quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

GOAL

Prêt-à-porter & customizado: “Coisas nossas”
Mini Apólogo: A Bola e o Relógio Em um grande estádio iluminado, uma bola orgulhosa rolou rumo ao gol e, ao cruzar a linha, sussurrou: — Entrei! Dei meu melhor! O árbitro, porém, hesitou. Seus olhos humanos vacilaram diante da velocidade do lance. Do alto das arquibancadas, quatorze câmeras — vigilantes como sentinelas — uniram suas vozes silenciosas. E o relógio do árbitro, tilintando com precisão mecânica, anunciou: — Eu vi. É gol. A bola sorriu, tranquila, enquanto as torcidas explodiam em festa. O Flamengo avançou, e o jogo seguiu. E a moral do apólogo é esta: quando a verdade corre mais rápido que os olhos, a tecnologia ajuda a enxergar o que é justo. CRUZ AZUL 1 X 2 FLAMENGO | MELHORES MOMENTOS | REACT | ge tv ge tv 10 de dez. de 2025 #cruzazul #flamengo #futebol Flamengo vence o Cruz Azul e se classifica às semifinais da Copa Intercontinental. Com dois gols de Arrascaeta, Rubro-Negro bate os mexicanos e encara o Pyramids, do Egito, na próxima fase. São Coisas Nossas (Coisas Nossas) Noel Rosa Queria ser pandeiro Pra sentir o dia inteiro A tua mão na minha pele a batucar Saudade do violão e da palhoça Coisa nossa, coisa nossa O samba, a prontidão E outras bossas, São nossas coisas, São coisas nossas! Malandro que não bebe, Que não come, Que não abandona o samba Pois o samba mata a fome, Morena bem bonita lá da roça, Coisa nossa, coisa nossa O samba, a prontidão E outras bossas, São nossas coisas, São coisas nossas! Baleiro, jornaleiro Motorneiro, condutor e passageiro, Prestamista e o vigarista E o bonde que parece uma carroça, Coisa nossa, muito nossa O samba, a prontidão E outras bossas, São nossas coisas, São coisas nossas! Menina que namora Na esquina e no portão Rapaz casado com dez filhos, sem tostão, Se o pai descobre o truque dá uma coça Coisa nossa, muito nossa O samba, a prontidão E outras bossas, São nossas coisas, São coisas nossas! Composição: Noel Rosa. Luta pela anistia continua; Glauber na mira de Motta | Meio-Dia em Brasília - 10/12/2025 O Antagonista Transmissão ao vivo realizada há 6 horas Meio-Dia em Brasília - 🎧 PODCAST | 2025 Assista: Meio-Dia em Brasília traz as principais notícias e análises da política nacional direto de Brasília. Com apresentação de José Inácio Pilar e Wilson Lima, o programa aborda os temas mais quentes do cenário político e econômico do Brasil.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2025 Opinião do dia - Antonio Gramsci* (Partido Político) "Será necessária a ação política (em sentido estrito) para que se possa falar de "partido político"? Pode-se observar que no mundo moderno, em muitos países, os partidos orgânicos e fundamentais, por necessidade de luta ou por alguma outra razão, dividiram-se em frações, cada uma das quais assume o nome de partido e, inclusive, de partido independente. Por isso, muitas vezes o Estado-Maior intelectual do partido orgânico não pertence a nenhuma dessas frações, mas opera como se fosse uma força dirigente em si mesma, superior aos partidos e às vezes reconhecida como tal pelo público. Esta função pode ser estudada com maior precisão se se parte do ponto de vista de que de um jornal (ou um grupo de jornais), uma revista (ou um grupo de revistas) são também "partidos", "frações de partido" ou "funções de determinados partidos", *Antonio Gramsci (1891-1937), Cadernos do Cárcere, V. 3, p. 349, Civilização Brasileira, 2007
