Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 27 de junho de 2024
DEMOCRACIA À BRASILEIRA
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"Há peru à brasileira, mas não há democracia à brasileira. A democracia é universal, sem adjetivos"
Sobral Pinto, advogado e jurista, em 01/12/1991, em declaração publicada um dia após a morte do jurista. Na ocasião em que a proferiu um oficial lhe deu voz de prisão justificando o regime de exceção no país com a edição do AI-5, em 1968
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Happy hour do 'Gilmarpalooza' em Portugal é oferecido pelo BTG
Foto: Weslley Galzo/Estadão / Estadão
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Happy Hour do Gilmarpalooza oferecido pelo BTG tem presidente do STF e candidatos a sucessor de Lira
Banco realizou um coquetel regado a vinho para um seleto grupo de juristas e autoridades, incluindo o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso
Weslley Galzo
27 jun
2024
- 19h43
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA - Uma das partes mais importantes do Fórum Jurídico de Lisboa, evento promovido pelo decano do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, acontece ao cair da noite na capital portuguesa. Nesta quinta-feira, 27, o local escolhido para o happy hour do 'Gilmarpalooza' foi o SUD Lisboa, restaurante luxuoso no bairro de Belém, onde o banco BTG Pactual realizou um coquetel regado a vinho para um seleto grupo de juristas e autoridades. Entre os presentes, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e ao menos dois candidatos ao cargo de presidente da Câmara.
Barroso foi recepcionado na porta do SUD por uma diretora do BTG. Ao subir as escadas que dão acesso ao rooftop do restaurante, onde a festa foi realizada, a recepção foi feita pelo CEO da instituição financeira, o banqueiro Andre Esteves. Antes de o chefe do Poder Judiciário chegar, Gilmar já confraternizava com os presentes. O decano deixou a festa minutos após a chegada de Barroso, que se atrasou porque a sua palestra encerrou a agenda oficial do Fórum nesta quinta-feira.
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Também foi embora cedo, por volta das 21h em Lisboa, o deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), que é candidato à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara em 2025. Pouco tempo depois de Pereira deixar o local do evento, chegou o deputado Antônio Brito (PSD-BA), outro nome cotado para disputar a Presidência da Casa. Ele é apontado como o candidato favorito do Planalto.
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/happy-hour-do-gilmarpalooza-oferecido-pelo-btg-tem-presidente-do-stf-e-candidato-a-sucessor-de-lira,5845b1b90e5d75d7ccb58b35c1fdcbbepn9zolto.html?utm_source=clipboard
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"Não existe consenso na política pra nada, meu bem!" - Deputado Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, respondendo a uma pergunta de uma das jornalistas na entrevista coletiva concedida por ele à imprensa, diretamente de Portugal, em 26/06/2024, durante um intervalo do evento no qual participava, promovido por um Curso de Direito em Brasília, capital federal do Brasil, de propriedade do atual ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF). No julgamento finalizado no mesmo dia sobre o tema da liberação da maconha, Gilmar Mendes participou de forma virtual nas sessões da Corte Suprema do seu país, que deliberou provocado por Recurso Extraordinário submetido ao STF." / SFF e a Liberação da Maconha / Narrativas #175 com Madeleine - O Antagonista - há 23 h / Opinião da Madá.
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Malandragem dá um Tempo · Bezerra Da Silva
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Golpe do Tuca Maia
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Madalena
Ivan Lins
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"GilmarPazoolo", Samba e Democracia à Brasileira: Um Palco de Contradições
"Não existe consenso na política pra nada, meu bem!" - declarou o Deputado Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, durante uma entrevista coletiva em Portugal, em 26/06/2024. Lira participava do controverso evento "GilmarPazoolo", promovido por um Curso de Direito em Brasília, de propriedade do atual ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF). Este evento, criticado há doze anos por supostas violações éticas e promiscuidade entre os poderes da República, acontece sob um véu de pouca transparência e com possíveis repercussões significativas.
