sábado, 28 de setembro de 2024

DEMOCRACIA: DISTRAÍDA E DESLIGADA

e-DEMOCRACY ------------
----------- Aqui está a imagem que capta o momento de Cartola e Dona Zica em 1964, pouco antes de seu casamento, inspirado no samba "Nós Dois". Ela captura o amor e a simplicidade que envolviam o casal. -----------
----------- Aqui está a imagem inspirada na expressão "e-Democracy", retratando um ambiente futurístico onde cidadãos interagem virtualmente através da tecnologia para participar da democracia digital. ------------ ------------ Ando Meio Desligado Os Mutantes Letra Tradução Significado Ando meio desligado Eu nem sinto meus pés no chão Olho e não vejo nada Eu só penso se você me quer Eu nem vejo a hora de lhe dizer Aquilo tudo que eu decorei E depois o beijo que eu já sonhei Você vai sentir, mas, por favor Não leve a mal Eu só quero que você me queira Não leve a mal Ando meio desligado Eu nem sinto meus pés no chão Olho e não vejo nada Eu só penso se você me quer Eu não vejo a hora de lhe dizer Aquilo tudo que eu decorei E depois do beijo que eu já sonhei Você vai sentir, mas, por favor Não leve a mal Eu só quero que você me queira Não leve a mal Eu não vejo a hora de lhe dizer Aquilo tudo que eu decorei E depois do beijo que eu já sonhei Você vai sentir, mas, por favor Não leve a mal Eu só quero que você me queira Não leve a mal Ando meio desligado Eu nem sinto meus pés no chão Olho e não vejo nada Eu só penso se você me quer Não leve a mal Não leve a mal Ó, meu Brasil Composição: Arnaldo Baptista / Rita Lee / Sergio Dias. _________________________________________________________________________________________________________ ----------
----------- sábado, 28 de setembro de 2024 Marco Aurélio Nogueira - Como se reconhece um democrata? O Estado de S. Paulo Ele se move pelas sendas complicadas da razão, recusando a manipulação das emoções que políticos e governantes fazem regularmente, sobretudo em períodos eleitorais Estamos sendo invadidos por falsos democratas. Pessoas brutais, grosseiras e violentas, não há quem rejeite a qualificação, ainda que seja para rebaixá-la, simplificá-la e distorcê-la. “Ser democrata” é hoje uma autoatribuição generalizada. O indivíduo democrata não se reduz a uma ou outra “virtude”. Defender a liberdade de expressão, por exemplo, tornou-se uma barafunda de significados, que flutuam nos interstícios de redes e organizações. Em nome dela, praticam-se barbaridades inomináveis. Embora a ideia seja preciosa para os direitos que devem prevalecer numa democracia, ela precisa ser bem compreendida, o que somente acontece quando vinculada a outras ideias. Ninguém nasce democrata. Crianças e adolescentes podem ter um senso mais agudo de justiça e compartilhamento, podem ser generosos com os outros, mas nem por isso são desde logo democráticos. É verdade, porém, que quanto mais bem formadas (na família, na escola, nos grupos de vizinhança), maior será sua predisposição para abraçar a democracia. Como se costuma dizer, abraçar a democracia é uma construção socialmente determinada. Antes de tudo, um democrata é alguém capaz de pensar para além de si próprio, ou seja, levar em conta o conjunto da vida social, seus ritmos e suas particularidades. Não precisa ser um “igualitarista”, mas deve considerar com generosidade as disparidades socioeconômicas, culturais e educacionais que separam os membros de uma sociedade. Precisa também assimilar os sinais do tempo e as mudanças epocais. Esse modo de pensar significa pensar com a própria cabeça. Repetindo a máxima usada pelo filósofo Edgar Morin, é melhor ter a cabeça bem-feita do que a cabeça cheia, ideia particularmente importante hoje, dada a quantidade de mentiras e desinformações que nos atazanam a vida. Daí que um democrata é alguém politicamente educado, capaz de separar o joio do trigo, “ler” corretamente os fatos, assimilar os carecimentos dos demais membros da sociedade, enxergar os outros. Isso o habilita a compreender criticamente a complexidade inerente à política, que não existe