquerda capazes de se conectar com o novo perfil do eleitorado explica o desempenho eleitoral aquém do esperado desse campo político: ‘Eleitor vota em líderes, não em partidos’
A esquerda brasileira enfrenta um desafio crucial: a falta de renovação de lideranças capazes de dialogar com o novo perfil do eleitorado, especialmente em um País onde as personalidades políticas têm mais peso que os programas partidários. A avaliação é do cientista político e professor da FGV, Jairo Nicolau, que aponta que o eleitor se conecta mais com figuras carismáticas capazes de traduzir seus anseios do que com ideias ou plataformas de governo. ‘O brasileiro escolhe candidatos por afinidade pessoal, não por propostas’, afirma Nicolau, destacando que, enquanto nomes à direita ocupam esse espaço, partidos como PT e PSOL vêm perdendo terreno em segmentos nos quais antes tinham força, como periferias, jovens e evangélicos — o que explica o desempenho eleitoral aquém do esperado dessas siglas nas eleições municipais.
Em entrevista ao Estadão, Nicolau avalia que, embora o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), saia fortalecido destas eleições, esse desempenho não garante, necessariamente, sucesso nas eleições majoritárias de 2026. Como exemplo, o cientista político cita João Doria, que governou São Paulo de 2019 a 2022 e chegou a lançar sua pré-candidatura à Presidência naquele ano, mas não conseguiu viabilizar-se na disputa. “Prefiro relativizar a ideia de que vitórias ou nomes fortes com articulações — como é o caso de Tarcísio — nas eleições municipais sejam preditores de sucesso nas eleições seguintes”, pontua.
Quanto à projeção para 2026 e aos “recados” das urnas nestas eleições, Nicolau ressalta que o alto volume de recursos destinados por meio de emendas parlamentares, direcionadas por deputados federais e senadores a seus redutos eleitorais, representa um obstáculo à renovação política, ao colocar esses políticos em vantagem competitiva para a reeleição daqui a dois anos. “Nunca tivemos uma legislatura como esta, em que deputados e senadores distribuem tanto recurso para suas bases”, completa.
Confira a seguir a íntegra da entrevista concedida ao Estadão:
A esquerda enfrentou dificuldades em várias capitais e grandes centros urbanos. Na sua avaliação, o que explica essa perda de terreno, especialmente em regiões que antes eram redutos tradicionais desse campo político?
Vou trazer um elemento que me parece crucial para a esquerda hoje: a ausência de lideranças. O que está faltando à esquerda são justamente novas lideranças, mais do que ideias, porque o Brasil não é um país onde as pessoas votam em partidos pelas ideias. Um exemplo disso são as novas lideranças da direita, como Nikolas Ferreira. São muitas lideranças de direita que estão surgindo nos últimos anos. Por outro lado, quantos jovens com menos de 40 anos existem entre as lideranças de esquerda? Quase nenhum. Veja as eleições em São Paulo: a discussão na capital paulista gira em torno de três personagens – Nunes, Boulos e Marçal. Quer dizer, quem falou em partido, quem falou em doutrina em São Paulo? Ninguém. No caso de Marçal, não é sobre suas ideias, mas sim sobre ele como figura, como pessoa física, que atraiu o eleitorado. Quem fala em partido? Quem fala em programa? São os nomes que se destacam: Lula, Jair Bolsonaro, Pablo Marçal, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Nikolas. Faltam à esquerda líderes para dialogar com o Brasil atual.
E quanto ao desempenho do PT nessas eleições? Há uma percepção de que políticas públicas assistencialistas, por exemplo, já não são suficientes para assegurar a adesão eleitoral.
Os partidos de esquerda, diante do insucesso em algumas cidades e de certo cansaço com políticas públicas do governo Lula, precisam fazer um balanço. Mas, se me perguntassem o que eu sugeriria para um partido de esquerda formar novos quadros ou discutir propostas para o Brasil, eu diria: formar novas lideranças. O eleitor vota em líderes, não em partidos.
Quem são, hoje, os nomes do PT? Faltam às siglas de esquerda lideranças emergentes que possam se comunicar, nas cidades e nas câmaras, com um Brasil que mudou. Um país onde as pessoas são mais escolarizadas, mais religiosas; onde a elite é menos homogênea racialmente — ainda majoritariamente branca, mas em transformação. Um Brasil em que as pessoas se conectam pelas redes sociais e por novos meios. Esse novo Brasil demanda novas lideranças. Aqui, os partidos dependem de líderes mais do que em outros países, e o que falta à esquerda, mais que programas, são lideranças capazes de se conectar com o novo perfil do eleitorado. O brasileiro escolhe candidatos por afinidade pessoal, não por propostas.
Qual partido conseguiu, de fato, dialogar melhor com os eleitores evangélicos nessas eleições? Os resultados mostram que partidos de centro e direita tiveram mais sucesso nesse público. Quais fatores ajudam a explicar esse desempenho?
