sábado, 31 de agosto de 2024

NO PARAÍSO

--------------- Sem Pecado e Sem Juízo Baby do Brasil ----------- Dia após dia Começo a encontrar Mais de mil maneiras De amar Aqui nessa cidade O pôr do sol E a paisagem Vem beijar luar Doar felicidade Tudo azul Adão e eva E o paraíso Tudo azul Sem pecado E sem juízo Tudo azul Adão e eva E o paraíso Tudo azul Sem pecado E sem juízo E todo dia livre Dois passarinhos Cantar Pra esse amor Superstar Sempre com Tudo azul Adão e eva E o paraíso Tudo azul Sem pecado E sem juízo E todo dia livre Dois passarinhos Cantar Pra esse amor Superstar Sempre feliz Composição: Baby Consuelo / Pepeu Gomes. _________________________________________________________________________________________________________ ------------- GILBERTO GIL - Vamos Fugir [Clipe Oficial] #ViajandoComOsGil Gilberto Gil Estreou em 7 de jul. de 2023 O single "Vamos Fugir" faz parte da trilha sonora de "Viajando com os Gil", reality original do @PrimeVideoBR que dá continuidade ao "Em casa com os Gil". Depois de acompanhar a preparação da famí­lia, chegou a vez de embarcar para Europa e conferir a turnê Nós A Gente. Letra: Vamos fugir Deste lugar, baby Vamos fugir Tô cansado de esperar Que você me carregue Vamos fugir Proutro lugar, baby Vamos fugir Pronde quer que você vá Que você me carregue Pois diga que irá Irajá, Irajá Pronde eu só veja você Você veja a mim só Marajó, Marajó Qualquer outro lugar comum Outro lugar qualquer Guaporé, Guaporé Qualquer outro lugar ao sol Outro lugar ao sul Céu azul, céu azul Onde haja só meu corpo nu Junto ao seu corpo nu Vamos fugir Proutro lugar, baby Vamos fugir Pronde haja um tobogã Onde a gente escorregue Todo dia de manhã Flores que a gente regue Uma banda de maçã Outra banda de reggae © Gege Edições Musicais Sobre Vamos Fugir: “Uma versão para o reggae ‘Gimme your love’, que eu fiz originariamente em inglês e que assim gravei na Jamaica, sobre uma música do Liminha. E que também já veio com a fôrma pronta na qual eu tive que ir encaixando as palavras. Quando chegamos aqui, achamos que era interessante a canção sair em português, porque afinal era para um disco brasileiro; foi aí que eu fiz a versão dela. Aqui temos de novo um par romântico, um casal fugindo. A construção poética, no plano sonoro, é forjada a partir de uma associação, empregando palavras que contenham o fonema ‘reggae’ [‘carregue’, ‘escorrege’, ‘regue’].” _________________________________________________________________________________________________________ ----------- -------------- Guerra Santa Gilberto Gil ------------
------------ *Reze por seu filho... Hoje é a jornada de oração pelos Filhos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mãe Santíssima, em tuas mãos coloco meus Filhos (♥️Dizer os seus nomes), protegei-os, livrai-os de todo o mal, inveja, pessoas ruins e de todo o perigo. Guie os nossos filhos em suas escolhas. Conceda-Ihes a saúde e guie-os sempre, pelo bom caminho. Em tuas mãos, coloco todas as nossas necessidades, para que as remedies.🙏🏻 Que tu, como nossa Mãe, bem conheces o nosso Amor! Abençoada e eterna, seja a tua pureza, pois só um Deus se recria em tão grandiosa beleza. À ti celestial Princesa, Virgem Sagrada Maria, eu te ofereço neste dia, alma, vida e coração. Olhe, para nós com compaixão, não nos deixe, Mãe e dai-nos a sua santa benção 🙏🏻🙏🏻🙏🏻, que a recebamos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
----------- "É sempres o mesmo, aonde quer que se vá: não são os governantes mais poderosos que têm as populações mais felizes". -----------
---------- O que é o princípio do in dubio pro reo? A expressão latina “in dubio pro reo” significa “na dúvida, a favor do réu” (em tradução livre). Assim, o princípio do “in dubio pro reo” adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro expressa que, havendo dúvida no processo penal, por falta de provas, a interpretação do Juiz deve ser em favor do acusado. -----------