para atender de imediato a todas as expectativas e que, além do mais, tem sinuosidades e ambiguidades difíceis de serem entendidas. Ela sempre está associada à luta pelo poder, mas não se reduz a isso. Um indivíduo civicamente “mal-educado” enxerga a política por um ângulo torto, rejeitando-a sempre que seus desejos não são atendidos. Ele também não aceita a necessidade do Estado, vendo-o tão somente como uma estrutura de poder tirânico, e não como um agente de organização e prestação de serviços. Termina, assim, por glorificar o mercado, o empreendedorismo, a privatização indiscriminada, a ausência de regulações. O democrata é, portanto, alguém que se move pelas sendas complicadas da razão, recusando a manipulação das emoções que políticos e governantes fazem regularmente, sobretudo em períodos eleitorais. Ele também mantém no primeiro plano a transparência e a responsabilidade no trato das coisas públicas, sendo adversário de todas as formas de corrupção e malfeitos. O democrata pode ser inflamado e defender suas ideias a ferro e fogo. Mas sua natureza é mais a serenidade, como argumentou certa vez Norberto Bobbio, no sentido de sempre tender para a ponderação, o diálogo e a argumentação, atitudes com as quais busca convencer, persuadir e dissuadir os que dele divergem. Ser democrata não é ser de esquerda. Há vertentes de esquerda que não aceitam os procedimentos democráticos, estigmatizando-os como a expressão de formas “burguesas” de democracia. Mesmo quando privilegiam o social, tais vertentes tendem a ser voluntaristas, confiando na vontade “justa” das lideranças populares ou dos governantes que se apresentam como seus representantes. A esquerda se distingue por dar maior atenção ao progresso social, para cuja consecução a democracia é essencial. Muitos conservadores seguem a democracia política como ideia. Liberais são democratas, sobretudo no campo dos procedimentos e da defesa das regras do jogo, dos direitos humanos e de políticas justas. Claro, há liberais e liberais, assim como as pessoas de esquerda não seguem a mesma cartilha. Mesmo à direita pode-se ter certa gradação e algumas inflexões democráticas. Onde a democracia não viceja é no terreno da extrema direita, porque, nele, são plantados venenos e toxinas que se voltam para a destruição da democracia e a captura dos indivíduos mediante artifícios que fogem da razão, que exploram os egoísmos, as emoções à flor da pele, o ódio, a insatisfação, o medo e a insegurança. A extrema direita pode mobilizar a pátria, o nacionalismo, falar em proteção, questionar o sistema, mas será sempre uma postulação autoritária e antidemocrática. Democratas não temem conflitos e lutas sociais. Querem-se partícipes delas. Sua diferença específica repousa no fato de que trabalham para dar às lutas um sentido gerador de consensos que, se bem organizados, podem pressionar os governos para que ajam em benefício de todos. Esse é seu maior trunfo. ------------
------------ _________________________________________________________________________________________________________ O artigo de Marco Aurélio Nogueira, publicado em O Estado de S. Paulo, reflete sobre o que caracteriza um verdadeiro democrata, em contraste com falsos democratas que, em tempos atuais, utilizam o rótulo de forma distorcida. Ele argumenta que ser democrata não é uma virtude simples ou isolada, como a defesa da liberdade de expressão, mas uma construção social e cultural que envolve empatia, racionalidade e capacidade de enxergar a complexidade da vida social e política. Nogueira aponta que o democrata é alguém que pensa para além de si próprio, considerando as desigualdades da sociedade e rejeitando a manipulação emocional frequentemente utilizada por políticos, principalmente durante períodos eleitorais. Ele também enfatiza a importância de estar politicamente educado e preparado para enfrentar a complexidade da política com uma mente crítica e independente, capaz de separar fatos de desinformação. O texto também diferencia democratas