Esse é um fenômeno recente. Nem sempre a esquerda teve dificuldades. Lula já foi eleito presidente com o apoio das principais denominações evangélicas, em 2002 e 2006. O que aconteceu é que parte da agenda comportamental, antes pouco politizada, foi politizada e atraiu os evangélicos para a direita. E isso ocorreu porque a direita apresentou líderes que dialogam diretamente com esse segmento, enquanto a esquerda não apresentou quase nenhum representante no segmento. Sabe como os partidos de esquerda vão se aproximar dos evangélicos? Quando tiverem um dirigente do PT, por exemplo, que seja evangélico, carismático e que as pessoas realmente gostem. Assim, eles chegam aos evangélicos. O Brasil funciona em função de nomes.
Como o senhor avalia a atuação do governador Tarcísio de Freitas nestas eleições? Ele sai politicamente fortalecido para 2026?
O Republicanos, partido de Tarcísio, teve um bom desempenho, o que, sem dúvida, o fortalece como uma liderança importante no Estado. No entanto, prefiro relativizar a ideia de que vitórias ou nomes fortes com articulações — como é o caso de Tarcísio — nas eleições municipais sejam, necessariamente, preditores de sucesso nas eleições seguintes. Veja o caso de Doria: enquanto prefeito e, depois, governador, muitos analistas o apontavam como um dos principais nomes para a eleição presidencial de 2022, mas isso não se concretizou. O mesmo vale para Serra, Cabral, Alckmin... Portanto, não é tão simples assim.
Olhando para o cenário nacional, os resultados municipais podem influenciar as eleições de 2026?
Os resultados municipais nunca influenciaram resultados nacionais. Resultados municipais servem para uma reconfiguração da distribuição dos partidos como as câmaras municipais, prefeitura, e essa mudança acontece de maneira tênue. Mas mostra padrões, tendências...
Existe um “recado” das urnas que já sinaliza tendências?
Com esses resultados, acho que dificilmente a direita deixará de dominar a Câmara dos Deputados, com cerca de 60% a 70% dos assentos. Posso dizer isso com certa segurança. A direita, provavelmente, será majoritária no Senado e elegerá muitos nomes. Também está ocorrendo uma clara compactação do sistema partidário brasileiro e uma redução da dispersão, tornando a vida muito difícil para os pequenos partidos devido à reforma política e à cláusula de desempenho [medida que limita o acesso de partidos com pouca votação ao fundo partidário e tempo de propaganda em rádio e TV]. Outro ponto: um partido central da política brasileira até 2016 está em um processo contínuo de declínio preocupante, que é o PSDB. Eu diria que, se o PSDB não tivesse dois governos de Estado, hoje três, estaria uma situação ainda mais complicada. Já os partidos da esquerda precisam se movimentar.
O senhor avalia que as emendas parlamentares tiveram um papel decisivo no apoio de lideranças locais nas campanhas municipais? Até que ponto essas emendas podem influenciar os resultados das eleições e o processo de renovação política?
O que vai começar a atrapalhar a renovação é a combinação dos recursos de financiamento público com as emendas parlamentares, que subiram a valores astronômicos. Nunca tivemos uma legislatura como esta, em que deputados e senadores distribuem tanto recurso para suas bases. Quando chegarmos a 2026, com as redes que esses políticos montaram — que já apareceram nas eleições municipais em algumas cidades — será muito difícil que um deputado ou senador não seja reeleito. Hoje, um deputado está em uma posição muito melhor do que seus colegas de 10 ou 20 anos atrás, quando as emendas ainda não eram obrigatórias. Agora, são valores de milhões, que superam até o orçamento de pequenas cidades no Brasil. Esses recursos são distribuídos a cidades, organizações da sociedade civil e entidades estatais; ou seja, todos os aliados do político. Em 2026, provavelmente veremos uma redução na renovação, porque os políticos que já ocupam cargos estão em uma situação muito mais favorável do que seus desafiadores.
Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 09:15:00
_________________________________________________________________________________________________________
-----------
-----------
Principais Temas da Entrevista
Falta de Lideranças:
Nicolau enfatiza que a esquerda carece de líderes novos e carismáticos que possam se conectar com o novo perfil do eleitorado. Ele observa que, enquanto lideranças de direita estão surgindo e se destacando, a esquerda apresenta uma escassez de figuras jovens e influentes.
Importância das Figuras Carismáticas:
O entrevistado argumenta que, no Brasil, os eleitores tendem a escolher candidatos com base em afinidade pessoal e carisma, em vez de se fixarem em propostas ou plataformas políticas. Ele cita figuras como Tarcísio de Freitas, Jair Bolsonaro e Pablo Marçal como exemplos de líderes que conseguiram atrair a atenção do público por suas personalidades.
Desempenho do PT:
O PT, segundo Nicolau, enfrenta desafios para se comunicar com um Brasil que se transformou, onde as políticas assistencialistas não são mais suficientes para garantir a adesão eleitoral. Ele aponta a necessidade de formar novas lideranças que possam dialogar com eleitores mais jovens e diversificados.