No mesmo dia, a Corte Suprema deliberava sobre a liberação da maconha, com o Ministro Gilmar Mendes participando de forma virtual. Mendes, presença constante no evento, exemplifica a confusão entre o legal e o informal, entre interesses e favores, numa dança que parece tirada de um samba de Bezerra da Silva:
Vou apertar, mas não vou acender agora
E se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora
Este samba reflete a hipocrisia e contradições da sociedade brasileira em relação ao uso de drogas. A decisão do STF de descriminalizar o porte de até 40 gramas de maconha é um avanço, mas o consumo ainda é proibido em locais públicos, perpetuando a discriminação e o preconceito, especialmente contra jovens pretos, pardos e pobres.
A ironia é ainda mais palpável quando consideramos a canção "Madalena" de Elis Regina:
Ê, Madalena
O meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu
Assim como na canção, os prantos do povo são comparáveis a gotas no vasto mar de manobras políticas e judiciais. As relações entre autoridades parecem um romance conturbado, onde o que é de um não se divide e não se admite quem duvide do "amor" entre figuras de poder:
Ê, Madalena
O que é meu não se divide
Nem tampouco se admite
Quem do nosso amor duvide
No contexto da democracia brasileira, conforme analisado por Maria Hermínia Tavares na Folha de S. Paulo, o país apresenta um modelo democrático resiliente, descrito no livro "Por que a Democracia Brasileira Não Morreu?" de Marcus André Melo e Carlos Pereira. O peculiar arranjo institucional do Brasil, caracterizado por uma Federação forte, pluripartidarismo, separação de poderes, um Judiciário independente, um Banco Central autônomo, uma imprensa livre e uma sociedade civil vigorosa, freou o autoritarismo.
Eu, certo
Quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
A democracia "consociativa" do Brasil incentiva a moderação através de soluções negociadas entre Executivo e Legislativo, bem como entre oposição e situação no Congresso. Contudo, essa mesma estrutura que impede a concentração de poder também torna o governo moroso e ineficaz em atender aos anseios populares:
Ê, ê, ê, Madalena
Madalena
Madalena
Madalena
O evento "GilmarPazoolo" e os arranjos institucionais que sustentam a democracia brasileira ilustram como a resistência a incursões autoritárias pode se traduzir em uma dança interminável de negociações e compromissos, onde a transparência e a responsabilidade são frequentemente sacrificadas no altar da governabilidade. Enquanto isso, o samba e a canção de Madalena nos lembram das contradições e dos desafios que permanecem no coração do Brasil.
A "GilmarPazoolo" continua, uma melodia dissonante onde o pranto do povo é uma gota no mar da política brasileira. E assim, a melodia de Elis Regina e a crônica de Bezerra da Silva nos conduzem a refletir sobre a fragilidade dos princípios éticos e a força das alianças informais que moldam os destinos da República.
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ALEXA, ACENDE O BASEADO
Agora lá em casa é assim. Obrigado, STF!
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Madalena
Elis Regina
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Melhor formatação das informações sobre a participação de Gilmar Mendes.
"Madalena
Canção de Elis Regina
Ê, Madalena
O meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu
Eu, certo
Quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
Ê, Madalena
O que é meu não se divide
Nem tão pouco se admite
Quem do nosso amor duvide
Até a lua
Se arrisca no palpite
Que o nosso amor existe
Forte ou fraco
Alegre ou triste
Ê, Madalena
O meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu
Eu, certo
Quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
Ê Madalena
O que é meu não se divide
Nem tão pouco se admite
Quem do nosso amor duvide
Até a lua
Se arrisca num palpite
Que o nosso amor existe
Forte ou fraco
Alegre ou triste
Ê, ê, ê, Madalena
Madalena
Madalena
Madalena
Ê, Madalena
Ê, Madalena
Ê, Madalena, le-le-le-le, iê-iê, iê
Madalena
Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-madalena
Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-madalena