de ideologias que rejeitam os procedimentos democráticos. Embora existam democratas tanto na esquerda quanto na direita, Nogueira ressalta que a extrema direita é intrinsecamente antidemocrática, pois promove emoções negativas como medo e ódio, recorrendo a artifícios que enfraquecem a democracia. Em resumo, o autor defende que ser democrata é um compromisso com o diálogo, a transparência e a justiça social, enfrentando conflitos sociais sem medo, mas com o objetivo de gerar consensos e trabalhar para o bem comum. _________________________________________________________________________________________________________ ------------ sábado, 28 de setembro de 2024 Marco Aurélio Nogueira - Como se reconhece um democrata? O Estado de S. Paulo Ele se move pelas sendas complicadas da razão, recusando a manipulação das emoções que políticos e governantes fazem regularmente, sobretudo em períodos eleitorais Estamos sendo invadidos por falsos democratas. Pessoas brutais, grosseiras e violentas, não há quem rejeite a qualificação, ainda que seja para rebaixá-la, simplificá-la e distorcê-la. “Ser democrata” é hoje uma autoatribuição generalizada. O indivíduo democrata não se reduz a uma ou outra “virtude”. Defender a liberdade de expressão, por exemplo, tornou-se uma barafunda de significados, que flutuam nos interstícios de redes e organizações. Em nome dela, praticam-se barbaridades inomináveis. Embora a ideia seja preciosa para os direitos que devem prevalecer numa democracia, ela precisa ser bem compreendida, o que somente acontece quando vinculada a outras ideias. Ninguém nasce democrata. Crianças e adolescentes podem ter um senso mais agudo de justiça e compartilhamento, podem ser generosos com os outros, mas nem por isso são desde logo democráticos. É verdade, porém, que quanto mais bem formadas (na família, na escola, nos grupos de vizinhança), maior será sua predisposição para abraçar a democracia. Como se costuma dizer, abraçar a democracia é uma construção socialmente determinada. Antes de tudo, um democrata é alguém capaz de pensar para além de si próprio, ou seja, levar em conta o conjunto da vida social, seus ritmos e suas particularidades. Não precisa ser um “igualitarista”, mas deve considerar com generosidade as disparidades socioeconômicas, culturais e educacionais que separam os membros de uma sociedade. Precisa também assimilar os sinais do tempo e as mudanças epocais. Esse modo de pensar significa pensar com a própria cabeça. Repetindo a máxima usada pelo filósofo Edgar Morin, é melhor ter a cabeça bem-feita do que a cabeça cheia, ideia particularmente importante hoje, dada a quantidade de mentiras e desinformações que nos atazanam a vida. Daí que um democrata é alguém politicamente educado, capaz de separar o joio do trigo, “ler” corretamente os fatos, assimilar os carecimentos dos demais membros da sociedade, enxergar os outros. Isso o habilita a compreender criticamente a complexidade inerente à política, que não existe para atender de imediato a todas as expectativas e que, além do mais, tem sinuosidades e ambiguidades difíceis de serem entendidas. Ela sempre está associada à luta pelo poder, mas não se reduz a isso. Um indivíduo civicamente “mal-educado” enxerga a política por um ângulo torto, rejeitando-a sempre que seus desejos não são atendidos. Ele também não aceita a necessidade do Estado, vendo-o tão somente como uma estrutura de poder tirânico, e não como um agente de organização e prestação de serviços. Termina, assim, por glorificar o mercado, o empreendedorismo, a privatização indiscriminada, a ausência de regulações. O democrata é, portanto, alguém que se move pelas sendas complicadas da razão, recusando a manipulação das emoções que políticos e governantes fazem regularmente, sobretudo em períodos eleitorais. Ele também mantém no primeiro plano a transparência e a responsabilidade no trato das coisas públicas, sendo adversário de todas as formas de corrupção e malfeitos. O democrata pode ser inflamado e defender suas ideias