Título: Marxismo E Alienação: Contribuição para um estudo do conceito marxista de alienação Autor: Leandro Konder Sinopse: Este é o primeiro livro de Leandro Konder, publicado em 1965. Sua importância histórica é dupla: de uma parte, enfrenta uma temática até então negligenciada pelos estudiosos brasileiros - o conceito marxista de alienação; de outra maneira, assinala uma inflexão na reflexão filosófica do marxismo no Brasil, ao tratar da obra de Marx num registro decididamente antidogmático. Filosofia Editora: Espressão Popular Leandro Konder, juntamente com Carlos Nelson Coutinho e Luiz Mário Gazzaneo, foi uma figura central na introdução das obras de Antonio Gramsci no Brasil na década de 1960. O papel de Konder nesse processo incluiu: Tradução e Organização: Ele e Coutinho foram responsáveis pela tradução e organização dos primeiros volumes temáticos dos Cadernos do Cárcere, publicados pela Editora Civilização Brasileira, sob a direção de Ênio Silveira. Primeira Publicação: Em 1966, foi lançado o primeiro volume, intitulado Concepção Dialética da História, que contou com uma apresentação assinada por Konder e Coutinho. Contexto Político: A difusão das ideias de Gramsci ocorreu em um período de intensa busca por novas referências teóricas pela esquerda brasileira, especialmente após o golpe militar de 1964 e em meio aos debates sobre o eurocomunismo, oferecendo novos recursos intelectuais para a recuperação do valor da política. Análise e Divulgação: Através de seus próprios livros e ensaios (como Marxismo e alienação e Os marxistas e a arte, publicados na mesma época), Konder ajudou a contextualizar e a aplicar as categorias gramscianas — como hegemonia, Estado ampliado e o papel dos intelectuais — no cenário brasileiro, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada do marxismo. Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho tornaram-se os dois principais especialistas brasileiros na obra de Gramsci, exercendo grande influência no pensamento social e político do país. A primeira tradução em formato de livro de escritos de Antonio Gramsci no Brasil ocorreu na década de 1960. A obra foi publicada pela Editora Civilização Brasileira, sob a iniciativa de Ênio Silveira, com tradução e organização de Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder e Luiz Mário Gazzaneo. Essa primeira publicação, lançada entre 1966 e 1968, não era a íntegra dos Cadernos do Cárcere, mas sim uma edição temática e parcial baseada na organização italiana da obra. A tradução integral dos Cadernos do Cárcere em português só foi concluída e disponibilizada muitos anos depois, em um projeto mais recente coordenado pela International Gramsci Society – Brasil (IGS-Brasil).
Guia para quem deseja compreender o texto com a profundidade que ele merece Este é um texto que não aceita leitores apressados. Ele não cabe em timelines, não se sustenta em frases soltas e não recompensa quem lê apenas para confirmar crenças pré-fabricadas. A coluna expõe um momento político frágil, tenso e estrutural — e exige, do leitor, o mesmo que a boa política exige de seus agentes: atenção, paciência e disposição de entender o que realmente está acontecendo, não o que gostaríamos que estivesse. Leia com um lápis na mão. Não para sublinhar indignações, mas para marcar
Hugo Motta conseguiu: transformou a Câmara num escape room sem luz, sem roteiro e sem bombeiro. Ajudou a oposição, ferrou o governo, censurou a imprensa e ainda serviu caos “duplo sabor” na pauta. Quer autoridade? Entregou só a impressão: um presidente que perde tudo — menos a chance de piorar.