Ma, ma-ma-da, ma-ma-da-le, Madale-le-le-na
Ma, ma-ma-da, ma-ma-da-le, Madale-le-le-le-le-na
Ma, ma-ma-da, ê, ma-ma-da-le, ê, Madale-le-le-na
Ma, ê, ma-ma-da, ê, ma-ma-da-le, ê Madale-le-le-na
Ma, ma-da, ma-da-le, Madale-le-le-le-le-na
Ma, ma-da, ma-da-le, Madale-le-le-le-le-na
Fonte: LyricFind
Compositores: Ivan Guimaraes Lins / Ronaldo Pires Monteiro de Souza"
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ChatGPT
A letra da canção "Madalena" de Elis Regina está correta e bem transcrita. Abaixo, vou apenas ajustá-la para um formato mais organizado, preservando o conteúdo original:
Madalena
Canção de Elis Regina
Ê, Madalena
O meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu
Eu, certo
Quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
Ê, Madalena
O que é meu não se divide
Nem tampouco se admite
Quem do nosso amor duvide
Até a lua
Se arrisca no palpite
Que o nosso amor existe
Forte ou fraco
Alegre ou triste
Ê, Madalena
O meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu
Eu, certo
Quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
Ê, Madalena
O que é meu não se divide
Nem tampouco se admite
Quem do nosso amor duvide
Até a lua
Se arrisca no palpite
Que o nosso amor existe
Forte ou fraco
Alegre ou triste
Ê, ê, ê, Madalena
Madalena
Madalena
Madalena
Ê, Madalena
Ê, Madalena
Ê, Madalena, le-le-le-le, iê-iê, iê
Madalena
Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-madalena
Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma-madalena
Ma, ma-ma-da, ma-ma-da-le, Madale-le-le-na
Ma, ma-ma-da, ma-ma-da-le, Madale-le-le-le-le-na
Ma, ma-ma-da, ê, ma-ma-da-le, ê, Madale-le-le-na
Ma, ê, ma-ma-da, ê, ma-ma-da-le, ê, Madale-le-le-na
Ma, ma-da, ma-da-le, Madale-le-le-le-le-na
Ma, ma-da, ma-da-le, Madale-le-le-le-le-na
Fonte: LyricFind
Compositores: Ivan Guimaraes Lins / Ronaldo Pires Monteiro de Souza
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STF e a Liberação da Maconha - Narrativas#175 com Madeleine Lacsko
O Antagonista
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ChatGPT
Aqui está um texto que conecta a entrevista do Deputado Arthur Lira com a canção "Madalena" de Elis Regina, utilizando um tom crítico e satírico em relação à participação das autoridades no evento "GilmarPazoolo":
"Não existe consenso na política pra nada, meu bem!" - declarou o Deputado Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, respondendo a uma pergunta de uma jornalista na entrevista coletiva concedida à imprensa, diretamente de Portugal, em 26/06/2024. Lira fazia uma pausa durante o evento promovido por um Curso de Direito em Brasília, capital federal do Brasil, de propriedade do atual ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse evento, conhecido popularmente como "GilmarPazoolo", tem sido alvo de críticas há doze anos por supostas violações de princípios éticos, apontando para uma promiscuidade entre os três poderes da República, tudo isso em um cenário de pouca transparência e com possíveis repercussões gerais.
No mesmo dia, a Corte Suprema deliberava sobre a liberação da maconha, com o Ministro Gilmar Mendes participando de forma virtual nas sessões. Mendes, uma presença constante no evento, parece sintetizar o espírito da ocasião, onde o legal e o informal se confundem em uma dança de interesses e favores.
E é nesse contexto que a canção "Madalena" de Elis Regina ressoa com uma ironia mordaz:
Ê, Madalena
O meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu
A alegoria de Madalena e seu pranto imenso comparado ao mar ecoa os lamentos daqueles que, observando de fora, percebem a profundidade das tramas e dos conchavos que se desenrolam à sombra da legalidade. Enquanto o sol se desespera e se esconde na serra, o público observa perplexo as manobras que envolvem o STF, o Legislativo e o Executivo.
Eu, certo
Quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
A relação entre as autoridades parece um romance conturbado, onde o que é de um não se divide e não se admite quem duvide do "amor" que une essas figuras de poder. O evento, portanto, transforma-se num palco onde a ética e a moral são questionadas pela lua que arrisca seu palpite sobre a existência desse amor promíscuo.
