terça-feira, 1 de outubro de 2024

LOMBADA

QUE HORROR! Que horror... -----------
--------------- Retirantes - Candido Portinari — Google Arts & Culture ------------ No meio da rua, Edmundo caiu. Foi uma queda silenciosa, quase invisível, como se o mundo ao seu redor continuasse indiferente. As câmeras de segurança registraram o instante exato, mas os olhos que ali estavam — os olhos humanos, olhos de carne e tempo —, esses não se detiveram. Veículos passavam. Edmundo permaneceu caído, como uma pedra no meio do caminho, imóvel. Seu corpo de 89 anos havia cedido à gravidade, à fragilidade, ao tempo que lhe havia sido cruel. No meio da calçada, ele já não fazia parte do fluxo. Os segundos passavam, longos, arrastados, sem pressa. Quem passava por ali olhava, mas não via. Uma sombra no chão, um obstáculo no cotidiano. Nenhum dos motoristas parou, ninguém estendeu a mão para levantar aquele homem que, anos antes, talvez tivesse erguido outros tantos. No meio do caminho, havia agora o inevitável. O carro surgiu no campo de visão da câmera, deslizando como uma presença predestinada, como a conclusão de algo que se anunciou muito antes. Não houve freio, não houve hesitação. Um corpo de 89 anos, uma máquina sem rosto, o encontro inevitável. O carro passou por cima. Depois, mais uma vez o silêncio. O motorista seguiu adiante. A pedra fora esmagada, mas o caminho permanecia, como se o atropelo não fosse um acidente, mas um detalhe que não merece a atenção da pressa urbana. A polícia, dias depois, buscava explicações, um culpado, como se o culpado fosse só aquele que dirigia. Mas o verdadeiro culpado estava em todos os que passaram, que viram e seguiram. Um círculo de ausências, de vidas ocupadas demais para interromperem o curso da tragédia. O filho de Edmundo postou nas redes sociais. Palavras doces, de reconforto, sobre a vida que seu pai tivera. A natureza, a pureza, o coração bom. Mas nada daquilo mudava o fato. Seu pai, como uma pedra, ficou ali, esquecido por minutos que se tornaram eternos. O cotidiano se quebrou, mas apenas por um breve segundo, logo retornando ao seu curso normal. Edmundo já não fazia parte desse mundo. No meio da rua, havia uma pedra. E como a pedra, Edmundo ficou. ------------- ------------ CONSTRUÇÃO - CHICO BUARQUE | CONHEÇA A LETRA ------------- Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contramão atrapalhando o sábado Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague #ChicoBuarque #Construçao _________________________________________________________________________________________________________ ------------
---------------- Os retirantes - Candido Portinari — Google Arts & Culture ------------- No Meio do Caminho</b> No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra. https://www.metropoles.com/brasil/idoso-morre-apos-cair-em-rua-e-ser-atropelado-veja-video 👆 ---------- ----------- Polícia procura motorista, que teria atropelado idoso, o qual, sofreu mal súbito e caiu na rua ------------ RIC Notícias 30 de set. de 2024 #ricnotíciasnoite #rictv #crime Polícia procura motorista, que teria atropelado idoso, o qual, sofreu mal súbito e caiu na rua. Confira todos os detalhes na reportagem! https://www.youtube.com/watch?v=eTXYhmPdR38 _________________________________________________________________________________________________________
------------- Brasil Idoso morre após cair em rua e ser atropelado. Veja vídeo Dois minutos após a queda, um carro atropela Edmundo. Segundo a Polícia Civil do Paraná, o homem de 89 anos teria passado mal Álvaro Luiz 30/09/2024 19:05, atualizado 30/09/2024 19:05 Google News - Metrópoles Reprodução de vídeo/Câmera de segurança Imagem preto e branco, homem de 89 anos sendo atropelado por um carro - Metrópoles Um idoso de 89 anos morreu após cair em uma rua e ser atropelado por um carro minutos depois da queda. O caso ocorreu em Curitiba (PR), no sábado (28/9). Câmeras de segurança flagraram o momento exato em que Edmundo Goralewski se desequilibra ao andar na calçada. Após a queda, o homem fica cerca de dois minutos caído próximo à rua, enquanto diversos veículos transitam. As informações são do Uol. A Polícia Civil do Paraná alega que Edmundo teria passado mal. Minutos depois da queda, um carro atropela a vítima. A polícia busca informações para tentar identificar o motorista que atropelou o homem e fugiu. Play Video “Esperamos que o condutor do veículo se apresente nas próximas horas em nossa unidade policial para prestar os devidos esclarecimentos. Caso não se apresente, a Polícia Civil tomará as devidas providências”, disse o delegado Edgar Santana, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (30/9). O delegado também repreende a atitude dos motoristas que não pararam para prestar socorro a Edmundo. “Não se tratou de um acidente. As imagens são claras em mostrar que se tratou de uma tragédia mais do que anunciada. Uma verdadeira falta de empatia, respeito e consideração de quem passou pelo local, visualizou a vítima no chão e não prestou assistência”, indagou o delegado. O filho de Edmundo, Percy Goralewski, utilizou as redes sociais para lamentar a morte do pai. -----------
----------- “Um homem que lutou e venceu o bom combate, amante da natureza, simples, mas de um coração puro. […] Sem dúvida, o céu está em festa!”, escreveu. O sepultamento de Edmundo ocorreu em Curitiba, neste último domingo (29/9) à noite. “Ele agora descansa e não sente mais as dores e a maldade do mundo terreno. Tenho certeza que, muito em breve, nossas existências se reencontrarão e continuaremos trilhando uma nova história fraternal”, destacou o filho em outro post. https://www.metropoles.com/brasil/idoso-morre-apos-cair-em-rua-e-ser-atropelado-veja-video

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