Agenda de Motta atropela governo e favorece oposição na Câmara Publicado em 10/12/2025 - 07:46 Luiz Carlos Azedo Brasília, Comunicação, Congresso, Eleições, Governo, Justiça, Partidos, Política, Política Presidente da Câmara está cada vez mais alinhado aos adversários de Lula, sobretudo ao projeto do Centrão de unificar a oposição em torno de Tarcísio de Freitas A iniciativa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar simultaneamente a mudança na dosimetria das penas aplicadas aos envolvidos no golpe de 8 de janeiro e os processos de cassação de mandato de Glauber Braga (PSol-RJ), Carla Zambelli (PL-SP), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) produziu mais estresse político em Brasília. Não apenas porque favorece abertamente a oposição e ameaça impor novas derrotas ao governo Lula, mas também porque revela um método de condução da Câmara que combina improviso, força bruta e ausência de mediação política. O resultado é um presidente fragilizado perante a opinião pública, tentando impor autoridade pelo braço e não pela construção de consensos. Leia também: Censura e tumulto com dosimetria e cassação A ocupação da cadeira da Mesa Diretora por Glauber, seguida de sua remoção à força pelos seguranças da Câmara, expôs falta de bom senso na condução dos trabalhos e um estilo de direção do tipo “macaco em casa de louças”. A cena seria impensável sob Ulysses Guimarães ou mesmo, goste-se ou não, sob Arthur Lira (PP-AL), padrinho político de Motta. Ambos sabiam que a autoridade do presidente da Câmara repousa menos na capacidade de usar a força institucional e mais na habilidade de prevenir conflitos. Ao pautar matérias explosivas ao mesmo tempo, sem aviso, sem negociação e sem sequer informar o relator do projeto de nova dosimetria das penas, o deputado Paulinho da Força (Republicanos-SP), Motta criou as condições perfeitas para o tumulto de ontem, protagonizado por Glauber. Tudo agravado pelo cerceamento do trabalho da imprensa e do acesso à informação por parte da sociedade, com as agressões e retirada de jornalistas do plenário e o corte da transmissão da TV Câmara às 17h34, exatamente quando o conflito se ampliava. O gesto fere o princípio da publicidade dos atos legislativos, apesar da narrativa de que o presidente tentou evitar que o país assistisse ao caos que se instaurava sob seu comando. A justificativa dada pela assessoria — “um protocolo” não especificado — apenas reforçou a percepção de improviso e opacidade. Em vez de controlar a crise, Motta a multiplicou. No campo político, a pauta escolhida pelo presidente da Câmara produziu um efeito imediato: colocou o governo de Lula na defensiva e premiou a oposição, duplamente. De um lado, o avanço do projeto que reduz a pena de Bolsonaro e demais condenados pelo 8 de Janeiro; de outro, a abertura de julgamentos que podem resultar na cassação de adversário direto e manutenção dos mandatos de deputados de extrema direita. Ofensiva Essa combinação, apresentada de surpresa, evidencia que Motta opera cada vez mais alinhado aos interesses da oposição, sobretudo ao projeto do Centrão de unificar a oposição em torno da candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Aproveita o desgaste crescente do Planalto com o Senado, em razão da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, a decisão de Motta ignorar novamente o entendimento da Corte que determina a cassação automática de deputados condenados ao regime fechado, amplia o conflito institucional entre Câmara e Supremo. Sob a alegação de que “quem pode mais, pode menos”, o presidente escolheu o rito mais lento, mais político e mais imprevisível para cassação dos deputados condenados pelo Supremo, o que interessa diretamente ao campo bolsonarista. É o mesmo procedimento que beneficiou Carla Zambelli, também condenada criminalmente. A mensagem implícita ao STF é clara: a Câmara não aceitará imposições e reivindica para si a palavra final, mesmo quando a Constituição oferece interpretação diversa, embora não seja uma Casa revisora das decisões judiciais. Leia mais: Câmara aprova PL que reduz penas de condenados por atos golpistas O caso de Glauber adiciona outra camada ao imbróglio. O parecer do relator Paulo Magalhães (PSD-BA) mistura episódios distintos, alguns já arquivados, e reaviva conflitos antigos do deputado com Arthur Lira, o que seus aliados denunciam como casuísmo. Entretanto, ao colocar sua própria cabeça em jogo com o gesto de ocupar a Mesa, Glauber acabou oferecendo ao presidente da Câmara o pretexto perfeito