segunda-feira, 26 de agosto de 2024

TALVEZ

"Para encurtar a fábula, Malina, ainda por cima militar multicondecorado por feitos na 2.ª Guerra, estendeu a Fidel a parte da mão que lhe restava. Não era menos bravo do que o outro, “apenas” tinha visão diferente da política e dos seus procedimentos, segundo o relato de Carlos Marchi no primeiro volume sobre os cem anos do Partidão (Longa Jornada Até a Democracia, Brasília, 2022)." ------------ Vitória ganha ou ilusão perdida? --------- ----------- Jogo Sem Vitória Milionário e José Rico ________________________________________________________________________________________________________ -------------- "Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o sabiá." ----------- -------------- _________________________________________________________________________________________________________ 1 – A expressão é mesmo esta: «tomar a nuvem por Juno». 2 – O significado pode ser iludir-se; supor que algo é melhor do que realmente é; tomar os desejos por realidade, ou interpretar erradamente um sinal ou um acontecimento. _________________________________________________________________________________________________________ ----------------
----------- Ao reunir os textos escritos para O Estado de S. Paulo, Luiz Sérgio nos oferece uma oportunidade para pensar no país em que vivemos e na época histórica de que não podemos fugir. Os textos recobrem um período emblemático de oito anos, contados a partir de 2010. Passam, portanto, por um trajeto acidentado, no qual não só a velocidade aumentou como também se sucederam alguns “acidentes de percurso” que, superpostos e entrelaçados, fizeram o país chegar ao enigmático ano de 2018. SOBRE O AUTOR: Luiz Sérgio Henriques, ensaísta e tradutor, foi dos responsáveis pela mais recente edição das Obras de Antonio Gramsci, em 10 volumes (Ed. Civilização Brasileira). Preparou, em particular, as “Cartas do cárcere”. Em colaboração com Giuseppe Vacca, coordenou o livro “Gramsci no seu tempo” (Fundação Astrojildo Pereira). Dirige nesta Fundação a coleção Brasil & Itália, com duas dezenas de livros publicados. Há 10 anos é colaborador regular do Estado de S. Paulo. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
--------------- Luiz Sérgio Henriques - Uma fábula da esquerda O Estado de S. Paulo Olhando os efeitos em torno de nós, mais certo é incluir aventuras como a de Chávez e Maduro entre as que desgraçadamente desonraram o conceito de socialismo Por mais equivocado que seja falar da existência de uma só esquerda, no singular, certamente há um fundo comum de casos e histórias ao qual se pode recorrer para iluminar escolhas que diferentes agrupamentos fizeram ao longo do tempo. Uma dessas histórias, ocorrida ainda no início dos anos 1990 e guardada desde então no fundo do baú, tem como personagens ninguém menos do que Fidel Castro, ícone da vertente revolucionária, e Salomão Malina, o último secretário do PCB, expoente da “moderação na adversidade” e da defesa de mudanças graduais, inclusive para a saída negociada de regimes de exceção. Malina tinha a mão direita semiamputada por causa de um incidente na clandestinidade, em que vivera durante parte considerável da vida. Era a mão que usava para incomodar opinadores politicamente inconvenientes, tal como Fidel em visita ao Brasil. As intervenções do eterno combatente tinham como alvo o reformismo, afinal malogrado, de Mikhail Gorbachev – e os reformistas em geral. O interlocutor que visivelmente preferia era o petista Luiz Inácio Lula da Silva, como se um e outro não se dessem conta do abismo intransponível entre o mito cubano e a realidade brasileira. Para encurtar a fábula, Malina, ainda por cima militar multicondecorado por feitos na 2.