----------- As 11 melhores frases de O Americano Tranquilo, de Graham Greene Luiz Antonio Ribeiro4 de julho de 20170 “Eis a era patente das novas invenções Para matar os corpos e salvar as almas, tudo disseminado com a melhor das intenções.” Lord Byron O Americano Tranquilo, de Graham Greene, conta a história de Thomas, um jornalista inglês enviado para a guerra colonial no Vietnã e sua vida no país devastado entre as guerras locais e a presença de países europeus – como a França colonizadora – ou os Estados Unidos. Uma vez no país, ele passa a ter um relacionamento com Phuong, uma bela e quieta moça local, além de uma grande amizade com Pyle, um americano com envolvimentos políticos estranhos e serviços secretos desconhecidos. Os três, juntos, vivem um triângulo amoroso, repleto de reviravoltas, principalmente após, logo no começo do livro, eles serem avisados que Pyle havia sido encontrado morto. Quem poderá saber o que aconteceu com ele? O Americano Tranquilo é um dos grandes clássicos da literatura inglesa do século XX. O NotaTerapia separou as melhores frases da obra. Confira: Mataram-no porque era inocente demais para viver. Era jovem, ignorante, tolo e se envolveu. Não fazia que uma ideia, tanto quanto qualquer um de vocês, do que se trata a coisa toda, e lhe deram dinheiro. A inocência sempre clama surdamente por proteção quando seria muito mais sábio de nossa parte nos resguardarmos dela: a inocência é como um leproso mudo que perdeu a sineta, bagando pelo mundo sem pretender fazer mal algum. A morte era o único valor absoluto em meu mundo. Perca-se a vida e nada mais haverá para ser perdido, por todo o sempre. Eu invejava pessoas capazes de acreditar em Deus, e desconfiava delas. Sentia que mantinham a coragem graças a uma fábula do imutável e do permanente. A morte era uma certeza muito maior do que Deus e com a morte não haveria mais a possibilidade de amor perecível. O pesadelo de um futuro de tédio e indiferença se ergueria. Jamais poderia ter sido um pacifista. É sempre a mesma coisa, aonde quer que a gente vá – os soberanos mais poderosos nunca governam as populações mais felizes. “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Também desviei os olhos; não queríamos ser lembrados de quão pouco contávamos, quão rápido, fácil e anonimamente vinha a morte. Ainda que minha razão aspirasse ao estado de morto, eu tinha medo do ato como uma virgem. Gostaria que a morte viesse com o devido aviso, para que eu pudesse me preparar. Para quê? Não sei, nem como, exceto dando uma olhada em torno para o pouco que estaria deixando. Grande parte da guerra é ficar sentado e não fazer nada, à espera de alguma outra pessoa. Sem garantira do tempo que lhe resta, não parece valer a pena iniciar nem ao menos um curso de pensamentos, que seja. Como custa dinheiro, pensei, à medida que a dor cedia, matar os poucos seres humanos – matar cavalos sai muito mais barato. Eu me conheço e sei da profundidade do meu egoísmo. Não me sinto à vontade com o sofrimento alheio, chegue isso ao meu conhecimento pela visão, audição ou tato. Às vezes, o inocente confunde isso com altruísmo, quando tudo que estou fazendo é sacrificar um bem menor – nesse caso, protelando os cuidados com meus ferimentos – em nome de um bem muito maior, a paz de espírito quando tiver de pensar apenas em mim mesmo. As lembranças felizes são as piores e tentei recordar as infelizes. Eu tinha prática. Já vivera tudo aquilo antes. Sabia ser capaz de fazer o que fosse necessário, mas estava muito mais velho – sentia que me restava pouca energia para reconstruir. “De que adianta? Sempre será inocente, não se pode culpar gente inocente, são sempre os menos culpados. Tudo que se pode fazer é controlá-los ou eliminá-los. A inocência é uma espécie de insanidade.” “Mais cedo ou mais tarde”, disse Heng, e me lembrei da conversa com o capitão Trouin na casa de ópio, “a pessoa tem que escolher um lado. Se quer manter sua humanidade.” Edição: Biblioteca Azul, 2016 Tradução: Cássio de Arantes Leite