a ferro e fogo. Mas sua natureza é mais a serenidade, como argumentou certa vez Norberto Bobbio, no sentido de sempre tender para a ponderação, o diálogo e a argumentação, atitudes com as quais busca convencer, persuadir e dissuadir os que dele divergem. Ser democrata não é ser de esquerda. Há vertentes de esquerda que não aceitam os procedimentos democráticos, estigmatizando-os como a expressão de formas “burguesas” de democracia. Mesmo quando privilegiam o social, tais vertentes tendem a ser voluntaristas, confiando na vontade “justa” das lideranças populares ou dos governantes que se apresentam como seus representantes. A esquerda se distingue por dar maior atenção ao progresso social, para cuja consecução a democracia é essencial. Muitos conservadores seguem a democracia política como ideia. Liberais são democratas, sobretudo no campo dos procedimentos e da defesa das regras do jogo, dos direitos humanos e de políticas justas. Claro, há liberais e liberais, assim como as pessoas de esquerda não seguem a mesma cartilha. Mesmo à direita pode-se ter certa gradação e algumas inflexões democráticas. Onde a democracia não viceja é no terreno da extrema direita, porque, nele, são plantados venenos e toxinas que se voltam para a destruição da democracia e a captura dos indivíduos mediante artifícios que fogem da razão, que exploram os egoísmos, as emoções à flor da pele, o ódio, a insatisfação, o medo e a insegurança. A extrema direita pode mobilizar a pátria, o nacionalismo, falar em proteção, questionar o sistema, mas será sempre uma postulação autoritária e antidemocrática. Democratas não temem conflitos e lutas sociais. Querem-se partícipes delas. Sua diferença específica repousa no fato de que trabalham para dar às lutas um sentido gerador de consensos que, se bem organizados, podem pressionar os governos para que ajam em benefício de todos. Esse é seu maior trunfo." O ChatGPT disse: ChatGPT O artigo de Marco Aurélio Nogueira, publicado em O Estado de S. Paulo, reflete sobre o que caracteriza um verdadeiro democrata, em contraste com falsos democratas que, em tempos atuais, utilizam o rótulo de forma distorcida. Ele argumenta que ser democrata não é uma virtude simples ou isolada, como a defesa da liberdade de expressão, mas uma construção social e cultural que envolve empatia, racionalidade e capacidade de enxergar a complexidade da vida social e política. Nogueira aponta que o democrata é alguém que pensa para além de si próprio, considerando as desigualdades da sociedade e rejeitando a manipulação emocional frequentemente utilizada por políticos, principalmente durante períodos eleitorais. Ele também enfatiza a importância de estar politicamente educado e preparado para enfrentar a complexidade da política com uma mente crítica e independente, capaz de separar fatos de desinformação. O texto também diferencia democratas de ideologias que rejeitam os procedimentos democráticos. Embora existam democratas tanto na esquerda quanto na direita, Nogueira ressalta que a extrema direita é intrinsecamente antidemocrática, pois promove emoções negativas como medo e ódio, recorrendo a artifícios que enfraquecem a democracia. Em resumo, o autor defende que ser democrata é um compromisso com o diálogo, a transparência e a justiça social, enfrentando conflitos sociais sem medo, mas com o objetivo de gerar consensos e trabalhar para o bem comum. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- -------------- Natureza Distraída Toquinho ----------- Letra Tradução Significado Como as plantas somos seres vivos Como as plantas temos que crescer Como elas, precisamos de muito carinho De Sol, de amor, de ar pra sobreviver Quando a natureza distraída Fere a flor ou um embrião O ser humano, mais que as flores Precisa na vida De muito afeto e toda compreensão Composição: Elifas Andreatto / Toquinho. ----------
