Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 3 de setembro de 2024
AGGIORNAMENTO
Eu Sou Seu Homem
I'm Your Man
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terça-feira, 3 de setembro de 2024
Maria Cristina Fernandes - Entre STF e Starlink, disputa sobe de patamar
Valor Econômico
Moraes vai precisar desse respaldo da Primeira Turma numa decisão que agora atinge o setor real da economia e da vida das pessoas
A recusa da Starlink em cumprir a determinação do Supremo Tribunal Federal de bloquear o acesso de seus usuários ao X mostrou que o fio puxado pelo ministro Alexandre de Moraes era do bigode de um elefante. Ao contrário do X, que nem publicidade mais dispõe, a Starlink tem 224 mil contratos - desde navios da Marinha na Antártica a cidades-símbolo do agronegócio (Sinop-MT) ou turismo (Fernando de Noronha-PE).
A unanimidade de Moraes na Primeira Turma respalda a decisão do ministro mas não conduz ao bloqueio da empresa. Se concorrentes do X, como Bluesky ou Threads, já se arvoram a conquistar ex-tuiteiros, a substituição da empresa que lidera a banda larga por satélite no país, com 42% do mercado, não se faz em dois cliques.
A disputa é gigante mas paquidérmica. A recusa da Starlink foi comunicada por WhatsApp ao presidente da Anatel, Carlos Baigorri, que tem até a sexta-feira para receber a notificação formal da recusa ou verificar, in loco, o descumprimento. Só então fará a comunicação oficial ao STF que, por enquanto, bloqueou as contas, mas não a operação.
O bloqueio das contas da Starlink é o que possibilitará, segundo a decisão, o pagamento das multas do X. A estas, que já ultrapassariam os R$ 18 milhões, podem vir a se somar aquelas impostas à própria Starlink pelo descumprimento da decisão.
Os ministros que não deixaram dúvida do respaldo a Moraes também abriram porta para uma negociação futura - desde o voto de Cármen Lúcia (“O Brasil não é xepa de ideologias sem ideias de Justiça, onde possam prosperar interesses particulares embrulhados no papel crepom de telas brilhosas sem compromisso com o Direito”) àquele de Flávio Dino (“sem prejuízo de futuro e imediato reexame à vista da eventual correção da conduta ilegal da empresa em foco”).
Se o bloqueio do X não traz prejuízos financeiros a Elon Musk, por se tratar de uma empresa deficitária, aquele da Starlink afeta uma empresa que acabou de alcançar a liderança do setor, como mostrou Ivone Santana, no Valor. Se, por “correção de conduta”, entende-se o recuo de Musk, parece improvável que este venha a acontecer, como sugere o novo recurso apresentado pela Starlink ao STF nesta segunda. Sua substituição pela concorrente mais próxima, a também americana Hughesnet (38% do mercado nacional), parece mais provável.
A imprensa internacional acompanha a batalha com nítido viés pró-STF, a começar pelo “The New York Times”. “Tendo construído ou comprado empresas que têm crescente controle sobre como as pessoas se conectam e se comunicam, Musk tenta aumentar sua influência para confrontar autoridades e desafiar leis das quais ele não gosta”, diz a reportagem desta segunda do correspondente Jack Nicas. A torcida sugere impaciência com a dependência crescente dos EUA em relação a Musk, a começar por contratos do Pentágono com a Space X, empresa à qual a Starlink é subordinada, da ordem de US$ 1,2 bilhão.
No Brasil, o desagrado é acrescido por promessas não cumpridas - e lembradas na decisão de Moraes - como a oferta de internet gratuita a escolas públicas na Amazônia em meio ao cortejo de Musk ao governo Jair Bolsonaro. Mas não apenas. O imbróglio da Starlink remexe as disputas entre as teles e as redes sociais no Brasil.
Graças ao WhatsApp, o mercado de telefonia foi destroçado. Se este movimento beneficiou o consumidor, por outro lado, as teles se queixam que as redes ocupam a maior parte da infraestrutura de comunicação de dados do país e as obriga a aumentar o investimento em sua expansão sem que paguem mais por isso.
A atual gestão da Anatel é proativa - até demais - na defesa das teles em sua cruzada contra as redes. Já pretendeu criar uma descabida estrutura de “serviços e direitos digitais” para promover a “liberdade de expressão e o combate à desinformação, discursos de ódio e democráticos” e discute com parlamentares a apresentação de um projeto de lei para cobrar pela sobreutilização da infraestrutura pelas redes sociais.
A viabilidade de ambas as iniciativas hoje parece menor do que a determinação do governo em levar à frente a tributação das grandes empresas de tecnologia para compensar a desoneração da folha de pagamentos em 2015.