Ê, Madalena
O que é meu não se divide
Nem tampouco se admite
Quem do nosso amor duvide
Até a lua
Se arrisca no palpite
Que o nosso amor existe
Forte ou fraco
Alegre ou triste
Como uma Madalena moderna, Gilmar Mendes e seus colegas dançam sob a lua do poder, enquanto a sociedade civil questiona a integridade e a transparência de tais eventos. A repetição do nome Madalena, quase como um mantra, lembra-nos das repetições cíclicas de escândalos e denúncias que parecem nunca encontrar resolução.
Ê, ê, ê, Madalena
Madalena
Madalena
Madalena
A "GilmarPazoolo" continua, uma canção dissonante onde o pranto do povo é uma gota no mar da política brasileira. E assim, a melodia de Elis Regina nos conduz a refletir sobre a fragilidade dos princípios éticos e a força das alianças informais que moldam os destinos da República.
Essa narrativa crítica e satírica visa destacar a complexa e muitas vezes questionável interação entre os três poderes da República no Brasil, utilizando a poética de "Madalena" para enfatizar a dimensão emocional e simbólica dessa realidade.
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"quinta-feira, 27 de junho de 2024
Luiz Carlos Azedo - Pode apertar, mas ainda não pode acender agora
Correio Braziliense
O samba de Bezerra da Silva continua atual, porque o Supremo apartou traficantes de usuários de drogas, mas o consumo de maconha continua sendo ilícito e proibido em locais públicos
Caso ainda fosse vivo, o cantor e compositor pernambucano José Bezerra da Silva (1938-2005) estaria cantando um dos seus sambas que falam da maconha, talvez até tivesse feito uma nova canção, para comemorar o resultado final do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu descriminalizar o porte de até 40 gramas de maconha para o uso pessoal, encerrado nesta quarta-feira, após nove anos de discussão na Corte.
Para fugir da fome, Bezerra saiu do Recife (PE) aos 15 anos, apenas com a roupa do corpo, embarcado num navio que transportava açúcar para o Rio de Janeiro. Como outros sambistas, foi trabalhar na construção civil, como pintor de paredes. Exímio ritmista (tamborim, surdo e outros instrumentos), começou a carreira de músico na Rádio Clube, com Jackson do Pandeiro, para quem compôs suas primeiras músicas: O Preguiçoso e Meu veneno. Em 1969, pela gravadora Copacabana, lançou seu primeiro compacto. Depois de estudar oito anos de violão e harmonia, passou a fazer parte da Orquestra da Globo. Mas ficou famoso e ganhou dinheiro como o inventor do chamado sambandido, assim denominado porque seus sambas faziam muito sucesso nos presídios.
“Não fumo maconha, não cheiro cocaína, não bebo cachaça, não vou a pagode nem a futebol e tenho alergia a cigarro. Sou mangueirense, mas não vou à Mangueira. Quando a maré está legal, o máximo que faço é dar um passeio com a patroa”, dizia Bezerra. Sua “transgressão” foi fazer a crônica da realidade social dos morros, dos subúrbios e das cadeias. “Dizem que sou malandro, cantor de bandido e até revoltado/ Porque canto a realidade de um povo faminto e marginalizado”, se apresentou, em Partideiro Sem Nó na Garganta, do disco Presidente Caô Caô.
No mesmo LP, no samba Vítima da Sociedade, cantou: “Se vocês estão a fim de prender o ladrão/ Podem voltar pelo mesmo caminho/O ladrão está escondido lá embaixo/Atrás da gravata e do colarinho”. Seus parceiros são desconhecidos do grande público: Barbeirinho do Jacaré, Baianinho, Em Cima da Hora, Embratel do Pandeiro, Trambique, Zé Dedão, Popular P., Pedro Butina, Simão PQD, Wilsinho Saravá, Rubens da Mangueira, Pinga, Dunga da Coroa, Jorge Laureano, Adelzo Nilto, Edson Show, entre outros.
Nas letras desses compositores, os conflitos sociais emergem como quem ri da própria desgraça, de forma irônica ou áspera. Bezerra não gostava que o chamassem de pagodeiro: “Quando a música é feita por pobre, analfabeto ou crioulo, eles dizem que é pagode. Eu não aceito isso!”. Filho de Ogum, assíduo frequentador do terreiro do Pai Nilo, em Belfort Roxo, Bezerra da Silva passou a ser cantado por compositores de rock e MPB, quando queriam defender a legalização da maconha. Marcelo D2 gravou um álbum só para ele.