----------- sábado, 28 de setembro de 2024 José Casado - Distraídos ---------- Revista Veja Propostas para as capitais mostram políticos sem rumo na saúde pública Em Sucupira, o mais importante projeto do prefeito Odorico Paraguaçu era conseguir um morto para inaugurar o cemitério acabado. Em Fortaleza, a principal proposta de saúde pública do candidato a prefeito Eduardo Girão é construir um cemitério caiado para animais domésticos futuramente mortos. Girão é senador do Partido Novo. Adquiriu o estranho hábito de carregar no bolso do paletó a reprodução em plástico de um feto, que costuma exibir nas horrendas encenações da sua campanha antiaborto no Senado. Há anos, saúde pública é problema prioritário para sete em cada dez eleitores em todas as regiões. Nesta temporada eleitoral, no entanto, candidatos a prefeito resolveram tratar essa realidade de forma distraída, com platitudes, vulgaridades e muita marquetagem. Pesquisadores de universidades do Rio e de São Paulo analisaram programas de saúde apresentados em 26 capitais por 69 candidatos de catorze partidos. Constataram que todos são a favor do Sistema Único de Saúde. Isso não significa nada, até porque ainda não se tem notícia de alguém que tenha sido eleito fazendo campanha contra a luz elétrica, a água encanada, o desenvolvimento social e econômico. No entanto, vale lembrar: na maior cidade do país há pelo menos um candidato contra a vacina obrigatória. Ricardo Nunes, prefeito do MDB que tenta a reeleição, adotou modernas referências do atraso como Jair Bolsonaro, autodeclarado adversário da vacina contra a covid-19 na pandemia com mais de 700 000 mortos. Essa forma de manipulação política impulsionou uma revolta contra a vacina antivaríola no Rio de 120 anos atrás. Resultado: faltou espaço nos cemitérios cariocas. O prefeito Nunes não quer vacina obrigatória, mas demonstra interesse em apostar o dinheiro dos impostos municipais em certas miragens científicas, como as “vacinas contra vícios em drogas”. Setembro está terminando com 1 563 cidades (28% do total) sem estoque de alguns tipos de vacinas, em muitos casos há mais de noventa dias, informa a Confederação Nacional de Municípios. São as fragilidades da vida real que realçam o pauperismo dos programas para a saúde pública dos principais candidatos a prefeito das capitais, mostra a equipe de pesquisadores coordenada pelos professores Ligia Bahia (UFRJ) e Mario Scheffer (USP). Eles se perdem numa coletânea de concepções vagas, jargões e ideias fragmentadas. Exemplo: no atendimento básico, ou atenção primária, no jargão médico, prevalece a lógica dos negócios em contratos de construção civil e de prestação de serviços. Há um padrão de promessas de novos postos de saúde, reformas, horário estendido e acessórios, como “emprego de mototáxi” e “distribuição de uniformes” para agentes comunitários. Existem exceções, claro. Ao analisar ideias sobre atendimento especializado para consultas, exames ou cirurgias, os pesquisadores identificaram propostas mais objetivas no programa do candidato à reeleição no Rio, Eduardo Paes, prefeito do PSD, baseadas na reorganização iniciada nos centros e policlínicas da cidade. Mas o atendimento a distância, via internet, virou moda entre candidatos a prefeito. Sobram projetos “poupa tempo”, “na hora” e “agiliza”. Promete-se “saúde digital” na atenção básica em Palmas (PL) e Teresina (PT); “tele-especialidades” em Rio Branco (MDB); tratamento por “videoconferência” em João Pessoa (PT); “telepsicologia” em Fortaleza (União Brasil); “medicina bioeletrônica” em Campo Grande (PP); “inteligência artificial” em Florianópolis (PSOL); e, até mesmo, uma espécie de milagre digital em Belo Horizonte (PSD): “O usuário do SUS-BH terá em mãos uma ferramenta que nenhum usuário de plano de saúde suplementar possui hoje”. Proliferam promessas com o orçamento alheio. O combalido caixa do Ministério da Saúde seria responsável, por exemplo, por uma fatia dos programas de saúde municipal em Manaus (Cidadania) e em João Pessoa (PP). Em Fortaleza, o senador Girão (Novo) anuncia uma enigmática “cidade dos autistas”, com recursos da “cota” de emendas mantida pela oligarquia parlamentar no orçamento da União. O vício da marquetagem nos programas para a saúde nas capitais mostra uma elite política sem bússola diante de um dos mais relevantes problemas nacionais. Em certo sentido, os atuais candidatos a prefeito das capitais ecoam o lendário Odorico Paraguaçu, criatura impagável do escritor Dias Gomes. Nas campanhas em Sucupira, ele sempre mandava estender uma faixa no palanque: “Vote num homem sério e ganhe o seu cemitério”. Publicado em VEJA de 27 de setembro de 2024, edição nº 2912 -------------