para endurecer. A escalada do conflito não fortalece Motta. A imagem que projeta é a de um presidente fraco, que perde o controle do plenário, perde a boa relação com a imprensa, perde a narrativa e tenta reconquistar autoridade pela imposição. O governo, por sua vez, foi pego completamente de surpresa pela pauta dupla. A articulação política do Planalto não esperava que o presidente da Câmara fizesse avançar o projeto da dosimetria antes de ajustes finais do relator, nem que levasse a plenário quatro cassações simultâneas num contexto de altíssima volatilidade. A postura de Motta reforça a percepção de que a Casa vive uma espécie de rolo compressor do Centrão: decisões de impacto são aprovadas de última hora, sem acomodar bancadas, sem calibrar tensões e sem medir os riscos para a governabilidade. Almeja recuperar autoridade, mas opta por métodos que a corroem e termina associando sua imagem à truculência, ao improviso e ao descontrole. Nas entrelinhas: todas as colunas no Blog do Azedo Compartilhe: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)Compartilhe no Google+(abre em nova janela)Clique para compartilhar no Pinterest(abre em nova janela) #Bolsonaro, #Câmara, #Cassações, #Dosimetria, #Glauber, #Mota
Aprovação unânime na CCJ do projeto Antifacção, que agora segue para votação no plenário do Senado. O texto foi construído ouvindo quem atua no combate ao crime organizado e representa a oportunidade real de virar o jogo e atingir o chamado andar de cima. De cnnbrasil.com.br 12:34 PM · 10 de dez de 2025 ·
📣 605.552 votos para Prefeitura de São Paulo 🇧🇷 Deputada Federal reeleita com 337.873 votos tabataamaralsp • Áudio original Foto do perfil de tabataamaralsp tabataamaralsp 21 h 🚨 É um absurdo o que acabou de acontecer na Câmara dos Deputados! JORNAL DA CULTURA | 09/12/2025 Jornalismo TV Cultura Transmissão ao vivo realizada há 20 horas #JC #JornalDaCultura No Jornal da Cultura desta terça-feira (9), você vai ver: ameaçado de ter o mandato cassado, deputado Glauber Braga ocupa a cadeira da presidência; alternativa ao Projeto da Anistia, texto reduz penas dos condenados golpistas; PGR pede a condenação de 6 réus do grupo que atuou na 'gerência' da trama golpista; parecer aumenta competência da 'PF' e endurece penas a líderes de facções; Donald Trump renova ameaças e diz que Nicolás Maduro está com os dias contados Para comentar essas e outras notícias, Rodrigo Piscitelli recebe o cientista político Sérgio Fausto, diretor-executivo da Fundação FHC, e o jornalista Nelson Garrone, correspondente da TVI - CNN Portugal.
Vestidos prêt-à-porter oferecem inúmeras possibilidades de No Brasil, o prêt-à-porter (pronto para vestir) refere-se à moda produzida em tamanhos padronizados, com design autoral e produção em escala, tornando-a mais acessível do que a alta-costura. É um conceito central para feiras como a São Paulo Prêt-à-Porter, que impulsiona o mercado de confecções, além de ser a base para marcas que trazem tendências para o dia a dia e para eventos como o São Paulo Fashion Week. O conceito no contexto brasileiro 1. Democratização da moda O prêt-à-porter trouxe a moda das passarelas para o público geral, permitindo que mais pessoas tivessem acesso a peças estilosas e de qualidade. Esse movimento contribuiu para o surgimento de novas marcas e o fortalecimento do varejo. 2. Eventos e feiras A São Paulo Prêt-à-Porter é um evento-chave que conecta fabricantes, lojistas e jornalistas, apresentando novidades e tendências para a indústria. 3. São Paulo Fashion Week (SPFW) Embora o SPFW seja o maior evento de moda do país, ele também engloba o prêt-à-porter, apresentando coleções prontas para o consumo, mas com forte apelo criativo — diferentemente da alta-costura, que foca em peças exclusivas e sob medida (não existente no Brasil em seu sentido formal). Características do prêt-à-porter Pronto para vestir: Peças feitas em série, com tamanhos padronizados (P, M, G etc.). Acessibilidade: Valores mais acessíveis em comparação à alta-costura, facilitando a experimentação e a compra. Design e qualidade: Oferece design autoral, com coleções que refletem tendências, mas são pensadas para a rotina. Impacto no mercado: Fortalece a indústria da moda, impulsionando o crescimento do varejo e a criação de marcas nacionais. Em resumo, o prêt-à-porter no Brasil é o motor da moda comercial e de tendências, presente nas grandes lojas, feiras e desfiles. Ele democratiza o acesso ao estilo e à produção em massa, consolidando o país como um polo importante no cenário da moda.
customized | Tradução de customized no dicionário “Customizado” (do inglês customized) significa personalizado, adaptado ou feito sob medida para atender às necessidades, gostos ou preferências específicas de um cliente ou usuário. Refere-se ao ato de modificar algo padrão para torná-lo único, agregando valor e exclusividade — seja um produto, serviço ou software. É a personalização que confere características individuais a itens como roupas, móveis, sistemas de computador ou até conteúdo online. Exemplos de uso Moda: Uma camiseta pintada ou bordada com um desenho exclusivo para você. Tecnologia: Um software configurado com campos e funções adicionais para a sua empresa. Decoração: Uma almofada com uma foto ou frase específica. Serviços: Um plano financeiro adaptado ao seu perfil de gastos. Em resumo Origem: do inglês to customize (customizar). Significado: personalizar, adaptar, adequar, reformar. Objetivo: criar algo único, exclusivo e que atenda melhor aos requisitos de alguém.
Nivelamento- UM APÓLOGO, Machado de Assis Apólogo: O Alfinete, o Símbolo e o Algoritmo Um alfaiate, já nos seus oitenta anos, de nome Bento, encontrou-se sentado num banco de praça, observando o movimento da cidade. Ao seu lado, materializaram-se, como que por um capricho do destino ou da narrativa, dois espectros: um sapateiro russo do século XIX, de barbas ralas e olhar sofrido, chamado Ivan, e um operário inglês da Revolução Industrial, de face tisnada e modos bruscos, chamado William. Bento, que vira seu ateliê sucumbir à Ducal e ao prêt-à-porter, suspirou, alisando um velho alfinete de lapela. — Este alfinete, meus amigos, era a alma do meu trabalho. Um ponto, um ajuste. Agora, é só o que me resta. A máquina costura cem ternos enquanto eu alinhava um. A arte morreu. Ivan, o sapateiro, balançou a cabeça com a lentidão dos que carregam o peso da terra-mãe. — A arte? Meu caro, a dignidade. Eu passava o dia a curvar o espinhaço para fazer botas que os boiares usavam para pisotear a geada. Sonhava em ter meu próprio couro, mas a única coisa que acumulei foi calos. O moujik que sou, serei para sempre, mesmo que o Czar caia. William, o inglês, soltou uma risada rouca, que soava como o ranger de engrenagens de Manchester. — Calos? Isso é para fracos. Na fábrica, a chaminé cospe a fumaça que nos alimenta, ou nos mata. Não há arte nem dignidade, há carvão e ritmo. Meu patrão, Mr. Peel, conta os tecidos. Eu conto os minutos. O que nos resta é a força bruta, e ela só serve para mover mais rodas. Neste instante, um jovem de fones de ouvido, Rafael, sentou-se na beirada do banco, mexendo furiosamente no celular. — Vocês são patéticos, meus caros dinossauros. Presos a patrões, a fábricas, a czares... Eu sou autônomo! Trabalho para mim mesmo! Faço meus horários! Sou o capitão do meu destino digital! Bento, Ivan e William entreolharam-se, e o silêncio pesou mais que o fumo das fábricas. — E quem é o seu cliente, rapaz? — perguntou Bento, com a ironia que lhe era peculiar. — A Plataforma! Um algoritmo! Eles me dão as rotas, os clientes... — E lhe pagam quanto? — inquiriu Ivan. — Depende da demanda, da avaliação... É flexível! William, o operário, levantou-se, ajeitando a boina, e fitou o céu cinzento. — Patrão invisível, salário incerto, sem lei, sem direito... Pela minha alma, rapaz, até as máquinas a vapor tinham mais alma que essa tua "liberdade". Bento sorriu, um sorriso que Machado de Assis reconheceria: o sorriso da resignação fatalista. — Eis a moral do apólogo, meus amigos: muda-se a forma da exploração, mas a substância permanece. Trocam-se os alfinetes, os couros e o carvão pelos algoritmos, mas a ilusão de ser dono de si é a mais duradoura das correntes. Rafael não ouviu, ocupado que estava em aceitar uma corrida de R$ 5,00 que o levaria para longe, na ilusão da autonomia.

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