Mudanças no Eleitorado Evangélico:
A esquerda perdeu espaço entre os evangélicos, que historicamente apoiaram Lula. Nicolau sugere que a esquerda precisa de líderes evangélicos carismáticos para reconquistar esse segmento, ressaltando que a capacidade de dialogar com a população é fundamental.
Análise de Tarcísio de Freitas:
Embora Tarcísio tenha saído fortalecido das eleições, Nicolau relativiza a ideia de que esse sucesso nas eleições municipais será um indicativo seguro para futuras eleições. Ele menciona casos anteriores, como o de João Doria, que não conseguiu se consolidar como candidato forte nas eleições presidenciais.
Impacto das Emendas Parlamentares:
Nicolau destaca que o alto volume de recursos destinados por meio de emendas parlamentares tem fortalecido incumbentes e dificultado a renovação política. Com a quantidade de recursos disponíveis, fica mais difícil para novos candidatos competirem efetivamente.
Recados das Urnas:
O cientista político vê uma tendência de domínio da direita nas câmaras e no Senado, sugerindo uma compactação do sistema partidário e um declínio preocupante de partidos como o PSDB, que não consegue se reerguer como antes.
Desafios Futuros para a Esquerda:
Para a esquerda se reposicionar, Nicolau defende a necessidade de um balanço profundo sobre suas estratégias e lideranças, para que possa se conectar efetivamente com um Brasil em transformação.
________________________________________________________________________________________________________
------------
-----------
sábado, 26 de outubro de 2024
Marcus Pestana - Governabilidade e transformação
A democracia política emerge como expressão das mudanças necessárias para dar vazão ao desenvolvimento do sistema capitalista. A monarquia absoluta, funcional para a centralização de recursos e esforços na expansão do capitalismo comercial em escala global através das grandes navegações, tornou-se um obstáculo ao desenvolvimento capitalista, quando a dinâmica da acumulação de capitais migrou da circulação para a produção. Era preciso um sistema político permeável à ação descentralizada de inúmeros empreendedores privados. A democracia moderna, filha das Revoluções Industrial, Francesa e Americana, nasce como expressão política de uma sociedade que se organizava tendo como pilar a liberdade individual e econômica.
A democracia nasce moldada pela ideia de representação. Seria impossível reproduzir as práticas da democracia direta da antiguidade grega. Tratava-se de governar grandes Nações e não Cidades-estados, com escalas populacionais muito maiores. Vale lembrar que, mesmo na Atenas de Péricles, mulheres, estrangeiros e escravos não votavam.
Para dar funcionalidade à democracia moderna nasceram instituições e a divisão de poderes. De um lado, o parlamento, representativo do conjunto plural da sociedade, e os partidos políticos, ferramentas organizadoras de pessoas com alguma identidade de ideias visando a disputa do poder. De outro, a dinâmica republicana de freios e contrapesos com a divisão de papéis entre executivo, legislativo e judiciário.
Para se governar é preciso conquistar maioria parlamentar e legitimação social. Governo sem maioria não consegue implantar seu programa. No parlamentarismo europeu, canadense ou japonês, ao perder a maioria, o governo caí, e aí uma nova maioria se forma ou convoca-se novas eleições. No presidencialismo americano, o sistema bipartidário assegura alguma estabilidade.
Digo isso, para chamar atenção para um aspecto central: boa parte da indefinição de rumos do Brasil nas últimas duas décadas se deve ao fato de o governo não dispor de maioria parlamentar sólida, que apoie e aprove as medidas necessárias para a implantação do programa eleito dentro do presidencialismo brasileiro. O parlamento tem protagonismo crescente, mas sem as responsabilidades institucionais proporcionais com a governabilidade. Deveríamos migrar para o parlamentarismo e para algum tipo de distritalização do voto. Há, no entanto, enormes resistências a qualquer mudança.
Se o Brasil vem inovando, com governos sem maioria parlamentar consistente, a democracia contemporânea também vem sendo desafiada pela fragmentação social e a pulverização partidária. Não somos mais solitários.
Macron perdeu a maioria na França. Milei governa sem maioria na Argentina. Pedro Sanchez, na Espanha, formou maioria por um triz, ancorado nas minorias nacionalistas catalã e basca. Luís Montenegro, em Portugal, também não possuí maioria e tem que pendular entre a esquerda e a extrema-direita. A coligação semáforo na Alemanha é pressionada pelos péssimos resultados eleitorais. Trump sequestrou o Partido Republicano das suas melhores tradições e ameaça a democracia americana.
O desafio presente no Brasil é: como aprovar as transformações estruturais necessárias para retomar um desenvolvimento vigoroso e sustentável sem que haja um bloco político majoritário fiador dessas mudanças?
Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 06:32:00
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no Facebook
Compartilhar com o Pinterest
Um comentário:
Daniel disse...
Muito bom! "Trump sequestrou o Partido Republicano das suas melhores tradições e ameaça a democracia americana." É bem isto!
26/10/24 22:43
_________________________________________________________________________________________________________
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário