Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 15 de outubro de 2024
PARA QUE NÃO MUDE
"EU TÔ LEGAL
AINDA NÃO TÔ LEGAL
MAS VOU FICAR LEGAL"
WASHINGTON OLIVETTO
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O texto traz uma análise profunda sobre a perda de competitividade do PT nas eleições municipais de 2024, mesmo com a influência do partido no governo federal e uma base eleitoral significativa. A análise, escrita por Bruno Carazza, sugere que o problema do PT não está na renovação dos seus quadros, como muitos apontam, mas na perda de vitalidade enquanto partido, tanto em relação aos seus políticos quanto ao eleitorado.
Os dados revelam que o PT, apesar de ter melhorado em relação às eleições de 2020, ainda está longe de sua melhor forma, ficando atrás de outros partidos de esquerda, como o PSB. A análise indica também que muitos políticos que antes pertenciam ao PT migraram para partidos de centro ou direita, enquanto outros abandonaram a carreira política.
O artigo sugere que a queda de performance do PT pode estar ligada à incapacidade de oferecer perspectivas políticas atraentes e ao impacto dos acontecimentos dos últimos anos, como a Lava Jato e o impeachment de Dilma Rousseff.
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segunda-feira, 14 de outubro de 2024
Bruno Carazza - O PT não envelheceu, mas perdeu vitalidade
Valor Econômico
Por que mesmo com controle do governo federal, a segunda bancada no Congresso e uma das maiores fatias do fundão o PT foi tão mal nas eleições?
Muito já se discutiu, nos últimos dias, a respeito do resultado insatisfatório do Partido dos Trabalhadores nas eleições de domingo passado. O fato de o principal partido de esquerda, que também é o partido do presidente da República, que vem a ser um dos políticos mais populares da história, ter feito apenas 248 prefeituras no país despertou muita conversa sobre a perda de competitividade de Lula, do PT e da esquerda.
Os dados são desanimadores para os afiliados ao partido. O PT foi apenas a nona legenda em número de municípios conquistados, assim como os 3.128 futuros vereadores petistas colocam o partido no longínquo oitavo lugar no ranking. Em ambos os casos, o PT perde para o PSB, desde 2016 a maior força em bases locais entre os partidos que ocupam o espectro de diversos tons de vermelho que representam a esquerda brasileira.
É bem verdade que o PT melhorou o desempenho em relação ao fundo de poço observado em 2020, quando fez apenas 185 prefeitos e 2.673 vereadores. Mas mesmo essa boa notícia se esvai ao se perceber que a sigla de Lula, neste ano, trocou de posições com o PSDB no ranking geral - os tucanos ficaram em oitavo em quantidade de prefeitos e nono em número de vereadores. Afinal, há muito o PSDB é aquele partido do qual se diz que morreu, e só se esqueceram de enterrar.
Nas eleições em que as emendas orçamentárias foram apontadas como a mais poderosa arma para eleger prefeitos Brasil afora, o PT, mesmo com o controle do governo federal e mais uma bancada de 68 deputados e 9 senadores, não conseguiu tirar proveito do seu controle nem sobre o orçamento impositivo do Congresso, nem tampouco o discricionário, comandado por Lula.
Tampouco os R$ 619,9 milhões recebidos pelo PT do fundão eleitoral, a segunda maior fatia do bolo de tamanho recorde distribuído neste ano, serviram de muita coisa. Em termos de taxa de aproveitamento (número de candidatos eleitos em relação ao total de candidatos lançados), o PT conseguiu eleger apenas 18,1% dos seus postulantes a prefeito (16º geral segundo esse indicador) e 11,9% dos aspirantes a vereador (11º lugar).
No quesito produtividade, o partido comandado por Gleisi Hoffmann se saiu pior do que o PDT ou o PC do B, siglas de muito menores expressão e dinheiro no caixa.
“O PT é um partido que envelheceu e não soube renovar os seus quadros” foi um diagnóstico muito utilizado na semana passada. Não é isso o que dizem os números. Entre os dez maiores partidos brasileiros, a agremiação fundada por Lula e seus companheiros em 1980 é aquela que proporcionalmente mais elegeu candidatos novatos na política neste ano.
De todos os prefeitos e vereadores eleitos pelo partido, 18,5% disputaram sua primeira eleição neste ano, taxa só igualada pelo PSB - todos os demais tiveram proporcionalmente menos estreantes eleitos.
O problema, portanto, não está na idade dos candidatos e nem na atratividade que a legenda exerce sobre os jovens políticos alinhados à esquerda.
Para tentar entender o que aconteceu com o PT, resolvi voltar a 2012, o ano em que o partido teve o melhor desempenho da sua história nas eleições municipais.
Antes das jornadas de junho de 2013, da Lava Jato, do impeachment de Dilma e da prisão de Lula, os petistas conquistaram 651 prefeituras e elegeram 5.181 vereadores - ficando atrás apenas do PMDB e do PSDB no cômputo geral daquele ano.
Em busca de explicações para a perda de competitividade do PT, mergulhei nos dados do Tribunal Superior Eleitoral para identificar o que aconteceu com aqueles 651 prefeitos eleitos pelo partido de Lula e Dilma na sua mais proveitosa eleição municipal.
O resultado diz muito sobre as transformações vividas pelo PT nestes 12 anos em que a maré do partido virou algumas vezes. Quase um terço dos prefeitos eleitos pela sigla em 2012 deixou o partido (210, para ser mais exato) em pelo menos uma das seis eleições seguintes. Engana-se, porém, quem acredita que eles migraram para os outros partidos de esquerda (Psol, PC do B, PV, Rede, PDT ou PSB). A maioria dos prefeitos petistas de 2012 trocou o partido por alguma sigla de centro ou de direita, o que mostra que a sigla deixou de oferecer uma perspectiva de carreira política de sucesso para esses políticos.
E mais: dos 273 prefeitos de 2012 que permaneceram fiéis ao PT, apenas 41,7% vieram a ganhar alguma eleição posteriormente, contra uma taxa de sucesso de 54,1% de quem trocou o PT por uma sigla de centro ou de direita.
O dado mais chocante, porém, é que do total de 651 prefeitos petistas naquele ano, os dados do TSE indicam que 168 nunca mais disputaram uma eleição. Trata-se de um resultado a ser pesquisado: o que fez um quarto dos governantes municipais do partido simplesmente abandonar a carreira político-eleitoral a partir de 2016?
Esses dados indicam que talvez o problema do PT não esteja na idade dos seus quadros, mas sim na sua perda de vitalidade enquanto partido - seja em relação aos políticos e, principalmente, o eleitorado.
Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 08:30:00
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Um comentário:
Mais um amador disse...
Excelente análise !
14/10/24 13:53
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Axis of Influence
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domingo, 13 de outubro de 2024
Luiz Carlos Azedo - Luzias, saquaremas e camaleões na política brasileira
Correio Braziliense
No Brasil, hoje, não existe um projeto de modernização capaz de forjar um novo consenso político nacional e incorporar a grande massa da população
Um bom programa para um fim de semana com cara de poucos amigos é assistir ao clássico do cinema italiano O Leopardo (Il Gattopardo, 1963), estrelado por Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon, do diretor italiano Luchino Visconti (1906-1976). Com base na obra do siciliano Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896-1957), o filme retrata a decadência da aristocracia agrária da Sicília, no contexto da Segunda Guerra da Independência e Unificação da Itália (1859-1860), e está disponível na Netflix.
Ao resgatar memórias pessoais e seu idealizado e nostálgico passado aristocrático, Lampedusa expressa um ponto de vista conservador sobre o Risorgimento. Em 1860, Garibaldi luta no movimento de unificação da Itália. D. Fabrizio (Burt Lancaster) é um aristocrata que tenta manter o antigo modo de vida, apesar dos tempos de mudança. Para ele, a ascensão da burguesia é uma ameaça. Contudo, numa manobra astuta, combina o casamento do seu sobrinho Tancredi (Alain Delon) com Angélica (Claudia Cardinale), filha de um rico e influente administrador de propriedades. Fiel a seus valores, D. Fabrizio afirma: "A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude".
Certas coisas no Brasil também mudam para continuar como estão. "Não há mais nada parecido com um saquarema do que um luzia no poder", carimbou o político pernambucano Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque ao definir a política partidária da elite brasileira no Segundo Reinado. Referia-se à atuação dos partidos Liberal (luzias) e Conservador (saquaremas) durante o Segundo Reinado. Saquarema é o nome do município fluminense onde o Visconde de Itaboraí tinha uma fazenda. Ali o grupo conservador se reunia com frequência. Luzia era uma referência à pequena cidade mineira de Santa Luzia, onde ocorreu a maior derrota dos liberais nas revoltas de 1842.
Saquaremas e luzias tinham a mesma origem social e muitos interesses comuns. Após o Golpe da Maioridade (1940), Dom Pedro II resolveu mediar as disputas entre ambos e exercer seu poder moderador. Em 1853, essa política atingiu seu auge, com a formação do "Ministério da Conciliação", liderado por Honório Carneiro Leão, o Marquês de Paraná, que contou com a participação de conservadores e liberais, ainda que se digladiassem nas províncias. Esse ministério deu estabilidade política ao país e possibilitou avanços institucionais que seriam impossíveis num ambiente de ferrenha disputa pelo poder, mas também serviu para prolongar no tempo o regime de trabalho escravo.
Os saquaremas defendiam a centralização do poder; os luzias pregavam a monarquia federativa, opondo-se ao Poder Moderador e ao Senado vitalício, dominado pelos conservadores. Saquaremas dominaram o Segundo Reinado; luzias, a República Velha. Seus líderes pensaram o Brasil, em debates parlamentares, artigos de jornal, livros, brochuras, panfletos: Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Campos Salles, Alberto Torres, para citar alguns. O centro do debate era o papel do Estado no desenvolvimento e sua relação com a sociedade.
Metamorfose
Na história das nossas ideias políticas, centralização do poder (autoritarismo) e descentralização (liberalismo) são um tema central: idealistas orgânicos e idealistas utópicos; tradição ibérica/estamento burocrático versus liberalismo irrealizado; autoritarismo instrumental ou liberalismo doutrinário; iberistas e americanistas; idealistas orgânicos e idealistas constitucionais. E os camaleões?
São répteis da família Chamaeleonidae e incluem cerca de 195 espécies. Algumas são tão pequenas que medem apenas um centímetro, enquanto outras podem medir até 60cm. Cada espécie de camaleão tem suas cores e padrões. A mudança de cor é um meio de comunicação e não apenas de camuflagem. Gostam de viver em cima de árvores e ficam parados esperando suas presas, com sua grande língua protrátil e pegajosa, que pode atingir um metro de distância. Seus olhos movem-se de maneira independente, num ângulo de até 180 graus. Qualquer semelhança com os políticos transformistas do nosso Congresso, de todos os matizes, é mera coincidência.
No Brasil, hoje, não existe um projeto de modernização capaz de forjar um novo consenso político nacional e incorporar a grande massa da população. Estamos entre os modelos ultrapassados do neoliberalismo e do nacional desenvolvimentismo, a dicotomia que dramatizou a história recente da Argentina. A massa crítica intelectual e empresarial para formular essa alternativa foi alijada da política. A maioria dos parlamentares dedica-se à "transa" política, já não se orienta pelo bem comum, mas pelos negócios. Tem narrativas voltadas para suas bolhas nas redes sociais.
Mas, como sempre, nem tudo está perdido. As instituições democráticas são robustas. As eleições são livres e respeitadas. Nas disputas municipais, a polarização extremada foi derrotada. Os partidos de centro, pragmáticos, saíram fortalecidos. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, supostamente enfraquecido, também já disse que é uma "metamorfose ambulante". O Centrão também tem seu valor para a sociedade. A velha "política de conciliação" manda um abraço.
Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 09:10:00
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Um comentário:
ADEMAR AMANCIO disse...
Começa com Cinema e termina com o Centrão,rs.
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"Não ser
É ser
Sem ser
E ser"
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Tudo sobre Parmênides
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Esse pequeno poema reflete um jogo conceitual com a noção de "ser" e "não-ser", que lembra o tipo de paradoxo presente nas discussões filosóficas iniciadas por Parmênides e desenvolvidas por outros pensadores ao longo da história da filosofia.
O poema parece brincar com os limites da linguagem e das definições filosóficas, sugerindo que até o "não-ser" acaba sendo uma forma de ser, um conceito que desafia o pensamento linear. Esse tipo de reflexão é típico de debates metafísicos profundos, que abordam a relação entre o que é e o que não é, entre existência e ausência.
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Descrição
Governo quer taxar milionários para isentar quem ganha até R$ 5 mil; Lula diz: ‘Salário não é renda’
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Reflexão Geral:
A fala do presidente traz uma visão correta ao considerar que o salário é apenas um dos componentes da renda, mas a discussão completa sobre o crescimento da renda das famílias, como mencionada pelo ministro, exige um exame mais minucioso dos diferentes componentes dessa renda. Ao não explicitar quais fontes de renda contribuíram para o crescimento, pode-se perder de vista a complexidade da realidade socioeconômica do país.
O que está implícito aqui é a necessidade de um discurso mais preciso e detalhado, especialmente quando se trata de questões econômicas, para que as declarações públicas possam refletir a realidade vivida por diferentes segmentos da população.
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Padilha pede prioridade do Congresso na reforma tributária
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Tomando Padilha como os russos da anedota, faltou ao brasileiro presidente combinar com o seu ministro das Relações Institucionais sobre falas e desejos no que tange á rendas e salários.
"Fez-se uma comparação interessante ao utilizar-se a anedota dos russos, que alude à famosa frase de Garrincha: 'Faltou combinar com os russos'. Essa frase foi dita em um contexto de futebol, quando o craque sugeriu que uma estratégia bem pensada não funcionaria sem levar em consideração a reação do adversário. Aplicar isso ao contexto político faz todo sentido aqui."
Ao sugerir que "faltou ao brasileiro presidente combinar com o seu ministro das Relações Institucionais", a ideia é que, assim como no futebol, um plano ou discurso político precisa ser alinhado e coeso entre os diversos membros do governo para evitar contradições ou desentendimentos públicos.
Neste caso, parece que há uma discrepância entre o discurso do presidente, que subestima o papel do salário como componente da renda total, e a fala de Padilha, que celebra o crescimento da renda das famílias brasileiras sem esclarecer as variações entre os seus diferentes componentes. Se o presidente faz uma distinção clara entre salário e renda, e o ministro aponta um crescimento da renda sem detalhar quais componentes contribuíram para isso, o público pode ser levado a pensar que há uma falta de comunicação ou alinhamento entre as duas figuras de destaque.
Assim, a comparação com "os russos" sugere que as falas públicas deveriam estar mais coordenadas. Para transmitir uma mensagem clara e evitar mal-entendidos, seria necessário que o presidente e seu ministro se comunicassem previamente sobre como abordar questões tão sensíveis e complexas como a renda e o salário da população. Isso reflete a importância da harmonia entre os discursos dentro de um governo, especialmente quando se trata de temas econômicos que afetam diretamente a vida das pessoas.
Texto revisado:
"Para o presidente da República, 'salário não é renda'. Assumindo que o salário seja apenas um dos componentes da renda de uma família brasileira, o raciocínio do mandatário máximo da República estaria aparentemente correto. Já para seu ministro das Relações Institucionais, há de se mencionar que a renda das famílias brasileiras cresceu. Faltou apenas que Padilha acrescentasse ou detalhasse como foram as variações de todos os componentes da renda das famílias brasileiras."
Texto 2:
"Tomando Padilha como os russos da anedota, faltou ao brasileiro presidente combinar com o seu ministro das Relações Institucionais sobre falas e desejos no que tange á rendas e salários."
Correções:
Gramática:
Texto revisado:
"Tomando Padilha como os russos da anedota, faltou ao presidente brasileiro combinar com o seu ministro das Relações Institucionais sobre falas e desejos no que tange a rendas e salários."
Conclusão:
Os textos apresentam apenas pequenas correções de gramática, pontuação e concordância. Factualmente, ambos estão coerentes e precisos dentro do contexto de discussão política. O léxico utilizado está adequado ao tipo de discurso, formal e crítico, e as ideias estão bem articuladas.
As dores e delícias de ser ministro de um prolixo boquirroto: O drama de Padilha e a renda misteriosa
O cenário político brasileiro nunca decepciona em termos de entretenimento público. Dessa vez, o espetáculo envolve o presidente da República e seu ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, protagonizando um curioso episódio de desencontro discursivo. Entre uma declaração bombástica aqui e outra um tanto vaga ali, surge a dúvida: estariam esses dois no mesmo time, ou faltou a clássica "conversa no vestiário" antes de entrar em campo? Acompanhemos o drama.
Texto 1: O dilema do presidente e sua relação turbulenta com o conceito de renda
"Para o presidente da República, 'salário não é renda'. Assumindo que o salário seja apenas um dos componentes da renda de uma família brasileira, o raciocínio do mandatário máximo da República estaria aparentemente correto. Já para seu ministro das Relações Institucionais, há de se mencionar que a renda das famílias brasileiras cresceu. Faltou apenas que Padilha acrescentasse ou detalhasse como foram as variações de todos os componentes da renda das famílias brasileiras."
Análise crítica e factualidade:
De fato, o presidente não parece estar completamente errado ao declarar que "salário não é renda". Para quem conhece minimamente os conceitos de economia familiar, é verdade que o salário representa apenas uma parte da equação — a renda inclui uma série de outras fontes, como benefícios sociais, rendimentos de investimentos, aluguel de imóveis, entre outros. O ponto positivo da fala presidencial é a tentativa de sofisticar o debate, saindo da simplificação comum. O negativo? Bem... a entrega foi de um prolixo quase filosófico, que deixou muita gente sem saber onde ele queria chegar.
Do outro lado do ringue discursivo, Padilha pareceu querer tranquilizar a população com a notícia de que "a renda das famílias cresceu". Cresceu mesmo? O problema aqui não é a assertividade do ministro, mas o que ele esqueceu de explicar: como essa renda cresceu. Se foi devido ao aumento de benefícios sociais, ou se os salários realmente subiram, ninguém sabe. E assim, Padilha deixa escapar uma chance de detalhar algo que poderia ser muito bom — ou não.
Texto 2: A velha história de "combinar com os russos"
"Tomando Padilha como os russos da anedota, faltou ao presidente brasileiro combinar com o seu ministro das Relações Institucionais sobre falas e desejos no que tange a rendas e salários."
Análise crítica e factualidade:
Aqui reside a ironia do nosso drama político. O presidente lança uma tese intrigante, talvez inovadora, sobre a não equivalência entre salário e renda. Já Padilha, em um outro plano da realidade (ou na mesma reunião, mas sem ouvir direito), anuncia o aumento de algo que aparentemente está no limbo. Ou seja, quem escutou o presidente poderia sair pensando que o salário é quase irrelevante. Quem escutou Padilha sairia achando que as contas das famílias estão maravilhosamente resolvidas.
O problema: faltou aquela conversa estratégica antes de ambos abrirem a boca. A famosa frase "faltou combinar com os russos" nunca foi tão aplicável. A comunicação entre esses dois poderia ter sido mais afiada. O presidente, ao menos, poderia ter dado uma piscadela para Padilha, sinalizando algo como: "Por favor, detalha isso melhor, companheiro!". Mas não, seguimos sem saber exatamente de onde vem esse suposto aumento da renda.
Fato ou ficção? O enredo continua
A novela da economia brasileira continua com essas lacunas discursivas, e nós, meros espectadores, ficamos esperando que, talvez na próxima cena, os personagens centrais se alinhem melhor. Até lá, as dores e delícias de ser ministro de um presidente prolixo permanecem visíveis: é preciso jogo de cintura para dançar conforme a música... que por vezes desafina.
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A Dança Das Cadeiras | musica infantil | Desenho Animado com os Amiguinhos
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A dança das cadeiras na República e o caos do baile político
Quando o líder da oposição, uma espécie de Saquarema moderno da Novíssima República, resolveu botar a boca no trombone, mal sabia ele que seria confrontado por um Luzia nostálgico dos tempos imperiais. No meio desse tiroteio verbal, o samba do crioulo doido baixou com força, e o pau comeu na gafieira política. De um lado, as cores da esperança; do outro, a concentração em manter o status quo. O espetáculo foi tão confuso que até o Valor Econômico acabou no samba.
Entre passos tortos e gingados desajeitados, um economista competente — ex-artesão do Plano Real — aproveitou para tirar sarro do desastre retórico. Afinal, o autor da primeira frase e sua muleta nas Relações Institucionais pareciam perdidos em meio ao que foi e não é mais. Sem sincronia, o baile segue, mas a música está cada vez mais desafinada.
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Crônica Planaltina: O Samba do Parlatório
Era mais um dia daqueles, cinzento e entediante, no plenário do Congresso Nacional. Joaquim Maria Machado de Assis, jovem repórter político de A Gazeta, ainda sonolento das farras da noite anterior num cabaré escondido em Ceilândia, viu-se jogado em meio ao que chamavam, com certo exagero, de uma "sessão conjunta das duas casas". Mas, a verdade, ah, a verdade! Aquilo mal se parecia com uma assembleia de dignos representantes da República. A nobre arte da retórica parecia ter se esvaído, e o salão não lembrava nem de longe a respeitável Gafieira Estudantina, com seu decente estatuto, lá da Praça Tiradentes, na antiga e verdadeira capital.
Os senhores deputados e senadores rebolavam-se em discursos sem pé nem cabeça, tão desordenados quanto os passos de um baile que, em outros tempos, poderia ter ao menos um pouco de graça. Parecia mais um samba do crioulo doido, sem maestro, sem rumo e, o que é pior, sem coreografia. Enquanto as cores da esperança tentavam timidamente tomar espaço no salão, a concentração — ou seria a falta dela? — dominava as mentes cansadas.
Machado de Assis, que já não estava com grande paciência para aquela tragédia política coreografada, lembrou-se do prazo fatal que o aguardava. Sua crônica precisava estar na redação até o final da tarde, e sua mente vagava entre os devaneios da noite anterior e o tédio daquele circo que os nobres insistiam em chamar de Parlamento.
Sem ânimo para inventar floreios ou gastar sua já consagrada pena em algo que não valia a tinta, agiu como o aluno esperto que, na ausência de esforço, pegava emprestado o trabalho pronto de um colega. Assim, sem grandes hesitações, lançou mão do que viria a ser o texto do dia — por mais que este fosse uma modesta imitação do brilho que outrora iluminava suas crônicas. O Texto 2, aquele mais sucinto, caiu como uma luva: enxuto, fácil de se fazer copydesking (como diria algum veterano de redação), e pronto para ser entregue.
Ali, na simplicidade do momento, brotou mais uma "pérola" da sua crônica Planaltina, como diria em tom irônico, meio Dom Casmurro, meio Brás Cubas. "Ao vencedor, as batatas", pensou Joaquim, com um sorriso sarcástico no rosto, enquanto se levantava para voltar à redação, deixando para trás o triste espetáculo dos nobres parlamentares, que seguiam rodopiando em sua dança incoerente. Afinal, a República poderia estar em decadência, mas a pena ainda sabia encontrar alguma beleza na desordem.
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2001 - WASHINGTON OLIVETTO FALA SOBRE OS 53 DIAS DE SEQUESTRO - REDE GLOBO/BAND TV.
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15 de jan. de 2022
A fita estava muito mofada, foi o melhor que deu para fazer.
Em 2001, o publicitário Washington Olivetto foi levado a local desconhecido ao sair de sua agência em Higienópolis, zona central de São Paulo. Durante 53 dias, ele ficou isolado em uma casa na zona sul da cidade, no bairro do Brooklin.
A operação teve ares espetaculares: a rotina de Olivetto foi acompanhada por dez meses antes da ação, o que permitiu aos autores saberem como ele circulava pela cidade. No dia marcado para a operação – 11 de dezembro – os sequestradores montaram uma falsa blitz, pararam o veículo dirigido pelo motorista do publicitário e o levaram, encapuzado, para o cativeiro, um cubículo de 3 metros por 1.
O contato com a família era feita por meio de entregadores. No dia seguinte ao sequestro, um buquê foi entregue à esposa de Olivetto, Patricia Viotti. Nele, além das flores, o relógio do publicitário e um recado com o pedido de resgate. Quase um mês depois, latas de tinta foram entregues na casa do até então sequestrado, junto com um bilhete exigindo o pagamento. Por fim, com um pacote de produtos de beleza, entregue pelo funcionário de uma farmácia, o grupo mandou mais um recado. O objetivo seria, supostamente, arrecadar dinheiro para financiar as atividades de uma fração do Movimento Esquerda Revolucionária (MIR) chileno.
A solução para o sequestro, contudo, passa por Serra Negra (SP), a cerca de 150 km da capital paulista. Um corretor de imóveis da cidade ligou para a polícia para denunciar que turistas estrangeiros, hospedados em um sítio na região, estavam fumando maconha. Até então, a família de Olivetto pedia que os policiais não se envolvessem. Com a denúncia, agentes foram ao local. Maurcio Norambuena abriu a porta para os policiais. Dentro da casa, havia anotações sobre a operação e armas.
Já detido, Norambuena exigiu poder fazer contato com os outros sequestradores para poder libertar o publicitário. O chileno escolheu um telefone público na rua e, longe da vista dos policiais, discou um número e, identificando-se como comandante Ramiro – o nome que usou durante seu período na FPMR –, disse que o sequestro havia terminado.
A libertação de Olivetto, no entanto, aconteceu quase que por acaso. Faltou luz no Brooklin e os sequestradores que guardavam o cativeiro, achando que a polícia tinha cortado a luz no bairro para fazer alguma operação de resgate, abandonaram o local. Uma vizinha da casa ouviu os gritos de socorro do publicitário e chamou os policiais, que, finalmente, o soltaram. Os envolvidos no sequestro foram presos.
Fonte: https://operamundi.uol.com.br/politic.
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O SEQUESTRO DE WASHINGTON OLIVETTO: detalhes NÃO CONTADOS ANTES sobre o caso | PrimoCast 197
/ edição do dia 07/02/2002
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07/02/02 - 00h00 - Atualizado em 07/02/02 - 00h00
Washington Olivetto fala
Ao falar pela primeira vez sobre o seqüestro, o publicitário Washington Olivetto, lembrou, com detalhes, dos momentos de angústia que viveu no cativeiro.
Ao falar pela primeira vez sobre o seqüestro, o publicitário Washington Olivetto, libertado sábado passado, lembrou com detalhes dos momentos de angustia que viveu nos 53 dias de cativeiro e das pressões psicológicas impostas pelos seqüestradores. Mas mostrou também que está procurando vencer o trauma com bom humor.
Logo cedo a segurança foi reforçada em frente ao prédio onde mora o publicitário Washington Olivetto. Às 9h15 ele saiu em um carro escoltado por seguranças e policiais. Enquanto isso no auditório, preparativos para a entrevista coletiva com dezenas de jornalistas.
Foram colocadas mais de 20 câmaras de televisão. Entre elas, estavam as de duas emissoras do Chile, país de origem dos seqüestradores que estão presos.
Às 10hs em ponto, Washington Olivetto entrou acompanhado pelo delegado Wagner Giudice, titular da anti-seqüestro, e do amigo e empresário André Midani.
Esta foi a primeira vez em que Washington Olivetto conversou com os jornalistas sobre o seqüestro. Ele contou detalhes do momento em que foi rendido e também sobre os 53 dias em que passou em cativeiro.
Trechos da entrevista
O SEQÜESTRO - “Eu estava lendo e o Antônio tocando o carro. Tinha à frente o que em princípio seria uma batida da polícia. O Antônio estacionou o carro. Um falso policial foi muito agressivo com o Antônio. Eu achei muito estranho. O Antônio abriu a porta e ele foi mais agressivo ainda. Eu sai para valer. No primeiro cara eu bati. Eu tentei descer, mas ai já eram quatro ou cinco.
O CATIVEIRO - “Foram esses cinqüenta e poucos dias muito estranhos. Eu não ouvir uma palavra nem vi ninguém. Eu reivindiquei coisas com objetos logo no segundo dia. Eu fiz um sinal e eles entenderam que eu queria uma caneta; e junto com a caneta, apareceu um papel. Eu escrevia dia e noite praticamente.”
“Durante os 53 dias, tinha música dia e noite. A música fazia com que eu conseguisse calcular o tempo porque eu sabia mais ou menos quanto tempo dura um CD inteiro”.
“Nestas situações você tem de gastar o tempo. Então eu tentava lembrar quantos poemas eu sei de cor.”
PRESSÕES - “Teve um dia no qual eu berrei e espanquei as paredes. Alguns deles entraram, creio que três pelo tato, algemaram-me e amordaçaram-me. As reações agressivas deles sempre foram em momentos proporcionais à minha agressividade. “
“Essas foram as agressões físicas. Eu diria que as agressões morais ou pressões psicológicas tinham de estar em mim. ”
LIBERTAÇÃO - “Em um episódio destes existe um momento em que passa pela sua cabeça que você vai morrer sim. Na quarta vez que eu bati pra valer eu pensei: a rapaziada foi embora e me deixaram trancado. Então comecei a gritar e eu acho que a garota começou a me ouvir. Foi quando ela deve ter colocado o estetoscópio. Houve um momento em que ela disse claramente que me ouvia. Nesta hora eu me identifiquei. Vi quatro garotos do 12º Batalhão, que pularam o muro para me tirar do cativeiro. Eu vi um garoto me olhar e chorar com o revolver na mão.”
“Eu estou desde sábado, quando cheguei em casa, vivendo uma maravilha de amores que tenho recebido. É uma coisa desproporcional a o que qualquer pessoa no planeta poderia merecer. “
LIÇÕES - “Eu saio fortalecido deste episódio. Eu fui mas não sou uma vítima. Graças a Deus, eu estou legal. Claro que ainda não estou legal, mas ficarei legal. “
Na coletiva, o amigo de Olivetto, o empresário André Midani, confirmou que a família do publicitário contratou uma empresa inglesa especializada em negociar com seqüestradores, mas negou que Washington Olivetto tenha um seguro contra seqüestros.
https://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1135121-16022,00-WASHINGTON+OLIVETTO+FALA.html
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Mudando de Conversa
Lúcio Alves
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Mudando de conversa
Dóris Monteiro
Letra
Mudando de conversa onde foi que ficou
Aquela velha amizade
Aquele papo furado todo fim de noite
Num bar do Leblon
Meu Deus do céu, que tempo bom!
Tanto chopp gelado, confissões à bessa
Meu Deus, quem diria que isso ia se acabar
E acabava em samba
Que é a melhor maneira de se conversar
Mas tudo mudou, eu sinto tanta pena de não ser a mesma
Perdi a vontade de tomar meu chopp, de escrever meu samba
Me perdi de mim, não achei mais nada
O que vou fazer?
Mas eu queria tanto, precisava mesmo de abraçar você
De dizer as coisas que se acumularam
Que estão se perdendo sem explicação
E sem mais razão e sem mais porque
Mudando de conversa onde foi que ficou
Aquela velha amizade
Aquele papo furado todo fim de noite
Num bar do Leblon
Meu Deus do céu, que tempo bom!
Tanto chopp gelado, confissões à bessa
Meu Deus, quem diria que isso ia se acabar
E acabava em samba
Que é a melhor maneira de se conversar
Composição: Hermínio Bello de Carvalho / Maurício Tapajós.
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Mudando de conversa
Canção de Lúcio Alves
Mudando de conversa onde foi que ficou
Aquela velha amizade
Aquele papo furado todo fim de noite
Num bar do Leblon
Meu Deus do céu, que tempo bom!
Tanto chopp gelado, confissões à bessa
Meu Deus, quem diria que isso ia se acabar
E acabava em samba
Que é a melhor maneira de se conversar
Mas tudo mudou, eu sinto tanta pena de não ser a mesma
Perdi a vontade de tomar meu chopp, de escrever meu samba
Me perdi de mim, não achei mais nada
O que vou fazer?
Mas eu queria tanto, precisava mesmo de abraçar você
De dizer as coisas que se acumularam
Que estão se perdendo sem explicação
E sem mais razão e sem mais porque
Mudando de conversa onde foi que ficou
Aquela velha amizade
Aquele papo furado todo fim de noite
Num bar do Leblon
Meu Deus do céu, que tempo bom!
Tanto chopp gelado, confissões à bessa
Meu Deus, quem diria que isso ia se acabar
E acabava em samba
Que é a melhor maneira de se conversar
Compositores: Mauricio Gomes / Herminio Carvalho
Letra de Mudando de conversa
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Dóris Monteiro canta "Mudando de Conversa" 1977
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Jornal da Cultura | 15/10/2024
Jornalismo TV Cultura
Transmissão iniciada há 39 minutos #JornaldaCultura #JC
No Jornal da Cultura desta terça-feira (15), você vai ver: após 4 dias mais de 200 mil moradores seguem sem energia elétrica em São Paulo; custos para enterrar os fios em São Paulo podem chegar a R$ 240 bilhões; crimes contra o meio ambiente recebe aumento de pena e investigações da ONU lista crimes cometidos por Nicolás Maduro durante eleições na Venezuela.
Para comentar essas e outras notícias, Rodrigo Piscitelli recebe o economista Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas, e o filósofo Luiz Felipe Pondé, diretor do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da PUC.
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