ª Guerra, estendeu a Fidel a parte da mão que lhe restava. Não era menos bravo do que o outro, “apenas” tinha visão diferente da política e dos seus procedimentos, segundo o relato de Carlos Marchi no primeiro volume sobre os cem anos do Partidão (Longa Jornada Até a Democracia, Brasília, 2022). Nos anos que se seguiram, a Fidel juntou-se o venezuelano Hugo Chávez, incendiando a imaginação pouco realista de parte da esquerda latino-americana e até global. A tentativa era a de atualizar o paradigma revolucionário dos anos 60 do século 20, retirando-o do contexto exclusivamente militarista e inserindo-o na perspectiva de aprofundamento da democracia “burguesa”. De fato, houve por algum tempo a percepção de que a “revolução bolivariana”, sustentada na renda petrolífera particularmente propícia, podia se espalhar, se não em todos, pelo menos nos países mais pobres e desiguais do continente, a exemplo da Bolívia e do Equador. Pouco qualificada, a tática de aprofundamento democrático encontraria seu desenho mais definitivo na sistemática convocação de assembleias constituintes logo em seguida à eleição de um presidente de vocação autoritária. Tratava-se, para o novo ocupante do Executivo, de paulatinamente submeter as instâncias do Legislativo e do Judiciário ao seu arbítrio, cancelando a separação dos Poderes e esvaziando as agências de controle republicano. Para efetivar a agenda maximalista, um item indispensável para os novos donos do poder era a aprovação do mecanismo de reeleições sucessivas, sem limitação de nenhum tipo. E, como em todos os casos de “revolução pelo alto”, a cargo de condottieri carismáticos, punham-se em ação mecanismos de controle social que vinculavam diretamente homem providencial e massas fanatizadas. Os testemunhos mais isentos de que dispomos dão conta de que, no vazio de representação assim criado, implantou-se a fantasia da democracia direta – e implantou-se, contraditoriamente, de cima para baixo. O pluralismo natural da sociedade, nervo da vida política, passaria a ser substituído pelo simulacro das polarizações dilaceradoras, recurso antipolítico por excelência. Os sucessivos confrontos eleitorais, travados num campo crescentemente desigual, teriam a marca da manipulação plebiscitária em que desde sempre se especializaram os autoritários. Diante dessa suposta intensificação dos confrontos, só os deliberadamente cegos, que sempre os há, puderam repetidamente afirmar, por exemplo, que na Venezuela chavista e regimes congêneres existia “democracia até demais”. A ambição revolucionária dos bolivarianos esteve presente, ainda, no rótulo imaginado pelo sociólogo alemão Heinz Dieterich. Com o experimento chavista, radicalizado por Nicolás Maduro, estaríamos diante do “socialismo do século 21″. O eixo das grandes transformações se deslocaria para a América Latina, suposição que uma vez mais tomava a nuvem por Juno. Mais certo teria sido inserir toda a ala extrema da onda rosa daquele início de século no “momento populista” que, à direita e à esquerda, se mostraria sistematicamente incapaz de recombinar os elementos de liberalismo e de democracia que, juntos, constituem o núcleo político das boas sociedades modernas. Olhando os efeitos em torno de nós, aqui e agora, mais certo ainda é incluir aventuras como a de Chávez e Maduro entre as que desgraçadamente desonraram o conceito de socialismo, longe de reconstruí-lo e torná-lo uma alternativa, entre outras, para tratar os problemas que nos assediam. Instaurado o caos e dada a impossibilidade de nele viver indefinidamente, a coisa a fazer é evocar a figura ideal dos adeptos da moderação e das soluções pacíficas, isolando o tirano e sua claque para que possa prevalecer, ao fim e ao cabo, a vontade da maioria." _________________________________________________________________________________________________________ ------------- Naquele Clube do Bolinha Planaltino, uma Luluzinha estilizada Pantaneiramente de Carmim. --------------
---------- Emendas Pix no debate entre os três poderes da República. Pablo Marçal e a esculhambação na eleição de São Paulo. A posição de Lula diante do impasse que se aprofunda na Venezuela. Ouça o #ForodeTeresina: https://piaui.co/3SZmouN Com @fernandobarros , @anaclaracosta e @NPTO 11:06 AM · 23 de ago de 2024 https://noticias.uol.com.br/colunas/carolina-brigido/2024/08/21/vim-atrapalhar-o-clube-do-bolinha-disse-carmen-em-reuniao-com-15-homens.htm _________________________________________________________________________________________________________ --------------
----------- domingo, 25 de agosto de 2024 Luiz Carlos Azedo - Dubiedade enfraquece a liderança de Lula Correio Braziliense Ser intérprete do sentimento visceralmente comprometido com a ordem democrática que lhe garantiu a vitória no segundo turno é o maior ativo político de que Lula dispõe A plena inserção do Brasil no ocidente democrático é uma conquista que está para completar 40 anos, pois seu ponto de clivagem é a eleição de Tancredo Neves, em 1985, num colégio eleitoral criado pelo regime militar com objetivo de institucionalizar seu modelo autoritário. Naquele momento, conservadores, liberais, social-democratas, trabalhistas e comunistas se aliaram para restabelecer a ordem democrática. Coube ao ex-presidente José Sarney, que assumira o poder com a morte de Tancredo, convocar uma Constituinte e garantir as liberdades para possibilitar a transição política bem-sucedida que resultou na democracia de massas que temos hoje — com eleições diretas, livres e limpas em todos os níveis. No Brasil, a esquerda estava fraturada em relação à eleição de Tancredo Neves, como de resto ocorrera durante todo o regime militar. Uma parte minoritária ainda acreditava na possibilidade de a derrota dos militares se confundir com uma revolução socialista e via com desconfiança a candidatura de Tancredo Neves. Essa visão ainda era hegemônica no Partido dos Trabalhadores, que expulsou os três deputados que votaram a favor da eleição de Tancredo: Aírton Soares (SP), Bete Mendes (SP) e José Eudes (RJ). Líder máximo do PT, Lula disputaria todas as eleições presidenciais (venceria em 2002 e 2006), com exceção das de 2010, quando deixou o poder, e de 2018, quando foi impedido de concorrer contra Jair Bolsonaro, que foi eleito presidente da República. Naquela ocasião, tudo indicava que a alternância de poder e o direito ao dissenso, características de um regime democrático pleno, estavam consolidados e que o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro seria uma inflexão pendular, que se acomodaria às contingências ditadas pelo establishment político conservador e pelas elites econômicas do país. Isso parecia se comprovar nas eleições de 2022, quando Lula voltou ao poder, mas não foi o que ocorreu. O velho golpismo que marca nossa história republicana ainda estava vivo e encarnado no projeto autoritário de Bolsonaro, que militarizou seu governo e, mais tarde, após perder as eleições, tentaria dar um golpe de Estado, o que quase se consumou em 8 de janeiro de 2023. Falou mais alto o sentimento de universalidade democrática, que predominou nas demais instituições políticas do país. Não só no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional, mas também nas próprias Forças Armadas, onde prevaleceram o respeito à Constituição, à hierarquia e à disciplina. O governo Lula, eleito por estreita margem e fruto de uma frente de esquerda que hegemonizou o campo da oposição, beneficiou-se do apoio de setores social-democratas, social-liberais, liberais e conservadores comprometidos com a democracia no segundo turno, ainda que a maior parte dos eleitores desses segmentos tenha sido abduzida pela polarização direita versus esquerda. Ativo político Graças a isso, foi possível barrar o projeto autoritário de Bolsonaro. Ser intérprete do sentimento visceralmente comprometido com a ordem democrática que caracteriza esses setores é o maior ativo político de que Lula dispõe. Tanto do ponto de vista da política nacional, como no âmbito das relações internacionais. Entretanto, a posição da cúpula do PT, de claro apoio à transformação do regime bolivariano de Nicolás Maduro numa ditadura, mostra uma visão instrumental da democracia. E a dubiedade com que o presidente Lula se conduziu-se nesta crise venezuelana parece endossar essa visão. Na sexta-feira, o governo brasileiro não assinou o comunicado que refuta o resultado eleitoral na Venezuela, a pretexto de não concordar com o tom e com o teor do texto. O comunicado é assinado por Estados Unidos, União Europeia e mais 10 países da América Latina (Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai), além da OEA (Organização dos Estados Americanos). O texto afirma o que Lula, Celso Amorim e até o PT também sabem: a eleição na Venezuela foi fraudada. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE, a Justiça eleitoral do país), já havia declarado a vitória de Maduro. Agora, o TSJ respaldou a decisão. Porém, o verdadeiro vencedor da eleição foi o oposicionista Edmundo González, que divulgou as cópias das atas da maioria das seções eleitorais. O Brasil alega que ainda dialoga com Maduro e a oposição venezuelana e, por isso, não endossou o documento, mas de que adianta? Maduro não recuará, a Venezuela ingressa num novo eixo geopolítico, na órbita da Rússia, a China, Cuba, Coreia do Norte e Irã. Descolou-se do ocidente democrático. A posição do PT e as relações históricas de Lula com Maduro põem um ponto de interrogação nas verdadeiras intenções do petista. À luz da nossa tradição diplomática, o Brasil não deve romper relações com a Venezuela, mas reconhecer a vitória do ditador venezuelano é outra história. Maduro segue a trilha de Daniel Ortega, outro aliado histórico de Lula e do PT, mas que expulsou o embaixador brasileiro, o que também deverá ocorrer na Venezuela se Lula não legitimar a vitória do presidente venezuelano. Não reconhecer nem refutar o resultado eleitoral é uma ambiguidade que fragiliza a autoridade de Lula, interna e externamente. Não se tapa o sol com peneira. _________________________________________________________________________________________________________ --------------- Poesia | Talvez, de Pablo Neruda _________________________________________________________________________________________________________ -----------
------------ _________________________________________________________________________________________________________ GANHA OU PERDIDA? Bom Dia! _________________________________________________________________________________________________________ ----------- domingo, 25 de agosto de 2024 Ligia Bahia – Primeira opinião de médicos O Globo Há possibilidade de um perigoso retorno a um charlatanismo, desta vez oficializado por autoridades públicas O resultado das eleições polarizadas, no início do mês, para uma das mais importantes entidades do país, o Conselho Federal de Medicina (CFM), afeta as boas práticas médicas ao renovar a presença de lideranças bolsonaristas na direção. Não é apenas uma recaída na batalha da cloroquina. A vinculação político-partidária e religiosa de médicos é relevante em duas dimensões. A primeira é a influência da categoria na sociedade, e a segunda é como esses posicionamentos alteram o modo de se relacionar com os pacientes. Médicos, desde sempre, estiveram envolvidos com política e em polos opostos do espectro partidário. Estudos mostram que a maioria se identifica mais com uma determinada vertente ideológica. Grupos e entidades médicas também propõem, apoiam ou criticam políticas de saúde, nacionais ou locais, e doam tempo ou recursos para campanhas políticas. São fatos. A segunda questão — se as tendências políticas de um médico repercutem sobre o tipo e qualidade do atendimento — não tem resposta tão direta. Pesquisas internacionais baseadas em situações politicamente divergentes não foram conclusivas, embora tenham sido registradas nuances no grau de preocupação em relação a aborto, maconha e armas de fogo entre os médicos mais e menos tradicionalistas, respectivamente. Um par de frases que entrou para a história da medicina resume uma prática exemplar. O então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, ferido à bala em 1981, em meio às luzes intensas e à equipe do centro cirúrgico, sussurrou entre piada e temor: — Por favor, me digam que vocês todos são republicanos. O cirurgião responsável pelo atendimento, um declarado democrata, respondeu: — Hoje somos todos do seu partido. Em emergências, não é possível recorrer à segunda opinião. Tecnologias de inteligência artificial são bem-vindas, mas não substituem a “primeira opinião”, a emitida com rigor pelas competências científicas, técnicas e humanistas dos médicos. A medicina científica se afirmou quando foram fechadas faculdades com currículos variados, descoladas de centros de pesquisas, e pelo combate aos praticantes de curas mágico-religiosas. A proliferação de escolas médicas privadas — com currículos no mínimo insuficientes para estudantes brasileiros, inclusive em países como Paraguai e Bolívia, com preços menores — e dirigentes do CFM que recusam as melhores experiências e evidências nos conduzem ao ponto inicial dos esforços realizados para trazer a medicina à modernidade. Um perigoso retorno a um charlatanismo, desta vez oficializado por autoridades públicas, imbricado com interesses econômicos e políticos, que envolvem desde grandes grupos econômicos a eleições locais. O cenário delineado pelo aumento contínuo no número de médicos — de mais de 200% nas matrículas entre 2002 e 2024, a maior parcela com péssima formação — não é passageiro. Caracteriza-se por alto rendimento econômico e eleitoral. Enquanto o CFM fez da recusa ao Mais Médicos uma bandeira de “luta”, governos, inclusive de Bolsonaro, seguiram de modo discreto ou tipo outdoor, contratando em volumes maiores ou menores médicos sem revalidação de diplomas. Alocar médicos em locais remotos e até em municípios grandes com renda elevada conta com apoio de população, prefeitos, vereadores. Governos não deveriam estimular a má formação de profissionais de saúde, e o CFM falha em sua atribuição de contribuir para políticas de saúde para toda a população. Interseção entre medicina e partidarismo político é em si mais um risco à saúde. Requer compreensão, reflexão e ação. Uma só medicina, a favor dos pacientes, com suas diversas convicções e aflições, é vital para a saúde. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- ------------------ Justiça da Venezuela ratifica vitória | BandNews TV Band Jornalismo há 3 dias _________________________________________________________________________________________________________ --------------- Mundo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela valida reeleição de Maduro Perícia técnica foi solicitada pelo chavista dias após as eleições em meio à crise instaurada com sua vitória nas urnas Por O Globo com agências internacionais — Caracas 22/08/2024 13h34 Atualizado há 3 dias Facebook Twitter Whatsapp A presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (TSJ), Caryslia Rodriguez, faz uma declaração do Supremo Tribunal da Venezuela sobre os resultados da eleição presidencial do país A presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (TSJ), Caryslia Rodriguez, faz uma declaração do Supremo Tribunal da Venezuela sobre os resultados da eleição presidencial do país — Foto: FEDERICO PARRA/AFP RESUMO Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você LEIA AQUI O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano, controlado pelo governo, validou nesta quinta-feira a reeleição do presidente Nicolás Maduro, em conclusão à perícia técnica solicitada pelo chavista poucos dias após as eleições presidenciais no país, cujo resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que anunciou sua vitória, foi amplamente contestado pela oposição e parte da comunidade internacional. A decisão não está sujeita a recurso. Análise: Afinal, a Venezuela é uma ditadura ou não? Pacote legislativo: Parlamento da Venezuela adia votação de lei 'antifascismo', e Maduro promete assinar texto que mira ONGs 'em breve' "Com base nos resultados obtidos nos processos de perícia podemos concluir que os boletins emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral a respeito das eleições presidencial de 2024 estão respaldados pelas atas de escrutínio emitidas por cada uma das maquinas de votação empregadas no processo eleitoral e, assim mesmo, essas atas mantêm plena coincidência com os registros das bases de dados dos centros nacionais de totalização", leu a presidente do tribunal, Caryslia Beatriz Rodríguez, sem, porém, apresentar as atas. E continuou: — Esta câmara declara, com base na análise pericial realizada, e com base no relatório elaborado por especialistas nacionais e internacionais, certifica de forma inquestionável o material eleitoral pericial e valida os resultados da eleição presidencial de 28 de julho de 2024, emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral, onde o cidadão Nicolás Maduro Moros foi eleito presidente da República Bolivariana da Venezuela para o período constitucional 2025-2031. Assim se decide. O CNE proclamou Maduro presidente com 51,9% dos votos com base em 80% das urnas apuradas e sob os questionamentos da oposição, liderada por María Corina Machado, que reivindica a vitória do ex-diplomata Edmundo González Urrutia. Os opositores criaram um portal para divulgar as atas a que alegam ter acesso (80%, segundo a líder opositora em artigo ao Wall Street Journal) e que mostram, segundo afirmam, uma vitória acachapante de González Urrutia sobre Maduro, com 67%. Eleições na Venezuela Pessoas fazem fila em uma seção eleitoral em Caracas durante a eleição presidencial venezuelana em 28 de julho de 2024. — Foto: Juan BARRETO / AFP Membros da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) fazem fila em uma seção eleitoral durante a eleição presidencial venezuelana — Foto: Yuri CORTEZ / AFP 7 fotos Uma mulher vota durante a eleição presidencial venezuelana, em Caracas, em 28 de julho de 2024. — Foto: Yuri CORTEZ / AFP Venezuelaanos vão as urnas para escolher novo presidente O resultado também sacudiu o país em protestos, que resultaram na detenção de mais de 2,4 mil pessoas, segundo estimativas da ONU, e 27 mortes, segundo o procurador-geral Tarek William Saab, em atualização dos números nesta quinta. Saab afirmou que 70% dessas mortes (17) ocorreram somente no dia 29, um dia depois das eleições. O procurador-geral responsabiliza a oposição pelas mortes. Saab declarou ainda que o Ministério Público está pronto para “avançar, aprofundar estas investigações” contra María Corina e González Urrutia, apontados como supostos autores de um ataque hacker contra o sistema de transmissão de votos, e que enviará a decisão do TSJ ao órgão para que se junte à investigação criminal contra eles, uma vez que os documentos que a oposição defende como prova da sua vitória podem ser "supostamente falsos ou forjados ". 'Não substituirá soberania popular' González Urrutia se manifestou sobre a sentença poucos minutos após seu anúncio, classificando-a como "Nula". A afirmação, feita em uma publicação no X, foi seguida pelo 5º artigo da Constituição venezuelana "A soberania popular reside intransferivelmente no povo". Os juristas concordam que esse procedimento foi inadequado, argumentando que a Suprema Corte assume poderes que correspondem ao CNE. Guerra às redes: Rede X segue suspensa na Venezuela após término de prazo de dez dias ordenado por Maduro Horas antes do pronunciamento do TSJ, González Urrutia afirmou que "nenhuma sentença substituirá a soberania popular", seguido de um mapa (sem fonte) que mostra as porcentagens de votos conquistados pelo ex-diplomata nos estados, incluindo redutos chavistas, contabilizando ao todo 67,14% dos votos. "Nós, os venezuelanos, não estão dispostos a renunciar à nossa liberdade nem o nosso direito à mudar em paz para viver melhor", concluiu no X. O ex-diplomata foi declarado em desacato no último dia 10 por não comparecer ao tribunal quando solicitado e por não apresentar as provas solicitadas após as eleições presidenciais de 28 de julho. Durante o pronunciamento, a presidente do tribunal voltou a declarar o opositor em desacato, o que "acarreta sanções previstas no ordenamento jurídico vigente". O Conselho de Direitos Humanos da ONU também se manifestou antes da emissão da decisão, alertando "sobre a falta de independência e imparcialidade de ambas instituições", referindo-se aqui tanto ao TSJ, quanto ao CNE. A publicação foi compartilhada por María Corina, que agradeceu o conselho por sua "firme e inequívoca posição". "Não há manobra que possa conferir um pingo de legitimidade a Nicolás Maduro, face ao Golpe de Estado contra a Constituição que pretendem perpetrar. O povo falou. A soberania popular se respeita", afirmou. Machado e González Urrutia já haviam anunciado na quarta-feira, em uma carta endossada pela coalizão de oposição Plataforma Unitária, que considerariam “ineficaz e nula e sem efeito” uma possível sentença que “poderia validar a fraude eleitoral que se pretende impor”. O ministro das Relações Exteriores venezuelano, como esperado, reagiu positivamente à decisão. Yván Gil argumentou que a sentença "encerra um capítulo de 28 de julho" e voltou a denunciar "o golpe de "Estado originado no exterior, está claro e descrito como o processo eleitoral foi realizado", acusação feita por Maduro frente às contestações da oposição. O atual presidente do Chile, Gabriel Boric, foi contrário à continuidade de Maduro no poder. Segundo o chefe de estado, a "ditadura da Venezuela não é a esquerda". Ele aponta que "não há dúvida de que estamos diante de uma ditadura que falsifica eleições" e compara o cenário político venezuelano com o da Síria pós-guerra. "Hoje o TSJ da Venezuela termina de consolidar a fraude. O regime de Maduro obviamente recebe com entusiasmo sua sentença, que será marcada pela infâmia. Não há dúvida de que estamos diante de uma ditadura que falsifica eleições, reprime aqueles que pensam de forma diferente e é indiferente ao maior exílio do mundo, comparável apenas ao da Síria como resultado da guerra", escreveu o presidente do Chile. (Com AFP e El País) __________________________________________________________________________________________________________

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