Discriminação e hipocrisia
Há uns 10 sambas de Bezerra muitos conhecidos, um dos quais inspira a coluna: “Vou apertar/Mas não vou acender agora (s’eimbora gente) / Vou apertar/ Mas não vou acender agora/ E se segura malandro/ Pra fazer a cabeça tem hora”, diz a letra de Malandragem dá um tempo. A rigor, a letra dessa música continua atual, porque o STF estabeleceu regras para separar traficantes de usuários de drogas, mas o consumo de maconha continua sendo ilícito e proibido em locais públicos. A diferença é que o usuário flagrado pela polícia será autuado, terá a maconha apreendida e sofrerá sanções administrativas, mas não pode ser preso e processado criminalmente.
Ao limitar o porte para uso pessoal a 40 gramas, a Corte estabeleceu um critério objetivo, que beneficiará os jovens pretos, pardos e pobres, que são tratados como criminosos, enquanto jovens brancos de classe média ou alta, portando a mesma quantidade ou mais de maconha, vão embora para casa e não são sequer autuados. Há muito preconceito, discriminação e hipocrisia.
O Brasil gasta R$ 591,6 milhões ao ano para manter na prisão pessoas condenadas por portar até 100 gramas de maconha, de acordo com estimativa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). São 19.348 presos nessa condição. A pesquisa apurou também que 8.591 presos portavam menos 25 gramas de maconha; custa R$ 262,7 milhões mantê-los na prisão, R$ 30.580 para cada preso. O Brasil tem 852 mil presidiários, sendo 650 mil em regime fechado.
O cânhamo chegou ao Brasil nas velas e nos cordames das caravelas. A Diamba (maconha) passou a ser cultivada a partir de 1549, trazida pelos escravos, como “fumo de Angola”. A Coroa portuguesa incentivava sua exportação para a metrópole e a rainha Carlota Joaquina, esposa do Rei D. João VI, aqui adquiriu o hábito de tomar chá de maconha. Somente em 1889, com a República e a proibição da prática da capoeira, o governo passou a combater sistematicamente os cultos de origem africana e o uso da cannabis.
Desde então, a maconha passou a ser reprimida intensamente, principalmente durante o regime militar. Em 1976, quando Bezerra lançava seu segundo disco, Rita Lee e Gilberto Gil, que ainda fuma todo dia, foram presos em Florianópolis, na excursão dos Doces Bárbaros, flagrados com alguns baseados nos seus quartos de hotel. Foi nesse contexto que Bezerra começou a cantar a maconha. Seu nome foi associado à defesa da legalização dessa erva: “Não tem flagrante porque a fumaça já subiu pra cuca, diz aí”. O samba A fumaça já subiu pra cuca foi premonitório: “Se quiser me levar eu vou, nesse flagrante forjado eu vou/ Mas na frente do homem que bate o martelo, / é que a gente vai saber quem foi que errou”. "
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Gilmarpalooza' em Lisboa já não causa conflitos e nem espanto
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (à esq.), conversa com o decano do Supremo, Gilmar Mendes, em jantar do grupo Esfera Brasil no mês de março — Foto: Jefferson D. Modesto/Divulgação
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Malu Gaspar
Análises e informações exclusivas sobre política e economia
'Gilmarpalooza' em Lisboa já não causa conflitos e nem espanto
Por Malu Gaspar
29/06/2023 04h30 Atualizado há 11 meses
O último domingo marcou o aniversário do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas o dia não lhe trouxe boas notícias. A revista piauí e a Folha de S.Paulo publicaram que a Polícia Federal havia encontrado no carro do motorista de seu ex-assessor Luciano Cavalcante anotações de pagamentos de quase R$ 500 mil para um certo “Arthur”.