-------------- O artigo de José Casado, publicado na Revista Veja, faz uma crítica contundente à falta de seriedade e rumo nas propostas dos candidatos a prefeito em relação à saúde pública nas capitais brasileiras. Ele compara a realidade das campanhas eleitorais com a fictícia Sucupira, do personagem Odorico Paraguaçu, onde a preocupação maior era inaugurar um cemitério, o que reflete o absurdo e a superficialidade de algumas das propostas atuais. Casado destaca como os candidatos tratam a saúde pública de forma distraída, com ideias vagas e populistas. Um exemplo disso é Eduardo Girão, que, ao invés de focar em soluções reais para a saúde, promove iniciativas como a construção de um cemitério para animais. Outro caso citado é o de Ricardo Nunes, candidato em São Paulo, que se posiciona contra a obrigatoriedade da vacina, seguindo o exemplo de Jair Bolsonaro durante a pandemia de COVID-19, o que remete à revolta contra a vacina antivaríola no Rio de Janeiro há mais de um século. A análise de programas de saúde em 26 capitais, conduzida por pesquisadores da UFRJ e USP, revela uma carência de propostas sólidas. Muitos candidatos apostam em ideias como "telemedicina" e "inteligência artificial", sem, no entanto, considerar as limitações financeiras e estruturais para implementá-las. Além disso, a dependência de recursos federais e a falta de planejamento concreto reforçam o vazio dessas promessas. Casado conclui que a elite política atual, assim como Odorico Paraguaçu, está perdida e sem uma bússola para lidar com a saúde pública, um dos problemas mais graves do país. As promessas superficiais e irreais refletem um descompasso com as verdadeiras necessidades da população. _________________________________________________________________________________________________________ ------------- ------------ Inteligência Artificial e a Democracia | com Fernando Filgueiras & Rafael Sampaio | 237 Fora da Política Não há Salvação 17 de ago. de 2024 ✪ Prioridade para membros em 16 de agosto de 2024 #AnálisePolítica #PolíticaBrasileira #Política A inteligência artificial se tornou um dos temas – senão o tema – mais discutidos da atualidade. Tornou-se objeto de debate o seu emprego na pesquisa científica, na produção artística, na publicidade, na segurança e, claro, na política. Um dos aspectos mais debatidos da interação entre a IA e a política é o uso dessa ferramenta nas campanhas eleitorais, muitas vezes de forma desleal, fabricando imagens e sons que possam ser usados para iludir os eleitores e prejudicar os adversários. Mas esse não é o único elemento relevante do uso da IA na política. A formulação de políticas públicas, a vigilância do Estado sobre os cidadãos, as relações de poder entre as Big Techs, as pessoas comuns e os governos, tudo isso constitui problemas de natureza política. Como regular essa nova tecnologia, cada vez mais avançada e capaz de produzir efeitos ainda desconhecidos em seu alcance e consequências? Como evitar que a inteligência artificial seja usada para distorcer a competição política e afetar resultados eleitorais? Como regular essa ferramenta sem, com isso, prejudicar seu potencial positivo e cercear a liberdade? Para discutir tais temas este #ForadaPolíticaNãoháSalvação recebe dois cientistas políticos cujas pesquisas têm-se voltado ao assunto. Um é Fernando Filgueiras, professor da Universidade Federal de Goiás (UFGO) e pesquisador do INCT Qualigov. Ele é coautor, ao lado de Ricardo Fabrino Mendonça e Virgílio Almeida, do livro "Algorithmic Institutionalism: the changing rules of social + political life", publicado pela Oxford University Press. O outro é Rafael Sampaio, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do INCT Democracia Digital. As músicas deste episódio são "Deep State" do Vans in Japan, e "Desert Drive" de Everet Almond. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- ------------- Meio-Dia em Brasília: E aí, Xandão? Vai liberar o X ou não? - 27/09 O Antagonista Transmitido ao vivo em 27 de set. de 2024 A rede social de Elon Musk já entregou todos os documentos solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Quando os brasileiros poderão voltar a usar o X? Esse é o destaque do Meio-Dia em Brasília desta sexta-feira, 27, que trata também das últimas pesquisas sobre a corrida pela Prefeitura de São Paulo e das novidades de Crusoé. Meio-dia em Brasília traz as principais informações da manhã e os debates que vão agitar o dia na capital federal e do mundo. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
----------- VERDADE A porta da verdade estava aberta, mas só deixava passar meia pessoa de cada vez. Assim não era possível atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade. E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil. E os dois meios perfis não coincidiam. Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. Chegaram a um lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em duas metades, diferentes uma da outra. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. As duas eram totalmente belas. Mas carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. Carlos Drummond de Andrade _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ----------- Poesia | Verdade, de Carlos Drummond de Andrade _________________________________________________________________________________________________________ ------------- ------------- Nós dois – Cartola --------- "Músicas que falam sobre casamento e sugestão de música (para refletir sobre o casamento, rs!) para a Entrada do Noivo ou para o Pré-cerimônia “Está chegando o momento de irmos pro altar, nós dois” (Cartola) Quem me apresentou esta música foi um casal muito, muito querido, Norah e Marco. Eles tiveram muito bom gosto e escolheram músicas incríveis para a cerimônia que aconteceu em Juquehy no último ano (ainda preciso postar aqui). Achei a canção especial e compartilho com vocês. Na ocasião, ela não se encaixou em nenhum momento da celebração, mas achamos por bem tocá-la antes da cerimônia começar, pois criava o clima que os noivos imaginaram e tinha tudo a ver com eles. Considerado o maior sambista da história da música popular brasileira, Cartola (1908-1980) deixou para nós um bocado de maravilhosos sambas, canções, além da preciosa Verde-Rosa ‘Estação Primeira de Mangueira’, da qual foi um dos fundadores. “Nós dois”, nasceu do relacionamento de Cartola com D. Zica, que ele conhecera na década de 50 e com quem passaria o resto de sua vida. Ao lado de D. Zica, Cartola abriu o Zicartola, restaurante que veio a ser ponto de encontro de sambistas e artistas da bossa nova, no Rio de Janeiro. A música foi escrita na véspera de seu casamento com ela, em 1964. Pela letra, fica evidente o desejo de Cartola de deixar bem claro (rs!) como deve ser a vida do casal após o ‘altar’: “Só nós dois, apenas dois, eternamente”. Foto: Allie Lindsay Foto: Allie Lindsay https://musicaparacasar.com/nos-dois-cartola/ A música faz parte do terceiro álbum de estúdio do sambista, “Verde que te quero rosa”, lançado em 1977. O que acharam? Acho lindo! E ainda estou esperando um casal me fazer cantar só sambas na cerimônia (rs!). Combina muito com casamentos ao ar livre ou na praia e, principalmente, combina se os noivos amarem samba (neste caso, não importa nem o lugar) 😉 ! PARA OUVIR Aqui está um áudio do nosso ensaio com Voz (Lorenza Pozza), Violão (Yuri Prado) e Violino (Mariana Pilatos) para este samba tão charmoso e amoroso."

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