Nenhuma dessas medidas, porém, traz alternativas para diminuir a dependência das diatribes de Elon Musk. Inexiste um projeto estruturado para que o país disponha de sua própria estrutura de satélites.
Depois da guerra da Ucrânia, que foi riscada do mapa digital pela Rússia e só não ficou sem conexão por conta da Starlink, aumentou a disputa pela tal “soberania digital”. Se a órbita já está mapeada pelos satélites hoje planejados, que dirá quando o Brasil vier a ter condições de disputá-la.
O Ministério da Justiça, que atuava na mediação entre o STF e as redes sociais, ausentou-se do debate. Sem mediadores no Executivo, o flanco ficou exposto. Na sexta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em litígio com o STF por conta das restrições impostas às emendas parlamentares, criticou Moraes por ter extrapolado as decisões sobre o X para a Starlink.
O Ministério das Comunicações, cujo titular, Juscelino Filho, foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e fraude em suposto desvio de emendas parlamentares repassados à Codevasf, parece seguir alheio à disputa no seu quintal. Na quitanda das emendas parlamentares, não sobrou espaço para a geopolítica.
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terça-feira, 3 de setembro de 2024
Dora Kramer - Queridos zeladores
Folha de S. Paulo
Para o eleitor municipal vale mais a zeladoria das cidades que a guerra ideológica
A eleição em São Paulo galvaniza atenções porque mobiliza emoções políticas. Fator importante, senão crucial, nas disputas nacionais. Ambiente que a Luiz Inácio da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) interessa atrair para o âmbito municipal.
Ou melhor, interessava ao menos no caso de Lula. Na semana passada, deu um passo atrás em entrevista a uma rádio da Paraíba: disse que pretende reduzir sua participação em campanhas devido à pesada agenda presidencial.
O recuo tático em relação à ideia de que a disputa de 2024 deveria ser vista como uma prévia de 2026 provavelmente se deu em função das pesquisas. Elas indicam baixa adesão do eleitorado aos ditames dos padrinhos de candidatos que também atraem rejeição.
Há muitas cidades em que prefeitos pleiteiam a reeleição e estão com altos índices de intenções de votos. Nelas, a preferência dos eleitores nada tem a ver com a guerra das torcidas de direita e esquerda referidas na luta ideológica, lacrações de internet e provocações de nível rasteiro.
Embora não sejam os únicos —o prefeito de Macapá, Antônio Furlan, do Cidadania, tem 91% das preferências—, há dois de maior destaque em capitais política, econômica e socialmente relevantes: João Campos (PSB), com 76% da intenções de voto, e Eduardo Paes (PSD), com 60% das preferências.
Qual o segredo do sucesso? Capacidade de agregar, habilidade de conquistar potenciais adversários, desapego a dogmas e, sobretudo, ligação direta com as demandas da população local.
Campos e Paes falam ao eleitorado respeitando a seguinte evidência: o presidente e seu antecessor não serão os responsáveis diretos pelo atendimento das necessidades e da administração do dia a dia das cidades. Com isso, ganham votos.
A ponto de ambos terem se dado ao luxo de ignorar os apelos do PT para ceder a vaga de vice em suas chapas e, ao mesmo tempo, contar com o apoio do partido.
Por uma simples razão: o cidadão que se considera bem atendido tem maior chance de ir às urnas com boa vontade em relação ao bom zelador.
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Roda Viva - Chico Buarque & MPB-4
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Alberto Nogueira
2 de ago. de 2017
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Composição: Chico Buarque
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Título: "O Paradoxo do Mentiroso 2.0: Quando a Bravata se Atualiza"
Resenha:
Recentemente, um intrigante episódio trouxe à tona o velho e clássico “Paradoxo do Mentiroso”, mas desta vez, com uma pitada de modernidade que poderíamos chamar de aggiornamento. Ao lançar a frase “sem bravatas e mentiras”, o falante, sem querer, deu um nó em nossa lógica e criou uma verdadeira obra-prima de ambiguidade.
Imagine o seguinte: o orador começa com uma negação bem direta—“sem bravatas”—, o que nos faz respirar aliviados, pois já não teremos que lidar com exageros. Mas eis que ele emenda um “e mentiras” sem o apoio de um “sem”. É aqui que as coisas ficam interessantes. Estaria ele dizendo que há mentiras, mas não bravatas? Ou que estamos livres de ambos? Ou ainda, que a verdade, bem, pode estar em algum lugar nebuloso entre os dois?
Esse truque de linguagem não é apenas um descuido, mas quase um aggiornamento do velho paradoxo, onde, na tentativa de escapar de uma mentira direta, o falante lança mão de uma ambiguidade estratégica. É como se dissesse: “Olha, estou sendo honesto... mas, talvez, nem tanto assim.” Um verdadeiro dilema para os amantes da lógica e uma dor de cabeça para quem busca a verdade nua e crua.
Essa estratégia de comunicação parece nos colocar em uma zona cinzenta onde a verdade e a mentira dançam um tango, e ficamos na dúvida se devemos aplaudir o espetáculo ou sair correndo. O resultado? Um cenário onde a credibilidade do falante pode acabar tão nebulosa quanto sua frase.
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Exposição mais visitada do mundo, A magia de Escher chega ao Palácio das Artes
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Sugestão de Gravura:
Para ilustrar essa situação cômica e paradoxal, uma imagem de um político em um pódio, com a metade do rosto sorrindo e a outra metade séria, envolto em um emaranhado de fitas que dizem "verdade" e "mentira", seria perfeita. Outra opção poderia ser uma figura de Escher, onde a escada não leva a lugar nenhum, simbolizando a circularidade e a confusão da situação.
Sugestão de Música:
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I'm Your Man
Leonard Cohen
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Letra
Tradução
Significado
Eu Sou Seu Homem
I'm Your Man
Se você quiser um amante
If you want a lover
Eu farei tudo o que você pedir
I'll do anything you ask me to
E se você quiser outro tipo de amor
And if you want another kind of love
Eu usarei uma máscara por você
I'll wear a mask for you
Se você quiser um parceiro
If you want a partner
Segure minha mão
Take my hand
Ou se quiser me derrotar em ódio
Or if you want to strike me down in anger
Bem, aqui estou eu
Well, here I stand
Eu sou seu homem
I'm your man
Se você quiser um boxeador
If you want a boxer
Eu entrarei no ringue por você
I will step into the ring for you
E se quiser um médico
And if you want a doctor
Eu examinarei cada centímetro seu
I'll examine every inch of you
Se você quiser um motorista
If you want a drive
Embarque aqui
Climb inside
Ou se quiser me levar para um passeio
Or if you want to take me for a ride
Você sabe que pode
You know you can
Eu sou seu homem
I'm your man
Ah, a Lua brilha demais
Ah, the Moon's too bright
A corrente aperta demais
The chain's too tight
A besta não vai adormecer
The beast won't go to sleep
Eu tenho relembrado estas promessas a você
I've been running through these promises to you
Que fiz e não pude cumprir
That I made but I could not keep
Ah, mas um homem nunca reconquistou uma mulher
Ah but a man never got a woman back
Senão implorando de joelhos
Not by begging on his knees
Bem, eu rastejaria até você, querida
Well I'd crawl to you, baby
E cairia aos seus pés
And I'd fall at your feet
E uivaria à sua beleza
And I'd howl at your beauty
Como uma cadela no cio
Like a dog in heat
E eu fincaria minhas garras em seu coração
And I'd claw at your heart
E rasgaria seus lençóis
And I'd tear at your sheet
Eu diria por favor, por favor
I'd say please, please
Eu sou seu homem
I'm your man
E se você tiver que dormir
And if you've got to sleep
Por um instante, na estrada
A moment on the road
Eu vou dirigir por você
I will steer for you
E se quiser andar na rua sozinha
And if you want to work the street alone
Eu vou desaparecer por você
I'll disappear for you
Se você quiser um pai para a sua criança
If you want a father for your child
Ou só quiser caminhar um pouco comigo
Or only want to walk with me a while
Pela areia
Across the sand
Eu sou o seu homem
I'm your man
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Uma música ideal para embalar esse aggiornamento do paradoxo poderia ser "I’m Your Man", do Leonard Cohen, mas interpretada com um toque humorístico, como em uma versão satírica de um cabaré. A letra de Cohen, cheia de ironia e charme, combinaria perfeitamente com o tom do paradoxo atualizado.
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Roda Viva | Pablo Marçal | 02/09/2024
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Roda Viva
2.391.756 visualizações Transmissão ao vivo realizada há 18 horas #1 nos vídeos Em alta
O Roda Viva entrevista o candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal.
Candidato pelo PRTB, Marçal concorre pela primeira vez ao cargo executivo da capital paulista.
A bancada de entrevistadores é composta por Amanda Audi, repórter da Agência Pública; Bruno Ribeiro, repórter de política do portal Metrópoles; Malu Gaspar, editora e colunista de O Globo; Pedro Borges, diretor de redação da Alma Preta; e Pedro Canário, repórter do UOL.
A apresentação é da jornalista Vera Magalhães, e as ilustrações do programa são feitas por Luciano Veronezi.
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