Bolsonaro no TSE: Julgamento testa poder de Alexandre de Moraes sobre o plenário
SP Gastronomia: Evento reúne melhores restaurantes a preços acessíveis, lazer e shows; como comprar ingresso
Cavalcante é um dos alvos do inquérito que apura o desvio de R$ 8 milhões na compra de kits de robótica para escolas de Alagoas com dinheiro do orçamento secreto.
Lira não se abalou. Naquela noite, ele e a namorada celebraram com amigos no Praia no Parque, um bar de Lisboa sediado no elegante Parque Eduardo VII. À mesa, além do vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), e do vice-presidente do União Brasil, Antônio Rueda, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes era paparicado pelos comensais.
Inelegibilidade de Bolsonaro: Os recados do relator ao votar pela punição do ex-presidente
E ainda: As 6 semelhanças do caso de Bolsonaro no TSE com o julgamento da chapa Dilma/Temer
O grupo estava entre os mais de mil inscritos para o Fórum Jurídico promovido na capital portuguesa pelo IDP, faculdade de Direito fundada por Gilmar e hoje dirigida por seu filho.
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Malandragem dá um Tempo · Bezerra Da Silva
"GilmarPazoolo" e a Canção de Madalena: Um Samba de Tramas e Poderes
"Não existe consenso na política pra nada, meu bem!" - declarou o Deputado Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, respondendo a uma pergunta de uma jornalista durante uma entrevista coletiva, diretamente de Portugal, em 26/06/2024. Lira fazia uma pausa durante o evento promovido por um Curso de Direito em Brasília, capital federal do Brasil, de propriedade do atual ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse evento, popularmente conhecido como "GilmarPazoolo", tem sido alvo de críticas há doze anos por supostas violações de princípios éticos, apontando para uma promiscuidade entre os três poderes da República, tudo isso em um cenário de pouca transparência e com possíveis repercussões gerais.
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No mesmo dia, a Corte Suprema deliberava sobre a liberação da maconha, com o Ministro Gilmar Mendes participando de forma virtual nas sessões. Mendes, uma presença constante no evento, parece sintetizar o espírito da ocasião, onde o legal e o informal se confundem em uma dança de interesses e favores.
E é nesse contexto que a canção "Madalena" de Elis Regina ressoa com uma ironia mordaz:
Ê, Madalena
O meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu
A alegoria de Madalena e seu pranto imenso comparado ao mar ecoa os lamentos daqueles que, observando de fora, percebem a profundidade das tramas e dos conchavos que se desenrolam à sombra da legalidade. Enquanto o sol se desespera e se esconde na serra, o público observa perplexo as manobras que envolvem o STF, o Legislativo e o Executivo.
Eu, certo
Quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
A relação entre as autoridades parece um romance conturbado, onde o que é de um não se divide e não se admite quem duvide do "amor" que une essas figuras de poder. O evento, portanto, transforma-se num palco onde a ética e a moral são questionadas pela lua que arrisca seu palpite sobre a existência desse amor promíscuo.
Ê, Madalena
O que é meu não se divide
Nem tampouco se admite
Quem do nosso amor duvide
Até a lua
Se arrisca no palpite
Que o nosso amor existe
Forte ou fraco
Alegre ou triste
Como uma Madalena moderna, Gilmar Mendes e seus colegas dançam sob a lua do poder, enquanto a sociedade civil questiona a integridade e a transparência de tais eventos. A repetição do nome Madalena, quase como um mantra, lembra-nos das repetições cíclicas de escândalos e denúncias que parecem nunca encontrar resolução.
Ê, ê, ê, Madalena
Madalena
Madalena
Madalena
A "GilmarPazoolo" continua, uma canção dissonante onde o pranto do povo é uma gota no mar da política brasileira. E assim, a melodia de Elis Regina nos conduz a refletir sobre a fragilidade dos princípios éticos e a força das alianças informais que moldam os destinos da República.