----------- Veja o que diz a lei: Código de Processo Penal – Decreto-lei nº 3.689/1974 Título XII Da Sentença Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: (...) VII – não existir prova suficiente para a condenação. ------------- E respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. – (Lucas, 23:43.) ------------- ------------- À primeira vista, parece que Jesus se inclinou para o chamado bom ladrão, através da simpatia particular. Mas, não é assim. O Mestre, nessa lição do Calvário, renovou a definição de paraíso. Noutra passagem, Ele mesmo asseverou que o Reino Divino não surge com aparências exteriores. Inicia-se, desenvolve-se e consolida-se, em resplendores eternos, no imo do coração. Naquela hora de sacrifício culminante, o bom ladrão rendeu-se incondicionalmente a Jesus-Cristo. O leitor do Evangelho não se informa, com respeito aos porfiados trabalhos e às responsabilidades novas que lhe pesariam nos ombros, de modo a cimentar a união com o Salvador, todavia, convence-se de que daquele momento em diante o ex-malfeitor penetrará o céu. O símbolo é formoso e profundo e dá idéia da infinita extensão da Divina Misericórdia. Podemos apresentar-nos com volumosa bagagem de débitos do passado escuro, ante a verdade; mas desde o instante em que nos rendemos aos desígnios do Senhor, aceitando sinceramente o dever da própria regeneração, avançamos para região espiritual diferente, onde todo jugo é suave e todo fardo é leve. Chegado a essa altura, o espírito endividado não permanecerá em falsa atitude beatífica, reconhecendo, acima de tudo, que, com Jesus, o sofrimento é retificação e as cruzes são claridades imortais. Eis o motivo pelo qual o bom ladrão, naquela mesma hora, ingressou nas excelsitudes do paraíso. 81 No paraíso _________________________________________________________________________________________________________ -----------
----------- Eurípedes - O homem e a missão Capa comum – 7 janeiro 2019 Edição Português por Corina Novelino (Autor) “Uma vida marcantemente apostolar, como a de Eurípedes Barsanulfo, merece ser evocada nas suas linhas soberbas, em que o Missionário se impõe de maneira fulgurante. Trazer a lume episódios do dia-a-dia, iluminados pela constante do Bem, da Verdade, da Justiça, da Lógica e da Ordem – eis o dever inadiável e imperioso dos que conheceram de perto a obra missionária de Eurípedes.” Do Prefácio da Autora. _________________________________________________________________________________________________________ ------------ "Como se pode depreender, Eurípedes iniciou muito jovem a sua missão junto aos sofredores e os Sábios Desígnios Divinos amparavam no campo material, indicando-lhes os caminhos do futuro que se lhe delineavam nos horizontes singulares de Servo de Jesus." OS PRIMÓRDIOS pp. 91-92 _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------- Será lícito abreviar a vida de um doente que sofra sem esperança de cura? 28. Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústias, apressando-se-lhe o fim? Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à borda do fosso, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar ideias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A iência não se terá enganado nunca em suas previsões? Sei bem haver casos que se podem, com razão, considerar desesperadores; mas, se não há nenhuma esperança fundada de um regresso definitivo à vida e à saúde, existe a possibilidade, atestada por inúmeros exemplos, de o doente, no momento mesmo de exalar o último suspiro, reanimar-se e recobrar por alguns instantes as faculdades! Pois bem: essa hora de graça, que lhe é concedida, pode ser-lhe de grande importância. Desconheceis as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento. O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o espírita, porém, que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento. Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas, guardai-vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro. S. Luís. Paris, 1860. _________________________________________________________________________________________________________ --------
------------ Quanto mais fé, menos sofrimento. Nada derruba quem tem poderosa fé em Deus e em si mesmo. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
------------ CO-FUNDADORES DO OBSERVATÓRIO EVANGÉLICO ---------- “O mercado de trabalho tradicional está cada vez mais difícil, e as pessoas estão buscando alternativas fora dos métodos convencionais”, explica Vinicius do Valle, cientista político, doutor pela USP e co-fundador com Juliano Spyer do Observatório Evangélico. “É muito difícil fazer uma faculdade e, mesmo que faça, isso não quer dizer passe livre para ascensão social. O que mais vemos, mesmo na classe média escolarizada, são jovens pulando de trabalho intermitente em trabalho intermitente. Estão tendo menos filhos porque não têm tempo. Não dá para baixar a energia do mercado de trabalho para ter filho.” É com este público que Pablo fala. ---------- -------------- Juliano Spyer | Provoca | 05/09/2023 Provoca 32.293 visualizações Estreou em 5 de set. de 2023 #Provoca #TVCultura #Cristianismo Nesta terça-feira (5), o #Provoca recebe Juliano Spyer, um renomado antropólogo digital, escritor e educador, autor do livro 'Povo de Deus', finalista do Prêmio Jabuti em 2021. No bate-papo com Marcelo Tas, Spyer explora seus estudos em redes sociais e cristianismo evangélico. Tas provoca o antropólogo ao questionar se o crescimento evangélico supera a importância da internet, à qual Spyer responde que, embora seja um fenômeno massivo, não supera a internet. Spyer também aborda as mudanças no mundo digital, destacando como nos sentimos mais conectados e, paradoxalmente, distantes do que está acontecendo. #TVCultura #JulianoSpyer #Antropologia #Cristianismo ---------- Juliano Spyer Doutor em antropologia pela UCL, Juliano fez pesquisa de campo durante 18 meses em um bairro pobre na periferia de Salvador. Um dos resultados desse estudo é o livro Povo de Deus, quem são os evangélicos e por que eles importam (Geração 2020), finalista do Prêmio Jabuti em 2021. Ele escreve uma coluna semanal na Folha Online sobre cristianismo evangélico. Este Observatório é a maneira como ele leva adiante a tarefa de ampliar o conhecimento da sociedade sobre esse fenômeno. Siga-o no por este site, Twitter e/ou no Instagram. -----------
----------- Edição de Sábado: Com quem Pablo fala? Newsletter 01/09/24 • 7:00 Por Pedro Doria Há um novo brasileiro na rua. Se antes a salvação católica servia de consolo para a dureza da vida, isto mudou. No mundo da Teologia da Prosperidade, ascensão social é mostra de bênção divina. Quem não a conquista é porque não foi abençoado. Quem não a conquista tem raiva. No mundo das redes, nos celulares, a propaganda é constante. E não é como aquela propaganda antiga, distante, das TVs e do rádio. É uma propaganda que se impõe, precisamente individualizada, que atiça aquilo que cada um deseja mais avidamente. Esse novo brasileiro quer prosperar com todas suas forças. Quase sempre, não consegue. E se ressente. É com ele que fala Pablo Marçal. É ele que a esquerda tradicional não consegue mais atingir. “O mercado de trabalho tradicional está cada vez mais difícil, e as pessoas estão buscando alternativas fora dos métodos convencionais”, explica Vinicius do Valle, cientista político, doutor pela USP e co-fundador com Juliano Spyer do Observatório Evangélico. “É muito difícil fazer uma faculdade e, mesmo que faça, isso não quer dizer passe livre para ascensão social. O que mais vemos, mesmo na classe média escolarizada, são jovens pulando de trabalho intermitente em trabalho intermitente. Estão tendo menos filhos porque não têm tempo. Não dá para baixar a energia do mercado de trabalho para ter filho.” É com este público que Pablo fala. Para esse pedaço da sociedade, Pablo Marçal não é um picareta. É um guru. Quase um pastor. Alguém que fala sua língua e, do jeito que fala, incentiva. Estimula, dá a energia para o crescimento nas portas que parecem existir: o aplicativo, ser influenciador, com sorte viralizar. Abrir um negócio de fazer algo em casa para vender nas redes. Aplicar para um curso online de autoajuda. É um mundo onde as bets seduzem. Onde até OnlyFans pode ser um caminho. O importante é crescer e escapar de onde está. Há um brasileiro novo que quer crescer, mas o país lhes vira as costas. Em geral, políticos tradicionais não o compreendem. Nem políticos tradicionais, nem as elites culturais. “Quem está nas universidades, no jornalismo, não entende Pablo Marçal e o vê simplesmente como um picareta”, sugere Vinicius. “Mas ele não é isso. Ele é uma das figuras mais representativas desse mundo da internet e da nova dinâmica do trabalho.” Leia a seguir sua entrevista ao Meio, que também está disponível para assistir em vídeo. Para quem o Pablo está falando? Ele emerge de um mundo que é fruto da precarização do mercado de trabalho e de uma mudança religiosa no Brasil. Quem não está nesse mundo, quem está num ambiente mais tradicional, nas universidades, no jornalismo, não entende Pablo Marçal e o vê simplesmente como um picareta. Mas ele não é isso. Ele é uma das figuras mais representativas desse mundo da internet e da nova dinâmica do trabalho. É como se estivéssemos vendo Henry Ford surgir como candidato nos Estados Unidos no começo do século 20. As pessoas estão desesperadas por saídas. Não é à toa que as bets tomam conta de uma parte considerável da economia brasileira, que tantos tentem se tornar influenciadores, sonham em viralizar no TikTok ou no Instagram. Pablo dialoga com essa nova economia, mais intermitente, mais conectada, onde a formação necessária não vem das grandes universidades. A esquerda, que ainda tem uma perspectiva marxista, enxerga o “empreendedor” como o patrão, o dono dos meios de produção. Mas o que significa ser empreendedor para essa nova classe média ascendente? Marçal usa muito essa palavra e ela obviamente ecoa. Existem muitos níveis de empreendedorismo. Uma coisa é quem tem capital e está realmente abrindo um empreendimento que vai disputar mercado. Mas há um “empreendedorismo” que poderíamos colocar entre aspas, um jeito de as classes populares se virarem nesse mundo. E as classes médias também acabam assumindo esse papel, no sentido de representarem a si mesmas, de pensarem sua carreira como uma empresa, de construírem uma marca pessoal. Nas classes populares, isso é vendido como uma ideologia: você é um empreendedor quando está inscrito em um aplicativo, quando sua remuneração depende exclusivamente de você, quando monta um pequeno negócio, vende um hot dog, um doce, ou cria um Instagram para anunciar algum produto que faz em casa. Estamos falando de precarização do trabalho. Algumas dessas pessoas acabam assumindo esse ethos de empreendedor, se vendo como empresas, estando à frente de um negócio que, às vezes, é apenas o trabalho delas. A pessoa se vê como empresária, mas não consegue crescer. Às vezes, tem raiva por não conseguir. Mas em que isso é diferente da ascensão de uma burguesia como aconteceu nos séculos 18, 19 e 20 em tantos países do mundo? Isso não é, de certa forma, uma revolução burguesa? Pessoas que eram pobres, melhoram um pouco de vida e assumem uma postura de que devem trabalhar e crescer? O fenômeno não é o mesmo? É uma boa pergunta, até porque a precarização do trabalho sempre existiu. Mas acho que há uma diferença: estamos passando por uma transformação religiosa no Brasil. A ideia de prosperidade está no centro da visão evangélica. Antes, se você estava em uma condição de pobreza, o foco, do ponto de vista religioso, era a salvação. As pessoas olhavam para si mesmas sem considerar a prosperidade material. Com a teologia da prosperidade, o quanto você possui é visto como reflexo de quão abençoado é, se está sendo fiel a Jesus. Se não tem prosperidade, algo está errado. Isso gera uma busca intensa pela prosperidade, uma pressa e uma raiva quando não ela chega na velocidade desejada. Há outra diferença. Hoje, as pessoas estão imersas no universo da publicidade, já que estão no celular o tempo todo. Seus desejos estão sendo constantemente atiçados. Antes, a pessoa via uma propaganda ao ligar a TV, e essa propaganda não tinha muito a ver com seus gostos ou estilo de vida. Agora, a propaganda é muito direcionada. Se você gosta de carros, vai aparecer um carro que chama sua atenção; se você gosta de instrumentos musicais, uma guitarra que é o seu sonho. As pessoas são sugadas para esse mundo de consumo e mercadoria, e seus desejos são ativados constantemente. Os jovens, especialmente, não sabem como era antes. Para eles, isso é natural, e seus desejos são constantemente estimulados em todos os aplicativos que usam e em suas interações sociais. Isso traz uma mudança significativa, pois gera um desejo de pressa na ascensão social. As pessoas não têm mais a paciência de entrar em um trabalho e planejar sua carreira ao longo de décadas. Elas querem resultados agora, e é aí que Pablo Marçal entra em cena. Sua primeira afirmação é de que ele não é picareta no universo de onde vem. O motivo pelo qual muitos o veem como vigarista é a percepção de que é muito hábil com as palavras mas vende sonhos que é incapaz de entregar. Para o público dele, no entanto, que papel ele ocupa? Como se fosse um pastor? Está dando força, inspirando as pessoas a se moverem? Em certo sentido, sim. Parte dos que o caracterizam como picareta o fazem por preconceito, porque ele não passou pelas instituições que legitimam o percurso de uma sociabilidade das classes médias altas e elites no Brasil. Ele vem de Goiânia, é evangélico. Fala de um jeito que é o oposto de uma linguagem acadêmica. Veja, não estou dizendo que ele nunca tenha cometido erro, mas existe também preconceito contra ele. O que ele vende não é diferente do que encontramos em livros de autoajuda e vemos na maioria dos influenciadores das redes sociais. Vende sonhos, disciplina, a ideia de que, se você tiver a mentalidade certa, vai prosperar. É um exímio comunicador, mas seu estilo de comunicação é popular. Ele é muito rápido de raciocínio, dobra entrevistadores. E, claro, abusa do fair play que existe nos debates políticos. Ele interrompe os outros, e isso nos soa agressivo. Mas é muito comum na comunicação das classes populares. Não é percebido como problema por quem está dentro desse mundo. Na entrevista que concedeu ao podcast Flow, ele cita clichês os mais banais. Não há ciência, nenhuma base para muitas de suas afirmações. Mas, ao entrevistador, bate como profundo. Como uma fonte de sabedoria. Isso é sinal de uma sociedade partida? Estamos falando duas línguas muito diferentes? Uma parte do Brasil se tornou incapaz de compreender a maneira de se comunicar da outra? Não acho que nos tornamos incapazes de nos comunicar, mas as pontes de entendimento estão ficando mais estreitas. Por isso, os esforços de quem quer viver numa sociedade democrática devem ser direcionados para alargar essas pontes. A entrevista no Flow, de todas as exibições recentes dele, é onde dá para entender melhor o estilo de pensamento do Pablo e o que ele propõe, se é que dá para tirar algo concreto. O Igor (Coelho, âncora do podcast) iniciou com uma postura de considerar Pablo meio esquisito, talvez até desonesto, mas acaba sendo convencido ao longo da entrevista. O Pablo tem essa habilidade de prender a atenção com uma história, em geral tendo ele como personagem, sobre como ele foi habilidoso em determinado negócio. Não responde, mas conta uma história e prende a pessoa. Dá a impressão: “como ele é visionário!” Ele se vale do senso comum. Sabe aquela ideia do ditado popular? É isso. E, com essa linguagem, consegue inspirar pessoas por meio de chavões que refletem sabedoria popular. Ele se coloca como um pastor, como um guru. Defina, no universo do Pablo, o que querem dizer direita e esquerda. Quando ele fala de direita e esquerda, percebemos que sua visão é pouco estruturada. Ele elogia a política da China, o que é contraditório. Se propõe a construir casas populares, plantar milhões de árvores, o que poderia ser considerado uma política de esquerda. O discurso dele não é reacionário, como o do Bolsonaro. O que tem é um traço libertário, embora ao mesmo tempo fale de um Estado presente na vida das pessoas. É uma figura confusa ideologicamente. Exatamente. Ele é anti-esquerda no sentido de ser anti-coletivista, acreditando que o indivíduo, com uma mentalidade empreendedora, deve prosperar. Mas acredita em algum apoio do Estado. Não uma intervenção pesada, mas um suporte para o indivíduo se desenvolver. Ele mistura elementos de cristianismo, teologia da prosperidade e uma disciplina que remete a uma ética empresarial, onde cada pessoa é responsável por sua trajetória rumo à prosperidade. Isso se reflete na forma como ele vê a sociedade? Claro. Marçal acredita que é possível tirar pessoas da Cracolândia e transformá-las em empreendedores, ou tirar pessoas das ruas e fazê-las prosperar por conta própria. Ele quer transformar a sociedade em um conjunto de indivíduos buscando progresso material e ascensão social a partir de uma mentalidade correta. Como você vê a comparação entre ele e Bolsonaro? Ele é menos radical? Em certo sentido, se você for pegar o veio autoritário, sim. Mas ele está propondo uma colonização do Estado pelo mundo empresarial, o que é mais radical do que Bolsonaro. E, ainda assim, ele não se identifica completamente com o anarco-capitalismo de figuras como Javier Milei, pois Marçal está mais ligado ao mundo dos produtos digitais e da educação fora das instituições tradicionais. Ele fala para uma fatia de mercado que vê na internet e nos cursos online um caminho. Você não precisa fazer uma faculdade, faz um curso para cada habilidade que precisar ter para o mercado lhe dar atenção. É como falávamos. É o universo das bets, dos influenciadores, da economia da atenção. Até do OnlyFans. Até OnlyFans? Sim, porque plataformas como OnlyFans oferecem a jovens, especialmente mulheres, uma maneira de se sustentar e alcançar ascensão social, algo que muitos outros caminhos não oferecem mais. O mercado de trabalho tradicional está cada vez mais difícil, e as pessoas estão buscando alternativas fora dos métodos convencionais. Essa geração mais jovem vê os caminhos tradicionais fechados. É muito difícil fazer uma faculdade e, mesmo que faça, não quer dizer passe livre para ascensão social. O que mais vemos, mesmo na classe média escolarizada, são jovens pulando de trabalho intermitente em trabalho intermitente. Estão tendo menos filhos porque não têm tempo. Não dá para baixar a energia do mercado de trabalho para ter filho. Aquele caminho tradicional de vou estudar, entrar numa empresa, seguir carreira? É um universo cada vez mais restrito. Para nós, que estamos dentro destes códigos tradicionais, que pensamos a partir desses códigos, olhamos e achamos que há algo de errado com Marçal. Ele só pode ser um grande picareta, não é? Para quem está fora, não. Para aqueles que não veem mais sentido em buscar ascensão por meios convencionais, ele oferece uma disciplina e um mindset que, para muitos, parecem ser o único caminho para algum tipo de sucesso. Ele dialoga com os sonhos dessas pessoas, oferecendo esperança onde muitos já a perderam. O que acontece se a candidatura dele é cassada? Quando entrevistamos pessoas das classes populares que flertam com esse tipo de política populista, percebemos que o sistema é visto como algo muito forte, que impede as pessoas que poderiam promover mudanças de chegar ao poder. Essa ideia de perseguição é extremamente eficaz para conquistar mais seguidores para esses líderes. É uma estratégia amplamente utilizada em vários contextos, especialmente dentro de igrejas evangélicas. A narrativa é de que “precisamos nos mobilizar para garantir nossa visão e nossa forma de vida”. Bolsonaro o usou esse discurso o tempo todo, e Marçal também o faz. Ele diz: “Os jornalistas vêm cinco, seis contra mim. Eu só apanho.” Mas a mensagem é que o sistema não quer permitir que ele faça a mudança que as pessoas precisam. Não adianta simplesmente tentar retirar os direitos políticos de cada líder populista que surge. O problema é mais profundo. Precisamos estabelecer pontes para dialogar com as pessoas. O ideal seria que essas candidaturas, que representam ameaças democráticas e não apresentam propostas concretas, não tivessem o apelo popular que têm. Não adianta apenas tentar controlar essas lideranças e achar que o problema está resolvido se ainda existe um anseio popular. Isso não significa que qualquer crime possa ser cometido sem punição. Não é isso. Mas é preciso que a punição seja proporcional. Por exemplo, Guilherme Boulos fez um ato com Lula que funcionou como uma campanha antecipada. O TSE aplicou uma multa, o que foi a medida correta. Da mesma forma, Pablo Marçal deve receber uma punição proporcional. Cassar a candidatura de alguém deveria ser uma medida extremamente rara. 🖕”Com quem Pablo fala?”, Meio, 31.08.2024 _________________________________________________________________________________________________________ ----------
------------ O americano tranquilo Capa comum – 1 junho 2016 Edição Português por Graham Greene (Autor) O Americano Tranquilo (1956), lançamento da Biblioteca Azul, que publica, até 2017, nova edição de alguns títulos do autor inglês. Duas vezes adaptado para o cinema, o livro, de 1955, é ambientado na Indochina às voltas com a guerra entre os anos 1946 e 1954. Narrador da história, o cético repórter britânico Thomas Fowler, correspondente de guerra em Saigon, desenvolve uma reflexão moral sobre a inutilidade dos conceitos do bem e do mal em meio a um conflito que viria a se transformar na Guerra do Vietnã. No triângulo amoroso do romance, Fowler enxerga na personalidade de um agente secreto dos Estados Unidos, Alden Pyle, o contraponto perfeito às observações que faz dos bastidores da vida social e política. Pyle, o “americano tranquilo”, é um jovem idealista enviado em uma missão misteriosa à Indochina durante o confronto entre tropas coloniais francesas e guerrilheiros comunistas. Ele se apaixona por Phuong, amante vietnamita de Fowler, cuja mulher mora em Londres. “Talvez estivesse estudando o sexo, assim como estudara o Oriente, na teoria. E a palavra-chave era casamento. Pyle acreditava no envolvimento”, afirma o narrador, Fowler, em um trecho do livro. _________________________________________________________________________________________________________ ---------- --------------- Território de Deus Suellen Lima Logo abaixo de nós, achava-se de pé, sentada ou deitada, toda a população de Phat Diem. Católicos, budistas, pagãos, todos eles tinham reunido o que possuiam de mais valioso - um fogão, um lampião, um espelho, um guarda-roupa, algumas esteiras, um quadro sagrado - e seguido para o recinto da Catedral. Ali, do Norte, o frio era intenso quando caía a noite - e a Catedral já estava repleta: não havia mais abrigo; até mesmo os degraus da escada que conduzia ao campanário estavam ocupados, e era cada vez maior a multidão qe cruzava os portões, carregando seus filhos e objetos domésticos. Acreditavam, qualquer que fosse a sua relligião, que ali estariam a salvo. Enquanto observávamos, um jovem em uniforme vietnamita, carregando um fuzi, abriu caminho em meio da multidão: foi detido por um sacerdote, que lhe tirou o fuzil. - Aqui somos neutros - explicou o padre, a meu lado. - Este é território de Deus. "É uma estranha e pobre população a que Deus tem em seu reino", pensei. "Uma população amedrontada, gelada, faminta." - Não sei como é que vamos alimentar toda essa gente - disse o sacerdote. "Era de supor que um grande Rei se saísse melhor daquela empresa." Mas, logo refleti: "É sempres o mesmo, aonde quer que se vá: não são os governantes mais poderosos que têm as populações mais felizes".

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