Enquanto isso, Luiz Carlos Azedo comenta sobre o julgamento recente do STF que descriminalizou o porte de até 40 gramas de maconha para uso pessoal, encerrando uma longa discussão de nove anos. Azedo lembra do cantor e compositor pernambucano Bezerra da Silva, cujas crônicas musicais sobre a realidade social continuam a ressoar na atualidade:
Vou apertar, mas não vou acender agora
(Vou apertar, mas não vou acender agora)
E se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora
O samba de Bezerra da Silva reflete a hipocrisia e as contradições da sociedade brasileira em relação ao uso de drogas, especialmente a maconha. Apesar do avanço representado pela decisão do STF, o consumo de maconha continua proibido em locais públicos, e a discriminação persiste. A letra da música de Bezerra, assim como a situação atual, expõe a dualidade entre o reconhecimento legal e a realidade prática, onde os jovens pretos, pardos e pobres continuam a ser tratados de maneira desigual em comparação aos jovens brancos de classe média ou alta.
Se quiser me levar eu vou, nesse flagrante forjado eu vou
Mas na frente do homem que bate o martelo, é que a gente vai saber quem foi que errou
Assim como no evento "GilmarPazoolo", onde as figuras de poder se misturam e as decisões afetam diretamente a sociedade, o julgamento sobre a maconha e as crônicas de Bezerra da Silva nos lembram da necessidade de maior transparência, justiça e equidade na aplicação das leis. O samba, com sua capacidade de capturar e criticar a realidade, continua a ser uma ferramenta poderosa para refletir e questionar os rumos da política e da justiça no Brasil.
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Livro analisa a democracia à brasileira - 26/06/2024 - Maria Hermínia Tavares - Folha
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Maria Hermínia Tavares - Democracia à brasileira
Folha de S. Paulo
Para pesquisadores, modelo brasileiro se impôs ao autoritarismo de Bolsonaro
O modelo brasileiro de democracia se impôs ao autoritarismo de Jair Bolsonaro. Essa a conclusão do livro "Por que a Democracia Brasileira Não Morreu?", dos cientistas políticos Marcus André Melo (UFPe) e Carlos Pereira (FGV-RJ).
Do muito que se tem escrito sobre a turbulência política que engolfou o Brasil desde 2013, a obra é sem dúvida a mais ambiciosa e desafiadora. Na contramão do senso comum, sustenta que nossas instituições políticas são fortes —e o demonstra tratando não só dos quatro anos do governo Bolsonaro, mas de todo o agitado período que o antecedeu, incluindo o impeachment de Dilma Rousseff e o curto mandato de Michel Temer.
O argumento central do livro é que o peculiar arranjo institucional do país freou o impulso autoritário cevado no Palácio do Planalto. Esse arranjo, que os cientistas políticos chamamos "consociativo", constitui um mecanismo eficaz para impedir a concentração de poderes em um único centro de decisões.
De um lado, Federação, pluripartidarismo (e, em consequência, governos de coalizão); separação de Poderes; Judiciário forte e autônomo; Banco Central independente. Some-se a isso uma imprensa autônoma e uma vigorosa sociedade civil. O resultado é um breve contra as chances de êxito de um candidato a déspota.
De fato, as democracias chamadas "consociativas" incentivam a moderação ao favorecer soluções negociadas entre Executivo e Legislativo; entre oposição e situação no Congresso; e entre partidos da base do governo. Possuem assim instrumentos poderosos e eficazes de autopreservação.
Mas, como nem tudo é perfeito, aquilo que as faz resistentes a incursões autoritárias também as torna morosas para produzir resultados ansiados pelos eleitores. Nenhum líder —ou partido— consegue fazer prevalecer suas propostas.
A existência de governos de coalizão, expressando a diversidade das legendas que os compõem e sua força relativa no Legislativo, dificulta eventuais tentativas de atribuir responsabilidades por erros ou malfeitos. Tudo precisa ser negociado no Congresso —nem sempre de forma republicana— e pode ser submetido ao controle de constitucionalidade pela Suprema Corte.
Tais arranjos exigem dos governantes clareza dos limites de seu poder, bem como doses às vezes incomuns de paciência e habilidade para montar suas equipes e obter apoio parlamentar.
Por isso, embora seja firme a sua democracia, o país patina há anos para cortar privilégios; reduzir desigualdades; equilibrar o Orçamento; ou, enfim, achar a rota do crescimento sustentável. Como se vê, os tropeços do governo Lula também têm raiz institucional.
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